segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

SOMOS TODOS IGUAIS

Por
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
28 de fevereiro de 2011


Definitivamente o ser humano não foi concebido para viver só, trata-se de uma constatação social indiscutível. Mesmo nesse modelo de sociedade cada vez mais decadente, são em nossos pares. nessa “Selva de Pedra”, que encontramos a tão necessária força para nos ajudar a superar uma dificuldade ou mesmo um problema. O que seria de nós sem nossos amigos para nos ajudar em nossos dramas cotidianos? Como lidar no singular com dores que parecem dilacerar nossos corações e mentes? Quando a dor é oriunda de uma ruptura amorosa, aí então nem se fala. Independentes de escolarização, grau de cultura e posição social, é todo mundo igual nessa hora.
Os protagonistas desse enredo sentem as mesmas dores, isso porque, elas se alojam naquilo que o ser humano tem de mais sensível: a alma. Talvez por esse pequeno detalhe, as decepções amorosas sejam tão doloridas e difíceis de serem superadas, mas nesse momento não podemos esquecer da lição de Saint-Èxupèry: “só se vê bem com o coração...”.
Mas como atravessar esse “vale de lágrimas” que parece não ter fim? Reza o dito popular que para se esquecer um amor só um outro amor. Seria perfeito se não fosse tão simplista. Mas além de simplista, é desonesto, falho e idiota. É preciso enfrentar as coisas de frente e enxergá-las como realmente se apresentam a nós, e não como gostaríamos que elas fossem. É missão árdua e que demanda o tal do “tic-tac”, mas uma vez superado é definitivo, não tem volta. Nesse momento deixamos de sofrer e não seremos mais “assombrados” pelas “visões” que só existem em nossas mentes e que nos causam tanta dor pelo fato de sua impossibilidade, mas é preciso perceber que o que desejamos nem sempre pertence à realidade daquilo que o “outro” quer viver. É preciso também respeitá-lo em sua decisão para que ele seja feliz, mesmo sem a nossa presença.
Nessas horas é primordial rodear-se de amigos. Sim, amigos verdadeiros e que traduzem a mais fiel expressão do amor. São eles que nos carregam no colo e são eles ainda que ouvem a mesma história repetida centenas de vezes como se fosse a primeira e sem reclamar da redundância. Essas pessoas maravilhosas iluminam a “Caverna de Platão” que nos encontramos e sofrem conosco quando relutamos em enxergar a luz que nos devolverá a alegria de viver e por conseguinte amar novamente. Mas eles insistem em seu propósito de nos resgatar. Muitas vezes deixam seus amores para ouvir nossas lamúrias e nos chamar à razão; não ao cartesianismo do século XVIII, mas razão existencialista presente no pensamento de Sartre, Heiddegger, Merleau-Ponty, Beauvoir e tantos outros.
Mas a grande surpresa ao final desse “resgate”, é poder perceber que desde o mais simples ao mais literato dos amigos, todos foram fundamentais na formação da nossa convicção em relação ao nosso papel nessa Teia de Penélope. E sabem o que eles nos disseram quando voltamos à vida? Que nós não conseguiríamos enxergar o que eles estavam tentando nos dizer o tempo todo. E sabem por quê? Pelo fato de que “... O essencial é invisível para os olhos”, e nós estávamos míopes, não iríamos mesmo conseguir enxergar o óbvio, ou seja, da inevitabilidade de que tudo o que é sólido desmancha no ar, até mesmo amores eventuais, ou nem tão eventuais assim.

A luta continua.