domingo, 14 de março de 2010

O BRASIL DE LULA E OS DIREITOS HUMANOS

Pela primeira vez na história o Tribunal Penal Internacional de Haia emitiu uma ordem de prisão contra um chefe de Estado em pleno exercício de suas funções.
Trata-se do presidente do Sudão, Omar Bashir, acusado de crimes de guerra e também contra a humanidade, onde se estima em 300 mil o número de mortos e mais de 2 milhões de refugiados numa guerra sangrenta entre a milícia islâmica apoiada pelo governo e opositores deste.
Ansiando por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – ONU, o presidente Lula sequer se dignou em emitir uma nota lamentando os trágicos acontecimentos naquele país. Ao contrário, Lula aproximou-se do Sudão buscando estreitar as relações comercias e apoio às suas pretensões políticas em relação a ONU e nada disse que manifestasse indignação contra a carnificina promovida por Bashir.
Durante a reunião do Conselho de Direitos Humanos, o Brasil se absteve de votar uma resolução que previa punição para os sudaneses envolvidos no massacre da cidade de Darfur, o que demonstra total descaso do Brasil com os Direitos Humanos, afinal, quem se omite é cúmplice.
Outra trapalhada do nosso presidente foi o apoio a Manuel Zelaya, presidente deposto em Honduras. Num regime democrático, qualquer golpe de Estado ou cerceamento às liberdades individuais deve ser combatido, entretanto, Zelaya, assim como seu colega da Venezuela Hugo Cháves, pretendia se perpetuar no poder mudando a Constituição. Mas tanto Zelaya quanto os golpistas que o retiraram à força do poder estavam equivocados em suas estratégias em resolver o impasse, e isso, caberia a Organização dos Estados Americanos – OEA decidir, e não o Brasil assumir o papel de porta-voz de Honduras e abrigar Manuel Zelaya na embaixada brasileira, criando assim um grave mal estar na OEA e também na comunidade internacional.
Na seqüência de trapalhadas de Lula temos o Irã. O presidente Mahmoud Ahmadinejad, eleito ante várias denúncias de fraudes e escândalos em torno de si, foi recebido no Brasil como um grande estadista pelo presidente. E não foi só isso. Enquanto todo o mundo criticava as eleições no Irã, o Brasil, contrariando todas as posições mundiais em relação à matéria, foi o primeiro país a reconhecer as eleições presidenciais naquele país como legítimas e democráticas, o que certamente tornará ainda mais difícil para o País conseguir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, sobretudo diante das denúncias de que o Irã estaria enriquecendo urânio – matéria-prima para criação de armas de destruição em massa, o que o Ahmadjnejad contesta ser essa a finalidade, o que ninguém acredita.
A última do nosso presidente se deu em relação a Cuba. Como se sabe, Cuba foi o primeiro país da América Latina a adotar o regime socialista. Na época, a Revolução Cubana (1959) representou o sonho de muita gente que estava decepcionada com os regimes em vigor e apoiaram o movimento.
Os irmãos Castro, junto com Che Guevara e outros barbudos com apoio da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, implantaram em 1962 o regime na ilha de Fidel até mesmo para fugir do bloqueio econômico que fora imposto pelos Estados Unidos em razão da revolução.
A princípio, o movimento se mostrou bastante eficaz, sobretudo com a universalização do acesso à saúde, educação e moradia, mas como todo regime totalitário, mostrou-se ineficiente em relação às outras questões, principalmente dos direitos humanos e das liberdades individuais, o que logo fez surgir opositores a ditadura de Fidel Castro.
Diariamente enormes filas de pessoas se formam em busca do básico: pão, batata, leite e empregos. Qualquer manifestação contrária ao regime é punida com prisão. Intelectuais, artistas, esportistas e gente comum também diariamente são presas e condenadas num regime de exceção onde a pena capital faz parte do cotidiano das pessoas. Só Cuba não percebeu que esse sistema faliu exatamente por ser contrário aos estudos de Marx e Engels.
Na verdade, há pouca diferença entre o stalinismo, o fascismo, o nazismo e o castrismo. O ponto comum entre eles é o unipartidarismo, graves violações aos direitos humanos, culto ao chefe de Estado e extermínio dos “inimigos” do regime.
Em visita a Cuba, o presidente brasileiro foi questionado pela Associated Press, uma das mais respeitáveis agências de notícias do mundo em relação à prisão de presos políticos em Cuba e a greve de fome de intelectuais na tentativa de forçar a ditadura de Castro a rever suas decisões. A declaração de Lula foi no mínimo absurda ou então ele está sofrendo de grave miopia intelectual. Nosso presidente comparou presos políticos com bandidos comuns. Declaração que denota no mínimo falta de educação e cultura letrada, o que, diga-se de passagem, não é o seu forte. O que Lula deixou bem claro foi seu enorme descaso com os direitos humanos e a grande amizade que mantém com Fidel, Chávez e outros ditadores. Comparar presos de consciência que lutam pela democracia ou discordam de um regime com marginais que assaltam bancos para financiar o tráfico de drogas é no mínimo estupidez, principalmente se a declaração é de um ex-preso político e presidente de um país que perdeu várias vidas em nome da democracia.
Pior que isso, foi a declaração da presidenciável Dilma Roussef que disse: - “Não critico Lula nem que a vaca tussa”.
Como podem ver, temos pouquíssimas opções de voto no próximo pleito. Mas o pior, o grande drama disso tudo, é que sabemos que após as eleições tudo vai continuar como antes, salvo se acontecesse um “milagre” que fizesse o brasileiro “sair da Caverna de Platão” em que se encontra e começasse a escrever a história de um país chamado Brasil por outras vias que não do assistencialismo barato, da corrupção que já faz parte da sua triste rotina e principalmente com o descaso com os Direitos Humanos.

A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
Email: marceloadriano36@hotmail.com

sábado, 13 de março de 2010

PELO MEU DIREITO DE FUMAR

Qual a verdade por detrás da proibição do fumo em locais públicos e da não criação dos chamados “fumódromos” nesses locais e da quase condição policialesca que os usuários de tabaco são submetidos? Será que na década de 1970/80 as agências de vigilância sanitárias mundiais ainda não sabiam dos males ocasionados pelo fumo? Pouco provável que não soubessem, mas talvez o interesse econômico da época falasse mais alto que suas éticas e por isso se calaram em relação a matéria.
Hoje, é quase constrangedor para quem fuma acender um cigarro na rua; é como se o sujeito estivesse acendendo um “baseado” em público, o que o coloca numa situação marginal e constrangedora em relação aos não-fumantes e em pé de igualdade com os usuários de drogas ilícitas. Qualquer dias desses para comprar cigarros teremos que agir como aqueles velhinhos que entram desconfiados nas farmácias olhando para um lado e para outro e sussurram ao balconista: “- o senhor tem Viagra -?”
Decerto que existem determinados locais que o bom senso impõe uma postura ética em relação ao ato de fumar. Acender um cigarro num hospital, numa escola, num transporte coletivo e outros similares é no mínimo falta de educação e respeito, mas num barzinho ao ar livre onde a bebida rola geral, aí não. Isso se chama cerceamento de liberdade.
O governo deveria é se preocupar com os locais onde crianças têm que caminhar durante horas para se chegar às escolas que funcionam embaixo de mangueiras e que os banheiros são os córregos que atravessam o local, como as milhares no Norte Nordeste do Brasil; com a falta de castigos para os crimes que diariamente são cometidos no Brasil e permanecem impunes, como aquele do Jornalista Pimenta da Veiga que executou a também jornalista Sandra Gomide e que foi condenado a 19 de prisão mas aguarda o recurso em liberdade, isso sim, é um desrespeito com as pessoas, principalmente com os familiares das vítimas.
Os senhores parlamentares deveriam é se preocupar com a reforma das nossas leis arcaicas e que só contribuem para a sensação de impunidade que impera nesse País, onde o bem material tem muito mais valor do que a vida humana. Basta dar uma olhada no valor do seguro obrigatório que é pago às vítimas de acidentes de veículos automotores e comparar com as indenizações que são pagas a um bem subtraído.
É preciso se criar a cultura da reflexão no brasileiro. Como diz o “imortal” da Academia Brasileira de Letras Lêdo Ivo, o que falta no Brasil, é vergonha na cara e coragem para “explodir” todas essas estruturas que só atendem interesses escusos. Mas não tem problema não, Lêdo, em outubro, vamos explodir todas essas estruturas que “já vem “malhadas” muito antes de eu nascer”. Viva Cazuza!

A luta continua.

Marcelo Adriano Nunes de Jesus

segunda-feira, 8 de março de 2010

ALÉM DO BEM E DO MAL

Tenho dito que vivemos numa época de muitas incertezas, sensação muito comum entre os críticos no decorrer da história da humanidade. Guerras, fome, desemprego, desilusão. Políticos que deveriam representar o povo, lá estão apenas para atender interesses próprios e escusos. Decisões judiciais que são aplaudidas pelo povo quando tecnicamente atendem os procedimentos a serem adotados e que deveriam ser comuns em todas as decisões, certamente não deveria haver necessidade de aplausos, mas estamos acostumados ao contrário.
Apesar disso tudo, um detalhe em especial me tem chamado atenção nesses últimos dias: a falsidade, a maldade e o vazio, tão presentes nas pessoas. Talvez esse vazio seja decorrente da maneira como elas vivem e se comportam. Pessoas que vivem muito mais preocupadas com a vida alheia do que com as suas próprias. Algumas criam laços de “amizades” tão somente com o intuito de se aproximar e “descobrir” alguma “coisa” que julgam inapropriada para então torná-la pública e assim acreditam colocar o outro numa “saia justa”.
Acreditem, existem pessoas que vivem apenas para fazer isso. Coitados, mal sabem que isso só reforça a convicção na maneira como os enxergamos: ignorantes.
Normalmente quem tem segredos a esconder são exatamente pessoas que agem dessa forma, que não têm “coragem” de serem elas próprias e/ou vivem às expensas do outro ou ainda gostariam de ser como aquelas a quem eles difamam. Homens e mulheres de verdade não se preocupam com verdades ou mentiras ditas ou inventadas, eles simplesmente as ignoram, e como bem diz um amigo médico: “estou......solenemente para essas construções estereotipadas”.
Por analogia, cito a mim próprio. Hoje, prestes há completar 43 anos, seguramente afirmo que durante minha existência tenho no máximo amigos que não completam os cinco dedos da mão, o que considero satisfatório, se levado em conta o atual panorama, recheado de falsidades e mentiras. Tenho sim, vários conhecidos, mas amigos de verdade, três; dois ainda se encontram em análise, o que não inclui minha companheira e meus familiares, estes, verdadeiros amigos.
Falo isso, porque muitas coisas que digo e ideias que defendo ainda são consideradas tabus em nossa sociedade, talvez por conta da aculturação que recebemos de povos havidos por aqui e também devido à religião e claro, a ignorância.
Um exemplo disso vem da afirmação de que a possibilidade de Deus existir é a mesma no sentido inverso. Certamente um tabu ainda hoje, afinal, quem ousa questionar a existência de Deus? Mas será que de fato Ele existe, ou seria uma mera invenção humana? Guerras são iniciadas em seu nome, e segundo Marx “em última instância tudo é econômico”, o que é verdade. O que motivou a Guerra do Iraque que não o fator econômico? E no Paquistão? E na Argentina?
Há 50 anos atrás falar na possibilidade da mulher trabalhar fora também era um tabu, o que não significa que hoje em dia após suas grandes conquistas e mesmo desempenhando as mesmas funções que os homens, acabam recebendo cerca de 30% a menos nos seus salários. É o que aponta o DIEESE em seu último relatório, assim como outros institutos sérios de pesquisas.
Um outro exemplo vem dos homossexuais que resolveram dar um basta à exclusão a que haviam sido colocados. No momento que decidiram fazer uma caminhada em São Franciso (EUA) para “gritar” ao mundo que eles eram iguais aos demais seres humanos, várias pessoas nas mesmas condições resolveram sair dos “armários” e assumir sua opção sexual, diga-se de passagem, opção considerada “doença” pela Organização Mundial de Saúde e ainda hoje mal vista pela maioria dos que se consideram “normais”.
O mais incrível, é que os “machões” que criticam o fato de uma pessoa ser homossexual, no carnaval são os primeiros a se vestirem de mulher e colocar pra fora todas as suas frustrações. Que constatação!
Quando um dado assunto é levantado onde a maioria dos interlocutores são pessoas que não têm a prática da reflexão, a via mais fácil para se defender, é ridicularizar um comportamento ou mesmo uma opinião contrária às suas; elas não conseguem dialogar, comportamento, a meu ver, bem coerente com suas formações intelectuais, afinal, a coragem não é um atributo de qualquer um, mas sim de uma minoria que vai à luta diariamente e não tem medo de ser feliz, mesmo que suas convicções sejam contrárias às da maioria, entretanto, elas lêem.
O grande problema do Brasil se chama cultura. Cultura letrada. Urge as pessoas lerem mais para que criem em si valores muito acima do bem e do mal; do certo e do errado; do normal e do anormal e, sobretudo desenvolvam a prática da reflexão. Quando isso acontecer, talvez sejamos uma nação livre. Acho engraçado quando juristas vão à mídia e declaram que a democracia está consolidada no Brasil. Sequer podemos dizer que vivemos numa democracia. Ditadura não se dá apenas quando os militares tomam o poder ou algum tresloucado o assalta. A ausência da democracia se dá também quando o acesso à informação e a cultura não é disponibilizada para todos, ou quando o é, só permitem acesso àquilo que a oligarquia não considera uma ameaça ao status quo. Vide os preços dos livros. Seu alto preço não seria um empecilho ao acesso da cultura?. O governo do PT manteve inalterado o IPI para o setor, mas baixou a alíquota para carros e bens de consumo – a chamada linha branca -. E o que dizer do Programa Nacional de Direitos Humanos, recheado de equívocos e assinado pelo presidente Lula que após tantas polêmicas, declarou à época ter assinado sem ler? Esse é o nosso presidente!
Deu para notar que temos assuntos muito mais importantes e relevantes para discutir do que ficar falando que “A” saiu com “B” mas é casada com “C”, que fulano foi visto num bairro considerado “inadequado” , que sicrano comprou um carro novo, que “X” não gosta de “Y”, ou seja, são tantas imbecilidades que daria para escrever um outro texto, mas isso, eu deixo para aqueles que desses assuntos se ocupam.

Marcelo Adriano Nunes de Jesus

A luta continua.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

QUE PAÍS É ESSE?

Cada vez mais me convenço que vivemos numa democracia às avessas, principalmente pelas notícias que chegam diariamente, conforme um belo texto do meu amigo advogado e coronel da PMERJ, Luiz da Silva Muzzi, que trata das decisões judiciais em relação às grandes empresas e uma recente decisão administrativa de um tribunal de Justiça contra uma juíza.
Considerada culpada por unanimidade pelo colegiado do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, a juíza Larissa Sarcinelli Pimentel, acusada de formação de quadrilha e corrupção passiva pela Operação Naufrágio da Polícia Federal que descobriu ainda o envolvimento de desembargadores e juízes daquele tribunal no esquema de “venda de sentenças”, teve sua pena fixada em aposentadoria compulsória com vencimentos.
Gostaria de entender onde está a punição aplicada à juiza nesse caso? Aposentar-se com um salário de aproximadamente cinco mil reais é punição para alguém? Que equidade de justiça é essa? Eu por exemplo, que sou servidor público, se me envolvo numa situação dessa natureza, o primeiro ato do governador após o direito de ampla defesa e se considerado culpado, certamente que seria a minha demissão sem direito a absolutamente nada e provavelmente amargaria alguns anos numa prisão qualquer, mas com magistrados e promotores é bem diferente. É isso que chamam de democracia? Essa é a minha indignação, com privilégios para uns em detrimento a maioria. Decisões judiciais que privilegiam, quando deveriam punir, é uma vergonha para o Brasil, o que não se dá apenas em relação aos crimes que envolvem diretamente magistrados e promotores, mas também grandes empresas como as de telefonia, bancos e outros que cometem diversos crimes, inclusive o de estelionato, mas recebem uma punição muito branda quando condenadas e que não passa do pagamento de cerca de 3 mil reais, quando muito, às vítimas, valor tão irrisório dentro do universo de milhões que essas empresas lucram, e que acaba incentivando-as a continuarem seus ilícitos com a certeza da impunidade. Talvez eu não tenha entendido muito bem as definições de Dalmo Dallari, Norberto Bobbio e Espinoza para o termo democracia, talvez eu devesse ler mais sobre o assunto para poder compreender melhor essas decisões que considero no mínimo imorais e ridículas, e contribuem enormemente para a dificuldade dos professores em explicar uma coisa, mas que na prática é outra completamente adversa. Como explicar aos alunos o artigo 5º da Constituição Federal que diz que todos são iguais perante a lei, mas que na prática a lei não é igual perante todos?
O que mais me entristece é viver num País onde a democracia se dá às avessas. Enquanto continuarem com privilégios para uma determinada classe ou grupo social, não há o que se falar em democracia, e isso, Gramsci já nos alertava. O que existe no Brasil, é uma oligarquia e bem explícita. Se o povo quer a democracia, que a tenha, mas da maneira como a oligarquia quer. Esse é o Brasil que aos poucos vai mostrando a sua verdadeira cara e que Cazuza tão bem descreveu em seus versos: “a sua piscina está cheia de ratos, suas ideias não correspondem aos fatos”. Como pensar diferente disso? A luta continua.

Marcelo Adriano Nunes de Jesus

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O SILÊNCIO

No meu último texto intitulado “Desabafo de um Brasileiro”, chamei a atenção dos leitores para refletirem de forma acurada nos candidatos que disputam uma vaga no Executivo e Legislativo no pleito marcado para outubro próximo.
Por outro lado, imagino que tenha perdido o meu tempo, haja vista uma olhada na formação do Congresso Nacional e nas Câmaras Estaduais e constatar que as “figuras” são sempre as mesmas, não há nenhuma mudança, ou melhor, a mudança que existe se dá como na época das Capitanias Hereditárias; aqueles que lá estão colocam seus filhos em seus lugares. Veja o caso do deputado estadual pelo Rio de Janeiro Jorge Picciani. O que esse sujeito fez de relevante na política fluminense? E seu filho Leonardo, deputado federal? Agora lança mais um, Rafael, candidato a deputado estadual. Francamente, o brasileiro é uma piada em termos de consciência e memória histórica. Será que ninguém se lembra que o senhor Picciani foi denunciado pelo Ministério Público Federal por manter trabalhadores em forma de escravidão em suas fazendas no Mato Grosso? Sinceramente às vezes penso que me trabalho é vão, que nada, absolutamente nada daquilo que ajudo a construir em salas de aulas servirá de alguma coisa no sentido de se mudar o estabelecido, igualmente a mesma sensação se dá em relação àquilo que escrevo. Nada servirá para alguma coisa. O que sinto, é a sensação de angústia tão presente nos escritos de Heiddeger!
A coragem realmente não é uma qualidade de todos, mais ainda a verdade. Pessoas vivem em suas mentiras e as vivem como se fossem verdades. De que adianta reclamar que as coisas não vão bem e manter as mesmas pessoas há décadas no poder? Do que adianta protestar com o vizinho acerca das inúmeras improbidades administrativas cometidas por pessoas públicas se na verdade foi você quem os elegeu? Do que adianta indignar-se com a corrupção se você aceita que um candidato pague sua conta de luz ou patrocine seu time de futebol e considere essa atitude “normal”? É muita hipocrisia!
Aos poucos, vou começando a entender o silêncio da inteligentsia brasileira. Eles têm razão. Nossos discursos são como palavras ao vento. O brasileiro gosta é de futebol e carnaval, afinal, seguem à risca a ideologia que emburrece e do Pão e Circo.
A cantora Elis Regina na música “Como Nossos Pais” logo nos primeiros versos dizia que “o sinal está fechado pra nós, que somos jovens”, eu acrescentaria que realmente o sinal está fechado, mas para as cabeças pensantes desse país, que não veem nenhuma perspectiva de mudança no atual quadro da mentalidade brasileira. Estamos isolados. Mas apesar do quadro sombrio e que já sabemos qual será o resultado, vamos continuar na luta. O desânimo, não raro, é inevitável, porém, mas do que nunca é preciso prosseguir. Se seremos felizes? Não sei, mas A LUTA CONTINUA.

Marcelo Adriano Nunes de Jesus.

DESABAFO DE UM BRASILEIRO

Parabéns ao desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) Francisco José de Azevedo que revogou o benefício de inclusão de Esequiel Toledo da Silva no Programa de Proteção às Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAM).
Só para lembrar, Ezequiel é um marginal de altíssima periculosidade. Foi ele, segundo autoridades, o responsável por render a mãe do pequeno João Hélio em fevereiro de 2007 e subtrair o veículo da vítima junto com outros dois marginais e arrastar o corpo de João Hélio preso pelo cinto de segurança por cerca de 7 quilômetros, crime que chocou o Brasil e teve enorme repercussão no exterior. Além disso, costumava ameaçar as vítimas de seus roubos de morte caso o denunciassem com registros em delegacias.
O que não consigo entender, é como podem existir instituições que saem em defesa de um marginal desse tipo. Uma pessoa má, cruel, inumana, eu diria que hoje se coloca – coitado -, como vítima. Urge uma reforma mais que urgente nesse Estatuto que não permite ao Poder Judiciário julgar convenientemente casos excepcionais como esse que envolve menores de idade. Se ele é vítima de ameaças de outros internos, o problema é dele, e não do Estado. Segundo consta, esse bandido teve péssimo comportamento durante o tempo (apenas 3 anos) em que esteve recolhido, estando inclusive envolvido na tentativa de homicídio de um agente prisional e outros crimes.
Ora, a sociedade tem que se mobilizar. A reforma do judiciário e todos os seus instrumentos já passou da hora. A sociedade não pode continuar refém dessas leis obsoletas que só servem para incentivar ainda mais a criminalidade, pois não é possível um monstro como esse tal de Ezequiel após cometer um crime que foge qualificar, ainda pleitear garantias de vida e ser atendido por ONG’s, que no meu entendimento, prestam verdadeiros desserviços à sociedade.
Sou contra a pena de morte, mas igualmente sou contrário a proteger bandidos. Se nós, cidadãos de bem respondemos por nossos atos, por que eles não podem responder pelas consequências de suas ações tresloucadas?
Essas Organizações Não-Governamentais deveriam é se preocupar com as vítimas desses crápulas ao invés de ficar buscando os holofotes das mídias apenas para aparecer. Por acaso alguém já viu uma dessas ONG’s oferecer apoio à família de policial morto no combate ao crime? Certamente não, então qual a lógica dessa ONG em oferecer asilo na Suíça para o marginal Ezequiel, que não aparecer? Definitivamente não dá para engolir uma dessa.
As eleições estão próximas. Que as pessoas que estão lendo esse desabafo, lembrem-se das nossas leis ao votar. Temos Ministros, desembargadores e juízes ávidos por mudanças nas leis. Infelizmente, eles são obrigados a seguir os diplomas legais, mas nós, cidadãos, podemos fazer com que eles tenham instrumentos mais eficientes no combate e na punição de crimes. Vote consciente, conheça BEM seu candidato, recuse favoritismos pessoais, denuncie compra de votos e principalmente vote em candidatos com propostas concretas e urgentes, afinal, meu amigo (a), a gente não agüenta mais conviver com tanta inversão de valores.
PARABÉNS AO DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ DE ASEVEDO E CADEIA PARA O MARGINAL EZEQUIEL TOLEDO DA SILVA!!!!!!!!!!!!!
A LUTA CONTINUA.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A PERSPECTIVA DO NADA EM DIONÍSIO

Às vezes sinto um vazio invadir a minh’alma de uma forma muito atroz e dolorida. Sigo na busca de sentido e significação da existência humana, mas esse caminho parece-me deveras obscuro; é como se eu caminhasse numa sala de passos perdidos em direção ao nada. É como se as coisas fossem sem sentido, forma, finalidade, objetivo, razão, o que me conduz à Antiguidade em busca de respostas a essas inquietações.
Lá, para o homem apolíneo, percebi que a razão nasce da fuga diante da imprevisibilidade dos eventos da existência real e que procura cristalizar com leis e regras as interpretações variadas da vida, ao passo que para o dionisíaco, ele aceita a vida em todas as suas formas, compreendida o caos, o acaso e a falta de significado.
Pressinto, que atrás dessa realidade em que existimos e vivemos, esconde-se uma segunda completamente diferente, e que também a primeira é, portanto, apenas ilusão; e Schopenhauer chega a descrever o talento natural de alguns, para quem, de quando em quando as coisas e as pessoas se manifestam como simples caos, e que eu defino como uma ordem completamente inversa e sem sentido onde esse caos representa exatamente a condição humana.
Nesse contexto, Dionísio é a imagem da vida, da saúde e da juventude. É instinto, paixão e embriaguez criativa: descreve a condição do homem ainda perfeitamente integrado à natureza. Quem experimenta o êxtase dionisíaco ultrapassa o princípio de individuação. Entendo que Dionísio e Apolo são respectivamente símbolos de vida e de morte, força vital e racionalidade, saúde e doença, instinto e intelecto, escuridão e luz, devir e imobilidade embriaguez e sonho. Ah, o sonho, que maravilha é poder sonhar!
Decerto o mundo já tenha nascido de ponta-cabeça. Todas as criações humanas não representam necessariamente um progresso e sinônimo de uma vida feliz, talvez até mesmo a felicidade seja uma ilusão transitória, ou ainda, seja real e verdadeira apenas para aqueles que romperam com todos os contratos e expectativas sociais e se entregaram à embriaguez de Dionísio e ao sonho de uma vida plena. Eis aí, pois, homens e mulheres que entenderam e vivenciaram o verdadeiro sentido da existência humana!
Os valores socialmente instituídos adoecem o homem e fazem dele um ser infeliz. Pobre coitado é o único animal dotado de consciência e razão, mas que vive sempre ávido em entesourar-se ad infinitum, mas morre.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A LUTA CONTINUA