domingo, 28 de junho de 2009

QUAL O MODELO DE SUA PREFERÊNCIA?

 

            É inegável o fato de que atualmente, e talvez sem precedentes na história, hoje exista uma grave crise mundial de paradigmas. Família, instituições públicas, religião e também, claro, o homem.

            Com o advento da imprensa criado pelo alemão Gutemberg,  era de se esperar um certo avanço na forma de como o homem fazia a sua leitura de mundo e como essas novas interpretações poderiam contribuir na melhoria da qualidade de vida do sujeito. Durante um tempo houve esse avanço, sendo a mais conhecida da época a Reforma Protestante (1550).

            Depois dela, outras ocorreram, mas apenas para alguns e também apenas em poucos aspectos. Muitos homens e mulheres continuaram sós naquilo que acreditavam. Alguns morreram por pensar de forma diferente da maioria, conforme o caso do moleiro Menocchio*, morto na fogueira da Inquisição por não acreditar apenas nas verdades reveladas.

            Livros que foram escritos há séculos se reafirmaram como a única explicação coerente e razoável para todas as inquietações humanas. Por que nada de novo surgiu desde então que elevasse o homem a patamares superiores aos da superstição e ignorância?.

            O que há de errado em se criticar o estabelecido? Seria o medo, a ignorância ou ambos o grande responsável? Deus, caso realmente exista na forma como se imagina, não ficaria nada satisfeito com a limitação humana na busca de novos sentidos dada a enorme capacidade que Ele próprio nos deu para pensar e agir. Como alunos na grande escola da vida, certamente seríamos reprovados nessa e também em outras matérias.

            Vejo que o grande problema criado a partir dessa dualidade - que é a capacidade humana de pensar e agir versus a inércia no caminho dessa busca - , foi ter como resultado o distanciamento entre o homem e ele próprio. As pessoas se projetam no outro. Percebo que elas querem qualquer coisa, menos serem elas mesmas. Estranho isso, não?! Mas basta dar uma olhada na grade de programação das TV’s e constatar que tudo o que o homem quer é ver ele projetado num personagem, - oportunidade disponibilizada nos programas oferecidos pelas emissoras -. Talvez por essa razão, as novelas  serem exibidas no horário dito nobre para satisfazer a grande demanda, mas não se iludam, não é demanda de todos.

            Nelson Rodrigues – teatrólogo brasileiro -, certa vez disse que toda unanimidade é burra, imagino a pressão que esse sujeito tenha sofrido por pensar diferente da maioria das pessoas do seu tempo. Mas é exatamente isso que acontece com alguns professores que tentam mostrar aos seus alunos que o mundo não é dessa forma como alguns querem fazer parecer crer. Que existem outros e mais significativos valores que devem ser perseguidos para que assim se construa uma sociedade mais crítica e a partir daí um mundo melhor e mais justo para todos.  Mas quem se importa com isso? As pessoas querem é criticar maldosamente, sejam as críticas oriundas de professores, pais, alunos ou comunidade. O mais triste nessa história, é que essas pessoas correm o risco de num futuro bem próximo elas próprias serem vítimas de seus descasos e omissões, muitas das vezes resultado de seu próprio orgulho e ignorância em lidar com o “novo”, aí é claro vão apontar a escola como a grande vilã e responsável por suas tragédias pessoais, mas vão se esquecer que na verdade as consequências são resultado de suas escolhas.

            Enquanto isso, as igrejas continuam lotadas por uma boa parcela dessas pessoas que estão se lixando para o seu semelhante mas que fazem questão de serem vistas pelo líder religioso como um bom cristão por estar todo domingo na igreja e contribuindo mensalmente com o dízimo; familiares que não se respeitam e se violentam, mas fazem questão de mostrar a todos que estão juntos – custe o que custar - ; servidores públicos que não cumprem fielmente a sua função, muitas das vezes ignorando o Estatuto do Servidor Público e prejudicando o bom andamento do serviço e a população em nome da estupidez corporativista e da mentalidade de que “eu ganho muito pouco para fazer isso ou aquilo”, e por fim o homem, que tem a oportunidade de mudar mas insiste em ficar apenas assistindo a tudo isso de camarote ou, confortavelmente no sofá de sua sala de estar diante da TV. Então, qual o seu modelo?

 

 

* Carlo Ginszburg. O Queijo e os Vermes. Ed. Companhia da Letras.

 

 

                                   B.J.Norte, 28 de junho de 2009 – Inverno.

 

                                               A luta continua.

 

                                    Marcelo Adriano Nunes de Jesus

domingo, 21 de junho de 2009

O SENTIDO DA VIDA, É O VALOR QUE NÓS LHE ATRIBUÍMOS

 

 

            Ultimamente tenho refletido mais intensamente acerca da existência humana. Para ser sincero, essa tem sido uma prática comum e contínua. Diante de tantas mazelas sociais, me pergunto: qual o sentido da vida para o homem?

            Tenho percebido em meus olhares que esse sentido adquire formas e significações diversas e que varia no tempo e no espaço e de ser humano para ser humano.

            Para uns, ter status é o verdadeiro sentido da vida, não se importando que tipo de status ele seja, podendo ser desde de um chefe de uma organização criminosa a uma pessoa que está em todas as colunas sociais. Para outros, o poder é o que justifica esse sentido. Para um terceiro grupo, o reconhecimento público por seu trabalho é o que valida essa existência. E finalmente, existem aqueles que entendem que o verdadeiro sentido de sua existência repousa naquilo que ele faz em prol da humanidade, não se preocupando com o resultado que suas práticas em sociedade terão a níveis de status, poder ou reconhecimento público. Satisfazem-se pelo simples prazer em ajudar.

            Também tenho observado que quando se fala em “contribuir de alguma forma com a humanidade”, as pessoas imaginam coisas grandes, vultosas, descobertas mirabolantes. Mas não é isso. Comecemos pelas pequenas coisas. “Amai-vos uns aos outros assim com Eu vos amei”. A chave para o entendimento do sentido da vida repousa exatamente nesta frase cunhada a mais de 2000 anos e Quem a professou sabia perfeitamente da triste condição humana, por isso, talvez a tenha criado.

            Há pessoas que vivem hoje exatamente como viviam os operários da Inglaterra no início da Revolução Industrial ocorrida no século XVIII, ou seja, em péssimas condições sanitárias, de saúde, de moradia, de alimentação e etc. Pode parecer surreal, mas basta dar uma olhada nas milhares de favelas brasileiras e também africanas e constatar que o cenário é exatamente o mesmo, com algumas poucas diferenças. Mas sobram descasos e indiferenças aos sofrimentos alheios, assim como no passado.

            É preciso amar mais e intensamente. O vazio que muitos sentem e a ausência de práticas simples, porém, eficientes voltadas para o “outro”, é o que justifica o drama de milhões de seres humanos que se encontram nessa condição e também nessa incessante busca do “eterno retorno”.

            Nada muda se a mudança não ocorrer primeiro em nossa maneira em fazer a leitura do mundo. Comecemos amando a nós mesmos em primeiro lugar, pois só por esse caminho teremos condições de amar o próximo. Falo mais uma vez de amor verdadeiro e profundo. Amemo-nos com todos os nossos erros e imperfeições, mas também façamos bem o nosso “dever de casa” legado pelo Pai.  Pare e perceba que pelo simples fato de estar neste plano você já é um vencedor. Sua história de vida se iniciou a partir do momento em que você travou a maior batalha de sua vida que foi vencer os outros milhões de espermatozóides que disputaram com você o privilégio de entrar no útero materno. E lembre-se, salvo raras exceções, apenas um consegue vencer essa enorme “batalha”, e você conseguiu. Você é um verdadeiro milagre da existência humana!

            Nossa existência aqui não pode se basear no vazio. Temos que fazer alguma coisa urgente e relevante para o nosso semelhante, por menor que possa parecer nossa ação, pois um dia haveremos de prestar contas Aquele que nos permitiu o privilégio de estar aqui. E qual será a nossa resposta quando Ele nos perguntar: “O que você fez da sua vida em favor do seu semelhante e que Eu chamei de irmão?

                                                                                 

 

“Aprendemos a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, mas ainda não aprendemos a viver como irmãos...”

                                                                                  Martin Luther King       

 

                                                            A luta continua.

 

 

 

                                 Marcelo Adriano Nunes de Jesus

 

 

                                     19 de junho de 2009  - Outono.