No dia 1º de abril de 1964 o Brasil foi surpreendido por um golpe que iria se arrastar por 21 anos e mais uma vez mancharia sua história de sangue e dúvidas: a Ditadura Militar.
O principal motivo desse e de vários outros golpes dessa natureza no continente americano foi o medo da Guerra Fria (1945-1989), que polarizou o mundo entre Estados Unidos e União Soviética. O primeiro, com medo das articulações do segundo, tratou de organizar um local fora de seu território, mais precisamente no Panamá, onde ali, militares de toda a América Latina foram treinados para combater não a União Soviética, mas sim, os simpatizantes desse regime em seus respectivos países.
Mas a questão não é debater os rumos ou as razões desses golpes, antes, fazer um breve paralelo entre a postura de um deputado do período e os que aí hoje estão.
Com a decretação pelo presidente Costa e Silva (1967-1969) do Ato Institucional nº 5 em 13 de dezembro de 1968, o regime endureceu. Garantias constitucionais foram suprimidas, o Congresso Nacional fechado, a censura imposta a todos e o fim do pluripartidarismo foram algumas das sanções impostas pelo Ato..
Apesar de considerado oposição, o MDB (atual PMDB), tinha muitos deputados simpáticos ao regime implantado por Castelo Branco (1964-1967) sob a batuta dos Estados Unidos. Naquela época, as eleições para presidente se davam de forma indireta. Eleito com 294 votos de um total de 350, o que teria levado Costa e Silva a decretar o AI-5?
Vaidade a parte, o discurso do então deputado federal Marcio Moreira Alves - MDB para que a população boicotasse a Parada Militar de 7 de setembro por razões óbvias, teria sido o estopim que detonou a “bomba” que deixou marcas indeléveis nas pessoas direta ou indiretamente alcançadas pela ditadura militar, além do retrocesso incomensurável para o País a partir do exílio imposto ou voluntário de intelectuais e artistas.
O AI-5 era apenas uma questão de oportunidade, e Marcio Moreira Alves havia fornecido esse tão esperado momento aos militares..
Decerto que o nobre deputado não tivesse essa intenção e não fosse o único na luta contra o regime, mas depois dele, ninguém mais teve coragem de afrontar o sistema tão aberta e diretamente a favor do povo e contra o sistema.
Em 1985 o regime militar chegava ao fim e iniciava-se o período da chamada “democracia”. Três anos depois nascia a nova Constituição Federal, considerada por alguns estudiosos a mais democrática de todas, mas não tão democrática assim na prática por outros.
Atualmente, segundo o Tribunal Superior Eleitoral – TSE existem 29 partidos políticos registrados. A maioria destes é formada por indivíduos saídos das fileiras da Arena e também do MDB, como é o caso do senhor José Sarney PMDB e do senhor Paulo Maluf PPS.
Seguramente afirmo que a corrupção faz parte do sistema capitalista. Esse detalhe já derrubou governos, presidentes, primeiros-ministros e tantos outros ocupantes de cargos públicos no Brasil e também fora dele. Mas aqui, na década de 1960 os roubos à nação não aconteciam tão às claras como hoje em dia. Havia de fato uma preocupação dos parlamentares com o país e se lutava por mudanças concretas e que beneficiassem a população em termos gerais, além do fato das sansões mais pesadas para pessoas flagradas nessas situações.
Coaduno da opinião de um amigo que exerce a medicina quando diz que “quando um ministro ou secretário de saúde deixa de aplicar o que é devido em investimentos no setor, ele não mata apenas uma pessoa, mas sim, milhões, que não podendo arcar com os altos custos de um plano de saúde, são obrigadas a recorrer ao serviço público cada vez mais sucateado e ineficiente e muitos acabam morrendo”.
São pessoas públicas que agem criminosamente por omissão ou comissão e no País da Alice – no caso o Brasil -, fica tudo por isso mesmo. Ou você conhece algum ex-ministro condenado por roubo?
Optei em citar primeiro os “ministros” por entender que o mau exemplo vem de cima, mas a realidade nos estados e em quase todos os 5700 municípios brasileiros é a mesma coisa.
Governadores e prefeitos promovendo a malversação do dinheiro público e deputados e vereadores ratificando o interesse do Executivo em detrimento aos interesses públicos. A maioria das Câmaras não fiscaliza como deveria, na verdade, seus componentes priorizam seus interesses particulares.
Partidos políticos têm ideologia e estão acima das pessoas. Mesmo contando com 29 partidos, podemos afirmar que destes, apenas três de fato são de esquerda, os demais, tudo farinha do mesmo saco. Fato facilmente constatado a partir das posturas da maioria dos políticos. É a cara e coroa da mesma moeda. É preciso conhecer um pouco mais da história recente do nosso país e dos partidos para votar de forma coerente com as nossas reais necessidades em termos coletivos.
Deixo aqui uma pergunta para reflexão: quantos projetos de lei foram apresentados à mesa diretora pelo seu deputado ou vereador? Destas, quantas foram aprovadas? Verifique, a consulta popular é um direito constitucional. As Câmaras Legislativas são a casa do povo. Não tenha medo, questione e peça provas daquilo que lhe disserem.
Provavelmente você ficará decepcionado com as respostas. Se isso acontecer, é um ótimo sinal, pois certamente você vai pensar duas vezes antes de votar em um mentecapto qualquer atrás apenas de podres poderes.
Fazendo isso, esteja certo, você estará se iniciando no campo da pesquisa científica. Lembre-se, esse é o primeiro passo nesse sentido: observação, experimentação, análise e conclusão, e o resultado, certamente será o de uma pessoa mais crítica e atenta às questões do seu tempo.
Boa Sorte!
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua.
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domingo, 11 de dezembro de 2011
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
DESCULPAS
Seja no Brasil ou em qualquer parte do mundo, o poder se organiza sempre verticalmente. São sempre os “mais capazes” os eleitos nem sempre de forma limpa e de competência duvidosa, os responsáveis pela elaboração das leis que nos são impostas goela abaixo e que ao menos em tese, deveriam ser cumpridas por todos.
Aqui, os crimes que possuem maior pena são aqueles praticados contra o patrimônio e também o sequestro. Seria mera coincidência? Você conhece algum pobre que tenha sido sequestrado?
Se a elite é o alvo de ataques, essa mesma elite irá criar mecanismos para se proteger. Se esses mecanismos alcançarem também os pobres, ótimo, senão ótimo também. Para ela, esse detalhe não faz a menor diferença.
O lema da Revolução Francesa (1789) Liberdade, Igualdade e Fraternidade não objetivava contemplar a todos, basta um olhar atento aos desdobramentos desse movimento burguês para se constatar que essa ideologia ficou restrita à classe que deu origem ao movimento, a maior interessada no fim do Ancién Régime. Mudou-se o discurso, mas a maneira perversa de tratar uns mais iguais que outros permanece em nossos dias.
Pimenta da Veiga, réu confesso no crime de homicídio qualificado contra a jornalista Sandra Gomide, ficou onze anos fora da prisão. Graças à sua condição material, lhe foi possível contratar os melhores criminalistas do Brasil para defendê-lo.
José Sarney ex-presidente do Brasil e atual presidente do Senado envolvido em diversos escândalos, nunca foi condenado por nenhuma picaretagem cometida contra o povo brasileiro. Seu pupilo, José Sarney Filho, parte em uma investigação criminal em que é acusado pela Polícia Federal em diversos crimes, conseguiu na Justiça o direito de não ter informações dos desdobramentos da investigação noticiadas pelos jornais. Direito?!
Como se vê, são várias as situações que confirmam minha impressão dessa sociedade podre e hipócrita em que vivemos e que beneficia uns e pune outros.
Mas o que me levou a escrever nesta tarde de sexta-feira foi uma situação vivida a qual me senti impotente diante dela. Minha mulher, que é cabeleireira, estava fazendo as madeixas de uma cliente aqui em casa. Essa senhora, mãe de quatro filhos menores de idade, os trouxe até nossa casa, pois não havia com quem deixar as crianças, o que até aí nenhum problema.
Liguei a TV e coloquei em um desses canais de desenho e fiquei junto às crianças observando-as. Notei que em cada chamada comercial seus pequenos olhos brilhavam. A cada intervalo a emissora anunciava um brinquedo diferente: era caminhãzinho elétrico em que a própria criança o dirigia, era boneca que vinha acompanhada de “instrumentos médicos” e que apresentava “batimentos cardíacos”, “febre” e outras coisas mais. Tênis iluminados e adesivados com super-herois, enfim, tudo que fascina uma criança. Assisti aqueles comerciais e fiquei muito triste. Primeiro, me arrependi de ter ligado a televisão naquele canal. Segundo, pela parca condição material de seus pais, aqueles brinquedos ficarão apenas nas memórias daquelas crianças, o que me fez sentir culpado por ter ligado a TV.
Não pude deixar de fazer uma reflexão sobre aquele momento e me questionei: qual a diferença de um empresário que veicula um comercial dessa natureza e aquele cara que assalta um motorista em carro importado em um sinal de trânsito?
É uma violência velada contra as crianças e também contra seus pais.. Por que não se criam instrumentos para evitar tais constrangimentos? Quem pode, vai à loja e compra. Mas e quem não pode? Resta apenas a frustração e a dor.
Está na hora de repensarmos nossas leis, e mais, sobre quem as elabora. Hoje, não mais acredito que o culpado por nossos representantes no Congresso e também no Executivo seja o povo. Ele é vítima de um sistema perverso e que o põem como responsável por tudo isso. Basta olhar nossa educação. A escola reproduz a ideologia do Estado. Reproduz-se cada vez mais “imbecis especializados”, porém acríticos.
Termino com minhas sinceras desculpas aos milhões de crianças vitimadas por esse sistema podre o qual pouca gente tem coragem de denunciar e lutar para que algo seja feito no sentido de se por um fim a esse perverso modelo.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua.
Aqui, os crimes que possuem maior pena são aqueles praticados contra o patrimônio e também o sequestro. Seria mera coincidência? Você conhece algum pobre que tenha sido sequestrado?
Se a elite é o alvo de ataques, essa mesma elite irá criar mecanismos para se proteger. Se esses mecanismos alcançarem também os pobres, ótimo, senão ótimo também. Para ela, esse detalhe não faz a menor diferença.
O lema da Revolução Francesa (1789) Liberdade, Igualdade e Fraternidade não objetivava contemplar a todos, basta um olhar atento aos desdobramentos desse movimento burguês para se constatar que essa ideologia ficou restrita à classe que deu origem ao movimento, a maior interessada no fim do Ancién Régime. Mudou-se o discurso, mas a maneira perversa de tratar uns mais iguais que outros permanece em nossos dias.
Pimenta da Veiga, réu confesso no crime de homicídio qualificado contra a jornalista Sandra Gomide, ficou onze anos fora da prisão. Graças à sua condição material, lhe foi possível contratar os melhores criminalistas do Brasil para defendê-lo.
José Sarney ex-presidente do Brasil e atual presidente do Senado envolvido em diversos escândalos, nunca foi condenado por nenhuma picaretagem cometida contra o povo brasileiro. Seu pupilo, José Sarney Filho, parte em uma investigação criminal em que é acusado pela Polícia Federal em diversos crimes, conseguiu na Justiça o direito de não ter informações dos desdobramentos da investigação noticiadas pelos jornais. Direito?!
Como se vê, são várias as situações que confirmam minha impressão dessa sociedade podre e hipócrita em que vivemos e que beneficia uns e pune outros.
Mas o que me levou a escrever nesta tarde de sexta-feira foi uma situação vivida a qual me senti impotente diante dela. Minha mulher, que é cabeleireira, estava fazendo as madeixas de uma cliente aqui em casa. Essa senhora, mãe de quatro filhos menores de idade, os trouxe até nossa casa, pois não havia com quem deixar as crianças, o que até aí nenhum problema.
Liguei a TV e coloquei em um desses canais de desenho e fiquei junto às crianças observando-as. Notei que em cada chamada comercial seus pequenos olhos brilhavam. A cada intervalo a emissora anunciava um brinquedo diferente: era caminhãzinho elétrico em que a própria criança o dirigia, era boneca que vinha acompanhada de “instrumentos médicos” e que apresentava “batimentos cardíacos”, “febre” e outras coisas mais. Tênis iluminados e adesivados com super-herois, enfim, tudo que fascina uma criança. Assisti aqueles comerciais e fiquei muito triste. Primeiro, me arrependi de ter ligado a televisão naquele canal. Segundo, pela parca condição material de seus pais, aqueles brinquedos ficarão apenas nas memórias daquelas crianças, o que me fez sentir culpado por ter ligado a TV.
Não pude deixar de fazer uma reflexão sobre aquele momento e me questionei: qual a diferença de um empresário que veicula um comercial dessa natureza e aquele cara que assalta um motorista em carro importado em um sinal de trânsito?
É uma violência velada contra as crianças e também contra seus pais.. Por que não se criam instrumentos para evitar tais constrangimentos? Quem pode, vai à loja e compra. Mas e quem não pode? Resta apenas a frustração e a dor.
Está na hora de repensarmos nossas leis, e mais, sobre quem as elabora. Hoje, não mais acredito que o culpado por nossos representantes no Congresso e também no Executivo seja o povo. Ele é vítima de um sistema perverso e que o põem como responsável por tudo isso. Basta olhar nossa educação. A escola reproduz a ideologia do Estado. Reproduz-se cada vez mais “imbecis especializados”, porém acríticos.
Termino com minhas sinceras desculpas aos milhões de crianças vitimadas por esse sistema podre o qual pouca gente tem coragem de denunciar e lutar para que algo seja feito no sentido de se por um fim a esse perverso modelo.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua.
UM PEQUENO DETALHE ENTRE O CÉU E O INFERNO
A população da pequena cidade de Bom Jesus do Norte no sul do estado do Espírito Santo foi surpreendida na manhã do dia 8 de dezembro com a notícia de que os 27 detentos da carceragem da delegacia de polícia no município seriam transferidos. Apesar das críticas de alguns parentes – perfeitamente coerentes se considerados seus pontos de vista -, os presos foram levados sem nenhum incidente grave, inclusive o ex-prefeito de São José do Calçado (ES), Alcemar Pimentel, acusado no envolvimento na morte de um vereador daquele município.
Criadas em 1566 após a fundação da Cidade do Rio de Janeiro, as delegacias de polícia tinham quase as mesmas funções que hoje em dia, mas por descaso ou por interesse das autoridades que cuidam do setor, elas foram abandonadas e acabaram se transformando em mini presídios sem a estrutura deste último. Ao Estado, coube fazer parcos investimentos em tecnologias, armamentos e no aumento do efetivo de pessoal e na reciclagem dos já existentes, o que deixa nossas polícias à sua própria sorte.
Mas não devemos nos iludir em achar que a vida nos presídios é melhor que nas delegacias. O Brasil é o país com a maior massa carcerária ociosa e sem nenhuma perspectiva de ressocialização da América Latina.
Como estão organizados, esses espaços servem apenas para dar “especialização” aos miseráveis e para aumentar a relação promiscua entre alguns agentes e presos. O sujeito ingressa no sistema condenado por furto, sai diplomado em explosivos. É isso que acontece no sistema prisional brasileiro. Apesar dos esforços do Conselho Nacional de Justiça – CNJ em mudar essa realidade, sozinho não vai conseguir. Há muitos interesses envolvidos de que as coisas continuem exatamente como estão.
Criada pelo Decreto-Lei 7210 de julho de 1984, a Lei de Execuções Penais – LEP não atende a realidade de nossa sociedade. A relação paradoxal que os operadores do Direito mantêm com a LEP por um lado, consideram que sua estrutura normativa a coloca entre as legislações mais modernas, que a insere no debate teórico e doutrinário mais desenvolvido, tornando-se um modelo jurídico louvável. Por outro, paralelamente a esse caráter idealizado e idealizador da norma, também surgem críticas quanto à sua condescendência; e no que diz respeito à sua efetividade, há uma convicção generalizada a respeito de “um grande abismo”, de um caráter de “letra morta” frente à realidade nacional, ou seja, a lei existe, mas não funciona como prevista.
Em nossa cultura fomos e continuamos sendo educados no paradigma judaico-cristãos, e nele, foi-nos passado o estereótipos de céu e inferno. Não por culpa de nossos pais, mas por eles, nos foi passada a ideia de que, quando de nossa morte, seríamos julgados por nossos atos e dependendo dos resultados conduzidos ao céu ou inferno, ou seja, um local fora da Terra. Pois bem. Esqueceram de nos dizer que, à parte a questão teológica, céu e inferno de fato existem e estão aqui. O que separa um e outro é a escolha que fazemos para nossas vidas. O que poderia ser pior do que conviver com pessoas que não conhecemos e que praticaram toda sorte de crimes? O que poderia ser pior do que se revezar em pé para poder dormir? O que poderia ser pior do que estar em um espaço projetado para 10 e que conta com 100 pessoas? E talvez o mais importante: o que poderia ser pior do que querer sair de um lugar e não poder? Sentir saudades de pessoas e não poder vê-las?
Apesar das dificuldades cotidianas que todos passamos, estamos no paraíso. Relacionamo-nos com quem queremos. Por mais humilde, temos um lar. Podemos ir, vir e permanecer, ora, de fato estamos no céu. E como dizia uma cantora da Jovem Guarda: ...”Eu quero sair, eu quero falar, eu quero ensinar o vizinho a cantar, eu quero sair, eu quero falar, eu quero ensinar o vizinho a cantar nas manhãs de setembro, nas manhãs de setembro....”
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
Criadas em 1566 após a fundação da Cidade do Rio de Janeiro, as delegacias de polícia tinham quase as mesmas funções que hoje em dia, mas por descaso ou por interesse das autoridades que cuidam do setor, elas foram abandonadas e acabaram se transformando em mini presídios sem a estrutura deste último. Ao Estado, coube fazer parcos investimentos em tecnologias, armamentos e no aumento do efetivo de pessoal e na reciclagem dos já existentes, o que deixa nossas polícias à sua própria sorte.
Mas não devemos nos iludir em achar que a vida nos presídios é melhor que nas delegacias. O Brasil é o país com a maior massa carcerária ociosa e sem nenhuma perspectiva de ressocialização da América Latina.
Como estão organizados, esses espaços servem apenas para dar “especialização” aos miseráveis e para aumentar a relação promiscua entre alguns agentes e presos. O sujeito ingressa no sistema condenado por furto, sai diplomado em explosivos. É isso que acontece no sistema prisional brasileiro. Apesar dos esforços do Conselho Nacional de Justiça – CNJ em mudar essa realidade, sozinho não vai conseguir. Há muitos interesses envolvidos de que as coisas continuem exatamente como estão.
Criada pelo Decreto-Lei 7210 de julho de 1984, a Lei de Execuções Penais – LEP não atende a realidade de nossa sociedade. A relação paradoxal que os operadores do Direito mantêm com a LEP por um lado, consideram que sua estrutura normativa a coloca entre as legislações mais modernas, que a insere no debate teórico e doutrinário mais desenvolvido, tornando-se um modelo jurídico louvável. Por outro, paralelamente a esse caráter idealizado e idealizador da norma, também surgem críticas quanto à sua condescendência; e no que diz respeito à sua efetividade, há uma convicção generalizada a respeito de “um grande abismo”, de um caráter de “letra morta” frente à realidade nacional, ou seja, a lei existe, mas não funciona como prevista.
Em nossa cultura fomos e continuamos sendo educados no paradigma judaico-cristãos, e nele, foi-nos passado o estereótipos de céu e inferno. Não por culpa de nossos pais, mas por eles, nos foi passada a ideia de que, quando de nossa morte, seríamos julgados por nossos atos e dependendo dos resultados conduzidos ao céu ou inferno, ou seja, um local fora da Terra. Pois bem. Esqueceram de nos dizer que, à parte a questão teológica, céu e inferno de fato existem e estão aqui. O que separa um e outro é a escolha que fazemos para nossas vidas. O que poderia ser pior do que conviver com pessoas que não conhecemos e que praticaram toda sorte de crimes? O que poderia ser pior do que se revezar em pé para poder dormir? O que poderia ser pior do que estar em um espaço projetado para 10 e que conta com 100 pessoas? E talvez o mais importante: o que poderia ser pior do que querer sair de um lugar e não poder? Sentir saudades de pessoas e não poder vê-las?
Apesar das dificuldades cotidianas que todos passamos, estamos no paraíso. Relacionamo-nos com quem queremos. Por mais humilde, temos um lar. Podemos ir, vir e permanecer, ora, de fato estamos no céu. E como dizia uma cantora da Jovem Guarda: ...”Eu quero sair, eu quero falar, eu quero ensinar o vizinho a cantar, eu quero sair, eu quero falar, eu quero ensinar o vizinho a cantar nas manhãs de setembro, nas manhãs de setembro....”
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
AD ULTIMA VERBUM
Apesar da sua inevitabilidade sempre nos surpreendemos quando a hora derradeira chega e mais ainda quando atinge pessoas que amamos. Não imagino a dor de um parto, porém, mesmo sendo do sexo masculino, tive a nítida sensação das dores de um parto ao contrário quando recebi a notícia da morte do meu pai e vinte dias depois a dor se repetia mais intensamente quando informado da prematura morte do meu irmão caçula.
O Pingo, como era conhecido entre familiares e amigos, era uma pessoa espetacular, quem o conheceu sabe o quanto ele era doce e encantador.
Aos dezenove anos aventurou-se em um amor conhecido em Copacabana que o fez deixar seus familiares e o Rio de Janeiro para adotar Cuiabá, capital do Mato Grosso, como seu novo lar.
Daquele amor nasceram duas lindas meninas, Emanuelle e Estela, mas o casamento não durou o tempo que um dia se jurou durar, e como tudo na vida um dia ele também chegou ao fim.
Sua maneira de ser contagiava a todos que o conheciam, que viam naquele menino a mais pura expressão de alegria, solidariedade, coleguismo e profissionalismo, mas sua vida não foi nada fácil nem tampouco glamorosa no coração do Brasil. Foi vendedor de chocolates, de motos, de sanduíches, morou em igreja por falta de dinheiro para pagar aluguel até o dia em que resolveu estudar e prestar concurso para a Polícia Judiciária Civil daquele estado. Nunca incomodou sua família em nada. Muitos dos seus problemas só tomamos conhecimento anos depois de ocorridos.
Ficou durante 10 anos no Grupo de Operações Especiais – o GOE. “Ad Ultima Verbum”, a última palavra em recursos policiais especiais. Durante esse tempo colecionou cursos de especialização os mais diversos, desde tripulante de aeronaves a operações com explosivos e cães, passando por operações subaquáticas e tantos outros, porém, mais importante que os cursos foram os amigos que ele não parava de somar em sua vida, e isso ficou patente em seu funeral.
É meu irmão era muito querido. Quando eu, meu outro irmão Marcio e meu tio Jorge chegamos à Cuiabá, pensamos estar na capela errada, dado a enorme quantidade de pessoas presentes no local. Era polícia de tudo quanto era lugar, até policiais do BOPE – grupo de elite da polícia militar – se faziam presentes para o último adeus ao meu irmão. Era visível a consternação nas faces das pessoas, ninguém conseguia entender como uma morte estúpida havia ceifado a vida de uma pessoa tão cheia de vida e com tanto vigor.
Viaturas de diversas delegacias lotavam o pátio do estacionamento da capela e tão logo chegamos fomos literalmente abraçados pela família “pol”. Viaturas foram colocadas à nossa disposição e apesar do Marcio também ser policial e integrante do grupo de elite da polícia civil de Brasília, no DF, policiais fortemente armados faziam a nossa segurança e dos demais presentes.
Nossa única preocupação foi a de consolarmos uns aos outros. Agora era somente eu e o Marcio. A polícia civil arcou com todos os trâmites e despesas do funeral. Se me perguntarem o custo de uma coroa de flores eu não saberia responder. Eram várias em sua capela. O enterro do meu irmão parecia o de uma alta autoridade, o local onde seu corpo estava sendo velado era o mais belo da cidade. Mesmo tendo falecido por embolia pulmonar em um hospital público, a delegada titular da delegacia de homicídios determinou que o corpo fosse enviado ao Instituto Médico Legal para realização de necropsia e um inquérito policial foi aberto para se averiguar as circunstâncias e eventuais responsabilidades.
Na verdade, essa breve narrativa é uma justa, mas aquém homenagem à Polícia Civil do estado de Mato Grosso. A corporação que meu querido irmão fazia parte e tanto amava fez juz ao amor que por ela ele sentia. Os homens e mulheres de preto não deixaram escapar nenhum detalhe. Tudo estava perfeito, exceto a presença da morte e da dor que sentíamos e que jamais nos abandonará.
Confesso que para mim está sendo muito difícil escrever, mas pedi forças a Deus para que através deste texto pudesse agradecer a cada policial, a cada autoridade em suas determinações para que as circunstâncias da morte do meu irmão fossem apuradas e esclarecidas, e sobretudo pelo o amor de todos vocês pelo nosso querido “Júnior” o que ficou bastante claro pelas atitudes tomadas e pelo carinho a nós dispensado. Muito obrigado!
Por último, espero um dia voltar a Cuiabá e abraçá-los pessoalmente, talvez demore um pouco, mas estejam certos que nunca iremos esquecê-los. Fiquem com Deus e até breve.
Bom Jesus do Norte (ES), 24 de novembro de 2011
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
A SALVADORA DA PÁTRIA
O que teria motivado a Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB a impetrar uma ação no Supremo Tribunal Federal para limitar o poder fiscalizatório do CNJ?
O que todos sabem, mas que muitos por medo se abstêm de comentar, é que a nossa Justiça é uma verdadeira caixa-preta. São inúmeros os problemas internos do Poder Judiciário e que raramente vem a público, e quando vem, instala-se um verdadeiro mal estar na corte e um assombro na população.
A título de ilustração, são juízes com crises de “juizites” agudas que acabam por desembocar suas frustrações nos funcionários mais próximos e no grande público que deles precisa. É desembargador atacando na mídia presidente de Tribunal de Justiça por incompetência. É Ministra deixando Ministro de saia-justa ao expor sérios problemas do judiciário em rede nacional. São Ministros da mais alta Corte se ofendendo também em cadeia nacional, isso sem mencionar a eterna guerra de vaidades entre seus pares, enfim, são numerosos os problemas.
Mas não é só isso. Quase todos os concursos para prover cargos de juiz de direito são recheados de escândalos. Muitos aprovados o são pelo fato de serem apadrinhados ou parentes de algum desembargador. A imprensa não cansa de denunciar essa prática infame em todo o território nacional.
Outra questão não menos grave diz respeito a algumas decisões judiciais. Muitas delas são elaboradas por assessores, onde o juiz apenas as assina, o que sem dúvida coloca tais decisões em xeque.
Ora, o ético seria as decisões serem proferidas por juízes, e não por assessores, que em muitos casos se consideram o próprio juiz, dado suas arrogâncias e prepotências, sobretudo no trato com pessoas mais humildes financeira ou intelectualmente ou ambas. No máximo, esses assessores são bacharéis em direito, eles não possuem a formação de um juiz. Seria como um professor apenas com graduação participar diretamente de uma banca de mestrado, algo possível apenas para professores mestres ou doutores.
Sim, o povo precisa de um órgão fiscalizador eficiente e isento, e o Conselho Nacional de Justiça bem desempenha esse papel. Inúmeras decisões judiciais foram anuladas ou revistas graças a existência do CNJ, que detectou em vários processos a existência de muitos equívocos, o que possibilitou suas revisões ou anulações.
Na verdade, esse é um problema estrutural que remonta o período colonial de nossa história, só que naquela época, não havia nenhum órgão fiscalizador, o que certamente concorreu para que inúmeras arbitrariedades e erros ocorressem e se mantivessem. Um exemplo desses erros foi a condenação à pena de morte de Manoel Motta Coqueiro, já no período imperial, acusado de matar oito colonos em sua fazenda em Macabu, no estado do Rio de Janeiro.
Anos mais tarde ficou comprovado o erro judiciário, o que levou o então imperador D. Pedro II a abolir a pena capital no Brasil, o que não trouxe de volta a vida de Manoel Coqueiro, último condenado à pena capital em nosso país.
Mas não podemos ser injustos. A maioria dos juízes são competentes e fazem jus aos cargos que meritoriamente ocupam. São homens e mulheres que julgam com olhares atentos às intensas e constantes transformações sociais e seus impactos nas vidas das pessoas, sobretudo nos menos afortunados, por isso, merecem todo nosso respeito e consideração. Para estes, a existência ou não do Conselho Nacional de Justiça não faz a menor diferença, pois têm plena consciência de seus papeis e agem com acendrada responsabilidade e probidade exemplar, já para os outros, a permanência do CNJ no cenário é sim, motivo de preocupação e para nós, simples mortais mais do que nunca necessária. Continue entre nós, Salvadora da Pátria!
A luta continua
Bom Jesus do Norte, (ES), 29 de setembro de 2011
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
O que todos sabem, mas que muitos por medo se abstêm de comentar, é que a nossa Justiça é uma verdadeira caixa-preta. São inúmeros os problemas internos do Poder Judiciário e que raramente vem a público, e quando vem, instala-se um verdadeiro mal estar na corte e um assombro na população.
A título de ilustração, são juízes com crises de “juizites” agudas que acabam por desembocar suas frustrações nos funcionários mais próximos e no grande público que deles precisa. É desembargador atacando na mídia presidente de Tribunal de Justiça por incompetência. É Ministra deixando Ministro de saia-justa ao expor sérios problemas do judiciário em rede nacional. São Ministros da mais alta Corte se ofendendo também em cadeia nacional, isso sem mencionar a eterna guerra de vaidades entre seus pares, enfim, são numerosos os problemas.
Mas não é só isso. Quase todos os concursos para prover cargos de juiz de direito são recheados de escândalos. Muitos aprovados o são pelo fato de serem apadrinhados ou parentes de algum desembargador. A imprensa não cansa de denunciar essa prática infame em todo o território nacional.
Outra questão não menos grave diz respeito a algumas decisões judiciais. Muitas delas são elaboradas por assessores, onde o juiz apenas as assina, o que sem dúvida coloca tais decisões em xeque.
Ora, o ético seria as decisões serem proferidas por juízes, e não por assessores, que em muitos casos se consideram o próprio juiz, dado suas arrogâncias e prepotências, sobretudo no trato com pessoas mais humildes financeira ou intelectualmente ou ambas. No máximo, esses assessores são bacharéis em direito, eles não possuem a formação de um juiz. Seria como um professor apenas com graduação participar diretamente de uma banca de mestrado, algo possível apenas para professores mestres ou doutores.
Sim, o povo precisa de um órgão fiscalizador eficiente e isento, e o Conselho Nacional de Justiça bem desempenha esse papel. Inúmeras decisões judiciais foram anuladas ou revistas graças a existência do CNJ, que detectou em vários processos a existência de muitos equívocos, o que possibilitou suas revisões ou anulações.
Na verdade, esse é um problema estrutural que remonta o período colonial de nossa história, só que naquela época, não havia nenhum órgão fiscalizador, o que certamente concorreu para que inúmeras arbitrariedades e erros ocorressem e se mantivessem. Um exemplo desses erros foi a condenação à pena de morte de Manoel Motta Coqueiro, já no período imperial, acusado de matar oito colonos em sua fazenda em Macabu, no estado do Rio de Janeiro.
Anos mais tarde ficou comprovado o erro judiciário, o que levou o então imperador D. Pedro II a abolir a pena capital no Brasil, o que não trouxe de volta a vida de Manoel Coqueiro, último condenado à pena capital em nosso país.
Mas não podemos ser injustos. A maioria dos juízes são competentes e fazem jus aos cargos que meritoriamente ocupam. São homens e mulheres que julgam com olhares atentos às intensas e constantes transformações sociais e seus impactos nas vidas das pessoas, sobretudo nos menos afortunados, por isso, merecem todo nosso respeito e consideração. Para estes, a existência ou não do Conselho Nacional de Justiça não faz a menor diferença, pois têm plena consciência de seus papeis e agem com acendrada responsabilidade e probidade exemplar, já para os outros, a permanência do CNJ no cenário é sim, motivo de preocupação e para nós, simples mortais mais do que nunca necessária. Continue entre nós, Salvadora da Pátria!
A luta continua
Bom Jesus do Norte, (ES), 29 de setembro de 2011
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
O DISCURSO DO PODER
É obrigação de todos rechaçar qualquer tipo de intimidação e violência, sobretudo se estas vierem de encontro à pessoa, aos animais e ao Estado Democrático de Direito. Mas acerca do recém assassinato de uma juíza no Estado do Rio de Janeiro algumas considerações devem ser feitas.
Diariamente policiais e bombeiros são assassinados, médicos peritos e professores agredidos e nada ou quase nada é feito em relação a esses casos para se chegar aos autores e fazê-los pagar por seus crimes. Culpa da polícia, inércia do Judiciário, ineficiência do Poder Legislativo ou a soma dos três?
O fato, é que em relação ao caso da juíza tragicamente morta, tanto a polícia quanto o Judiciário demonstraram uma eficiência de dar inveja aos países de Primeiro Mundo. Em tempo recorde chegaram aos possíveis autores e todos os mandados de prisão expedidos cumpridos e os réus localizados e presos em penitenciárias de segurança máxima.
O que é difícil de entender é como alguns casos são tratados de formas tão díspares por essa mesma polícia e por esse mesmo Judiciário.
Ilustro o caso da engenheira desaparecida há três anos no Rio de Janeiro e que culminou com a decretação pela Justiça no último dia 17 de junho de sua morte presumida. Como pode um corpo desaparecer e não deixar vestígios com tanta tecnologia forense disponível? Como pode nenhuma arma ter sido localizada mesmo constando no carro da vítima quatro perfurações de tiros calibre ponto 40, arma privativa da polícia? Como pode os quatro policias militares que estavam de serviço próximo ao local de onde o carro da vítima caiu ou foi jogado não terem visto nada?
A questão, é que a única semelhança entre os casos é o nome das vítimas: Patrícia. Quanto à primeira, o crime praticamente já se encontra solucionado, isso se o que foi apresentado até agora não for mais um espetáculo de nossas instituições apenas para dar satisfação à sociedade, pois quem garante que todos os presos são culpados e suas garantias constitucionais estão sendo cumpridas? Segundo consta, um oficial superior da PMERJ - o mais recente preso no caso da juíza - foi transferido para Bangu 8, presídio de segurança máxima do estado do Rio de Janeiro. Entretanto, de acordo com o que preconiza nossa Carta Maior, o oficial tem direito à prisão especial a ser cumprida em organização militar, e não é isso que está sendo feito, o que coloca em dúvida todos os demais procedimentos. Quanto à segunda, a família continua na sua angustiante busca na tentativa de encontrar o corpo para que assim possa ao menos dar um enterro digno à sua querida Patrícia.
Sim, é preciso questionar o poder e seus discursos, para que assim, quem sabe, não tenhamos outras Patrícias com resultados tão dolorosos para as famílias, mas, sobretudo com tratamentos iguais nos resultados.
Bom Jesus do Norte, 28 de setembro de 2011
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua
Diariamente policiais e bombeiros são assassinados, médicos peritos e professores agredidos e nada ou quase nada é feito em relação a esses casos para se chegar aos autores e fazê-los pagar por seus crimes. Culpa da polícia, inércia do Judiciário, ineficiência do Poder Legislativo ou a soma dos três?
O fato, é que em relação ao caso da juíza tragicamente morta, tanto a polícia quanto o Judiciário demonstraram uma eficiência de dar inveja aos países de Primeiro Mundo. Em tempo recorde chegaram aos possíveis autores e todos os mandados de prisão expedidos cumpridos e os réus localizados e presos em penitenciárias de segurança máxima.
O que é difícil de entender é como alguns casos são tratados de formas tão díspares por essa mesma polícia e por esse mesmo Judiciário.
Ilustro o caso da engenheira desaparecida há três anos no Rio de Janeiro e que culminou com a decretação pela Justiça no último dia 17 de junho de sua morte presumida. Como pode um corpo desaparecer e não deixar vestígios com tanta tecnologia forense disponível? Como pode nenhuma arma ter sido localizada mesmo constando no carro da vítima quatro perfurações de tiros calibre ponto 40, arma privativa da polícia? Como pode os quatro policias militares que estavam de serviço próximo ao local de onde o carro da vítima caiu ou foi jogado não terem visto nada?
A questão, é que a única semelhança entre os casos é o nome das vítimas: Patrícia. Quanto à primeira, o crime praticamente já se encontra solucionado, isso se o que foi apresentado até agora não for mais um espetáculo de nossas instituições apenas para dar satisfação à sociedade, pois quem garante que todos os presos são culpados e suas garantias constitucionais estão sendo cumpridas? Segundo consta, um oficial superior da PMERJ - o mais recente preso no caso da juíza - foi transferido para Bangu 8, presídio de segurança máxima do estado do Rio de Janeiro. Entretanto, de acordo com o que preconiza nossa Carta Maior, o oficial tem direito à prisão especial a ser cumprida em organização militar, e não é isso que está sendo feito, o que coloca em dúvida todos os demais procedimentos. Quanto à segunda, a família continua na sua angustiante busca na tentativa de encontrar o corpo para que assim possa ao menos dar um enterro digno à sua querida Patrícia.
Sim, é preciso questionar o poder e seus discursos, para que assim, quem sabe, não tenhamos outras Patrícias com resultados tão dolorosos para as famílias, mas, sobretudo com tratamentos iguais nos resultados.
Bom Jesus do Norte, 28 de setembro de 2011
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
A VIDA TEM SEMPRE RAZÃO
Gonzaguinha, – intérprete da música nacional falecido na década de 1990 -, certa feita questionou o seguinte: “e a vida, e a vida o que é diga lá meu irmão...?” Para muitos é juntar riquezas, amigos, conhecimentos, ser visto como pertencente a uma casta social, enfim, cada qual possui uma maneira muito própria e pessoal de interpretá-la e responder a esse questionamento feito através de uma bela canção. Porém, quando questionados acerca de sua transitoriedade, todos são unânimes em concordar com essa característica tão intrínseca da vida.
Por outro lado, mesmo tendo essa consciência, muitos levam suas vidas como se tal certeza existisse apenas para os outros, sendo uma realidade muito distante de si, o que concorre para que suas preocupações se limitem às suas próprias vidas. É como se apenas eles sentissem os segredos da Caixa de Pandora e os outros fossem os outros e que se virem com seus problemas.
O resultado dessa atitude em relação ao outro é um enorme contingente de pessoas tristes que diariamente lotam os consultórios de psicólogos e psiquiatras em busca de respostas que dêem sentidos às suas vidas. Pobre ser humano! Quando perceber que essas respostas sempre estiveram dentro de si e que são tão simples de adotar em seu cotidiano, aí talvez se tenha um novo começar, ainda que se esteja à beira da morte.
Isso nos leva a crer que passados mais de dois mil anos o paradigma judaico-cristão de Deus mostrou-se falido. O ser humano não melhorou nada desde então, mister se faz outro modelo, um novo tipo de Deus, mais próximo talvez do homem e de sua realidade, assim como era na Antiguidade Clássica.
Ah, a Antiguidade... O que nos diriam Sócrates, Platão, Aristóteles, Sêneca e tantos outros acerca do homem contemporâneo? Decerto se limitariam ao silêncio ou talvez dissessem apenas que a vida tem sempre razão, o que seria mais que suficiente para compreender que somos o resultado de nossas escolhas; não a definição judaico-cristão para livre-arbítrio, mas sim liberdade, a liberdade que fez do homem míope de si mesmo ao escolher volver seus olhares para o absurdo de sua imortalidade material negligenciando as coisas que realmente têm relevância nessa nossa tão curta existência.
1º Dia da Primavera de 2011 - MANJ
Por outro lado, mesmo tendo essa consciência, muitos levam suas vidas como se tal certeza existisse apenas para os outros, sendo uma realidade muito distante de si, o que concorre para que suas preocupações se limitem às suas próprias vidas. É como se apenas eles sentissem os segredos da Caixa de Pandora e os outros fossem os outros e que se virem com seus problemas.
O resultado dessa atitude em relação ao outro é um enorme contingente de pessoas tristes que diariamente lotam os consultórios de psicólogos e psiquiatras em busca de respostas que dêem sentidos às suas vidas. Pobre ser humano! Quando perceber que essas respostas sempre estiveram dentro de si e que são tão simples de adotar em seu cotidiano, aí talvez se tenha um novo começar, ainda que se esteja à beira da morte.
Isso nos leva a crer que passados mais de dois mil anos o paradigma judaico-cristão de Deus mostrou-se falido. O ser humano não melhorou nada desde então, mister se faz outro modelo, um novo tipo de Deus, mais próximo talvez do homem e de sua realidade, assim como era na Antiguidade Clássica.
Ah, a Antiguidade... O que nos diriam Sócrates, Platão, Aristóteles, Sêneca e tantos outros acerca do homem contemporâneo? Decerto se limitariam ao silêncio ou talvez dissessem apenas que a vida tem sempre razão, o que seria mais que suficiente para compreender que somos o resultado de nossas escolhas; não a definição judaico-cristão para livre-arbítrio, mas sim liberdade, a liberdade que fez do homem míope de si mesmo ao escolher volver seus olhares para o absurdo de sua imortalidade material negligenciando as coisas que realmente têm relevância nessa nossa tão curta existência.
1º Dia da Primavera de 2011 - MANJ
terça-feira, 26 de julho de 2011
A MULHER PERFEITA
Seguramente posso dizer que sou uma pessoa extremamente de sorte, principalmente se levado em consideração o berço em que nasci e os presentes que a vida me concedeu e concede. Sou o mais velho quatro irmãos, todos trabalhadores e pessoas de bem. Quando meus pais se separaram eu estava com 11 anos, e para nós, foi muito difícil conviver com essa tragédia que separou nossa família. Antes da separação era comum ver meu pai chegar em casa após um dia de trabalho e colocar na “vitrola” um “LP” de Roberto Carlos e passar horas ao lado da minha mãe ouvindo suas canções. As letras de suas músicas falavam de amor profundo e também de algumas dores da alma. Naquela época eu não entendia os significados de “amor verdadeiro”, “amor eterno”, “felicidades plenas” e coisas do tipo. Eu era muito jovem para entender essas questões, mas eu achava que a tradução perfeita daquilo que o Roberto falava em suas músicas era o que eu via acontecer com meus pais naqueles momentos em que passávamos juntos.
Meus pais me legaram muito mais que uma boa educação, principalmente se levado em consideração a ética que por eles nos foi passada. Deles, também recebi dois irmãos e uma irmã que são a minha paixão. Tenho muito orgulho, admiração e muito amor pelos três.
Bem, eu cresci e assim como meus pais também me casei e tive duas filhas e igualmente passei pelas mesmas dores do meu pai quando veio a minha separação. Sinceramente achei que iria morrer de tanta dor quando ela chegou, mas como disse, me considero uma pessoa de muita sorte.
Passei seis anos da minha vida casado. Quando me separei, fiquei mais ou menos uns dois anos sem nenhum tipo de relacionamento. Nesse período, optei em me dedicar aos estudos e também aproveitei para fazer um balanço da minha vida e tentar enxergar onde eu tinha errado. Vi que tinha errado bastante naquele relacionamento, mas aprendi muito com a imagem que vi refletida no espelho da minha vida e sobretudo com o preço que fui obrigado a pagar. Infelizmente foi um custo muito alto que eu não paguei sozinho. Minha ex-mulher, minhas filhas e toda a nossa família também arcou com esse pesado ônus em que eu tive a maior parcela de (ir) responsabilidade. Mas nenhuma dor dura para sempre e o destino estava me preparando uma bela surpresa.
Em 2004 quando junto com alguns colegas fui fazer a inscrição para o concurso do magistério do estado do Rio de Janeiro, uma das exigências do certame era que deveríamos colocar no formulário de inscrição o município em que gostaríamos de trabalhar caso fossemos aprovados. A lógica, seria optar por um bairro próximo á residência, e foi isso que meus amigos fizeram, mas quando chegou a minha vez, vi que na nossa frente havia um mapa do estado. Simplesmente fechei meus olhos e disse: “ - aonde meu dedo bater, será o lugar que colocarei como opção – “. Todos ficaram espantos com a minha atitude; mais ainda com o resultado. Meu dedo apontou para uma cidadezinha chamada “Espera Feliz”, município mineiro que faz divisa com o estado do Rio. Desta feita, disse que a primeira cidade ao Sul de onde meu dedo apontasse seria meu local de escolha. Deu Varre-Sai, cidade que compreende a região do Noroeste Fluminense, assim como Natividade, Porciúncula e Bom Jesus do Itabapoana. Até a funcionária que fazia as inscrições ficou surpresa com o que acabara de fazer.
Dias depois fizemos a prova e fui classificado em 3º lugar. Nossa, como fiquei feliz com o resultado! Porém, dois dias após a publicação a prova foi cancelada por suspeita de vazamento do gabarito. Dessa vez fiquei muito triste e decepcionado e disse para mim mesmo, meus familiares e amigos que não iria fazer outra prova, pois aquilo me parecia “armação”. Na véspera da nova prova, sai e passei a noite na isbórnia. Fui a um barzinho que gosto muito na Vila da Penha e se não me falha a memória sai de lá mais ou menos às 3 horas da manhã e de porre. Nessa época eu morava na Barra da Tijuca com meus tios os quais para mim são como meus segundos pais. Quando cheguei em casa, sequer a roupa eu tirei. Deitei com roupa e tudo. Não sei se devido ao porre, mas quando minha tia me acordou tive a imprensão de ter deitado naquele instante. Não queria levantar e disse-lhe que não iria fazer a prova. Minha querida tia abriu todas as janelas, ligou a tv do quarto fez o maior barulho e me disse que já que eu passara a noite na “farra”, agora eu iria levantar, tomar um banho e fazer a prova. Não ousei desobedecê-la.
Caindo pelas tabelas lá fui eu para o Largo do Machado. Acho que levei umas duas horas para fazer toda a prova. Não que ela estivesse fácil, mas eu estava muito cansado e ansioso para voltar para casa e dormir. Dois dias depois saiu o gabarito e pelo resultado considerei ter feito uma boa prova, apesar das minhas condições nada boas, rs. Daí duas semanas o resultado final. Classificado em oitavo lugar. É aí que a minha história de vida (re) começa...
Mesmo tendo sido bem classificado no concurso o estado levou dois anos para me convocar. Cheguei em Bom Jesus do Itabapoana no dia 30 de junho de 2006. Um detalhe: eu não conhecia a cidade. Quando desembarquei na rodoviária às 6 horas da manhã, cerrei meus olhos e tive a nítida imprensão de que eu seria muito feliz naquela cidade. Apresentei-me na Coordenadoria que à época se localiza em um anexo ao Colégio Estadual Padre Melo. Era um colégio enorme e muito bonito. Fiquei encantado com a estrutura da escola. Lá, fui informado que deveria fazer a escolha da escola que eu gostaria de trabalhar. Ora, eu não conhecia nada naquela cidade nem tampouco Varre-Sai. Naquele mesmo dia conheci a diretora do Padre Melo, a professora Carla Moraes. Muito solícita e educada, sugeriu que como eu não conhecia nada, seria melhor se eu ficasse em Bom Jesus do Itabapoana, mas precisamente no Padre Melo, pois ali havia uma vaga para professor de história. Não tive dúvidas: fiquei no Padre Melo.
Ao sair dali e me hospedar no Big hotel soube que na semana seguinte haveria uma festa em Rosal e Apiacá, esta última localizada no Espírito Santo. No dia seguinte, voltei para o Rio, arrumei minhas coisas e voltei definitivamente para Bom Jesus do Itabapoana.
Nesse tempo, fiz algumas amizades, afinal, fiquei morando no hotel. Dentre essas amizades havia a Marina, uma manicure muito divertida e alegre. Foi ela quem me convidou a ir a um baile no Clube da Terceira Idade. Sinceramente pensei em declinar ao convite. O que eu faria num clube da terceira idade, imaginei? Mas resolvi aceitar o convite. Após dar uma passada em Rosal e Apiacá para conhecer as cidadezinhas fui ao tal clube, e foi lá que eu reconheci o meu grande amor.
Mal cheguei e a vi. Ela estava linda. Vestia blusa preta e calça branca. Fiquei encantado com aquela beleza e também com a sua leveza. Eu não estava enganado, vi em seus olhos que ela era a mulher que procurava por toda vida.
Aproximei-me e mesmo sem saber a convidei para dançar. Ela meio desconfiada recusou no primeiro momento. Apresentei-me e já fui contando toda a minha história e para minha surpresa ela também me contou a sua. Dançamos, ou melhor, ela dançou e fomos embora sem nos despedir devido um desencontro.
No dia seguinte fui à casa da Marina para saber o que ela sabia sobre aquela moça que eu havia me apaixonado. De repente, o telefone da Marina toca e para minha felicidade era a Rose.
Falei com ela ao telefone e dela recebi um convite para ir a Igreja, apesar de agnóstico, é lógico que aceitei. Assistimos ao culto e depois saímos. Conversamos um pouco mais e nos despedimos. Fui para o hotel mas não consegui dormir direito. Nos encontramos no dia seguinte e nos seguintes e começamos a namorar. Com quinze dias de namoro e preocupada com o meu estado financeiro, ela me convidou para morar em sua casa. Era uma casa branca com janelas e portas azuis. O tempo passou e com ele a consolidação daquela minha intuição primeira a seu respeito. Cinco anos se passaram e eu não estava enganado. Surpreendo-me a cada dia com ela. Não tenho dúvidas em afirmar que todos os adjetivos que exprimem solidariedade, companheirismo e amor à ela se aplicam. Não vislumbro minha vida sem sua companhia. Aquelas imagens que foram refletidas lá atrás, no espelho da minha vida quando da minha separação do primeiro casamento, são ainda muito presentes em minha memória como um alerta para que eu não cometa os mesmos erros hoje em dia.
A simplicidade da Rose contagia. Tenho certeza que com ela aprendo muito mais do que ensino, afinal, o que eu poderia ensinar a uma pessoa que é todo amor? Quando ouço as mesmas canções que meu pai ouvia, hoje entendo perfeitamente o seu sentido, o que eu não entendo, são algumas letras que falam de amores intensos e felizes e que terminam. Amor de verdade não acaba nunca. Nem a morte é capaz de apagar um amor intenso como esse que eu vivo, exceto a estupidez, esta sim, acaba com tudo, mas com certeza não serei estúpido ao ponto de perder a mulher da minha vida.
A cada nova manhã agradeço a Deus pela minha feliz escolha em vir para Bom Jesus, porque assim pude conhecer a mulher mais perfeita que já conheci e pela felicidade e alegria que sua companhia me proporciona. Seguramente minhas expectativas em relação ao amor terminam na Rose. Só peço a Deus sabedoria para conduzir essa relação e que eu nunca ouse magoar um amor tão belo e que para mim é perfeito.
Obrigado, Rozinéia Zanasdi por me mostrar as coisas belas do mundo e também por me mostrar o caminho a ser seguido. Te amo.
Bom Jesus do Norte, (ES), 26 de julho de 2011
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
Meus pais me legaram muito mais que uma boa educação, principalmente se levado em consideração a ética que por eles nos foi passada. Deles, também recebi dois irmãos e uma irmã que são a minha paixão. Tenho muito orgulho, admiração e muito amor pelos três.
Bem, eu cresci e assim como meus pais também me casei e tive duas filhas e igualmente passei pelas mesmas dores do meu pai quando veio a minha separação. Sinceramente achei que iria morrer de tanta dor quando ela chegou, mas como disse, me considero uma pessoa de muita sorte.
Passei seis anos da minha vida casado. Quando me separei, fiquei mais ou menos uns dois anos sem nenhum tipo de relacionamento. Nesse período, optei em me dedicar aos estudos e também aproveitei para fazer um balanço da minha vida e tentar enxergar onde eu tinha errado. Vi que tinha errado bastante naquele relacionamento, mas aprendi muito com a imagem que vi refletida no espelho da minha vida e sobretudo com o preço que fui obrigado a pagar. Infelizmente foi um custo muito alto que eu não paguei sozinho. Minha ex-mulher, minhas filhas e toda a nossa família também arcou com esse pesado ônus em que eu tive a maior parcela de (ir) responsabilidade. Mas nenhuma dor dura para sempre e o destino estava me preparando uma bela surpresa.
Em 2004 quando junto com alguns colegas fui fazer a inscrição para o concurso do magistério do estado do Rio de Janeiro, uma das exigências do certame era que deveríamos colocar no formulário de inscrição o município em que gostaríamos de trabalhar caso fossemos aprovados. A lógica, seria optar por um bairro próximo á residência, e foi isso que meus amigos fizeram, mas quando chegou a minha vez, vi que na nossa frente havia um mapa do estado. Simplesmente fechei meus olhos e disse: “ - aonde meu dedo bater, será o lugar que colocarei como opção – “. Todos ficaram espantos com a minha atitude; mais ainda com o resultado. Meu dedo apontou para uma cidadezinha chamada “Espera Feliz”, município mineiro que faz divisa com o estado do Rio. Desta feita, disse que a primeira cidade ao Sul de onde meu dedo apontasse seria meu local de escolha. Deu Varre-Sai, cidade que compreende a região do Noroeste Fluminense, assim como Natividade, Porciúncula e Bom Jesus do Itabapoana. Até a funcionária que fazia as inscrições ficou surpresa com o que acabara de fazer.
Dias depois fizemos a prova e fui classificado em 3º lugar. Nossa, como fiquei feliz com o resultado! Porém, dois dias após a publicação a prova foi cancelada por suspeita de vazamento do gabarito. Dessa vez fiquei muito triste e decepcionado e disse para mim mesmo, meus familiares e amigos que não iria fazer outra prova, pois aquilo me parecia “armação”. Na véspera da nova prova, sai e passei a noite na isbórnia. Fui a um barzinho que gosto muito na Vila da Penha e se não me falha a memória sai de lá mais ou menos às 3 horas da manhã e de porre. Nessa época eu morava na Barra da Tijuca com meus tios os quais para mim são como meus segundos pais. Quando cheguei em casa, sequer a roupa eu tirei. Deitei com roupa e tudo. Não sei se devido ao porre, mas quando minha tia me acordou tive a imprensão de ter deitado naquele instante. Não queria levantar e disse-lhe que não iria fazer a prova. Minha querida tia abriu todas as janelas, ligou a tv do quarto fez o maior barulho e me disse que já que eu passara a noite na “farra”, agora eu iria levantar, tomar um banho e fazer a prova. Não ousei desobedecê-la.
Caindo pelas tabelas lá fui eu para o Largo do Machado. Acho que levei umas duas horas para fazer toda a prova. Não que ela estivesse fácil, mas eu estava muito cansado e ansioso para voltar para casa e dormir. Dois dias depois saiu o gabarito e pelo resultado considerei ter feito uma boa prova, apesar das minhas condições nada boas, rs. Daí duas semanas o resultado final. Classificado em oitavo lugar. É aí que a minha história de vida (re) começa...
Mesmo tendo sido bem classificado no concurso o estado levou dois anos para me convocar. Cheguei em Bom Jesus do Itabapoana no dia 30 de junho de 2006. Um detalhe: eu não conhecia a cidade. Quando desembarquei na rodoviária às 6 horas da manhã, cerrei meus olhos e tive a nítida imprensão de que eu seria muito feliz naquela cidade. Apresentei-me na Coordenadoria que à época se localiza em um anexo ao Colégio Estadual Padre Melo. Era um colégio enorme e muito bonito. Fiquei encantado com a estrutura da escola. Lá, fui informado que deveria fazer a escolha da escola que eu gostaria de trabalhar. Ora, eu não conhecia nada naquela cidade nem tampouco Varre-Sai. Naquele mesmo dia conheci a diretora do Padre Melo, a professora Carla Moraes. Muito solícita e educada, sugeriu que como eu não conhecia nada, seria melhor se eu ficasse em Bom Jesus do Itabapoana, mas precisamente no Padre Melo, pois ali havia uma vaga para professor de história. Não tive dúvidas: fiquei no Padre Melo.
Ao sair dali e me hospedar no Big hotel soube que na semana seguinte haveria uma festa em Rosal e Apiacá, esta última localizada no Espírito Santo. No dia seguinte, voltei para o Rio, arrumei minhas coisas e voltei definitivamente para Bom Jesus do Itabapoana.
Nesse tempo, fiz algumas amizades, afinal, fiquei morando no hotel. Dentre essas amizades havia a Marina, uma manicure muito divertida e alegre. Foi ela quem me convidou a ir a um baile no Clube da Terceira Idade. Sinceramente pensei em declinar ao convite. O que eu faria num clube da terceira idade, imaginei? Mas resolvi aceitar o convite. Após dar uma passada em Rosal e Apiacá para conhecer as cidadezinhas fui ao tal clube, e foi lá que eu reconheci o meu grande amor.
Mal cheguei e a vi. Ela estava linda. Vestia blusa preta e calça branca. Fiquei encantado com aquela beleza e também com a sua leveza. Eu não estava enganado, vi em seus olhos que ela era a mulher que procurava por toda vida.
Aproximei-me e mesmo sem saber a convidei para dançar. Ela meio desconfiada recusou no primeiro momento. Apresentei-me e já fui contando toda a minha história e para minha surpresa ela também me contou a sua. Dançamos, ou melhor, ela dançou e fomos embora sem nos despedir devido um desencontro.
No dia seguinte fui à casa da Marina para saber o que ela sabia sobre aquela moça que eu havia me apaixonado. De repente, o telefone da Marina toca e para minha felicidade era a Rose.
Falei com ela ao telefone e dela recebi um convite para ir a Igreja, apesar de agnóstico, é lógico que aceitei. Assistimos ao culto e depois saímos. Conversamos um pouco mais e nos despedimos. Fui para o hotel mas não consegui dormir direito. Nos encontramos no dia seguinte e nos seguintes e começamos a namorar. Com quinze dias de namoro e preocupada com o meu estado financeiro, ela me convidou para morar em sua casa. Era uma casa branca com janelas e portas azuis. O tempo passou e com ele a consolidação daquela minha intuição primeira a seu respeito. Cinco anos se passaram e eu não estava enganado. Surpreendo-me a cada dia com ela. Não tenho dúvidas em afirmar que todos os adjetivos que exprimem solidariedade, companheirismo e amor à ela se aplicam. Não vislumbro minha vida sem sua companhia. Aquelas imagens que foram refletidas lá atrás, no espelho da minha vida quando da minha separação do primeiro casamento, são ainda muito presentes em minha memória como um alerta para que eu não cometa os mesmos erros hoje em dia.
A simplicidade da Rose contagia. Tenho certeza que com ela aprendo muito mais do que ensino, afinal, o que eu poderia ensinar a uma pessoa que é todo amor? Quando ouço as mesmas canções que meu pai ouvia, hoje entendo perfeitamente o seu sentido, o que eu não entendo, são algumas letras que falam de amores intensos e felizes e que terminam. Amor de verdade não acaba nunca. Nem a morte é capaz de apagar um amor intenso como esse que eu vivo, exceto a estupidez, esta sim, acaba com tudo, mas com certeza não serei estúpido ao ponto de perder a mulher da minha vida.
A cada nova manhã agradeço a Deus pela minha feliz escolha em vir para Bom Jesus, porque assim pude conhecer a mulher mais perfeita que já conheci e pela felicidade e alegria que sua companhia me proporciona. Seguramente minhas expectativas em relação ao amor terminam na Rose. Só peço a Deus sabedoria para conduzir essa relação e que eu nunca ouse magoar um amor tão belo e que para mim é perfeito.
Obrigado, Rozinéia Zanasdi por me mostrar as coisas belas do mundo e também por me mostrar o caminho a ser seguido. Te amo.
Bom Jesus do Norte, (ES), 26 de julho de 2011
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
domingo, 5 de junho de 2011
AOS PEQUENINOS QUE SONHAM EM SE TORNAR HEROIS
Quando criança, sempre que perguntado o que seria quando crescesse a resposta era uma só: bombeiro. Eu tinha vários carrinhos na cor vermelha e muitos imitando as viaturas dos bombeiros. O tempo passou, eu cresci, mas infelizmente não consegui entrar para o Corpo de Bombeiros Militar. Tornei-me professor de história.
Acredito que pelos valores que defendem e pela postura que possuem,. muitas crianças de hoje em dia ainda têm o mesmo desejo que um dia eu tive: de se tornarem bombeiros militar. Indiscutivelmente a instituição na qual a sociedade tem maior apreço e confiança. Mas que não valoriza.
Mas qual será a resposta que daremos às nossas crianças quando perguntarem sobre a remuneração que nossos herois recebem para tamanha responsabilidade? O que lhes dizer sobre a razão da prisão de 439 pessoas que só se preocupam em salvar vidas e patrimônios alheios os quais em sua maioria eles próprios não possuem?
Qual a explicação que daremos quando questionados do por que da maior autoridade do estado ter chamado pessoas que só se ocupam em diminuir a dor alheia de “vândalos”? Como explicar a inversão de valores que impera em nosso estado? Como explicar aos alunos o sentido do termo “sociedade democrática de direito”, se o governador é o primeiro a dar o mau exemplo de totalitarismo na forma de governar? Como explicar aos pequenos que democracia é o inverso daquilo que nosso governador pratica em relação ao funcionalismo público?
Queridos alunos e a todas às crianças do Rio de Janeiro e do Brasil: bombeiros não são vândalos e policiais não são maus. São homens e mulheres que assim como vocês sonham com dias melhores. Eles também têm filhos, irmãos, pais e são seres humanos iguais a vocês, mas são tratados como a escória da sociedade por essa mesma sociedade que defendem.
Aos filhos desses bombeiros toda a minha solidariedade. Sou apenas um professor, mas tenham a certeza de que a instituição que seus pais e mães representam está muita acima da minha própria, haja vista na educação faltar o essencial: consciência de classe. Não desanimem, nenhuma ditadura dura para sempre, e seus familiares deram uma lição à Polícia Militar, à Polícia Civil, a Educação e as demais instituições de Estado ao lhes ensinar na prática o sentido de classe e união.
Amanhã, segunda-feira, dia 6 de junho de 2011, minha aula vai ser diferente. Vou pedir um minuto de silêncio em todas as turmas em que eu entrar em solidariedade a esses herois que foram injusta e covardemente presos.
Vou dizer também, que heróis existem e são de carne e osso, mas eles não ocupam nenhum lugar especial como muitos imaginam além disso se vestem de vermelho, azul, cinza e preto. São nossos bombeiros e policiais militares e civis; Um brinde com guaraná aos heróis anônimos desse Brasil e em particular aos BRAVOS ZERO ZERO do Rio de Janeiro.
A luta continua
Acredito que pelos valores que defendem e pela postura que possuem,. muitas crianças de hoje em dia ainda têm o mesmo desejo que um dia eu tive: de se tornarem bombeiros militar. Indiscutivelmente a instituição na qual a sociedade tem maior apreço e confiança. Mas que não valoriza.
Mas qual será a resposta que daremos às nossas crianças quando perguntarem sobre a remuneração que nossos herois recebem para tamanha responsabilidade? O que lhes dizer sobre a razão da prisão de 439 pessoas que só se preocupam em salvar vidas e patrimônios alheios os quais em sua maioria eles próprios não possuem?
Qual a explicação que daremos quando questionados do por que da maior autoridade do estado ter chamado pessoas que só se ocupam em diminuir a dor alheia de “vândalos”? Como explicar a inversão de valores que impera em nosso estado? Como explicar aos alunos o sentido do termo “sociedade democrática de direito”, se o governador é o primeiro a dar o mau exemplo de totalitarismo na forma de governar? Como explicar aos pequenos que democracia é o inverso daquilo que nosso governador pratica em relação ao funcionalismo público?
Queridos alunos e a todas às crianças do Rio de Janeiro e do Brasil: bombeiros não são vândalos e policiais não são maus. São homens e mulheres que assim como vocês sonham com dias melhores. Eles também têm filhos, irmãos, pais e são seres humanos iguais a vocês, mas são tratados como a escória da sociedade por essa mesma sociedade que defendem.
Aos filhos desses bombeiros toda a minha solidariedade. Sou apenas um professor, mas tenham a certeza de que a instituição que seus pais e mães representam está muita acima da minha própria, haja vista na educação faltar o essencial: consciência de classe. Não desanimem, nenhuma ditadura dura para sempre, e seus familiares deram uma lição à Polícia Militar, à Polícia Civil, a Educação e as demais instituições de Estado ao lhes ensinar na prática o sentido de classe e união.
Amanhã, segunda-feira, dia 6 de junho de 2011, minha aula vai ser diferente. Vou pedir um minuto de silêncio em todas as turmas em que eu entrar em solidariedade a esses herois que foram injusta e covardemente presos.
Vou dizer também, que heróis existem e são de carne e osso, mas eles não ocupam nenhum lugar especial como muitos imaginam além disso se vestem de vermelho, azul, cinza e preto. São nossos bombeiros e policiais militares e civis; Um brinde com guaraná aos heróis anônimos desse Brasil e em particular aos BRAVOS ZERO ZERO do Rio de Janeiro.
A luta continua
O RIO MANCHADO DE VERMELHO Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
Falar aqui do descaso do governo estadual em relação ao funcionalismo público e em particular daqueles que representam à “arraia-miúda” das diversas instituições de Estado seria redundante se em análise estive a forma de governar do senhor Sérgio Cabral e seu “staff”, o que não é o caso.
Mas não podemos deixar de mencionar que nenhuma oposição a seu governo é tolerada. Às chefias e comandos são dadas generosas gratificações para que mantenham a disciplina de seus subordinados para que estes não se rebelem contra os péssimos salários que recebem, mas aos que insistem em se opor, ou perdem a chefia e comando ou ainda correm o risco de responderem a inquéritos policiais, administrativos ou ambos. Essa é a forma de governar de Sérgio Cabral. A corrupção e o medo.
A título de ilustração, e que poucos sabem, é que na Alemanha Nazista cerca de 90% da população daquele país apoiava as atitudes de seu representante mor. Hoje se sabe que tal sucesso tinha por trás a propaganda de governo, assim como acontece no Rio de Janeiro de hoje, onde o PMDB de Cabral tem a seu lado as Organizações Globo que só veicula aquilo que é do seu interesse, ato bem característico dos sistemas fascistas de outrora, mas que nunca foram tão atuais em certos governos.
Aqui, os traficantes de drogas são avisados com antecedência das incursões policiais que objetivam a criação das Unidades de Polícia Pacificadora, as chamadas UPP’s. Desta feita, os marginais conseguem deixar seus esconderijos levando suas armas e drogas em total segurança.
Por outro lado, as coisas realmente relevantes e que deveriam ser levadas ao conhecimento público não o são por essa mesma mídia, como as péssimas condições de trabalho e salários dos servidores públicos, da má administração pública e de pessoas que deveriam estar na cadeia, e não chefiando pessoas.
Que a natureza e importância do trabalho dos bombeiros dispensa maiores comentários disso todos sabem e têm consciência. Mas infelizmente esses bravos combatentes foram abandonados à própria sorte pelo Estado. Além de covardemente agredidos, foram presos e humilhados como se marginais da mais alta periculosidade os fossem. Eram apenas pais e mães de família em busca da dignidade que lhes foi roubada.
Os bombeiros militares foram a única categoria que demonstrou organização e consciência de classe para se opor e enfrentar pacificamente o governo Sérgio Cabral. Não é à toa que carregam a marca de “herois” e destemidos, mas infelizmente foram recebidos à porrada pelo governo Sérgio Cabral.
Não vou aqui crucificar a Polícia Militar, pois bem sei de quão valorosa ela é, mas não posso deixar de consignar a covardia, a truculência e a maldade de um tal Coronel Milagres e alguns integrantes do Bope. Esse sujeito deveria ser processado na mais última instância da justiça por abuso de autoridade. Ademais, é um covarde e medroso, pois enquanto estava atrás da sua tropa – o BPChoque -, utilizou-se de spray de pimenta para lançar nos bombeiros que estavam sentados à sua frente e sem esboçar qualquer reação contra os policiais que faziam suas guardas. Foi uma agressão gratuita do comandante.
Agir dessa forma é fácil, coronel Milagres. Mas por que o senhor correu quando apenas um combatente foi em sua direção? A televisão mostrou a imagem. Ficou com medinho de apanhar? Onde está a sua valentia? A meu ver, coronel, um senhor é um covarde e um medroso, que só se sente homem e valente quando está com a sua tropa. Não me surpreenderia em saber que o senhor nunca tenha trocado tiros com vagabundos. O senhor tem o perfil de coronel de gabinete, que só sai às ruas para participar de fiscalizações da Lei Seca. Graças a Deus o senhor não representa a Polícia Militar, a qual possuo muitos amigos, desde soldados a coronéis, mas nenhum seguramente com o seu perfil. Mas não vou aqui perder meu tempo falando de uma pessoa tão desprezível quanto o senhor, isso eu deixo para a imprensa marrom. Meu objetivo aqui é infinitamente o seu oposto e o que o senhor representa enquanto ser humano.
O momento agora é de solidariedade. Liberdade ampla e irrestrita aos bombeiros militares presos. Chega de demagogia, Sérgio Cabral. Coloque professores bem remunerados nas salas de aula, remunere dignamente bombeiros, policiais e profissionais de saúde. O Rio de Janeiro não merece tanto descaso. Todos à rua em apoio aos bombeiros militares!!!
A luta continua
Mas não podemos deixar de mencionar que nenhuma oposição a seu governo é tolerada. Às chefias e comandos são dadas generosas gratificações para que mantenham a disciplina de seus subordinados para que estes não se rebelem contra os péssimos salários que recebem, mas aos que insistem em se opor, ou perdem a chefia e comando ou ainda correm o risco de responderem a inquéritos policiais, administrativos ou ambos. Essa é a forma de governar de Sérgio Cabral. A corrupção e o medo.
A título de ilustração, e que poucos sabem, é que na Alemanha Nazista cerca de 90% da população daquele país apoiava as atitudes de seu representante mor. Hoje se sabe que tal sucesso tinha por trás a propaganda de governo, assim como acontece no Rio de Janeiro de hoje, onde o PMDB de Cabral tem a seu lado as Organizações Globo que só veicula aquilo que é do seu interesse, ato bem característico dos sistemas fascistas de outrora, mas que nunca foram tão atuais em certos governos.
Aqui, os traficantes de drogas são avisados com antecedência das incursões policiais que objetivam a criação das Unidades de Polícia Pacificadora, as chamadas UPP’s. Desta feita, os marginais conseguem deixar seus esconderijos levando suas armas e drogas em total segurança.
Por outro lado, as coisas realmente relevantes e que deveriam ser levadas ao conhecimento público não o são por essa mesma mídia, como as péssimas condições de trabalho e salários dos servidores públicos, da má administração pública e de pessoas que deveriam estar na cadeia, e não chefiando pessoas.
Que a natureza e importância do trabalho dos bombeiros dispensa maiores comentários disso todos sabem e têm consciência. Mas infelizmente esses bravos combatentes foram abandonados à própria sorte pelo Estado. Além de covardemente agredidos, foram presos e humilhados como se marginais da mais alta periculosidade os fossem. Eram apenas pais e mães de família em busca da dignidade que lhes foi roubada.
Os bombeiros militares foram a única categoria que demonstrou organização e consciência de classe para se opor e enfrentar pacificamente o governo Sérgio Cabral. Não é à toa que carregam a marca de “herois” e destemidos, mas infelizmente foram recebidos à porrada pelo governo Sérgio Cabral.
Não vou aqui crucificar a Polícia Militar, pois bem sei de quão valorosa ela é, mas não posso deixar de consignar a covardia, a truculência e a maldade de um tal Coronel Milagres e alguns integrantes do Bope. Esse sujeito deveria ser processado na mais última instância da justiça por abuso de autoridade. Ademais, é um covarde e medroso, pois enquanto estava atrás da sua tropa – o BPChoque -, utilizou-se de spray de pimenta para lançar nos bombeiros que estavam sentados à sua frente e sem esboçar qualquer reação contra os policiais que faziam suas guardas. Foi uma agressão gratuita do comandante.
Agir dessa forma é fácil, coronel Milagres. Mas por que o senhor correu quando apenas um combatente foi em sua direção? A televisão mostrou a imagem. Ficou com medinho de apanhar? Onde está a sua valentia? A meu ver, coronel, um senhor é um covarde e um medroso, que só se sente homem e valente quando está com a sua tropa. Não me surpreenderia em saber que o senhor nunca tenha trocado tiros com vagabundos. O senhor tem o perfil de coronel de gabinete, que só sai às ruas para participar de fiscalizações da Lei Seca. Graças a Deus o senhor não representa a Polícia Militar, a qual possuo muitos amigos, desde soldados a coronéis, mas nenhum seguramente com o seu perfil. Mas não vou aqui perder meu tempo falando de uma pessoa tão desprezível quanto o senhor, isso eu deixo para a imprensa marrom. Meu objetivo aqui é infinitamente o seu oposto e o que o senhor representa enquanto ser humano.
O momento agora é de solidariedade. Liberdade ampla e irrestrita aos bombeiros militares presos. Chega de demagogia, Sérgio Cabral. Coloque professores bem remunerados nas salas de aula, remunere dignamente bombeiros, policiais e profissionais de saúde. O Rio de Janeiro não merece tanto descaso. Todos à rua em apoio aos bombeiros militares!!!
A luta continua
terça-feira, 12 de abril de 2011
A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO
A recente tragédia que vitimou fatalmente 12 crianças e adolescentes no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, esta longe de ser compreendida pelos caminhos trilhados até aqui. É preciso antes afastar-se do óbvio e atacar a sua verdadeira intenção: a divulgação.
Não é difícil de se compreender que atos dessa natureza essencialmente objetivam mídia. Em sua quase totalidade esses assassinos são pessoas que não conseguem lidar com suas frustrações e consideram todos à sua volta culpados pelos seus insucessos na vida e precisam de algo que lhes dêem sentido, mesmo que esse sentido venha através de atos extremos.
Nesse contexto, o “espetáculo” criado por esses assassinos apresenta-se como grandioso indiscutível e inacessível ao entendimento. Sua única mensagem é “o que aparece é bom, o que é bom aparece”. A atitude que ele exige por princípio é aquela aceitação passiva, que na verdade, ele já obteve na medida em que aparece sem réplica, com duas armas em punho e pelo seu monopólio da aparência e que a todos choca. Ele é o sol que não tem poente no império da passividade moderna e que nada tem a ver com religiosidade.
Vivemos em um modelo social perverso que gera inúmeras frustrações. É o sujeito que não consegue lidar com a separação de seus pais; é o recém formado que não consegue emprego; é o aluno que não consegue suportar uma nota vermelha em seu boletim; são pais que fazem questão de preparar seus filhos apenas para serem vencedores e vários outros exemplos dessa natureza.
No lado oposto, se tem os comerciais televisivos de carros que falam em valores de cinco, seis, sete dígitos como se fossem acessíveis à maioria das pessoas; são “convites” à viagem de férias para um país com um número absurdo de miseráveis, além, é claro, da maior de toda estupidez televisiva: os “big brothers”. Sim, o sistema adoece as pessoas, mas de forma alguma justifica ações terroristas e assassinas.
A imprensa, por seu turno, é co-partícipe desses eventos, pois sua maior preocupação é o lucro, independente de que forma ele venha. Enquanto se continuar a dar IBOPE a esses psicóticos em último grau decerto que outros se sentiram encorajados a cometer o mesmo ato insano.
Reafirmo mais uma vez que o caminho para se tentar evitar novamente essas situações excepcionais passa pelo papel da imprensa. Não adianta se criar um estado policialesco em torno da escola, isso é um absurdo e não irá impedir outras ações desse tipo. Mas o caminho passa em se evitar ao máximo a exposição de assassinos e pelo conceito de “ética” empregado pela imprensa. É preciso reinventar a sociedade e seus valores.
Hoje percebo que a rotina diária das escolas, dos parques, dos abraços e beijos costumeiros, talvez não seja apenas infinitamente bela e festiva, mas também infinitamente frágil e precária; manter essa vida exige talvez esforços desesperados e heroicos, mas às vezes perdemos.
Ivan Karamazov diz que, a morte de uma criança lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada. Mas ele não o faz. Ele continua a lutar e a amar; ele continua a continuar. Esse é o meu sentimento.
Bom Jesus do Norte, 12 de abril de 2011.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
Não é difícil de se compreender que atos dessa natureza essencialmente objetivam mídia. Em sua quase totalidade esses assassinos são pessoas que não conseguem lidar com suas frustrações e consideram todos à sua volta culpados pelos seus insucessos na vida e precisam de algo que lhes dêem sentido, mesmo que esse sentido venha através de atos extremos.
Nesse contexto, o “espetáculo” criado por esses assassinos apresenta-se como grandioso indiscutível e inacessível ao entendimento. Sua única mensagem é “o que aparece é bom, o que é bom aparece”. A atitude que ele exige por princípio é aquela aceitação passiva, que na verdade, ele já obteve na medida em que aparece sem réplica, com duas armas em punho e pelo seu monopólio da aparência e que a todos choca. Ele é o sol que não tem poente no império da passividade moderna e que nada tem a ver com religiosidade.
Vivemos em um modelo social perverso que gera inúmeras frustrações. É o sujeito que não consegue lidar com a separação de seus pais; é o recém formado que não consegue emprego; é o aluno que não consegue suportar uma nota vermelha em seu boletim; são pais que fazem questão de preparar seus filhos apenas para serem vencedores e vários outros exemplos dessa natureza.
No lado oposto, se tem os comerciais televisivos de carros que falam em valores de cinco, seis, sete dígitos como se fossem acessíveis à maioria das pessoas; são “convites” à viagem de férias para um país com um número absurdo de miseráveis, além, é claro, da maior de toda estupidez televisiva: os “big brothers”. Sim, o sistema adoece as pessoas, mas de forma alguma justifica ações terroristas e assassinas.
A imprensa, por seu turno, é co-partícipe desses eventos, pois sua maior preocupação é o lucro, independente de que forma ele venha. Enquanto se continuar a dar IBOPE a esses psicóticos em último grau decerto que outros se sentiram encorajados a cometer o mesmo ato insano.
Reafirmo mais uma vez que o caminho para se tentar evitar novamente essas situações excepcionais passa pelo papel da imprensa. Não adianta se criar um estado policialesco em torno da escola, isso é um absurdo e não irá impedir outras ações desse tipo. Mas o caminho passa em se evitar ao máximo a exposição de assassinos e pelo conceito de “ética” empregado pela imprensa. É preciso reinventar a sociedade e seus valores.
Hoje percebo que a rotina diária das escolas, dos parques, dos abraços e beijos costumeiros, talvez não seja apenas infinitamente bela e festiva, mas também infinitamente frágil e precária; manter essa vida exige talvez esforços desesperados e heroicos, mas às vezes perdemos.
Ivan Karamazov diz que, a morte de uma criança lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada. Mas ele não o faz. Ele continua a lutar e a amar; ele continua a continuar. Esse é o meu sentimento.
Bom Jesus do Norte, 12 de abril de 2011.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
quinta-feira, 24 de março de 2011
AS SEMENTES DO MAL
Durante muito tempo prevaleceu no Brasil o estereótipo de que “os fatos falam por si” e por isso os envolvidos já são condenados pela sociedade. Ora, se fosse verdade que os “fatos falam por si”, não haveria necessidade de investigações nem tampouco a existência de advogados se faria necessária. Mas para alguns veículos de comunicação essa noção das coisas acaba por formar opiniões distorcidas ou mesmo mentirosa das notícias por eles divulgadas, sobretudo, pelos analfabetos funcionais.
Tomemos como exemplo a recente divulgação de um vídeo que mostra um menor de idade baleado “à queima roupa” no interior de uma favela do Amazonas por policiais militares.
É certo que os leitores não saibam, mas recentemente em uma escola pública o signatário deste foi ameaçado de morte por um menor de 10 anos de idade tão somente por tê-lo advertido face ao furto que este cometia no interior da mochila de um colega de classe. Absurdo? Não, a nossa realidade.
Talvez os leitores também não saibam, mas na maioria das escolas públicas o que mais se vê nas paredes são pichações com apologia a toda sorte de crime. São diversas siglas de facções criminosas espalhadas pelos corredores, banheiros e salas de aula; desenhos de fuzis, pistolas e xingamentos os mais variados.
Talvez os ilustres leitores igualmente desconheçam, mas em cada 10 crimes que acontecem no Brasil, sete têm a participação de menores de idade.
É... já deu para perceber que esses menores não são tão inocentes assim. Muitos deles poderiam “ministrar aulas” de direito penal, processual penal e conhecem de cabo a rabo o Estatuto da Criança e do Adolescente. Sabem da fragilidade das nossas leis e se aproveitam disso para delinquir.
Seus pais e familiares nem sempre são omissos, mas a lei em vigor os impedem de ter atitudes mais extremas sob pena de prisão, o que os tornam refens de seus próprios filhos.
Definitivamente não dá para enviar flores para quem te recebe com balas de fuzil. Não se sabe exatamente o que teria levado aquele policial a cometer aquele ato extremo. Sim, é preciso apurar com rigor e isenção os fatos e punir os responsáveis.
Mas o policial, assim como o professor, trabalha sob um estresse que muita gente não tem noção, o que não justifica ações impulsivas como a mostrada no vídeo. O menor de idade que está no crime sabe perfeitamente que a lei não o alcançará, pois é inimputável.
Muitos policiais já devem ter se sentido impotentes e desanimados durante suas atividades, pois muitas vezes apreenderam “sementes do mal” em flagrante delito e estes sequer foram ouvidos pela autoridade policial. Não por culpa deste. É o sistema. Quantos não perderam horas e horas com a burocracia no interior de delegacias policiais enquanto o menor de idade saia debochando e pela porta da frente com escolta dos Conselhos Tutelares?
O que garante que aquele jovem do vídeo não teria atentado contra a vida daqueles policiais e quando sua munição teria acabado resolveu se entregar e numa lamentável explosão de estresse um dos policiais não teria disparado sua arma contra seu algoz? Quantos marginais não fazem isso? Trocam tiros e quando a munição acaba se entregam com medo de morrer? São covardes!
Que as pessoas entendam que não sou favorável à execução de quem quer que seja, mas apenas faço aqui uma análise imparcial dos fatos. Nada justifica tirar a vida de ninguém, exceto situações que a lei permite guardadas as devidas proporções, mas penso que chegou a hora de parar de se romantizar as coisas envolvendo menores de idade.
Enquanto aqueles parasitas lá do Congresso Nacional não reverem com responsabilidade nossos diplomas legais, “tiragem”, delegados, promotores e juízes muito pouco poderão fazer no combate eficaz à criminalidade. Não basta prender e condenar, é preciso leis que os façam cumprir integralmente suas penas. Nada de redução, como a recente aprovada pelo Congresso, que para cada 12 horas de estudo do preso diminui um dia na sua pena. Isso, sim, é uma sacanagem das grandes com o povo brasileiro que sustenta essa corja.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
BJN, (ES), 24 de março de 2011
Tomemos como exemplo a recente divulgação de um vídeo que mostra um menor de idade baleado “à queima roupa” no interior de uma favela do Amazonas por policiais militares.
É certo que os leitores não saibam, mas recentemente em uma escola pública o signatário deste foi ameaçado de morte por um menor de 10 anos de idade tão somente por tê-lo advertido face ao furto que este cometia no interior da mochila de um colega de classe. Absurdo? Não, a nossa realidade.
Talvez os leitores também não saibam, mas na maioria das escolas públicas o que mais se vê nas paredes são pichações com apologia a toda sorte de crime. São diversas siglas de facções criminosas espalhadas pelos corredores, banheiros e salas de aula; desenhos de fuzis, pistolas e xingamentos os mais variados.
Talvez os ilustres leitores igualmente desconheçam, mas em cada 10 crimes que acontecem no Brasil, sete têm a participação de menores de idade.
É... já deu para perceber que esses menores não são tão inocentes assim. Muitos deles poderiam “ministrar aulas” de direito penal, processual penal e conhecem de cabo a rabo o Estatuto da Criança e do Adolescente. Sabem da fragilidade das nossas leis e se aproveitam disso para delinquir.
Seus pais e familiares nem sempre são omissos, mas a lei em vigor os impedem de ter atitudes mais extremas sob pena de prisão, o que os tornam refens de seus próprios filhos.
Definitivamente não dá para enviar flores para quem te recebe com balas de fuzil. Não se sabe exatamente o que teria levado aquele policial a cometer aquele ato extremo. Sim, é preciso apurar com rigor e isenção os fatos e punir os responsáveis.
Mas o policial, assim como o professor, trabalha sob um estresse que muita gente não tem noção, o que não justifica ações impulsivas como a mostrada no vídeo. O menor de idade que está no crime sabe perfeitamente que a lei não o alcançará, pois é inimputável.
Muitos policiais já devem ter se sentido impotentes e desanimados durante suas atividades, pois muitas vezes apreenderam “sementes do mal” em flagrante delito e estes sequer foram ouvidos pela autoridade policial. Não por culpa deste. É o sistema. Quantos não perderam horas e horas com a burocracia no interior de delegacias policiais enquanto o menor de idade saia debochando e pela porta da frente com escolta dos Conselhos Tutelares?
O que garante que aquele jovem do vídeo não teria atentado contra a vida daqueles policiais e quando sua munição teria acabado resolveu se entregar e numa lamentável explosão de estresse um dos policiais não teria disparado sua arma contra seu algoz? Quantos marginais não fazem isso? Trocam tiros e quando a munição acaba se entregam com medo de morrer? São covardes!
Que as pessoas entendam que não sou favorável à execução de quem quer que seja, mas apenas faço aqui uma análise imparcial dos fatos. Nada justifica tirar a vida de ninguém, exceto situações que a lei permite guardadas as devidas proporções, mas penso que chegou a hora de parar de se romantizar as coisas envolvendo menores de idade.
Enquanto aqueles parasitas lá do Congresso Nacional não reverem com responsabilidade nossos diplomas legais, “tiragem”, delegados, promotores e juízes muito pouco poderão fazer no combate eficaz à criminalidade. Não basta prender e condenar, é preciso leis que os façam cumprir integralmente suas penas. Nada de redução, como a recente aprovada pelo Congresso, que para cada 12 horas de estudo do preso diminui um dia na sua pena. Isso, sim, é uma sacanagem das grandes com o povo brasileiro que sustenta essa corja.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
BJN, (ES), 24 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
A ANTÍTESE DA SEGURANÇA
Se por acaso alguém o parasse na rua para lhe perguntar qual a área de pesquisa que mais recebe investimentos do setor público, qual seria a sua resposta? Medicina? Errou. O segmento que mais recebe investimentos é o da segurança. Não em relação aos profissionais que atuam no setor, mas sim, em tecnologias.
A Sociologia moderna afirma que não existe sociedade, mas sim sociedades. São vários grupos dentro de um mesmo contexto político e econômico, mas com diferenças significativas no social, o que gera diferentes atuações do Estado, ainda que este negue tal prática. Mas não somos imbecis. Com exceção do juiz “Lalau”, quantos outros juízes você ouviu falar que foram parar na cadeia em razão de seus crimes? E olha que tem um rol enorme de juízes envolvidos em ilícitos os mais diversos. Então não me venham dizer que somos todos iguais perante a lei que não somos mesmo!
A ideia de poder, – ainda que estereotipada -, é algo que fascina e seduz o que acaba atraindo um contingente enorme para as forças policiais.
Mas há também pessoas que vão pela vocação e com a esperança de um dia serem dignamente remuneradas, mas infelizmente vão morrer sem que isso aconteça.
O Brasil é um país com dimensões continentais e por isso mesmo reúne um enorme mosaico cultural. As exigências de escolaridade para desempenhar as mesmas funções variam de região para região e, por conseguinte, de estado para estado, salvo as carreiras técnicas, como engenheiros, professores, médicos e outros que exigem curso superior, exigência que não se aplica aos policiais militares e civis, onde na maioria dos estados basta o ensino médio completo para o desempenho da função policial. Nota: O Distrito Federal é uma exceção. Lá, exige-se nível superior para todas às polícias.
Em países ditos desenvolvidos, não há grandes diferenças salariais entre as profissões. Na Dinamarca, por exemplo, é mínima a diferença entre o que recebe um garçom e um policial; um médico e uma faxineira; um professor e um taxista, quadro que se repete na maioria dos países europeus.
Mas aqui, essa diferença é absurda. No Brasil, um policial militar – independente do estado – ganha mais que qualquer professor da educação básica, independente da unidade da federação, o que não significa dizer que ele seja bem remunerado, ao contrário. Detalhe: para se tornar um soldado policial militar no estado do Rio de Janeiro basta o ensino médio, já um professor com licenciatura plena é preciso curso superior.
O sistema é perverso. Os discursos acompanham a lógica de Estado. Quanto mais se investir em segurança, mais se afasta o risco de uma revolta popular ou coisa parecida. Quanto menos se investir em educação, mais se perpetuará o quadro de ignorância e de multiplicação dos analfabetos funcionais, tudo o que o Estado precisa para evitar situações embaraçosas.
Mas a verdade é que essa segurança que nos é “vendida” é só aparente. O Rio de Janeiro está repleto de viaturas novinhas em folha, mas o salário dos policiais continua minguado. Atualmente nas salas de aula do estado existe um computador conectado diretamente na Secretaria de Educação, a chamada “Conexão Online”. Entre uma aula e outra o professor tem exatos três minutos para sair de uma sala e entrar em outra, sequer tem tempo para ir ao banheiro, mas seu salário...
Sim, vivemos no Panoptismo de Bentham. Colocaram a sociedade numa redoma vigiada. Todos são suspeitos até prova em contrário. É preciso vigiar e punir, esse é o discurso.
A educação faliu e definitivamente tornou-se uma utopia. Mas não vamos desistir. É fato que diariamente um sem número de professores pede exoneração do quadro permanente do magistério, mas também existem aqueles que ficam e acreditam em sonhos. Sabem que não terão vida para assistir às mudanças tão necessárias em nossa sociedade. Porém, o mais importante é que não se calaram não se omitiram e não foram subservientes. Se fosse apenas por isso, já teria valido à pena não ter abandonado aquelas crianças e adolescentes que caminham junto conosco acreditando em um dia viver num país menos hipócrita e verdadeiramente mais justo, mas há muito mais coisa que faz valer à pena e que somente quem é professor de verdade conhece.
A luta continua
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
17 de março de 2010
A Sociologia moderna afirma que não existe sociedade, mas sim sociedades. São vários grupos dentro de um mesmo contexto político e econômico, mas com diferenças significativas no social, o que gera diferentes atuações do Estado, ainda que este negue tal prática. Mas não somos imbecis. Com exceção do juiz “Lalau”, quantos outros juízes você ouviu falar que foram parar na cadeia em razão de seus crimes? E olha que tem um rol enorme de juízes envolvidos em ilícitos os mais diversos. Então não me venham dizer que somos todos iguais perante a lei que não somos mesmo!
A ideia de poder, – ainda que estereotipada -, é algo que fascina e seduz o que acaba atraindo um contingente enorme para as forças policiais.
Mas há também pessoas que vão pela vocação e com a esperança de um dia serem dignamente remuneradas, mas infelizmente vão morrer sem que isso aconteça.
O Brasil é um país com dimensões continentais e por isso mesmo reúne um enorme mosaico cultural. As exigências de escolaridade para desempenhar as mesmas funções variam de região para região e, por conseguinte, de estado para estado, salvo as carreiras técnicas, como engenheiros, professores, médicos e outros que exigem curso superior, exigência que não se aplica aos policiais militares e civis, onde na maioria dos estados basta o ensino médio completo para o desempenho da função policial. Nota: O Distrito Federal é uma exceção. Lá, exige-se nível superior para todas às polícias.
Em países ditos desenvolvidos, não há grandes diferenças salariais entre as profissões. Na Dinamarca, por exemplo, é mínima a diferença entre o que recebe um garçom e um policial; um médico e uma faxineira; um professor e um taxista, quadro que se repete na maioria dos países europeus.
Mas aqui, essa diferença é absurda. No Brasil, um policial militar – independente do estado – ganha mais que qualquer professor da educação básica, independente da unidade da federação, o que não significa dizer que ele seja bem remunerado, ao contrário. Detalhe: para se tornar um soldado policial militar no estado do Rio de Janeiro basta o ensino médio, já um professor com licenciatura plena é preciso curso superior.
O sistema é perverso. Os discursos acompanham a lógica de Estado. Quanto mais se investir em segurança, mais se afasta o risco de uma revolta popular ou coisa parecida. Quanto menos se investir em educação, mais se perpetuará o quadro de ignorância e de multiplicação dos analfabetos funcionais, tudo o que o Estado precisa para evitar situações embaraçosas.
Mas a verdade é que essa segurança que nos é “vendida” é só aparente. O Rio de Janeiro está repleto de viaturas novinhas em folha, mas o salário dos policiais continua minguado. Atualmente nas salas de aula do estado existe um computador conectado diretamente na Secretaria de Educação, a chamada “Conexão Online”. Entre uma aula e outra o professor tem exatos três minutos para sair de uma sala e entrar em outra, sequer tem tempo para ir ao banheiro, mas seu salário...
Sim, vivemos no Panoptismo de Bentham. Colocaram a sociedade numa redoma vigiada. Todos são suspeitos até prova em contrário. É preciso vigiar e punir, esse é o discurso.
A educação faliu e definitivamente tornou-se uma utopia. Mas não vamos desistir. É fato que diariamente um sem número de professores pede exoneração do quadro permanente do magistério, mas também existem aqueles que ficam e acreditam em sonhos. Sabem que não terão vida para assistir às mudanças tão necessárias em nossa sociedade. Porém, o mais importante é que não se calaram não se omitiram e não foram subservientes. Se fosse apenas por isso, já teria valido à pena não ter abandonado aquelas crianças e adolescentes que caminham junto conosco acreditando em um dia viver num país menos hipócrita e verdadeiramente mais justo, mas há muito mais coisa que faz valer à pena e que somente quem é professor de verdade conhece.
A luta continua
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
17 de março de 2010
quarta-feira, 16 de março de 2011
MENTIRAS DISFARÇADAS DE VERDADES
Talvez um dos piores inimigos da humanidade seja o medo do desconhecido. Esse temor em relação ao Nada, faz com que muitas pessoas cometam atos tresloucados e patéticos em razão dessa ignorância.
O homem inventou Deus e Este o homem e a religião. Em sociedades tão marcadas pelo pragmatismo religioso e pelo preconceito, essa afirmação talvez reverbere de forma adversa da qual se pretenda. Mas a vida é assim mesmo. Indivíduos se apropriam de um excerto de algo que se escreve ou se fala e criam suas próprias convicções; suas próprias “verdades”; seus “recortes do real”. A crítica com objetividade no stricto sensu não é uma prática muito comum em nosso meio.
Ao assistir a filmes épicos que retratam a vida de Cristo, sempre me questiono: onde as religiões que propagam a fé cristã se divorciaram da arqueologia dos saberes de Jesus? Segundo as narrativas, Jesus era uma pessoa extremamente simples. Sua filosofia era tão somente a prática do amor, da caridade e da humildade.
Mas o homem, ah, o homem... Apropriou-se de “recortes” daquilo que julgou conveniente apropriar-se e logo tratou de fundar uma seita. Sim, na época em que foi criada a Igreja era uma seita, e não uma religião. Somente séculos mais tarde, quando o número de adeptos foi aumentando, é que de fato ela se tornou uma religião.
Traçando uma breve história da Igreja, pude perceber que ela sempre ocupou um lugar de destaque nas sociedades em que se instalou.
Na Idade Média (476-1453) estava no topo da pirâmide social e norteava todo o comportamento das pessoas através do misticismo e do medo utilizando-se da Inquisição. Para alguns historiadores, esse momento é considerado um período de “trevas”, principalmente pelos renascentistas, que viam nessa época um retrocesso da humanidade sob todos os seus aspectos, principalmente naquilo que diz respeito à cultura e ao desenvolvimento intelectual do homem se comparado ao período anterior, a Antiguidade Clássica.
Na Idade Moderna (1453-1789) a Igreja igualmente assumiu uma postura radical em relação àqueles que discordavam de seus dogmas ou apenas tivessem uma opinião diferente daquela oficial. Mas nessa época a Reforma Protestante já havia acontecido. Na verdade era inevitável. Inconformada com a perda de fiéis para o protestantismo e sete anos após a Contrarreforma, a resposta da Igreja Católica não tardou e radicalizou ainda mais seus métodos.
Na noite de 24 de agosto de 1572, centenas de milhares de protestantes foram mortos por católicos no interior de uma igreja e arredores. Esse triste episódio ficou conhecido como “A Noite de São Bartolomeu”. Mas não foi só isso. A própria colonização da América do Norte é resultado das lutas de religiões que estavam ocorrendo em toda a Europa, principalmente na França e Inglaterra, países lavados de sangue por essa guerra estúpida e irracional.
Não podemos também esquecer que havia o Tribunal do Santo Ofício, órgão criado pela Igreja Católica para julgar as pessoas acusadas de bruxaria as quais em sua maioria eram consideradas culpadas e covardemente imoladas.
A Idade Contemporânea (1789 aos dias atuais) também foi uma época recheada de contradições para aquela que se julgava herdeira do Império Romano do Ocidente, mas que guardou a sete chaves a literatura filosófica.
Giuseppi Giovanni Pacelli, também conhecido como o Papa Pio XII, em troca de um punhado de dinheiro fez vista grossa às inúmeras atrocidades cometidas pelo fascista Benito Mussolli.
Essas mesmas mãos que “abençoavam” os cristãos apertavam as mãos de homens como Mussolini e Hitler.
Se a Igreja Católica não tivesse sido tão omissa em razão do seu medo no triunfo do socialismo soviético, talvez milhões de vidas tivessem sido poupadas nos campos de concentração espalhados por quase toda a Europa.
Atualmente entristeço-me ao ligar a tv e assistir a anúncios de igrejas católicas e evangélicas que vendem de tudo. Desde a folhinha dos dias do ano, a chaveirinhos, toalhas, copos, cd’s, livros, fim de semana não sei aonde, viagens à Terra Santa e por aí vai.
Templos que mais se assemelham aos palácios dado às suas ostentações de luxo e riquezas afastam os mais simples, que muitas vezes por vergonha por não terem roupas que consideram adequadas, deixam de frequentá-las, o que sinceramente não acho que estejam perdendo grande coisa.
Nesse contexto, fica uma pergunta bem simples: onde foram parar as práticas dos ensinamentos de Jesus? O ser humano continua o mesmo, senão pior.
Mesmo na Idade Média, quando eram comuns os problemas de abastecimento, os senhores feudais abriam seus silos de grãos e distribuíam aos pobres. Hoje, nas grandes cidades, pessoas recolhem restos de comida nas lixeiras e as pessoas passam ao lado indiferentes. É essa a prática que chamam de fraternidade? É isso que é ser irmão?
São médicos que só atendem por dinheiro, defensores que igualmente só visam quanto irão ganhar na próxima ação, professores que fingem que ensinam porque acham que não ganham o suficiente para ensinar, policiais que prevaricam quando “rola” uma graninha, padres, pastores, rabinos e outros que vivem para pedir dinheiro aos fiéis para mais uma “obrinha”, mas a Igreja, enquanto instituição, muito pouco ou nada faz para minorar o pior dos dramas humanos: a fome. Essas mesmas pessoas todos os domingos e dias ditos santos estão lá, lotando as naves das igrejas para verem e serem vistas, talvez seus únicos objetivos: serem considerados pelo “outro” bons cristãos e bons cidadãos.
Por último, penso que já passou da hora das pessoas questionarem suas instituições. Não apenas as políticas, mas principalmente as religiosas. Talvez seu dinheiro fosse mais bem empregado se fossem compradas mensalmente cestas básicas e anonimamente distribuídas aos necessitados; talvez seu tempo fosse mais bem aproveitado se dedicado ao trabalho voluntário, tem tanta gente precisando que você não faz ideia. Talvez assim, quem sabe, você se aproxime mais de sua fé, afinal, nada como ousar e duvidar do óbvio.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
O homem inventou Deus e Este o homem e a religião. Em sociedades tão marcadas pelo pragmatismo religioso e pelo preconceito, essa afirmação talvez reverbere de forma adversa da qual se pretenda. Mas a vida é assim mesmo. Indivíduos se apropriam de um excerto de algo que se escreve ou se fala e criam suas próprias convicções; suas próprias “verdades”; seus “recortes do real”. A crítica com objetividade no stricto sensu não é uma prática muito comum em nosso meio.
Ao assistir a filmes épicos que retratam a vida de Cristo, sempre me questiono: onde as religiões que propagam a fé cristã se divorciaram da arqueologia dos saberes de Jesus? Segundo as narrativas, Jesus era uma pessoa extremamente simples. Sua filosofia era tão somente a prática do amor, da caridade e da humildade.
Mas o homem, ah, o homem... Apropriou-se de “recortes” daquilo que julgou conveniente apropriar-se e logo tratou de fundar uma seita. Sim, na época em que foi criada a Igreja era uma seita, e não uma religião. Somente séculos mais tarde, quando o número de adeptos foi aumentando, é que de fato ela se tornou uma religião.
Traçando uma breve história da Igreja, pude perceber que ela sempre ocupou um lugar de destaque nas sociedades em que se instalou.
Na Idade Média (476-1453) estava no topo da pirâmide social e norteava todo o comportamento das pessoas através do misticismo e do medo utilizando-se da Inquisição. Para alguns historiadores, esse momento é considerado um período de “trevas”, principalmente pelos renascentistas, que viam nessa época um retrocesso da humanidade sob todos os seus aspectos, principalmente naquilo que diz respeito à cultura e ao desenvolvimento intelectual do homem se comparado ao período anterior, a Antiguidade Clássica.
Na Idade Moderna (1453-1789) a Igreja igualmente assumiu uma postura radical em relação àqueles que discordavam de seus dogmas ou apenas tivessem uma opinião diferente daquela oficial. Mas nessa época a Reforma Protestante já havia acontecido. Na verdade era inevitável. Inconformada com a perda de fiéis para o protestantismo e sete anos após a Contrarreforma, a resposta da Igreja Católica não tardou e radicalizou ainda mais seus métodos.
Na noite de 24 de agosto de 1572, centenas de milhares de protestantes foram mortos por católicos no interior de uma igreja e arredores. Esse triste episódio ficou conhecido como “A Noite de São Bartolomeu”. Mas não foi só isso. A própria colonização da América do Norte é resultado das lutas de religiões que estavam ocorrendo em toda a Europa, principalmente na França e Inglaterra, países lavados de sangue por essa guerra estúpida e irracional.
Não podemos também esquecer que havia o Tribunal do Santo Ofício, órgão criado pela Igreja Católica para julgar as pessoas acusadas de bruxaria as quais em sua maioria eram consideradas culpadas e covardemente imoladas.
A Idade Contemporânea (1789 aos dias atuais) também foi uma época recheada de contradições para aquela que se julgava herdeira do Império Romano do Ocidente, mas que guardou a sete chaves a literatura filosófica.
Giuseppi Giovanni Pacelli, também conhecido como o Papa Pio XII, em troca de um punhado de dinheiro fez vista grossa às inúmeras atrocidades cometidas pelo fascista Benito Mussolli.
Essas mesmas mãos que “abençoavam” os cristãos apertavam as mãos de homens como Mussolini e Hitler.
Se a Igreja Católica não tivesse sido tão omissa em razão do seu medo no triunfo do socialismo soviético, talvez milhões de vidas tivessem sido poupadas nos campos de concentração espalhados por quase toda a Europa.
Atualmente entristeço-me ao ligar a tv e assistir a anúncios de igrejas católicas e evangélicas que vendem de tudo. Desde a folhinha dos dias do ano, a chaveirinhos, toalhas, copos, cd’s, livros, fim de semana não sei aonde, viagens à Terra Santa e por aí vai.
Templos que mais se assemelham aos palácios dado às suas ostentações de luxo e riquezas afastam os mais simples, que muitas vezes por vergonha por não terem roupas que consideram adequadas, deixam de frequentá-las, o que sinceramente não acho que estejam perdendo grande coisa.
Nesse contexto, fica uma pergunta bem simples: onde foram parar as práticas dos ensinamentos de Jesus? O ser humano continua o mesmo, senão pior.
Mesmo na Idade Média, quando eram comuns os problemas de abastecimento, os senhores feudais abriam seus silos de grãos e distribuíam aos pobres. Hoje, nas grandes cidades, pessoas recolhem restos de comida nas lixeiras e as pessoas passam ao lado indiferentes. É essa a prática que chamam de fraternidade? É isso que é ser irmão?
São médicos que só atendem por dinheiro, defensores que igualmente só visam quanto irão ganhar na próxima ação, professores que fingem que ensinam porque acham que não ganham o suficiente para ensinar, policiais que prevaricam quando “rola” uma graninha, padres, pastores, rabinos e outros que vivem para pedir dinheiro aos fiéis para mais uma “obrinha”, mas a Igreja, enquanto instituição, muito pouco ou nada faz para minorar o pior dos dramas humanos: a fome. Essas mesmas pessoas todos os domingos e dias ditos santos estão lá, lotando as naves das igrejas para verem e serem vistas, talvez seus únicos objetivos: serem considerados pelo “outro” bons cristãos e bons cidadãos.
Por último, penso que já passou da hora das pessoas questionarem suas instituições. Não apenas as políticas, mas principalmente as religiosas. Talvez seu dinheiro fosse mais bem empregado se fossem compradas mensalmente cestas básicas e anonimamente distribuídas aos necessitados; talvez seu tempo fosse mais bem aproveitado se dedicado ao trabalho voluntário, tem tanta gente precisando que você não faz ideia. Talvez assim, quem sabe, você se aproxime mais de sua fé, afinal, nada como ousar e duvidar do óbvio.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
SOMOS TODOS IGUAIS
Por
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
28 de fevereiro de 2011
Definitivamente o ser humano não foi concebido para viver só, trata-se de uma constatação social indiscutível. Mesmo nesse modelo de sociedade cada vez mais decadente, são em nossos pares. nessa “Selva de Pedra”, que encontramos a tão necessária força para nos ajudar a superar uma dificuldade ou mesmo um problema. O que seria de nós sem nossos amigos para nos ajudar em nossos dramas cotidianos? Como lidar no singular com dores que parecem dilacerar nossos corações e mentes? Quando a dor é oriunda de uma ruptura amorosa, aí então nem se fala. Independentes de escolarização, grau de cultura e posição social, é todo mundo igual nessa hora.
Os protagonistas desse enredo sentem as mesmas dores, isso porque, elas se alojam naquilo que o ser humano tem de mais sensível: a alma. Talvez por esse pequeno detalhe, as decepções amorosas sejam tão doloridas e difíceis de serem superadas, mas nesse momento não podemos esquecer da lição de Saint-Èxupèry: “só se vê bem com o coração...”.
Mas como atravessar esse “vale de lágrimas” que parece não ter fim? Reza o dito popular que para se esquecer um amor só um outro amor. Seria perfeito se não fosse tão simplista. Mas além de simplista, é desonesto, falho e idiota. É preciso enfrentar as coisas de frente e enxergá-las como realmente se apresentam a nós, e não como gostaríamos que elas fossem. É missão árdua e que demanda o tal do “tic-tac”, mas uma vez superado é definitivo, não tem volta. Nesse momento deixamos de sofrer e não seremos mais “assombrados” pelas “visões” que só existem em nossas mentes e que nos causam tanta dor pelo fato de sua impossibilidade, mas é preciso perceber que o que desejamos nem sempre pertence à realidade daquilo que o “outro” quer viver. É preciso também respeitá-lo em sua decisão para que ele seja feliz, mesmo sem a nossa presença.
Nessas horas é primordial rodear-se de amigos. Sim, amigos verdadeiros e que traduzem a mais fiel expressão do amor. São eles que nos carregam no colo e são eles ainda que ouvem a mesma história repetida centenas de vezes como se fosse a primeira e sem reclamar da redundância. Essas pessoas maravilhosas iluminam a “Caverna de Platão” que nos encontramos e sofrem conosco quando relutamos em enxergar a luz que nos devolverá a alegria de viver e por conseguinte amar novamente. Mas eles insistem em seu propósito de nos resgatar. Muitas vezes deixam seus amores para ouvir nossas lamúrias e nos chamar à razão; não ao cartesianismo do século XVIII, mas razão existencialista presente no pensamento de Sartre, Heiddegger, Merleau-Ponty, Beauvoir e tantos outros.
Mas a grande surpresa ao final desse “resgate”, é poder perceber que desde o mais simples ao mais literato dos amigos, todos foram fundamentais na formação da nossa convicção em relação ao nosso papel nessa Teia de Penélope. E sabem o que eles nos disseram quando voltamos à vida? Que nós não conseguiríamos enxergar o que eles estavam tentando nos dizer o tempo todo. E sabem por quê? Pelo fato de que “... O essencial é invisível para os olhos”, e nós estávamos míopes, não iríamos mesmo conseguir enxergar o óbvio, ou seja, da inevitabilidade de que tudo o que é sólido desmancha no ar, até mesmo amores eventuais, ou nem tão eventuais assim.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
28 de fevereiro de 2011
Definitivamente o ser humano não foi concebido para viver só, trata-se de uma constatação social indiscutível. Mesmo nesse modelo de sociedade cada vez mais decadente, são em nossos pares. nessa “Selva de Pedra”, que encontramos a tão necessária força para nos ajudar a superar uma dificuldade ou mesmo um problema. O que seria de nós sem nossos amigos para nos ajudar em nossos dramas cotidianos? Como lidar no singular com dores que parecem dilacerar nossos corações e mentes? Quando a dor é oriunda de uma ruptura amorosa, aí então nem se fala. Independentes de escolarização, grau de cultura e posição social, é todo mundo igual nessa hora.
Os protagonistas desse enredo sentem as mesmas dores, isso porque, elas se alojam naquilo que o ser humano tem de mais sensível: a alma. Talvez por esse pequeno detalhe, as decepções amorosas sejam tão doloridas e difíceis de serem superadas, mas nesse momento não podemos esquecer da lição de Saint-Èxupèry: “só se vê bem com o coração...”.
Mas como atravessar esse “vale de lágrimas” que parece não ter fim? Reza o dito popular que para se esquecer um amor só um outro amor. Seria perfeito se não fosse tão simplista. Mas além de simplista, é desonesto, falho e idiota. É preciso enfrentar as coisas de frente e enxergá-las como realmente se apresentam a nós, e não como gostaríamos que elas fossem. É missão árdua e que demanda o tal do “tic-tac”, mas uma vez superado é definitivo, não tem volta. Nesse momento deixamos de sofrer e não seremos mais “assombrados” pelas “visões” que só existem em nossas mentes e que nos causam tanta dor pelo fato de sua impossibilidade, mas é preciso perceber que o que desejamos nem sempre pertence à realidade daquilo que o “outro” quer viver. É preciso também respeitá-lo em sua decisão para que ele seja feliz, mesmo sem a nossa presença.
Nessas horas é primordial rodear-se de amigos. Sim, amigos verdadeiros e que traduzem a mais fiel expressão do amor. São eles que nos carregam no colo e são eles ainda que ouvem a mesma história repetida centenas de vezes como se fosse a primeira e sem reclamar da redundância. Essas pessoas maravilhosas iluminam a “Caverna de Platão” que nos encontramos e sofrem conosco quando relutamos em enxergar a luz que nos devolverá a alegria de viver e por conseguinte amar novamente. Mas eles insistem em seu propósito de nos resgatar. Muitas vezes deixam seus amores para ouvir nossas lamúrias e nos chamar à razão; não ao cartesianismo do século XVIII, mas razão existencialista presente no pensamento de Sartre, Heiddegger, Merleau-Ponty, Beauvoir e tantos outros.
Mas a grande surpresa ao final desse “resgate”, é poder perceber que desde o mais simples ao mais literato dos amigos, todos foram fundamentais na formação da nossa convicção em relação ao nosso papel nessa Teia de Penélope. E sabem o que eles nos disseram quando voltamos à vida? Que nós não conseguiríamos enxergar o que eles estavam tentando nos dizer o tempo todo. E sabem por quê? Pelo fato de que “... O essencial é invisível para os olhos”, e nós estávamos míopes, não iríamos mesmo conseguir enxergar o óbvio, ou seja, da inevitabilidade de que tudo o que é sólido desmancha no ar, até mesmo amores eventuais, ou nem tão eventuais assim.
A luta continua.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O INDIVÍDUO FRAGMENTADO
Por Marcelo Adriano Nunes de Jesus
Qual a condição sine qua non para se reconhecer como verdadeiro um sentimento que brota em nossos corações em relação a uma pessoa? O desejo em estar juntos? A excitação? A beleza? A inteligência? O charme? O afeto? O amor? A cumplicidade? A verdade? Ou uma condição material confortável? E quando todos esses elementos ou parte deles se encontram materializados nas ações do objeto manifesto? Qual a sua resposta ao seu coração? Apesar de algumas possíveis dificuldades, você o assume e enfrenta a situação por mais adversa que possa parecer, ou o deixa escapar por acreditar no amor perfeito? E quando é o dinheiro que tem o maior peso? É possível amar uma pessoa apenas pelo dinheiro que ela tem? Cuidado com a sua resposta, pois existem pessoas que vivem com outras apenas por esse pequeno e insignificante detalhe.
Refletindo acerca do Fausto de Goethe e Assim Falou Zaratustra de Nietzsche, não foi difícil concluir que a maioria das pessoas gostaria de viver uma outra vida. Sim, uma vida talvez repleta de sentidos, já que quando se esboça tal ideia, isso sugere que não se está nada satisfeito com a atual condição. Mas a questão é: por que desejamos uma outra vida já que temos a oportunidade de reescrever a nossa história nesta? O que nos torna tão limitados em relação a nós mesmos e ao nosso suposto amor a ponto de desejar uma outra vida? Quantos de vocês, que agora estão lendo este texto, arriscariam viver plenamente um amor se todos os substantivos elencandos acima e mais alguns não citados estivessem reunidos naquela pessoa que mexe tanto com você, mas que por outro lado você afirma conhecer tão pouco para se entregar e assim perde a oportunidade de amar de verdade? Já parou para pensar nas consequências que isso terá em sua vida doravante? Não?! Pois deveria. Você se conhece? Sabe exatamente seus limites em relação à dor da perda? Conhece verdadeiramente seus medos? E quanto ao amor, o que ele representa para você? Você acredita na sua existência, crê na possibilidade de viver um amor hollywoodiano? Não?! Que pena, pois é possível!
A leveza da vida é insustentável, basta olhar ao redor e perceber às inúmeras oportunidades que temos; sim, e elas se renovam a cada novo dia, mas o caminho sugere que comecemos fazendo o outro feliz, ainda que essa ação seja representada por um simples “bom dia”. Entretanto, o medo, aliado à ignorância de nossas incertezas e dúvidas em relação a situações que não controlamos e nunca haveremos de controlar, é que faz com que não raro, percamos de vista a nossa própria beleza. É como se ficássemos míopes de nós mesmos, e isso faz com que não consigamos enxergar as flores que os outros nos trazem todos os dias para enfeitar nosso jardim da vida. Você já regou o seu jardim hoje? E quanto às flores, elas vieram?
O tempo é implacável com tudo o que existe. Nada, absolutamente nada, escapa ao seu eterno tic-tac.
Não permita que criem em você um Doutor Fausto nem tampouco uma Gretchen . Aprecie a vida em toda sua plenitude, acredite que o amor existe e é lindo e maravilhoso vivê-lo, mas também não perca de vista o fato inexorável do tic-tac... Tudo passa, e tudo também acaba, afinal, tudo o que é sólido desmancha no ar.
A luta continua.
Personagens do livro Fausto, de Goethe.
Ibidem.
Qual a condição sine qua non para se reconhecer como verdadeiro um sentimento que brota em nossos corações em relação a uma pessoa? O desejo em estar juntos? A excitação? A beleza? A inteligência? O charme? O afeto? O amor? A cumplicidade? A verdade? Ou uma condição material confortável? E quando todos esses elementos ou parte deles se encontram materializados nas ações do objeto manifesto? Qual a sua resposta ao seu coração? Apesar de algumas possíveis dificuldades, você o assume e enfrenta a situação por mais adversa que possa parecer, ou o deixa escapar por acreditar no amor perfeito? E quando é o dinheiro que tem o maior peso? É possível amar uma pessoa apenas pelo dinheiro que ela tem? Cuidado com a sua resposta, pois existem pessoas que vivem com outras apenas por esse pequeno e insignificante detalhe.
Refletindo acerca do Fausto de Goethe e Assim Falou Zaratustra de Nietzsche, não foi difícil concluir que a maioria das pessoas gostaria de viver uma outra vida. Sim, uma vida talvez repleta de sentidos, já que quando se esboça tal ideia, isso sugere que não se está nada satisfeito com a atual condição. Mas a questão é: por que desejamos uma outra vida já que temos a oportunidade de reescrever a nossa história nesta? O que nos torna tão limitados em relação a nós mesmos e ao nosso suposto amor a ponto de desejar uma outra vida? Quantos de vocês, que agora estão lendo este texto, arriscariam viver plenamente um amor se todos os substantivos elencandos acima e mais alguns não citados estivessem reunidos naquela pessoa que mexe tanto com você, mas que por outro lado você afirma conhecer tão pouco para se entregar e assim perde a oportunidade de amar de verdade? Já parou para pensar nas consequências que isso terá em sua vida doravante? Não?! Pois deveria. Você se conhece? Sabe exatamente seus limites em relação à dor da perda? Conhece verdadeiramente seus medos? E quanto ao amor, o que ele representa para você? Você acredita na sua existência, crê na possibilidade de viver um amor hollywoodiano? Não?! Que pena, pois é possível!
A leveza da vida é insustentável, basta olhar ao redor e perceber às inúmeras oportunidades que temos; sim, e elas se renovam a cada novo dia, mas o caminho sugere que comecemos fazendo o outro feliz, ainda que essa ação seja representada por um simples “bom dia”. Entretanto, o medo, aliado à ignorância de nossas incertezas e dúvidas em relação a situações que não controlamos e nunca haveremos de controlar, é que faz com que não raro, percamos de vista a nossa própria beleza. É como se ficássemos míopes de nós mesmos, e isso faz com que não consigamos enxergar as flores que os outros nos trazem todos os dias para enfeitar nosso jardim da vida. Você já regou o seu jardim hoje? E quanto às flores, elas vieram?
O tempo é implacável com tudo o que existe. Nada, absolutamente nada, escapa ao seu eterno tic-tac.
Não permita que criem em você um Doutor Fausto nem tampouco uma Gretchen . Aprecie a vida em toda sua plenitude, acredite que o amor existe e é lindo e maravilhoso vivê-lo, mas também não perca de vista o fato inexorável do tic-tac... Tudo passa, e tudo também acaba, afinal, tudo o que é sólido desmancha no ar.
A luta continua.
Personagens do livro Fausto, de Goethe.
Ibidem.
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