terça-feira, 29 de setembro de 2009

O MUNDO DE PONTA-CABEÇA

O que foi que aconteceu com a família, que transferiu toda a sua responsabilidade de educar para a escola, ao invés de fazer o seu dever de casa?

O que foi que aconteceu com os alunos, que estão cada vez mais preocupados com os resultados das notas do que em construir o saber?

O que foi que aconteceu com a escola, que cada vez mais se distancia do seu papel e se preocupa tão somente em números do que em qualidade de ensino?

O que foi que aconteceu com os filhos, que estão mais preocupados com o bem-estar de seus amigos do que de seus próprios pais?

O que foi que aconteceu com a inocência de nossas jovens, e com os pais, que permitem que meninas se transformem em mulheres antes do tempo visíveis nos saltos agulhas e nas maquiagens excessivas que usam?

O que foi que aconteceu com os intelectuais, que se calaram ante tantas barbaridades cometidas contra a Natureza e a Ética em nome do progresso?

Por que se reduziu o IPI de carros e se manteve alto o de livros?

Por que o pré-sal é mais importante do que a pré-escola?

O que aconteceu com a política, que se divorciou da ética?

O que fizeram da ética, ao se negligenciar um dos princípios fundamentais da administração pública ao se editar atos secretos no Senado Federal?

O que foi que aconteceu na cabeça de alguns magistrados, que fizeram ressurgir a famigerada censura através da proibição de alguns jornais em noticiar os escândalos que abalaram o clã Sarney?

Como Zé Sarney conseguiu entrar para a Academia Brasileira de Letras?

O que foi que aconteceu no Supremo Tribunal Federal, que aprovado pelo Senado, concedeu um aumento em tempo recorde para seus ministros e considera inconstitucional um piso de novecentos reais para os professores?

O salário de um Ministro do STF será de R$ 26.723,00 em fevereiro de 2010 e de um professor do Rio de Janeiro R$ 707,00. Hoje, um professor recebe R$ 607,00 de piso.

Por que a morte de centenas de policiais é visto como “normal” e as autoridades não fazem nada para diminuir o drama de milhares de famílias que ficam órfãos de seus pais, filhos, irmãos, netos, etc?

O que está acontecendo com a sociedade, que aplaude, quando exibido em cadeia nacional, a morte de um bandido executado com um tiro de fuzil na cabeça?

Por que se banalizou tanto a morte a ponto de gerar indiferença nas pessoas?
Banalização herdada de Roma ou do Holocausto?

O que está acontecendo com o homem, cada vez mais distante de si e de valores que um dia foram consagrados por homens e mulheres que um dia morreram por eles?

Em qual sentido caminha a humanidade?

A luta continua.

Primavera de 2009

Marcelo Adriano Nunes de Jesus.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A PM AGONIZA

Apesar de ser uma das mais antigas instituições do Brasil, a polícia militar sempre foi tratada com descaso pelas autoridades e desdém pelas sociedades a quem servem muito mais que a polícia civil e a polícia federal.

Mas, paradoxalmente, independente do problema e do local em que surge, é o 190 que as pessoas recorrem em momentos de aflição; seja para resolver um problema de roubo ou furto, até realizar trabalhos de parto dentro de viaturas. É a polícia militar que diuturnamente - apesar dos descasos que foram acumulados ao longo de séculos de história -, desempenha seu papel além daquilo que está previsto na Constituição Federal.

Talvez poucos saibam, mas em muitas cidades brasileiras a polícia militar desempenha funções que não são suas, como a investigação, por exemplo, mas após a ocorrência do crime, cabe a polícia civil investigar, o que não acontece em muitas cidades brasileiras. À polícia militar cabe o patrulhamento ostensivo e a PM-2 (Serviço Reservado da instituição), assessorar o comando da corporação em planejamentos de patrulhamento e ações policiais. Mas, por ineficiência ou por falta de efetivo da polícia civil, o trabalho da PM acaba se sobrecarregando, o que concorre para a deficiência daquilo que é de sua competência fazer.

Mas, por outro lado em muitos estados a divisão de funções entre as polícias se dá com o que preconiza o Texto Maior. Trabalham pareadas na luta incansável contra o crime, cada uma fazendo aquilo que lhe cabe. Um bom exemplo nesse sentido vem da Capital Federal, onde, além dos bons salários pagos aos policiais, se tem toda uma infraestrutura voltada ao combate e a elucidação de crimes, exemplo que deveria ser seguido por todos os estados.

Entretanto, a parte esses e outros dramas vividos pelas PM’s e Polícias Civil da maioria dos estados, não raro se esquece que por detrás daquelas fardas ou uniformes estão homens e mulheres que também têm família, que também são sociedade, e que também anseiam findar mais um dia de trabalho para retornarem ao seus lares e abraçarem suas famílias. Porém, muitos não conseguem, ficam pelo caminho, tombam no estrito cumprimento do dever legal e logo são esquecidos por essa mesma sociedade hipócrita que critica as ações policiais, mas se esquecem que a convivência em sociedade sem a presença da polícia é algo inimaginável de supor, afinal, somos animais, animais humanos. Talvez se na escala de Darwin estivéssemos num outro patamar de evolução - como o dos macacos, por exemplo -, a existência das polícias não fosse necessária, mas em se tratando de seres humanos, não há alternativa.

Por último, um velho jargão diz que “cada sociedade tem a polícia que merece”, então, se queremos uma polícia melhor, cabe a nós nos tornarmos melhores, a começar pela leitura que fazemos da polícia e do nosso proceder em sociedade.

Existem maus policiais? Sim, existem, mas também existem maus professores, maus médicos, maus juízes, maus prefeitos.....A lista é longa, mas que não representa o desempenho da maioria. Parabéns, homens e mulheres que ostentam as fardas dos 26 estados e do Distrito Federal das Polícias Militares!

A luta continua!

Marcelo Adriano Nunes de Jesus.