ÉTICA x EDUCAÇÃO.
Na distribuição de conhecimento, o ensino torna-se um processo excludente a partir da prévia seleção do que deve ser legitimado, reproduzido através da escolarização e, sob vários aspectos, se estende às decisões tomadas em sala de aula. A separação de classes em “turmas fortes” e turmas fracas”, entre outras medidas, por exemplo, reforça sucessivas reproduções no âmbito da escola, que segrega e cumpre seu papel de aparelho ideológico a serviço do Estado, já que o “fraco” deve juntar-se aos “fracos” e os “fortes” aos “fortes”, produzindo uma eleição para o substrato do conhecimento legitimo, aval para o saber que emprega e distingue atores sociais. Sobretudo, sob a égide do aprendizado de conteúdos técnicos, o conteúdo ideológico implícito pretere, sem dúvidas, a importância da comunicação para a forma da construção do conhecimento. Tema que seria de grande importância para pensarmos sobre currículos, pois crianças de uma mesma representação sociocultural têm uma comunicação comum, que faz representar por códigos específicos do grupo ao qual pertencem[1], logo de valores diversos, inclusive éticos e de razões que lhe são próprios.
Junto à distribuição de riquezas, associa-se, culturalmente, a distribuição de conhecimento, ambas distribuições como sendo efeito do afunilamento e das emergências do mercado de trabalho, que se adapta continuamente às demandas econômicas. Quem não consegue entrar no mercado de trabalho torna-se socialmente um incapaz, pois o modo competitivo como estas distribuições são feitas e compreendidas indica sempre uma falha individual.
A má distribuição de renda em nosso país não é vista como um fenômeno historico originado pelas condições sociopolíticas, mas como uma falha individual de cada um. Ocorre que o sujeito que não alcança sucesso ou “estabilidade” é visto como um fraco[2]. Enfim, todas as medidas econômicas que empobrecem e desempregam são colocadas como um mal necessário, “sacrifícios” que serão compensados no futuro. Há quanto tempo vivemos nos sacrificando e aguardando? Há séculos.
A ética deveria ser uma disciplina obrigatória no currículo nacional, compreendendo os diferentes tipos de relações (afetivas, sociais e profissionais) e a natureza distinta das organizações. Ao nortear as atitudes em todos os segmentos sociais – se pensamos em justiça para a vida em comum - , a ética como disciplina escolar questionaria a miséria. Se os interesses de lucro nas vendas do mercado de consumo individualiza – matematicamente, comunidades comprando um só produto geram menos lucro do que o consumo feito por cada indivíduo que as compõem -, e se a economia empresarial percorre investimentos que se distanciam cada vez mais das necessidades do bem estar do ser humano, a política econômica vigente deveria ser repensada. A manifestação da pluralidade cultural e do multiculturalismo, a queda de fronteiras, o livre comércio, entre outros são, do ponto de vista cultural, uma riqueza inestimável, porem, o individuo ao se expressar para o mundo não poderia esquecer de sua inserção nele, não poderia descuidar do que está ao seu lado. A miséria humana encontrada ao nosso lado hoje é vergonhosa. Há uma gama de necessidades sociais negligenciadas. Transformações profundas na política econômica com vistas à distribuição de rendas mais justa urgem imprescindíveis. Uma revisão ética nos propósitos de se produzir e de se dividir o que se produz material e culturalmente. Nenhum currículo poderá ser justo e adequado às atuais necessidades sociais e humanas – mesmo que do ponto de vista técnico ele esteja adequadamente ajustado – se a miséria persiste. A escola, a rua, o desemprego. Muitos encantados com a visão de poder acumular bens, em busca de uma felicidade efêmera possibilitada pelo consumo. Parece-me devido pensar que não há ética se não aprendermos a respeitar o humano. E, se isso soa utópico, devemos nos lembrar que todas as conquistas partiram de sonhos, até mesmo ir à lua! Por toda a historia, é mais difícil ao homem aprender a dividir do que conquistar povos e mundos. Dividir é um verdadeiro dasafio, mas creio que vale a pena tentarmos. A luta continua.
Bom Jesus do Norte(ES), 07/01/2009.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
Professor da Rede Estadual do Rio de Janeiro.
Mestrando em História Social – Poder e Política – Univers. Severino Sombra ( Vassouras – RJ)
Pós Graduado em História. Especialista em História do Brasil – Univers. Cândido Mendes – RJ
Graduado em História – Licenciatura Plena – Faculd. Integradas Simonsen – R
Graduando em Direito – Bacharelado – Univers. Iguaçu – UNIG – Itaperuna –RJ
E-mail: marceloadriano36@hotmail.com ou profmarceloadriano@gmail.com
Tel. (22) 8125-2846
[1] BERNSTEIN,Basil. Comunicação Verbal Código e Socialização, in: Gabriel Cohn. Comunicação e Indústria Cultural, SP. Cia Editora Nacional, 1961.
[2] SUNG E SILVA. Conversando sobre Ética e Sociedade, Petrópolis: Vozes, 1996.
Na distribuição de conhecimento, o ensino torna-se um processo excludente a partir da prévia seleção do que deve ser legitimado, reproduzido através da escolarização e, sob vários aspectos, se estende às decisões tomadas em sala de aula. A separação de classes em “turmas fortes” e turmas fracas”, entre outras medidas, por exemplo, reforça sucessivas reproduções no âmbito da escola, que segrega e cumpre seu papel de aparelho ideológico a serviço do Estado, já que o “fraco” deve juntar-se aos “fracos” e os “fortes” aos “fortes”, produzindo uma eleição para o substrato do conhecimento legitimo, aval para o saber que emprega e distingue atores sociais. Sobretudo, sob a égide do aprendizado de conteúdos técnicos, o conteúdo ideológico implícito pretere, sem dúvidas, a importância da comunicação para a forma da construção do conhecimento. Tema que seria de grande importância para pensarmos sobre currículos, pois crianças de uma mesma representação sociocultural têm uma comunicação comum, que faz representar por códigos específicos do grupo ao qual pertencem[1], logo de valores diversos, inclusive éticos e de razões que lhe são próprios.
Junto à distribuição de riquezas, associa-se, culturalmente, a distribuição de conhecimento, ambas distribuições como sendo efeito do afunilamento e das emergências do mercado de trabalho, que se adapta continuamente às demandas econômicas. Quem não consegue entrar no mercado de trabalho torna-se socialmente um incapaz, pois o modo competitivo como estas distribuições são feitas e compreendidas indica sempre uma falha individual.
A má distribuição de renda em nosso país não é vista como um fenômeno historico originado pelas condições sociopolíticas, mas como uma falha individual de cada um. Ocorre que o sujeito que não alcança sucesso ou “estabilidade” é visto como um fraco[2]. Enfim, todas as medidas econômicas que empobrecem e desempregam são colocadas como um mal necessário, “sacrifícios” que serão compensados no futuro. Há quanto tempo vivemos nos sacrificando e aguardando? Há séculos.
A ética deveria ser uma disciplina obrigatória no currículo nacional, compreendendo os diferentes tipos de relações (afetivas, sociais e profissionais) e a natureza distinta das organizações. Ao nortear as atitudes em todos os segmentos sociais – se pensamos em justiça para a vida em comum - , a ética como disciplina escolar questionaria a miséria. Se os interesses de lucro nas vendas do mercado de consumo individualiza – matematicamente, comunidades comprando um só produto geram menos lucro do que o consumo feito por cada indivíduo que as compõem -, e se a economia empresarial percorre investimentos que se distanciam cada vez mais das necessidades do bem estar do ser humano, a política econômica vigente deveria ser repensada. A manifestação da pluralidade cultural e do multiculturalismo, a queda de fronteiras, o livre comércio, entre outros são, do ponto de vista cultural, uma riqueza inestimável, porem, o individuo ao se expressar para o mundo não poderia esquecer de sua inserção nele, não poderia descuidar do que está ao seu lado. A miséria humana encontrada ao nosso lado hoje é vergonhosa. Há uma gama de necessidades sociais negligenciadas. Transformações profundas na política econômica com vistas à distribuição de rendas mais justa urgem imprescindíveis. Uma revisão ética nos propósitos de se produzir e de se dividir o que se produz material e culturalmente. Nenhum currículo poderá ser justo e adequado às atuais necessidades sociais e humanas – mesmo que do ponto de vista técnico ele esteja adequadamente ajustado – se a miséria persiste. A escola, a rua, o desemprego. Muitos encantados com a visão de poder acumular bens, em busca de uma felicidade efêmera possibilitada pelo consumo. Parece-me devido pensar que não há ética se não aprendermos a respeitar o humano. E, se isso soa utópico, devemos nos lembrar que todas as conquistas partiram de sonhos, até mesmo ir à lua! Por toda a historia, é mais difícil ao homem aprender a dividir do que conquistar povos e mundos. Dividir é um verdadeiro dasafio, mas creio que vale a pena tentarmos. A luta continua.
Bom Jesus do Norte(ES), 07/01/2009.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
Professor da Rede Estadual do Rio de Janeiro.
Mestrando em História Social – Poder e Política – Univers. Severino Sombra ( Vassouras – RJ)
Pós Graduado em História. Especialista em História do Brasil – Univers. Cândido Mendes – RJ
Graduado em História – Licenciatura Plena – Faculd. Integradas Simonsen – R
Graduando em Direito – Bacharelado – Univers. Iguaçu – UNIG – Itaperuna –RJ
E-mail: marceloadriano36@hotmail.com ou profmarceloadriano@gmail.com
Tel. (22) 8125-2846
[1] BERNSTEIN,Basil. Comunicação Verbal Código e Socialização, in: Gabriel Cohn. Comunicação e Indústria Cultural, SP. Cia Editora Nacional, 1961.
[2] SUNG E SILVA. Conversando sobre Ética e Sociedade, Petrópolis: Vozes, 1996.
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