quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A MÁQUINA DESEJANTE E SEUS INÚMEROS DRAMAS.

Às vésperas da comemoração do Dia dos Pais, acho importante fazer uma reflexão e dedicá-la a todos aqueles que são ou um dia exerceram o papel de pai, mesmo considerando que todos os dias devam ser celebrados em razão de alguém que julgamos importante e imprescindível em nossas vidas.

Fico imaginado como deve ser gratificante receber um abraço ou um beijo de um filho ou de uma filha ao final de um dia de trabalho, ou ainda, ser acordado com uma bela frase do tipo “eu te amo, papai”, ou talvez, um telefonema no meio do dia só para dizer que se estava com saudades. Privilégios que não são permitidos a todos, pois muitos pais não fizeram por onde usufruir desses momentos e sequer se preocupam com isso. Mas há também aqueles que além de se preocupar, não têm esse amor, esse cuidado, e sofrem em silêncio, porque em seus entendimentos, não são merecedores de tamanha injustiça e desamor. E igualmente imagino, choram por essa indiferença.

O ser humano tem a necessidade de encontrar respostas razoáveis baseadas na razão para explicar seus inumeráveis dramas, o que até certo ponto é válido. Entretanto, penso que o cartesianismo não seja suficiente para tudo explicar, afinal, determinadas questões fogem à nossa vã capacidade de explicação, principalmente quando o assunto diz respeito às ações e sentimentos humanos. Nesse contexto, como explicar a indiferença de um filho em relação a um pai que dedicou toda sua vida a ele? Como explicar as maldades e mentiras que são construídas contra um pai que só quis ser pai? Como explicar o caminho seguido pelo filho completamente contrário aos valores altruísticos que um dia lhe foram passado se ele reaprendeu outros valores que os considera ideais para sua vida? Como reexplicar valores da alma para aqueles que desaprenderam que o mais importante é o ser, e não o ter? A razão não consegue explicar isso, faz-se necessário um exame minucioso de paradigmas os quais muitas vezes são escolhidos por mera intuição dos filhos, e que em alguns casos, tornam-se catastróficos para os pais, que veem seus rebentos como produtos do meio quando tiveram a oportunidade de ser senhores dos seus destinos. Triste constatação.

A civilização do Renascimento volvia seus olhares para o passado em busca de respostas às incessantes inquietações de seu tempo. Hoje, a civilização dita “moderna” mas que continua com suas inquietações, olha para o futuro numa clara alusão a um pretenso progresso e consequente segurança material, como se essa tal conquista fosse resolver todos os seus problemas. É essa a preocupação da maioria: estabilidade material e financeira. Talvez essa busca estúpida seja uma das grandes responsáveis por esse distanciamento entre pais e filhos e amores verdadeiros. Não precisamos ir muito longe para constatar isso, basta relembrar aquilo que Jesus Cristo nos ensinou há mais de 2000 anos e fazer um exame de consciência. Seguimos verdadeiramente aquilo que Ele nos ensinou? Praticamos o amor, a solidariedade, a justiça, o desapego? Não...Fizemos tudo o contrário do que nos fora ensinado. Odiamos, somos egoístas, injustos e materialistas ao extremo. O resultado não poderia ser diferente do que ora é apresentado. Dor, sofrimento e vazio, esse é o legado construído por nós mesmos.

Talvez seja necessário a vinda de um novo ou velho Messias, para mostrar ao mundo a transitoriedade de nossas ações e que seguem apenas no sentido da individualidade e no isolamento do ser desejante, além do seu distanciamento cada vez maior da plenitude da vida e que passa pelo amor aos pais, que mesmo esquecidos, NUNCA esquecem seus filhos.

Feliz 365 Dias dos Pais!

Marcelo Adriano Nunes de Jesus.

A luta continua.