Durante muito tempo prevaleceu no Brasil o estereótipo de que “os fatos falam por si” e por isso os envolvidos já são condenados pela sociedade. Ora, se fosse verdade que os “fatos falam por si”, não haveria necessidade de investigações nem tampouco a existência de advogados se faria necessária. Mas para alguns veículos de comunicação essa noção das coisas acaba por formar opiniões distorcidas ou mesmo mentirosa das notícias por eles divulgadas, sobretudo, pelos analfabetos funcionais.
Tomemos como exemplo a recente divulgação de um vídeo que mostra um menor de idade baleado “à queima roupa” no interior de uma favela do Amazonas por policiais militares.
É certo que os leitores não saibam, mas recentemente em uma escola pública o signatário deste foi ameaçado de morte por um menor de 10 anos de idade tão somente por tê-lo advertido face ao furto que este cometia no interior da mochila de um colega de classe. Absurdo? Não, a nossa realidade.
Talvez os leitores também não saibam, mas na maioria das escolas públicas o que mais se vê nas paredes são pichações com apologia a toda sorte de crime. São diversas siglas de facções criminosas espalhadas pelos corredores, banheiros e salas de aula; desenhos de fuzis, pistolas e xingamentos os mais variados.
Talvez os ilustres leitores igualmente desconheçam, mas em cada 10 crimes que acontecem no Brasil, sete têm a participação de menores de idade.
É... já deu para perceber que esses menores não são tão inocentes assim. Muitos deles poderiam “ministrar aulas” de direito penal, processual penal e conhecem de cabo a rabo o Estatuto da Criança e do Adolescente. Sabem da fragilidade das nossas leis e se aproveitam disso para delinquir.
Seus pais e familiares nem sempre são omissos, mas a lei em vigor os impedem de ter atitudes mais extremas sob pena de prisão, o que os tornam refens de seus próprios filhos.
Definitivamente não dá para enviar flores para quem te recebe com balas de fuzil. Não se sabe exatamente o que teria levado aquele policial a cometer aquele ato extremo. Sim, é preciso apurar com rigor e isenção os fatos e punir os responsáveis.
Mas o policial, assim como o professor, trabalha sob um estresse que muita gente não tem noção, o que não justifica ações impulsivas como a mostrada no vídeo. O menor de idade que está no crime sabe perfeitamente que a lei não o alcançará, pois é inimputável.
Muitos policiais já devem ter se sentido impotentes e desanimados durante suas atividades, pois muitas vezes apreenderam “sementes do mal” em flagrante delito e estes sequer foram ouvidos pela autoridade policial. Não por culpa deste. É o sistema. Quantos não perderam horas e horas com a burocracia no interior de delegacias policiais enquanto o menor de idade saia debochando e pela porta da frente com escolta dos Conselhos Tutelares?
O que garante que aquele jovem do vídeo não teria atentado contra a vida daqueles policiais e quando sua munição teria acabado resolveu se entregar e numa lamentável explosão de estresse um dos policiais não teria disparado sua arma contra seu algoz? Quantos marginais não fazem isso? Trocam tiros e quando a munição acaba se entregam com medo de morrer? São covardes!
Que as pessoas entendam que não sou favorável à execução de quem quer que seja, mas apenas faço aqui uma análise imparcial dos fatos. Nada justifica tirar a vida de ninguém, exceto situações que a lei permite guardadas as devidas proporções, mas penso que chegou a hora de parar de se romantizar as coisas envolvendo menores de idade.
Enquanto aqueles parasitas lá do Congresso Nacional não reverem com responsabilidade nossos diplomas legais, “tiragem”, delegados, promotores e juízes muito pouco poderão fazer no combate eficaz à criminalidade. Não basta prender e condenar, é preciso leis que os façam cumprir integralmente suas penas. Nada de redução, como a recente aprovada pelo Congresso, que para cada 12 horas de estudo do preso diminui um dia na sua pena. Isso, sim, é uma sacanagem das grandes com o povo brasileiro que sustenta essa corja.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
BJN, (ES), 24 de março de 2011
Você fala como participante do cenário. Amigo a realidade é esta que narrou tão bem. Em meus momentos, quando ainda na ativa, várias vezes me deparei com menores delinquentes que, ao serem neutralizados em seu poder de agressão física, passam a ofender o policial com xingamentos dos mais variados, parecendo querer provocar uma perda de razão do agente da Lei, para obterem vantagem da situação. A mídia tem preocupação maior a audiência e não a verdade. Se for provocar a promoção na audiência, vão expor o fato constantemente, explorando ao máximo a imagem do “menor inocente e indefeso.
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