terça-feira, 24 de julho de 2012

REPUBLIQUETA DE BANANAS

Era comum ouvir-se dizer em meados do século XIX não haver “nada parecido com um saquarema como um luzia no poder.” O provérbio imperial chegou até nós. Não raro, políticos, homens de Estado, historiadores e demais cientistas sociais evocam-no para caracterizar, a partir de uma ótica negativa, os partidos políticos no Brasil, quer estejam falando daqueles do Segundo Império, quer estejam se referindo aos de época mais recente. Tomemos, por exemplo, Oliveira Viana. Ao sublinhar a semelhança entre partidos políticos imperiais, recorrendo ao provérbio mencionado, enfatizando a ausência de opinião e de programas deles, o autor de O Ocaso do Império busca a explicação para tal em sua constituição: simples agregados de clãs organizados para a exploração comum das vantagens do Poder .” Longe do anacronismo, seguramente podemos afirmar que nesse sentido muito pouca coisa mudou na organização dos partidos políticos brasileiros desde então. Basta verificar o absurdo que acontece em épocas de eleições. Candidatos que se autointitulam “oposição”, na verdade nada mais são que a outra face da mesma moeda. Fazem de tudo para atingir aquilo que Oliveira Viana tão bem colocou em sua obra. São capazes até mesmo de venderem sua alma ao “diabo” para levar adiante suas vãs pretensões que em nada, absolutamente nada, tem a ver com a moralidade e consequente res publica e de causar arrepios na lei. Nesse sentido, o que poderia ser mais antiético do que as coligações partidárias? Partidos que se autointitulam “oposição” se unem com àqueles que “ideologicamente” são adversários para tão somente chegarem ao poder e promover uma verdadeira “farra” com o dinheiro público. Tomando como exemplo os cargos disputados nas próximas eleições, vamos ilustrar o caso dos prefeitos. Antes mesmo de ser eleito, o candidato do partido “X” em troca do apoio da coligação dos partidos “Y” e “Z” que não raro são “oposição”, a estes promete secretarias em seu eventual governo; aos candidatos a vereadores – se eleitos ou não-, promete um número de cargos na prefeitura a seus apadrinhados desde que o apoiem, e nesse sentido, se loteia a prefeitura, o mesmo ocorrendo em nível de Estado e União. Na verdade, não há ideologia alguma entre a maioria esmagadora dos partidos políticos, o que há, é um jogo imundo de troca de interesses e favores, tudo para se chegar ou se perpetuar no poder para tão somente auferir as vantagens deste. Diante dessa breve reflexão me pergunto se realmente o brasileiro está preparado para viver uma democracia. Algumas escolhas que fazemos para nossas vidas podem adquirir um sentido catastrófico para toda uma coletividade. Sim, é preciso mais educação, porém, uma educação de qualidade e não baseada em números, como o que acontece. Por outro lado, quem são os responsáveis pela política educacional? Pois é, vê-se que é um círculo vicioso, e não há, em absoluto, nenhum interesse em se mudar essa realidade, afinal, o que o povo precisa é de pão e circo, e nesse sentido, nossos políticos são mestres e doutores nessa arte. A luta continua. Bom Jesus do Norte, 16 de julho de 2012 Marcelo Adriano Nunes de Jesus

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