segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Liberdade

LIBERDADE.


Para Sartre e tantos outros filósofos existencialistas, a liberdade era algo que para ser atingida, o ser humano deveria abrir mão da sua própria existência para alcançá-la, onde somente através do suicídio se tornava possível tal fim. Essa reflexão entendida de forma equivocada levou muitos à morte, algumas delas causadas por uso abusivo de drogas.
Particularmente discordo dos ilustres pensadores que defenderam tal idéia. A liberdade é possível sim, e é o que existe de mais importante na vida de um ser humano, mais até do que a própria saúde, e que não precisa necessariamente passar pelo viés dos alucinógenos, barbitúricos ou álcool quando do uso irresponsável.
Nas últimas semanas, a população de Bom Jesus do Norte (ES) e Bom Jesus do Itabapoana (RJ) foi surpreendida por ações policiais que culminaram na prisão de várias pessoas e na apreensão de grandes quantidades de entorpecentes: aproximadamente 12 quilos, entre cocaína, crack e maconha. Paradoxalmente, uma quantidade enorme em se levando em conta a população das duas cidades e, sobretudo, por serem distantes das suas respectivas capitais, onde a população daquelas é bem maior que de ambas Bom Jesus. Mas um detalhe chamou a atenção nessa operação: diferentemente das operações policiais que ocorreram em outros estados e municípios, não houve disparo de um único tiro de arma de fogo, o que concede a operação sucesso total, pois vidas foram mantidas, drogas apreendidas e dadas todas as garantias constitucionais aos acusados em sua defesa.
Num país democrático de direito, é assim que funciona; num país que tem um Judiciário mais que competente numa pequenina comarca como é em Bom Jesus do Norte, é assim que funciona; num país que tem policiais quase sem recursos mais que têm muita vontade e competência, é assim que funciona. Certamente que o resultado desse trabalho não poderia ter sido diferente, ou seja, prevaleceu a inteligência em detrimento a truculência de alguns poucos agentes da lei que pensam ser eles próprios a Lei.
É certo, como dois mais são quatro, que em algum momento da vida todos nós cometemos um tipo de crime: quem nunca falou mal de alguém? Isso é crime, mas existe a diferença que é a consciência de se estar cometendo um delito, o desejo de vê-lo concretizado e o risco de ser ou não descoberto, e por outro lado, a ingenuidade, o valor mínimo da coisa, a consciência, etc.
Quem planta desespero, não pode colher felicidade; quem semeia a morte, não pode esperar vida eterna, isso é o que fazem os traficantes, essa é a realidade do mundo das drogas hoje, o que não quer dizer que tenha sido sempre assim. O uso de drogas é tão antigo quanto à própria humanidade, a diferença, é que naquela época, não havia a figura do traficante, assim como a escravidão na África no século XIV, que já existia antes da chegada do europeu ao continente, mas que também não existia o tráfico, elemento novo criado pelo homem branco nessa relação. É por isso que atualmente existem grandes apreensões, pois há muitos usuários em todo o mundo, porém, muitos deles não são bandidos, ao contrário, são pessoas do bem e que produzem bens os mais diversos para os seus paises, o que não quer dizer que as drogas não devam ser combatidas, sim devem, mas existe também um outro viés que oportunamente irei esboçar, mas que não podemos negar que exista: o prazer, admitido pela psicologia e psiquiatria.
O Brasil em muito vem avançando em sua legislação em relação ao tema, como por exemplo, a Nova Lei Anti-Drogas que endureceu para com os traficantes e aqueles que se associam ao tráfico, além de ter dado um novo tratamento para com os usuários, um avanço na legislação, porém, muita coisa ainda deve ser feita a respeito. Um outro avanço recente e que foi publicado no Jornal O Globo dessa semana, foi a Redução de Danos aprovada pelo Congresso Nacional, o que pessoalmente considero louvável, mas muitos pontos obscuros ainda devem ser ponderados de forma consciente, responsável e adulta, tanto pelos legisladores como pela sociedade, que não pode ficar de fora desse debate.
Por último, não podemos nos esquecer que a vida é feita de escolhas, e que essas escolhas são sempre solitárias, somos nós quem a fazemos e que por isso somos nós quem vamos responder por nossas ações e/ou omissões, a qual passa evidentemente pela liberdade. Quando se banaliza a vida, corre-se o risco de perdê-la, talvez um desses ditos populares mais idiotas que ouvi na vida foi que “cadeia não foi feita para cachorro”, está aí um belo exemplo de banalização do mal. É importante que se tenha consciência do valor da liberdade, do quanto ela é importante e que a sua ausência gera muitas dores tanto para quem perde quanto para os familiares e amigos que ficam.
Só se vive uma única vez, que essa experiência maravilhosa que é viver, seja pautada na lógica da coerência, do amor, da solidariedade e pela vida, nunca pela banalização, essa, é a condição humana: escolher entre o bem e o mal. Escolher entre ser ou não ser LIVRE.




Bom Jesus do Norte, 07/12/2008.



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Marcelo Adriano Nunes de Jesus.






Professor da Rede Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro.
Mestrando em História – Poder e Política. Universidade Severino Sombra – Vassouras – RJ.
Pós-graduado em História – Especialista em História do Brasil – Univers. Cândido Mendes –RJ
Graduado em História – Licenciatura Plena – Faculd. Integradas Simonsen – RJ
Graduando em Direito – Bacharelado – Univers. Iguaçu – Itaperuna – RJ
E-mail: marceloadriano36@hotmail.com profmarceloadriano@gmail.com
Tel. (22) 8125-2846.







Não são as idéias, mas sim as ações que determinam as pessoas.
Michel Foucault.

5 comentários:

  1. Marcelo,escrever bem é uma arte, um dom, uma inspiração, um talento natural. Esse vc tem!!! Parabéns!

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  2. Marcelo Adriano.
    Estou muito feliz de você ter o dom de ajudar as pessoas necessitadas, e está passando um pouco de sua inteligência e conhecimentos para todos nós -principalmente aos alunos do Marcílio Dias- e ajundudar também crianças carentes e nessecitadas.

    te adimiro muito...

    meus agradecimentos

    NIÉLLY MARIA GOMES DE OLIVEIRA
    12 de fevereiro de 2009
    Carabuçu, 4º distrito de Bom Jesus Do Itabapoana
    RJ-Brasil

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  3. po professor o senhor merece todos os elogios do mundo por que não é todo dia que uma pessoa faz isso pela outra não, o senhor sempre vai ser lembrado na nossa escola o senhor é um cara muito legal eu te adimiro muito
    o senhor é um pai para mim e para todos do que estudão no o senhor é muito maneiro sempre penssando em ajudar o próximo minha mãe falou que o senhor é um cara muito educado eu tbm acho qualquer dia desse eu irei ai tá xau


    ARLINDO RODRIGUES HONÓRIO DE OLIVEIRA NETTO
    13 DE FEVEREIRO DE 2009
    CARABUÇU,QUARTO DISTRITO DE BOM JESUS DO
    ITABAPOANA RJ-BRASIL

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  4. A Goretti, tenho a dizer o seguinte: nosso encontro nesse plano não se deu por acaso. É muito bom saber que, tanto eu quanto a Rose, temos uma pessoas tão boa e generosa em nosso rol de amizades. Muito obrigado!
    A Niélly e ao Arlindo tenho a dizer o seguinte: vocês é quem fazem as coisas acontecer, podem acreditar nisso. O meu papel, é apenas o de guiá-los, quem realmente faz, são vocês, portanto, se há parabéns é para vocês e todos aqueles que tornam esse mundo um pouco. Muito obrigado, queridos.

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  5. Nossa, risos...Um professor escrevendo errado, risos...Mas sabem que às vezes é bom errar?! Mas de qualquer forma vou acertar os erros, os quais se deram por erro de digitação. Vamos lá. ...É muito bom saber que tanto eu quanto a Rose, temos uma pessoa..." Outro erro: ..."vocês é quem fazem as coisas acontecerem... e tornam esse mundo um pouco melhor.." Mais uma vez desculpe-me e obrigado.

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