sexta-feira, 20 de março de 2009

ATENÇÃO PARA O REFRÃO.

 

                Nas últimas semanas assistiu-se a intensos e calorosos debates entre a mídia, a sociedade e a Igreja Católica em torno da polêmica que envolveu o aborto Legal de uma criança de nove anos de idade vítima de estupro cometido pelo padrasto e que repercutiu em vários jornais nacionais e estrangeiros, entre eles um dos mais importantes e respeitáveis jornais da Europa, o espanhol El País.

                Polêmica à parte, é importante destacar que em momento algum dessa dialética falou-se da mãe da criança no sentido de trazer à tona o seu histórico de vida que certamente é muito parecido com o de milhares de crianças brasileiras.

                Mães, que na maioria das vezes foram obrigadas a muito cedo largar suas bonecas e “casinhas” para assumirem funções que são de adultos. Mães que se marginalizaram. Mães que sofreram abusos. Mães que choraram a ausência de um pai ou de uma mãe.

                Mães que gostariam de legar um futuro melhor para seus pupilos, mas por força das circunstâncias são obrigadas a negligenciá-lo em detrimento à própria sobrevivência. Mães, que se vêem obrigadas a deixar seus filhos aos cuidados de verdadeiros monstros, mas coitadas, muitas não sabem que o inimigo mora ao lado. Mães que choram....

                O caso da menina estuprada em Pernambuco vem reforçar essa idéia, e embora muito já se tenha falado sobre o tema, nunca é demais trazer à luz do debate a possível razão desse problema e que certamente está ligado a falta de conhecimento o qual tem como origem uma educação deficitária de nossas crianças, jovens e adultos.

                O Brasil não conhece o Brasil. Existem lugares em que a informação não chega, mesmo com a alta tecnologia disponível há lugares em que ela não chega, e nos lugares que chega, não quer dizer que seja acessível a todos. Não é. A informação chega aos lugares e às pessoas aonde a mesma possa auferir algum lucro, essa é a lógica de mercado.

                Nesse contexto, o Nordeste brasileiro, sobretudo na região do agreste, é um dos que mais sofre com essa carência: desde a água, elemento indispensável à vida, às escolas, elemento indispensável a formação e informação; da comida, a condição de produzi-la. Falta-se de tudo.

                Por outro lado, também existem pessoas que não estão interessadas em se informar, preferem manter-se na “Caverna de Platão” a buscar informações ou mesmo aproveitar-se das que chegam, basta dar uma olhada ao redor e constatar o enorme número de analfabetos funcionais e que estão nessa condição por opção, isso sem mencionar o fato de que muitos não gostam de ler e acham essa prática tediosa e cansativa, o que de certa forma é compreensível em se levando em conta a má qualidade do mercado editorial que publica desde Paulo Coelho a Regininha Poltergeist. Realmente, um primeiro contato com a literatura tendo como parâmetro esses dois autores não é de se estranhar que as pessoas se traumatizem.

                Por fim, tudo o que acontece de negativo tende-se a culpar o Estado, o que em parte tem sim o seu quinhão de responsabilidade nesse quadro, mas creio que uma boa parte desses problemas são criados pelas próprias pessoas, que por uma ação de imprudência, negligência ou omissão, acabam ensejando dramas como esse da menina de Pernambuco e vários outros que estão acontecendo no exato instante em que escrevo e também agora, no exato instante em que você lê essa matéria.

               

                É como dizia Gal Costa na música Divino e Maravilhoso...

 

Atenção, ao dobrar uma esquina

Uma alegria

Atenção menina

Você vem, quantos anos você tem

Atenção, precisa ter olhos firmes

Para esse sol, para essa escuridão

Atenção, tudo é perigoso, tudo é divino e maravilhoso

Atenção para o refrão....

É preciso estar atento e forte

Não temos tempo de temer a morte.

 

                              

                                    Bom Jesus do Norte, 19 de março de 2009.

 

                                              

                                         Marcelo Adriano Nunes de Jesus.

quarta-feira, 11 de março de 2009

                            ACERCA DO AMOR E SUAS IMPLICAÇÕES.

 

 

            Aventurar-se a dissertar sobre o tema “amor”, não é uma tarefa das mais fáceis, ainda que o desenvolvimento da matéria seja feito a duas mãos, - conforme o caso em tela -, isso porque, é um sentimento que reúne várias nuances e também várias leituras.

            Mesmo assim, após uma detida reflexão na direção desse intento bem como uma conversa preliminar com o meu parceiro de escritas que em muito auxiliou-me na elaboração do presente, resolvemos aceitar o desafio de escrever sobre esse sentimento que desestabiliza qualquer mortal; que faz com que desde o mais humilde do ser ao maior dos intelectuais, sinta-se “perdido”, sem saber ao certo o que fazer e como agir ante uma situação inesperada e que coloque em “xeque” toda sua vã “segurança” acerca do tema.

            Mas a vantagem, a grande vantagem, é que não existe nenhuma banca examinadora composta por doutores no assunto que irá avaliar se fizemos ou não a escolha certa, mesmo que o resultado dessa escolha tenha sido a renúncia a um amor que poderia ter dado certo. Será uma avaliação pessoal e solitária. É sobre esse amor que iremos abordar. O amor entre as pessoas.

            Aquém das recentes descobertas científicas que envolvem o tema conforme reportagem no Fantástico de 22 de fevereiro de 2009, é interessante observar o desenvolvimento do “approach” entre as pessoas envolvidas nessa situação. O que se observa, é um verdadeiro jogo de sedução e ao mesmo tempo de defesas de ambas as partes. É como se as pessoas quisessem e ao mesmo tempo negassem o desejo de vivenciar pela primeira vez ou novamente, aquela experiência maravilhosa que é amar e ser amado. Olhares perdidos, calafrios, suores, enrubescimentos, gagueiras, são tantas as sensações que talvez devêssemos dedicar um texto apenas voltado para essa questão.

            Passada essa primeira “barreira”, as coisas vão caminhando para um lugar ainda incerto. Os suores, enrubescimentos, etc. já não são tão frequentes, ainda que esse estado varie de pessoa para pessoa, mas a regra geral é essa, cessam-se algumas sensações e iniciam-se outras não menos incômodas.

            No decorrer desse estado outros “fantasmas” vão surgindo e compondo esse cenário, como por exemplo, o medo, que ao lado dos ciúmes, tornam-se ingredientes fatais em qualquer relação, por mais atraente e sedutora que ela seja.

            Teme-se de tudo: desde conquistar a pessoa amada à possibilidade de perdê-la; a criação de movimentos os mais simples que traduzam, sem a necessidade de palavras, o famoso “eu te amo”, a conjugar o próprio verbo e que devido a sua omissão, tornam-se verdadeiros impedimentos à plenitude do amor. Nesse contexto, nenhuma relação será duradoura. É preciso ousar mais, arriscar-se mesmo!

            Temos tempo suficiente para viver uma eternidade ou uma brevidade, e isso, vai depender e muito dos movimentos por nós produzidos. Pode ser que levemos uma eternidade para dizer àquela pessoa o quanto a amamos e o quanto prezamos a sua companhia, ou talvez nem cheguemos a dizê-la, seja por opção oriunda do medo ou por circunstâncias alheias a nossa vontade, nesse caso, a morte.

            Por outro lado, podemos em breves minutos ser felizes ad infinitum, onde o tempo cronológico ao lado da pessoa amada seja um mero detalhe e as horas passem como milésimos de segundos. É a realidade da física quântica presente no amor.

            É importante que tenhamos a consciência de que não existem culpados ou inocentes em se tratando de amor, e isso é ótimo, pois, assim como a morte, nos coloca em pé de igualdade com todos os mortais. Que maravilha é ter essa consciência!  

            Não precisamos arcar com o ônus da culpa de um “não”, simplesmente porque esse ônus não existe. Não precisamos tencionar controlar o que o outro pensa ou supostamente diz a nosso respeito se nem sobre nós mesmos temos esse controle.

            Que se viva plenamente a vida, aprendendo, errando, tentando, mas, sobretudo fazendo a parte que nos cabe, não perdendo o privilégio de amar e se permitir amar, mesmo que esse amor seja apenas a oportunidade de usufruir por breves momentos mas que se tornam infindáveis na companhia de alguém que se quer bem.

            Não precisamos ser egoístas ao ponto de querer aquela pessoa só para a gente acompanhada de uma dedicação exclusiva, e que em muitos casos, exige a renúncia da própria identidade da pessoa. Isso é um absurdo, e com certeza não é amor, afinal, as pessoas são do mundo, não nos pertencem. É preciso dar-lhes a liberdade necessária para avaliarem a permanência ou não em nossas vidas, mas que essa permanência seja pautada na lógica da felicidade e da leveza, não do peso nem da dor.

 

 

                                   Bom Jesus do Itabapoana, 11 de março de 2009.

 

                                  

                                  

                                               Leila Freitas Nascimento

                                               Escritora e Poetisa.

                                               Livre pensadora.

                                               

 

                                               Marcelo Adriano Nunes de Jesus.

                                               Professor.

                                               Livre pensador.

                                               

           

            

sexta-feira, 6 de março de 2009

 

            CARTA ABERTA ÀS MULHERES...E TAMBÉM AOS HOMENS.

 

           

            Nesse início de século, assistimos a vários pedidos formais de “desculpas” vindos de todos os cantos do mundo dirigidos à humanidade. Desde presidentes de Repúblicas, ao Papa, todos o fizeram em função dos vários equívocos que foram cometidos no passado por suas nações ou instituições contra o ser humano, os quais devemos de muito bom grado aceitá-las.

            Não obstante, apesar do reconhecimento desses erros, – desde a invasão da África pelas potências européias passando pelas atrocidades cometidas pela Santa Inquisição em nome de Deus -, percebi que nenhum desses pedidos se dirigiu especificamente às mulheres. Sim, as mulheres, e olha que não foram poucos os erros e abusos contra elas.

            Tomando como paradigma a sociedade ocidental, a história das mulheres foi marcada por muita dor e discriminação. Imaginem que apenas pelo fato natural delas menstruarem e caso fossem surpreendidas por alguém não tão próximo delas naquelas condições e fossem denunciadas por isso, seus destinos, na maioria das vezes, seriam os Tribunais do Santo Ofício, acusadas de bruxaria e coisas do gênero, e muitas acabavam mortas na fogueira. Uma estupidez, mesmo se encarado sob a conjuntura histórica da época.

            Aqui no Brasil até bem pouco tempo atrás, era o homem quem determinava todas as regras familiares e sociais, impondo, muitas das vezes, sem nenhum critério, a sua vontade à força, o que infelizmente ainda acontece em algumas regiões. Houve um presidente da República em terras tupiniquins que na década de 1960 chegou ao absurdo de proibir o uso de biquínis na praia. Trabalhar fora nem pensar. Estudar, imagina, era impossível para a grande maioria das mulheres, exceto para aquelas de famílias mais abastadas e sendo os estudos ligados à educação, preferencialmente a doméstica, onde as escolas preparavam-nas para as atividades docentes ou do lar, como a Escola Orcina da Fonseca que formava costureiras e o Instituto de Educação, que formava professoras primárias no Estado do Rio de Janeiro.

            O tempo passou, veio à invenção da pílula – a conhecida anticoncepcional -, que em muito facilitou a vida das mulheres, porem, apesar do avanço, é muito criticada ainda hoje por alguns segmentos mais conservadores da sociedade, notadamente a Igreja Católica. Aboliu-se a ditadura do soutien, criaram-se delegacias especializadas no atendimento às mulheres vítimas da violência, promulgou-se a Lei Maria da Penha, um avanço, apesar de tardia.

            Decerto que muito ainda há para se fazer, mas já é possível encontrarmos mulheres desempenhando funções as mais diversas e que antes só eram permitidas aos homens, como por exemplo, Presidentes da República e Ministro do Supremo Tribunal Federal, este último, desempenhado aqui mesmo no Brasil, pela doutora Ellen Gracie, primeira mulher a ocupar o cargo de Ministra da mais alta Corte brasileira. Pode-se afirmar que a mulher hoje em dia ocupa quase todos os cargos e funções que antes  eram “próprios” dos  homens, e com um detalhe a mais: com muito mais charme e elegância.

             Em Bom Jesus do Itabapoana, cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro com pouco mais de 30.000 habitantes, é possível encontrar mulheres desempenhando papéis os mais diversos, a começar pela chefe do Executivo, passando por uma juíza de Direito, promotoras de Justiça, oficiais de Justiça, advogadas, professoras, diretoras de colégios – diga-se de passagem, são maioria em Bom Jesus –, bem como gerentes de bancos, administradoras, médicas, etc. e sabemos que essa não é uma prerrogativa apenas dessa cidade, mas sim uma característica mundial, excetuando-se os países muçulmanos e alguns que ainda permanecem com uma mentalidade retrógrada em relação ao tema, como é o caso de Cuba, Venezuela, China, Rússia dentre outros.

             Não poderia deixar de citar as outras funções que são desempenhadas com muita maestria e competência por essas maravilhosas mulheres, tais como as cabeleireiras, manicures, domésticas, pedreiras, serventes, faxineiras, garis, motoristas, garçonetes, seguranças, frentistas, atendentes, recepcionistas, secretárias, auxiliares de escritório, vendedoras e várias outras, e que não perdem nada em relação aos demais cargos que exigem especialização acadêmica, ao contrário, encontram-se em pé de igualdade em relação à importância das outras funções, mas que devido à natureza, necessitam de uma escolarização maior, e que por conseguinte afeta o salário, essa é a única diferença entre elas.

            Nesse dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, dedico às mulheres de todo o mundo, em especial às brasileiras, essa singela homenagem acompanhada de um pedido formal de desculpas pelas várias injustiças que por nós, homens, foram cometidos contra vocês, bem como, torço para que cada vez mais, novas e significativas conquistas venham se somar as já existentes

            A todas as Marcellas, Thaíssas, Rosinéias, Leilas, Ângelas, Marias, Nízias, Fernandas, Carlas, Josetes, Juremas, Clotildes, Clarices, Eduardas, Margaretes, Marcias, Sandras, Júcias, Sidelmas, Iaras, Aparecidas, Albas, Grazieles, Edilaines, Isauras, Paulas, Solanges, Fabianas, Alessandras, Mônicas, Kellys, Amandas, Fátimas, Penélopes, Ritas, Mayaras, Robertas, Marilaines, Luizas, Íris, Virgínias, Alines, Letícias, Ludmilas, Marinetes, Cláudias, Cristianes, Renys, Carolinas, Dagmares, Margaridas, Julianas, Elisas, Fabíolas, Brancas, Anas, Palomas,  Cristinas, Cristianes, Paolas, Lucienes, Gabrielas, Nilvas, Silvanas, Alices, Goretes, Patrícias, Laras, Hosanas, Marianas, Nayaras, Sheilas, Iracélias, Marinas, Renatas, Vivianes, Rúbias, Tânias, Hanieres, Isabelas, Isabeles, Naires, Franciscas, Francieles, Mirellas, Jaquelines, Graças, Roses, Anas, Rebecas, Vanessas, Lias, Grishnas, Antonias, Josefas,  Josianes, Rosianes, Roseanes, Geórgias, Betinas, Luanas, Fátimas, Vitórias, Antonias, Olgas, Iracemas, Janes, Lidetes, Elaines, Danilas, Dalilas, Ericas, Leonas, Lourdes, Lucianas, Luzias, Maristelas, Estelas, Carmens, Marlenes, Martas, Michelines, Nancys, Lenas, Selmas, Verônicas, Isauras, Andressas e tantas outras que por mera falta de espaço não foram citadas, o meu muito obrigado e minhas sinceras desculpas pelos vários erros cometidos contra vocês durante a história da humanidade.

 

            A luta continua!

 

 

 

                                   Marcelo Adriano Nunes de Jesus.

 

 

Marcelo Adriano Nunes de Jesus.

Professor da Rede Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro . C.E. Marcílio Dias.

Mestrando em História (trancado)

Universidade Severino Sombra (Vassouras - RJ ).

Pós-graduado em História do Brasil

Universidade Cândido Mendes. ( Rio de Janeiro)

Graduado em História Licenciatura Plena

Faculdades Integradas Simonsen. (Rio de Janeiro).

Graduando em Direito (trancado)

Universidade de Iguaçu. ( Itaperuna)

E-mail: profmarceloadriano@gmail.com