domingo, 11 de dezembro de 2011

PODRES PODERES

No dia 1º de abril de 1964 o Brasil foi surpreendido por um golpe que iria se arrastar por 21 anos e mais uma vez mancharia sua história de sangue e dúvidas: a Ditadura Militar.
O principal motivo desse e de vários outros golpes dessa natureza no continente americano foi o medo da Guerra Fria (1945-1989), que polarizou o mundo entre Estados Unidos e União Soviética. O primeiro, com medo das articulações do segundo, tratou de organizar um local fora de seu território, mais precisamente no Panamá, onde ali, militares de toda a América Latina foram treinados para combater não a União Soviética, mas sim, os simpatizantes desse regime em seus respectivos países.
Mas a questão não é debater os rumos ou as razões desses golpes, antes, fazer um breve paralelo entre a postura de um deputado do período e os que aí hoje estão.
Com a decretação pelo presidente Costa e Silva (1967-1969) do Ato Institucional nº 5 em 13 de dezembro de 1968, o regime endureceu. Garantias constitucionais foram suprimidas, o Congresso Nacional fechado, a censura imposta a todos e o fim do pluripartidarismo foram algumas das sanções impostas pelo Ato..
Apesar de considerado oposição, o MDB (atual PMDB), tinha muitos deputados simpáticos ao regime implantado por Castelo Branco (1964-1967) sob a batuta dos Estados Unidos. Naquela época, as eleições para presidente se davam de forma indireta. Eleito com 294 votos de um total de 350, o que teria levado Costa e Silva a decretar o AI-5?
Vaidade a parte, o discurso do então deputado federal Marcio Moreira Alves - MDB para que a população boicotasse a Parada Militar de 7 de setembro por razões óbvias, teria sido o estopim que detonou a “bomba” que deixou marcas indeléveis nas pessoas direta ou indiretamente alcançadas pela ditadura militar, além do retrocesso incomensurável para o País a partir do exílio imposto ou voluntário de intelectuais e artistas.
O AI-5 era apenas uma questão de oportunidade, e Marcio Moreira Alves havia fornecido esse tão esperado momento aos militares..
Decerto que o nobre deputado não tivesse essa intenção e não fosse o único na luta contra o regime, mas depois dele, ninguém mais teve coragem de afrontar o sistema tão aberta e diretamente a favor do povo e contra o sistema.
Em 1985 o regime militar chegava ao fim e iniciava-se o período da chamada “democracia”. Três anos depois nascia a nova Constituição Federal, considerada por alguns estudiosos a mais democrática de todas, mas não tão democrática assim na prática por outros.
Atualmente, segundo o Tribunal Superior Eleitoral – TSE existem 29 partidos políticos registrados. A maioria destes é formada por indivíduos saídos das fileiras da Arena e também do MDB, como é o caso do senhor José Sarney PMDB e do senhor Paulo Maluf PPS.
Seguramente afirmo que a corrupção faz parte do sistema capitalista. Esse detalhe já derrubou governos, presidentes, primeiros-ministros e tantos outros ocupantes de cargos públicos no Brasil e também fora dele. Mas aqui, na década de 1960 os roubos à nação não aconteciam tão às claras como hoje em dia. Havia de fato uma preocupação dos parlamentares com o país e se lutava por mudanças concretas e que beneficiassem a população em termos gerais, além do fato das sansões mais pesadas para pessoas flagradas nessas situações.
Coaduno da opinião de um amigo que exerce a medicina quando diz que “quando um ministro ou secretário de saúde deixa de aplicar o que é devido em investimentos no setor, ele não mata apenas uma pessoa, mas sim, milhões, que não podendo arcar com os altos custos de um plano de saúde, são obrigadas a recorrer ao serviço público cada vez mais sucateado e ineficiente e muitos acabam morrendo”.
São pessoas públicas que agem criminosamente por omissão ou comissão e no País da Alice – no caso o Brasil -, fica tudo por isso mesmo. Ou você conhece algum ex-ministro condenado por roubo?
Optei em citar primeiro os “ministros” por entender que o mau exemplo vem de cima, mas a realidade nos estados e em quase todos os 5700 municípios brasileiros é a mesma coisa.
Governadores e prefeitos promovendo a malversação do dinheiro público e deputados e vereadores ratificando o interesse do Executivo em detrimento aos interesses públicos. A maioria das Câmaras não fiscaliza como deveria, na verdade, seus componentes priorizam seus interesses particulares.
Partidos políticos têm ideologia e estão acima das pessoas. Mesmo contando com 29 partidos, podemos afirmar que destes, apenas três de fato são de esquerda, os demais, tudo farinha do mesmo saco. Fato facilmente constatado a partir das posturas da maioria dos políticos. É a cara e coroa da mesma moeda. É preciso conhecer um pouco mais da história recente do nosso país e dos partidos para votar de forma coerente com as nossas reais necessidades em termos coletivos.
Deixo aqui uma pergunta para reflexão: quantos projetos de lei foram apresentados à mesa diretora pelo seu deputado ou vereador? Destas, quantas foram aprovadas? Verifique, a consulta popular é um direito constitucional. As Câmaras Legislativas são a casa do povo. Não tenha medo, questione e peça provas daquilo que lhe disserem.
Provavelmente você ficará decepcionado com as respostas. Se isso acontecer, é um ótimo sinal, pois certamente você vai pensar duas vezes antes de votar em um mentecapto qualquer atrás apenas de podres poderes.
Fazendo isso, esteja certo, você estará se iniciando no campo da pesquisa científica. Lembre-se, esse é o primeiro passo nesse sentido: observação, experimentação, análise e conclusão, e o resultado, certamente será o de uma pessoa mais crítica e atenta às questões do seu tempo.

Boa Sorte!

Marcelo Adriano Nunes de Jesus


A luta continua.
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