É obrigação de todos rechaçar qualquer tipo de intimidação e violência, sobretudo se estas vierem de encontro à pessoa, aos animais e ao Estado Democrático de Direito. Mas acerca do recém assassinato de uma juíza no Estado do Rio de Janeiro algumas considerações devem ser feitas.
Diariamente policiais e bombeiros são assassinados, médicos peritos e professores agredidos e nada ou quase nada é feito em relação a esses casos para se chegar aos autores e fazê-los pagar por seus crimes. Culpa da polícia, inércia do Judiciário, ineficiência do Poder Legislativo ou a soma dos três?
O fato, é que em relação ao caso da juíza tragicamente morta, tanto a polícia quanto o Judiciário demonstraram uma eficiência de dar inveja aos países de Primeiro Mundo. Em tempo recorde chegaram aos possíveis autores e todos os mandados de prisão expedidos cumpridos e os réus localizados e presos em penitenciárias de segurança máxima.
O que é difícil de entender é como alguns casos são tratados de formas tão díspares por essa mesma polícia e por esse mesmo Judiciário.
Ilustro o caso da engenheira desaparecida há três anos no Rio de Janeiro e que culminou com a decretação pela Justiça no último dia 17 de junho de sua morte presumida. Como pode um corpo desaparecer e não deixar vestígios com tanta tecnologia forense disponível? Como pode nenhuma arma ter sido localizada mesmo constando no carro da vítima quatro perfurações de tiros calibre ponto 40, arma privativa da polícia? Como pode os quatro policias militares que estavam de serviço próximo ao local de onde o carro da vítima caiu ou foi jogado não terem visto nada?
A questão, é que a única semelhança entre os casos é o nome das vítimas: Patrícia. Quanto à primeira, o crime praticamente já se encontra solucionado, isso se o que foi apresentado até agora não for mais um espetáculo de nossas instituições apenas para dar satisfação à sociedade, pois quem garante que todos os presos são culpados e suas garantias constitucionais estão sendo cumpridas? Segundo consta, um oficial superior da PMERJ - o mais recente preso no caso da juíza - foi transferido para Bangu 8, presídio de segurança máxima do estado do Rio de Janeiro. Entretanto, de acordo com o que preconiza nossa Carta Maior, o oficial tem direito à prisão especial a ser cumprida em organização militar, e não é isso que está sendo feito, o que coloca em dúvida todos os demais procedimentos. Quanto à segunda, a família continua na sua angustiante busca na tentativa de encontrar o corpo para que assim possa ao menos dar um enterro digno à sua querida Patrícia.
Sim, é preciso questionar o poder e seus discursos, para que assim, quem sabe, não tenhamos outras Patrícias com resultados tão dolorosos para as famílias, mas, sobretudo com tratamentos iguais nos resultados.
Bom Jesus do Norte, 28 de setembro de 2011
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua
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