quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O SILÊNCIO

No meu último texto intitulado “Desabafo de um Brasileiro”, chamei a atenção dos leitores para refletirem de forma acurada nos candidatos que disputam uma vaga no Executivo e Legislativo no pleito marcado para outubro próximo.
Por outro lado, imagino que tenha perdido o meu tempo, haja vista uma olhada na formação do Congresso Nacional e nas Câmaras Estaduais e constatar que as “figuras” são sempre as mesmas, não há nenhuma mudança, ou melhor, a mudança que existe se dá como na época das Capitanias Hereditárias; aqueles que lá estão colocam seus filhos em seus lugares. Veja o caso do deputado estadual pelo Rio de Janeiro Jorge Picciani. O que esse sujeito fez de relevante na política fluminense? E seu filho Leonardo, deputado federal? Agora lança mais um, Rafael, candidato a deputado estadual. Francamente, o brasileiro é uma piada em termos de consciência e memória histórica. Será que ninguém se lembra que o senhor Picciani foi denunciado pelo Ministério Público Federal por manter trabalhadores em forma de escravidão em suas fazendas no Mato Grosso? Sinceramente às vezes penso que me trabalho é vão, que nada, absolutamente nada daquilo que ajudo a construir em salas de aulas servirá de alguma coisa no sentido de se mudar o estabelecido, igualmente a mesma sensação se dá em relação àquilo que escrevo. Nada servirá para alguma coisa. O que sinto, é a sensação de angústia tão presente nos escritos de Heiddeger!
A coragem realmente não é uma qualidade de todos, mais ainda a verdade. Pessoas vivem em suas mentiras e as vivem como se fossem verdades. De que adianta reclamar que as coisas não vão bem e manter as mesmas pessoas há décadas no poder? Do que adianta protestar com o vizinho acerca das inúmeras improbidades administrativas cometidas por pessoas públicas se na verdade foi você quem os elegeu? Do que adianta indignar-se com a corrupção se você aceita que um candidato pague sua conta de luz ou patrocine seu time de futebol e considere essa atitude “normal”? É muita hipocrisia!
Aos poucos, vou começando a entender o silêncio da inteligentsia brasileira. Eles têm razão. Nossos discursos são como palavras ao vento. O brasileiro gosta é de futebol e carnaval, afinal, seguem à risca a ideologia que emburrece e do Pão e Circo.
A cantora Elis Regina na música “Como Nossos Pais” logo nos primeiros versos dizia que “o sinal está fechado pra nós, que somos jovens”, eu acrescentaria que realmente o sinal está fechado, mas para as cabeças pensantes desse país, que não veem nenhuma perspectiva de mudança no atual quadro da mentalidade brasileira. Estamos isolados. Mas apesar do quadro sombrio e que já sabemos qual será o resultado, vamos continuar na luta. O desânimo, não raro, é inevitável, porém, mas do que nunca é preciso prosseguir. Se seremos felizes? Não sei, mas A LUTA CONTINUA.

Marcelo Adriano Nunes de Jesus.

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