quinta-feira, 5 de agosto de 2010

É SÓ O AMOR

Muito se tem falado dos inúmeros problemas de ordem mental de origem emocional que acometem um sem número de pessoas.
Por outro lado, existe uma infinidade de drogas lícitas disponíveis no mercado que prometem verdadeiros “milagres” na vida do sujeito.
Além disso, as maiorias das novelas brasileiras fomentam e relacionam o uso do álcool com aqueles personagens que precisam dar uma “relaxadinha”, ou seja, associam drogas ao prazer, logo, o resultado não poderia ser diferente daquele que assistimos todos os dias: jovens cada vez mais precocemente bebendo, fumando e se drogando em busca desse ilusório “prazer” que todos os dias nos são oferecidos por diversos meios.
Refletindo sobre isso, conclui que a razão de todos esses dramas e que acaba criando um mercado que cresce exponencialmente, é exatamente a falta de amor. As pessoas têm vergonha de se declarar ao outro, mas se emocionam quando vêem outros fazendo aquilo que lhes falta coragem fazer. Talvez seja por isso que as teledramaturgias têm um número de telespectadores que não para de crescer. Para quem desconhece, o horário em que são transmitidas as novelas é o mais caro para se veicular um comercial, daí serem chamados de “horários nobres”, isso porque tem um número enorme de pessoas assistindo à sua programação naquele horário.
Mas a questão aqui é discutir sobre a origem desse distanciamento do ser de si mesmo e daqueles que ao contrário dos primeiros, insistem no sentido inverso.
Existe uma oração a qual Renato Russo do Legião Urbana gravou numa bela canção que diz mais ou menos assim:

“ainda que eu falasse a língua dos homens
e ainda eu falasse a língua dos anjos
sem amor eu nada seria...”

É claro que não existe ninguém que não possua em seu interior um pingo sequer de amor, mas o grande problema a meu ver esta em como esse amor é colocado para fora, o que quando não ocorre, acaba gerando problemas emocionais sérios, alguns irreversíveis.
Porém, há aqueles que amam sem se preocupar como o “outro” vai encarar ou receber seu amor. Amam porque precisam amar, sabem que sem amor elas nada seriam, e essa, é a chave para a felicidade. O que poderia ser mais gratificante do que olhar um belo sorriso estampado no rosto ante um pequeno gesto de carinho, amor ou solidariedade de nossa parte e que muitas vezes custa tão pouco?
Além disso, tenho percebido que as pessoas que assim agem, só encontram flores pelo seu caminho, ainda que com alguns espinhos. Elas atraem coisas positivas, algumas consideradas improváveis de acontecer pelos céticos, mas acreditem, não é milagre, é a balança da Justiça Divina que sempre é favorável aos resignados e aos que procuram seguir na senda do amor e da justiça.
Que bela oportunidade possuímos de nos redimir! Basta amar. Não é à toa, que o primeiro mandamento de Deus começa com esse verbo.
Quando escrevo fora dos espaços acadêmicos sempre busco inspirar-me num personagem ou numa situação. No caso em tela, não uma, mas duas pessoas serviram-me de inspiração para o presente. A primeira, é o doutor Adson Azevedo, médico, prefeito de Bom Jesus do Norte (ES) e meu amigo, aliás, meu irmão de jornada. A segunda, também é médica, mas vou suprimir-lhe o nome exatamente por não conhecê-la suficientemente ao ponto de saber se a mesma gostaria de ver seu nome por aqui.
Essas pessoas se inserem no rol daquelas que podem ser comparadas a um raro brilhante o qual existem pouquíssimos exemplares. Doutor Adson é um exemplo a ser seguido. Não falo isso por estar na Prefeitura, a qual, aliás, estou me despedindo em breve, mas exatamente pela angústia que ele sente ante a impotência em ajudar a todos, a solucionar desde os problemas mais simples aos mais complexos. Sofre pela falta de emprego, sofre pela miséria alheia, sofre pela ausência do básico para todos. Deus conhece seu coração, meu amigo, ele sente a sua angústia ante esses problemas que parecem insolúveis, mas esteja certo, meu irmão, muita gente foi abençoada com a sua surpreendente chegada ao Poder Executivo Municipal e o Pai sabe bem de seu incansável esforço em levar dignidade às pessoas. És um anjo de luz, tenho certeza disso.
Pessoas que antes não tinham nenhuma perspectiva de vida hoje já podem viver com o mínimo de dignidade, pois têm um emprego e sabem que no final do mês levarão comida para dentro de seus lares.
Como médico, soube sanear e administrar muito bem a saúde de nossa cidade. Ninguém que precise fica sem atendimento em Bom Jesus do Norte, e em breve em instalações mais adequadas. Finalmente pessoas nascerão aqui.
Sua caridade é inspiradora. Um grande número de pessoas segue seu belo exemplo e hoje prestam algum tipo de trabalho voluntário. Que demonstração de amor poderia ser maior que essa?
De público, quero declarar meu amor ao senhor. Obrigado pela oportunidade que me foi dada para me tornar uma pessoa melhor do que eu era e também pela consciência do quanto eu ainda tenho que melhorar. Fostes um dos grandes mestres que tive em minha jornada até aqui. Obrigado, irmão!
Quanto à doutora, bem, posso dizer que foi um encontro igualmente surpreendente e bom. Sabe aquelas pessoas que você tem vontade de ficar o dia inteiro perto só para aprender mais? Pois é, essa é a médica com nome de personagem histórico, aliás, nome de um cara que derrubou todo um império na primeira metade do século XX apenas pregando o amor entre as pessoas. Esse anjo não poderia ter sido batizado com outro nome. Sua leveza chega a ser insustentável, mas ela sabe perfeitamente a que veio, não está nesse plano a passeio, tem plena consciência do seu papel e o desempenha muito bem.
Estamos juntos nessa Teia de Penélope. Alguns gostaríamos de ter por perto a vida inteira, mas sabemos não ser possível, pois suas luzes precisam iluminar outros caminhos. Mas, como acredito que o desejo é o que torna o irreal possível, quem sabe?!

Marcelo Adriano Nunes de Jesus

A luta continua.

B.J.N., 5 de agosto de 2010.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

EXÉRCITO DE UM HOMEM OU DE UMA MULHER SÓ

Dias desse fui surpreendido por uma pergunta da minha filha a qual me remeteu ao historiador francês Marc Bloch: -“ pai, pra que serve história? –“ A minha resposta foi a mesma do ilustre fundador da Escola dos Annales quando questionado por seu filho sobre o significado do conceito.
Admito que aquela pergunta aparentemente infantil – sobretudo se levado em conta a idade da minha menina (11 anos), - me fez refletir sobre o sentido da história. Existe realmente uma função para a disciplina-mãe? Em que momento ela é importante? Aliás, ela é relevante? Por quê? Por que tantos exemplos vindos das sociedades antigas, clássicas, medievais, modernas ou ainda contemporâneas são reproduzidos em salas de aulas se nada ou quase nada daqueles discursos ou o resultado de suas construções naqueles espaços são aplicados na vida cotidiana das pessoas? Por que o senso comum ainda prevalece em detrimento ao juízo crítico? São perguntas difíceis de serem respondidas, principalmente se levado em conta hoje em dia a facilidade de acesso à informação, mas que algumas pessoas insistem em não perseguir.
Mas também existe o outro lado da moeda, o daquelas pessoas que vêem nas entrelinhas dos discursos; que sonham, mas trabalham para o amadurecimento da sociedade na qual se inserem. É o exército de um homem ou de uma mulher só.
Hoje, passados algumas décadas da leitura de Introdução a História, talvez eu tenha chegado ao pleno entendimento da aparente simples resposta de Marc Bloch ao seu pupilo. É fácil compreender as razões da sociedade do Lácio que formaram uma sociedade marginal ao engessamento da sociedade medieval; é fácil de entender os motivos que levaram o Terceiro Estado a explodir toda aquela estrutura decadente da sociedade cortesã em França; é perfeitamente compreensível os papéis dos panfletários da República, dos tropicalistas e tantos outros. Afinal, “a história é a ciência do homem no tempo”, e o homem de hoje, seguramente é completamente diferente do homem dos tempos havidos. Os valores são outros.

A luta continua
Marcelo Adriano Nunes de Jesus – 02.AGO.2010