terça-feira, 14 de julho de 2009

Ao meu amigo explícito e aos ocultos também

Há quem diga que não se tem como mensurar o valor de uma amizade. Outros ainda dirão que amizade é “coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração”. Mas o que significa guardar algo no coração? Afinal, muitas coisas “guardamos” dentro dele, principalmente a Caixa de Pandora com a sua esperança.

No meu entendimento, considero insuficiente, – que me perdoe o Milton -, definir amigo apenas como “uma coisa” para ser guardada no lado esquerdo do peito. Porém, concordo plenamente quando se diz que muito já se falou a respeito do assunto mas que ele nunca se esgotará. Amigo, amigo de verdade, é aquele que age segundo os preceitos éticos; que não mistura as estações caso uma das partes esteja numa condição socioeconômica privilegiada em relação ao outro ou vice-versa; que passa por algumas vicissitudes da vida sem incomodar o amigo, o que quando acontece, o verdadeiro amigo ao saber do infortúnio, sofre em silêncio por ter sido poupado. Amizade significa acima de tudo preservar o outro.

Amigo...Quando penso em alguém, várias pessoas me vêm à mente. Tenho alguns poucos que considero, à parte minha família, mas uma pessoa em especial me tem chamado bastante à atenção nos últimos tempos devido a sua natureza doce e leve; leveza quase insustentável do ser e cada vez mais rara. Raridade comparada ao achado de uma Orquídea Negra – encontrada apenas nas altas montanhas do Himalaia e que só floresce uma única vez em sua curta existência e depois morre -.

Antoine de Saint Exupéry em seu clássico, certa vez escreveu que se “tu amas uma flor, é doce de noite, olhar o céu e todas as estrelas estão floridas”. É assim que percebo esse meu amigo quando vejo outros médicos; todos estão floridos, e meu coração se transborda de alegria e amor ao perceber que a amizade rompe a barreira do tempo e do espaço, pois ainda que pela natureza de nosso trabalho e vida cotidiana estejamos longe fisicamente, procuro irmanar-me com meu doce amigo Adir Amado Henriques Júnior e transmitir-lhe, em pensamentos, toda a paz, alegria, sucesso e solidariedade que seja possível a um ser humano transmitir a outro, e sinto que o mesmo se dá no sentido inverso. É um sentimento que foge à capacidade humana definir.
Talvez a amizade se resuma a isso: na incapacidade humana de definição. A gente apenas sente, e qualquer pretensão em defini-la, torna-se insuficiente ante sua grandeza.

Não raro, acredito que eu receba muito mais do que mereça em minha vida, sobretudo, quando reflito acerca das minhas amizades e também da maravilhosa família que tenho. Amo a todos, alguns desses amigos conseguem sentir esse amor, outros se perdem ao tentar encontrar uma definição. Não obstante, o mais importante é a oportunidade que temos de amar e ser amados. Alguns são mais privilegiados do que outros por trazerem o nome Amado e Jesus de nascença, o que não significa que outros também não sejam privilegiados, mas aqui entre nós, meu amigo, é ou não é um privilégio: Amado Jesus?!
Finalizando, meu amigo Adir, agradeço a Deus e aos Mestres a oportunidade de reencontrá-lo novamente. Sei que não viemos a esse mundo a passeio. Nossa existência é pautada num único propósito: diminuir a dor alheia. Em alguns casos, a dor está na alma, e só um médico, para diminuir essa dor, ainda que a formação desse “médico” não sejam as tradicionais academias de medicina.

A luta continua.

Marcelo Adriano Nunes de Jesus.

B.J.N. – INVERNO DE 2009.

domingo, 12 de julho de 2009

O PARAÍSO É UMA QUESTÃO PESSOAL

Longe do modelo ideal de sociedade, mesmo assim podemos nos considerar privilegiados por morar num lugar tão aprazível e tranquilo, como o que vivemos, ainda que com alguns problemas estruturais que não poderiam deixar de ser nesse modelo característico de sociedade.

Longe daquilo que preconiza a cartilha do SUS, - diga-se de passagem, um dos melhores sistemas de saúde do mundo - aqui ainda é possível viver sem um plano de saúde e com atendimento público minimamente garantidor, apesar de sérios problemas, como hospitais fechados e outros que se arrastam com graves crises financeiras. Mas no Brasil de um modo geral, infelizmente isso é mais comum do que se imagina, o que não significa que devamos encarar a situação como natural. Não é. Pelo menos aqui ninguém morre por falta de atendimento médico, como acontece frequentemente nas grandes cidades.

Longe dos padrões primeiromundistas, a política de segurança pública da região consegue propiciar aos moradores e visitantes a sensação de segurança – algo tão raro de acontecer nos grandes centros – além das polícias cumprirem fielmente suas funções constitucionais. Raramente por aqui se têm notícias de crimes de repercussão. “Bala perdida”?! Não sabemos o que é isso. Onde vivemos, é possível esquecer a chave na porta de casa e encontra - lá no mesmo lugar. É possível deixar nossos filhos brincando nas praças e ruas sem o perigo iminente de um tiroteio, como o que vitimou a pequena Priscila, jovem de 13 anos baleada no dia 8 de julho, dia seu aniversário, quando fazia compras com sua mãe no bairro da Vila da Penha, no Rio de Janeiro.

Longe dos maus exemplos que vêem de cima, é possível acreditar na Justiça, onde, independente do poder econômico das partes, nosso Judiciário - sempre  atuante -, passa-nos a impressão de que a Justiça foi feita para quem dela precisou.

Longe dos escândalos que envolvem diariamente os políticos desse Brasil afora, é possível acreditar em dias melhores e ver resultados, afinal, não é em qualquer lugar que você toma café da manhã com o prefeito ou o vereador de sua cidade na padaria da esquina e tem a oportunidade de fazer suas queixas, cobrar providências ou mesmo agradecer por uma melhoria que beneficie a todos, sem favoritismos pessoais.

Separadas apenas por uma pequena ponte, Bom Jesus do Norte e Bom Jesus do Itabapoana guardam segredos que só quem vive aqui os conhecem, mas uma coisa é certa, apesar das muitas reformas necessárias, estejam certos, o paraíso para se viver é aqui, e você ainda pode escolher, morar no Espírito Santo ou Rio de Janeiro. Aqui, a expectativa de vida se dá com qualidade.

 

                                              A luta continua.

 

 

                                          Marcelo Adriano Nunes de Jesus.