Gonzaguinha, – intérprete da música nacional falecido na década de 1990 -, certa feita questionou o seguinte: “e a vida, e a vida o que é diga lá meu irmão...?” Para muitos é juntar riquezas, amigos, conhecimentos, ser visto como pertencente a uma casta social, enfim, cada qual possui uma maneira muito própria e pessoal de interpretá-la e responder a esse questionamento feito através de uma bela canção. Porém, quando questionados acerca de sua transitoriedade, todos são unânimes em concordar com essa característica tão intrínseca da vida.
Por outro lado, mesmo tendo essa consciência, muitos levam suas vidas como se tal certeza existisse apenas para os outros, sendo uma realidade muito distante de si, o que concorre para que suas preocupações se limitem às suas próprias vidas. É como se apenas eles sentissem os segredos da Caixa de Pandora e os outros fossem os outros e que se virem com seus problemas.
O resultado dessa atitude em relação ao outro é um enorme contingente de pessoas tristes que diariamente lotam os consultórios de psicólogos e psiquiatras em busca de respostas que dêem sentidos às suas vidas. Pobre ser humano! Quando perceber que essas respostas sempre estiveram dentro de si e que são tão simples de adotar em seu cotidiano, aí talvez se tenha um novo começar, ainda que se esteja à beira da morte.
Isso nos leva a crer que passados mais de dois mil anos o paradigma judaico-cristão de Deus mostrou-se falido. O ser humano não melhorou nada desde então, mister se faz outro modelo, um novo tipo de Deus, mais próximo talvez do homem e de sua realidade, assim como era na Antiguidade Clássica.
Ah, a Antiguidade... O que nos diriam Sócrates, Platão, Aristóteles, Sêneca e tantos outros acerca do homem contemporâneo? Decerto se limitariam ao silêncio ou talvez dissessem apenas que a vida tem sempre razão, o que seria mais que suficiente para compreender que somos o resultado de nossas escolhas; não a definição judaico-cristão para livre-arbítrio, mas sim liberdade, a liberdade que fez do homem míope de si mesmo ao escolher volver seus olhares para o absurdo de sua imortalidade material negligenciando as coisas que realmente têm relevância nessa nossa tão curta existência.
1º Dia da Primavera de 2011 - MANJ
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