O que você enxerga quando se vê no espelho? Será que percebeu que já não é tão jovem e que o tempo também passou para você? Será que você ainda não aprendeu que a felicidade repousa na busca? Você se tornou aquilo que um dia disse que queria ser quando criança? Você ama alguém de verdade, ou vive num eterno teatro de conveniências? E se o mundo acabasse quando você terminasse de ler esse texto, o que você faria? Terminaria de ler o texto até o fim e deixaria que as coisas terminassem como estão, ou interromperia a leitura e reescreveria a sua história antes do mundo acabar? Aonde foram parar os seus sonhos? Terminaram a partir do momento em que você os conquistou, ou se renovam a cada dia? Hoje você já disse “eu te amo” a alguém que considera importante em sua vida, ou mais uma vez deixou escapar a oportunidade de tornar o dia do outro mais feliz? Cumprimentou aquela pessoa simples que você quase não nota em seu tão corrido cotidiano, ou só se dirigiu àquelas que porventura têm algum interesse para você? Por que sua vida é tão corrida a ponto de não ter tempo de notar o sorriso de uma bela criança que passou bem ao seu lado e você nem percebeu a sua linda existência? E o que dizer dos outros detalhes, como aquela árvore que apareceu na sua rua e você nem notou?
É, fala-se tanto em Deus de uma maneira tão sem sentido, que penso que Deus deveria ser reinventado, recriado. Esse modelo de ensinamento judaico, cristão e muçulmano – isso para citar apenas as religiões monoteístas -, definitivamente não condizem com as práticas de seus seguidores. Basta olhar a situação do Oriente Médio e de outras partes do mundo. Em nome de Deus, se matou e ainda se continua matando, isso tudo para esconder pretensões em geral ligadas às questões econômicas. A história está cheia desses exemplos.
A maior preocupação das pessoas é em acumular, seja dinheiro, bens materiais e amigos importantes, e o mais interessante, é que pedem isso a Deus, como se Deus não tivesse coisas mais importantes para resolver, como por exemplo, nos tornar pessoas melhores. Quando foi a última vez em suas orações que você pediu paz para o mundo? Menos fome, menos mortes, menos indiferença?
É, temos muito que melhorar, mas a questão, a grande questão, é se teremos tempo de criar uma outra imagem refletida no espelho. Deu para notar que mundo não acabou e que o tempo não parou; o relógio da vida continua seguindo seu ritmo e junto com ele nossas oportunidades de dotar o mundo à nossa volta de leveza e sentido, ou não, a escolha é nossa.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
sábado, 18 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
A OUTRA FACE DA GUERRA NO RIO
Os últimos acontecimentos que ganharam destaques na mídia nacional e internacional envolvendo Estado versus traficantes num complexo de favelas no Rio de Janeiro, trouxeram à tona outros personagens além dos traficantes em fuga e os bravos policiais que participaram de suas caçadas: seus esquecidos moradores e sua relação com o tráfico de drogas. Uma parcela significativa desses moradores participou ativamente na retirada de armas e drogas dessas comunidades, denunciando, quando se sentiram seguros, paiol de armas e esconderijos de drogas, demonstrando com isso, que não eram complacentes com a criminalidade, mas sim, vítimas de um perverso sistema.
Mas o tráfico não é um elemento novo em nossa história. Na verdade, ele começa mesmo antes da chegada do europeu no Brasil, só que naquela época, o tráfico não era de drogas, mas sim, de pessoas, e este, era amplamente praticado pela elite e com aval do Estado e da sociedade que se beneficiava daquele comércio.
Se pararmos para pensar, o Brasil tem apenas 510 anos e apenas 122 desde o fim da escravidão. A questão é: o que foi feito com aquelas pessoas que a partir de 13 de maio de 1888 se tornaram livres? Será que a mentalidade da inteligentsia brasileira em relação aos negros mudou a partir daquela data? Não, não mudou, ao contrário, aperfeiçoou-se. Inventaram a eugenia, que previa o embranquecimento da população brasileira a partir da miscigenação com imigrantes que para cá vieram com o financiamento do Estado para substituir os negros libertos. Além de fomentar o preconceito e a dificuldade de acesso às questões básicas para negros e descendentes, tais como educação, moradia digna, trabalho e justiça, o sistema continuou punindo-os quando ignorou as suas existências, deixando-os à própria sorte.
O resultado foi que o “grosso” da população que passou a morar em áreas dominadas pelo tráfico de entorpecentes ou eram nordestinos que “fugiram” da miséria de suas regiões porque o Estado nunca se preocupou em lhes dar condições mínimas de sobrevivência, e assim, milhares de retirantes abandonaram suas terras natais em busca da doce ilusão propagada pelos comerciais das tevês de que o “paraíso” seria aqui, ou então os herdeiros desse famigerado comércio chamado “tráfico negreiro”, que por total omissão do Estado em cumprir suas obrigações, deixaram essas pessoas esquecidas e ignoraram o monstro que estava sendo criado.
Mas eis que, quando a criminalidade não ficou mais circunscrita a essas áreas, quando os filhos da elite passaram também a ser refém das drogas e a elite vítima de sua própria indiferença, o Estado resolveu agir, prendendo alguns malfeitores e ocupando o seu lugar.
Certo alívio tomou conta da Cidade Maravilhosa, principalmente das pessoas que moram nesses locais. Libertas quae será tamen! Mas a minha dúvida em relação a essa liberdade tardia é a seguinte: o que farão com aqueles moradores? Ficarão novamente à própria sorte, ou alguma coisa será feita no sentido de se desenvolver o potencial econômico da região? Serão criados institutos politécnicos? E as universidades, chegarão? Serviços públicos? Dignidade? Respeito? É o mínimo que se espera após tantos e tantos anos de esquecimento.
Não se pode esquecer que muitos daqueles heróis que participaram desse momento histórico também moram em locais perecidos com os complexos de favelas agora retomados pelo Estado. Mesmo mal ganhando para sobreviver, homens e mulheres vestiram a camisa de suas instituições e foram para a guerra, e graças a Deus não houve derramamento de sangue.
É inadmissível que legisladores e chefes de executivo continuem a ignorar aquilo que é obrigação deles fazer: leis eficientes e cumprimento das mesmas, pois não adianta a polícia fazer o seu trabalho e o judiciário ser obrigado a colocar novamente nas ruas marginais que aterrorizaram a população justamente por não terem um sistema eficiente de punição.
Não adianta o governador exigir um trabalho de qualidade como o recém demonstrado pela polícia carioca, se eles mal ganham para viver. Nesse contexto, a sedução pela corrupção se torna um atrativo, pois quando o policial percebe que não terá dinheiro para trabalhar no dia seguinte, nem no seguinte, coitado, qualquer nota de 10 reais torna-se inevitável para a prevaricação, e aí, caros amigos, recriaremos novamente o Leviatã.
A luta continua
Marcelo Adriano Nunes de jesus
Mas o tráfico não é um elemento novo em nossa história. Na verdade, ele começa mesmo antes da chegada do europeu no Brasil, só que naquela época, o tráfico não era de drogas, mas sim, de pessoas, e este, era amplamente praticado pela elite e com aval do Estado e da sociedade que se beneficiava daquele comércio.
Se pararmos para pensar, o Brasil tem apenas 510 anos e apenas 122 desde o fim da escravidão. A questão é: o que foi feito com aquelas pessoas que a partir de 13 de maio de 1888 se tornaram livres? Será que a mentalidade da inteligentsia brasileira em relação aos negros mudou a partir daquela data? Não, não mudou, ao contrário, aperfeiçoou-se. Inventaram a eugenia, que previa o embranquecimento da população brasileira a partir da miscigenação com imigrantes que para cá vieram com o financiamento do Estado para substituir os negros libertos. Além de fomentar o preconceito e a dificuldade de acesso às questões básicas para negros e descendentes, tais como educação, moradia digna, trabalho e justiça, o sistema continuou punindo-os quando ignorou as suas existências, deixando-os à própria sorte.
O resultado foi que o “grosso” da população que passou a morar em áreas dominadas pelo tráfico de entorpecentes ou eram nordestinos que “fugiram” da miséria de suas regiões porque o Estado nunca se preocupou em lhes dar condições mínimas de sobrevivência, e assim, milhares de retirantes abandonaram suas terras natais em busca da doce ilusão propagada pelos comerciais das tevês de que o “paraíso” seria aqui, ou então os herdeiros desse famigerado comércio chamado “tráfico negreiro”, que por total omissão do Estado em cumprir suas obrigações, deixaram essas pessoas esquecidas e ignoraram o monstro que estava sendo criado.
Mas eis que, quando a criminalidade não ficou mais circunscrita a essas áreas, quando os filhos da elite passaram também a ser refém das drogas e a elite vítima de sua própria indiferença, o Estado resolveu agir, prendendo alguns malfeitores e ocupando o seu lugar.
Certo alívio tomou conta da Cidade Maravilhosa, principalmente das pessoas que moram nesses locais. Libertas quae será tamen! Mas a minha dúvida em relação a essa liberdade tardia é a seguinte: o que farão com aqueles moradores? Ficarão novamente à própria sorte, ou alguma coisa será feita no sentido de se desenvolver o potencial econômico da região? Serão criados institutos politécnicos? E as universidades, chegarão? Serviços públicos? Dignidade? Respeito? É o mínimo que se espera após tantos e tantos anos de esquecimento.
Não se pode esquecer que muitos daqueles heróis que participaram desse momento histórico também moram em locais perecidos com os complexos de favelas agora retomados pelo Estado. Mesmo mal ganhando para sobreviver, homens e mulheres vestiram a camisa de suas instituições e foram para a guerra, e graças a Deus não houve derramamento de sangue.
É inadmissível que legisladores e chefes de executivo continuem a ignorar aquilo que é obrigação deles fazer: leis eficientes e cumprimento das mesmas, pois não adianta a polícia fazer o seu trabalho e o judiciário ser obrigado a colocar novamente nas ruas marginais que aterrorizaram a população justamente por não terem um sistema eficiente de punição.
Não adianta o governador exigir um trabalho de qualidade como o recém demonstrado pela polícia carioca, se eles mal ganham para viver. Nesse contexto, a sedução pela corrupção se torna um atrativo, pois quando o policial percebe que não terá dinheiro para trabalhar no dia seguinte, nem no seguinte, coitado, qualquer nota de 10 reais torna-se inevitável para a prevaricação, e aí, caros amigos, recriaremos novamente o Leviatã.
A luta continua
Marcelo Adriano Nunes de jesus
terça-feira, 30 de novembro de 2010
O PARADOXO DA EXISTÊNCIA HUMANA
À SÍLVIA REGINA DO AMARAL PORTELLA *26/11/1911 + 24/11/2010
In Memorian
A ilusão das riquezas...
A dor da pobreza.
A ilusão da vida...
A certeza da morte.
Vida... Vida que segue na direção atroz e inescusável da morte. Morte, que nos machuca e dilacera os corações.
Mas nos fizeram crer diferente, onde a inevitabilidade da morte era assunto que não deveria ser tratado antes dela chegar. Por isso mesmo sofremos quando esta chega sempre sem avisar.
Forçaram-nos acreditar através de seus discursos, que o verdadeiro significado da vida repousava no fato de se ter um “bom emprego”, uma bela conta bancária e todos os outros acessórios decorrentes. Isto sim, o mais importante.
Eles mentiram ao afirmar que somos todos iguais. Mentiram ao afirmar categoricamente que nascemos livres, mas não reproduziram o que Rousseau dissera em relação à liberdade e felicidade.
Mentiram, mentiram, mentiram e seguem mentindo quando mais uma vez afirmam que somos irmãos. Não somos nem vivemos como tal, ao contrário, somos estranhos uns aos outros, salvo raras exceções.
Enquanto prevalecer o interesse individual em detrimento ao coletivo, a tão esperada “Paz na Terra” será um sonho cada vez mais distante. É preciso amar de verdade.
Por um dia ou mais eu gostaria de ser Deus, para assim conceder a verdadeira felicidade às pessoas ao trazer novamente para suas vidas seus entes tão queridos que um dia se foram no absurdo da morte. Descanse em paz, vozinha eternamente a amarei.
A luta continua
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
In Memorian
A ilusão das riquezas...
A dor da pobreza.
A ilusão da vida...
A certeza da morte.
Vida... Vida que segue na direção atroz e inescusável da morte. Morte, que nos machuca e dilacera os corações.
Mas nos fizeram crer diferente, onde a inevitabilidade da morte era assunto que não deveria ser tratado antes dela chegar. Por isso mesmo sofremos quando esta chega sempre sem avisar.
Forçaram-nos acreditar através de seus discursos, que o verdadeiro significado da vida repousava no fato de se ter um “bom emprego”, uma bela conta bancária e todos os outros acessórios decorrentes. Isto sim, o mais importante.
Eles mentiram ao afirmar que somos todos iguais. Mentiram ao afirmar categoricamente que nascemos livres, mas não reproduziram o que Rousseau dissera em relação à liberdade e felicidade.
Mentiram, mentiram, mentiram e seguem mentindo quando mais uma vez afirmam que somos irmãos. Não somos nem vivemos como tal, ao contrário, somos estranhos uns aos outros, salvo raras exceções.
Enquanto prevalecer o interesse individual em detrimento ao coletivo, a tão esperada “Paz na Terra” será um sonho cada vez mais distante. É preciso amar de verdade.
Por um dia ou mais eu gostaria de ser Deus, para assim conceder a verdadeira felicidade às pessoas ao trazer novamente para suas vidas seus entes tão queridos que um dia se foram no absurdo da morte. Descanse em paz, vozinha eternamente a amarei.
A luta continua
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
É TUDO VELHO DE NOVO
Anos após anos muitos ficam à espera de um “milagre” para que todos os problemas da sociedade – como se por mágica -, pudessem ser solucionados imediatamente. Entretanto, se esquecem que quando tiveram a oportunidade de mudar, muito pouco fizeram nesse sentido. Quando constatam o erro decorrente de sua omissão, optam, não raro, pela fuga. Seja através daquele “simples” comprimidinho tomado à noite para “relaxar”, seja nos bares da vida em busca da utopia que nesse caso, só é real em certos corações e mentes.
Crêem que ali, naquela fria mesa de bar, encontrarão o tão esperado “milagre” acontecer e assim renovar todos os sonhos de uma vida tão inerte e alienada. Somos por natureza cultivadores de sonhos, chegamos um dia a imaginar que conseguiríamos fazer explodir o sistema capitalista e em seu lugar o alvorecer de um sistema menos desigual e, por conseguinte, mais justo. Estávamos enganados, afinal, a corrupção em certa medida também faz parte da natureza humana, salvo raríssimas exceções. A história está cheia de exemplos assim. Seja por conveniência, omissão, covardia, medo ou vaidade, o homem acaba se corrompendo e contribuindo com um ato, aparentemente inofensivo, prejudicando toda uma nação. Foi assim com Stálin na ex-União Soviética, foi assim em Cuba com os irmãos Castro, é assim no Brasil com a composição do Congresso Nacional. Mas fazer o quê? Possuímos um dos melhores e mais seguros sistemas eleitorais do mundo, não obstante, parece que as pessoas votam pelas razões elencadas acima, e desta maneira, invariavelmente acabam contribuindo para o caos revestido de normalidade que aí se encontra instalado. É a mais fiel expressão da velha “Lei de Gérson”.
Por outro lado, votar numa pessoa sem a menor condição intelectual de representar os anseios de um país simplesmente como ato de protesto, é a mais declarada forma de estupidez humana, não existe outro termo para qualificar. E esta, é uma prática cada vez mais recorrente no cenário político nacional. Quando não é isso, vota-se em mentecaptos apenas pelo interesse pessoal em detrimento ao interesse coletivo. Para quem ainda tem dúvidas disso, basta olhar o resultado do último pleito, principalmente nos currais eleitorais controlados por verdadeiros “coronéis” instalados nos municípios do Brasil. Resultado: as “velhas” “novas” caras de novo. O que falta na maioria das pessoas é uma coisa chamada DIGNIDADE, termo que ao que parece, há muito esquecido e por muitos desconhecido.
Com esse quadro, não resta alternativa a não ser realmente esperar por um “milagre”, porque somente nas cabeças das pessoas que fomentam esse sistema, uma mudança milagrosa seria possível para se reverter tal situação, mas se um dia elas saírem da Caverna de Platão, tristemente constatarão que a oportunidade de mudar estivera o tempo todo em suas mãos. Talvez o mundo esteja precisando de um novo movimento como o Iluminismo do século XVII, para que dessa forma, quem sabe, as ações humanas sejam pautadas na coerência, e não no medo e na ignorância.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
17 de novembro de 2010
Crêem que ali, naquela fria mesa de bar, encontrarão o tão esperado “milagre” acontecer e assim renovar todos os sonhos de uma vida tão inerte e alienada. Somos por natureza cultivadores de sonhos, chegamos um dia a imaginar que conseguiríamos fazer explodir o sistema capitalista e em seu lugar o alvorecer de um sistema menos desigual e, por conseguinte, mais justo. Estávamos enganados, afinal, a corrupção em certa medida também faz parte da natureza humana, salvo raríssimas exceções. A história está cheia de exemplos assim. Seja por conveniência, omissão, covardia, medo ou vaidade, o homem acaba se corrompendo e contribuindo com um ato, aparentemente inofensivo, prejudicando toda uma nação. Foi assim com Stálin na ex-União Soviética, foi assim em Cuba com os irmãos Castro, é assim no Brasil com a composição do Congresso Nacional. Mas fazer o quê? Possuímos um dos melhores e mais seguros sistemas eleitorais do mundo, não obstante, parece que as pessoas votam pelas razões elencadas acima, e desta maneira, invariavelmente acabam contribuindo para o caos revestido de normalidade que aí se encontra instalado. É a mais fiel expressão da velha “Lei de Gérson”.
Por outro lado, votar numa pessoa sem a menor condição intelectual de representar os anseios de um país simplesmente como ato de protesto, é a mais declarada forma de estupidez humana, não existe outro termo para qualificar. E esta, é uma prática cada vez mais recorrente no cenário político nacional. Quando não é isso, vota-se em mentecaptos apenas pelo interesse pessoal em detrimento ao interesse coletivo. Para quem ainda tem dúvidas disso, basta olhar o resultado do último pleito, principalmente nos currais eleitorais controlados por verdadeiros “coronéis” instalados nos municípios do Brasil. Resultado: as “velhas” “novas” caras de novo. O que falta na maioria das pessoas é uma coisa chamada DIGNIDADE, termo que ao que parece, há muito esquecido e por muitos desconhecido.
Com esse quadro, não resta alternativa a não ser realmente esperar por um “milagre”, porque somente nas cabeças das pessoas que fomentam esse sistema, uma mudança milagrosa seria possível para se reverter tal situação, mas se um dia elas saírem da Caverna de Platão, tristemente constatarão que a oportunidade de mudar estivera o tempo todo em suas mãos. Talvez o mundo esteja precisando de um novo movimento como o Iluminismo do século XVII, para que dessa forma, quem sabe, as ações humanas sejam pautadas na coerência, e não no medo e na ignorância.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
17 de novembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
A VIDA COMO ELA É
Numa época cercada de incertezas, Karl Marx e Fredrich Engels, dois dos maiores pensadores do século XIX, escreveram um livro que mais tarde seria considerado uma obra prima na literatura especializada para se entender o evolucionismo cultural: “Selvageria, Barbárie e Civilização”, publicada no Brasil pela editora Paz e Terra.
Ao refletir sobre as considerações de tais filósofos e outros que se seguiram, e para tentar entender os últimos acontecimentos envolvendo exatamente a selvageria e a barbárie praticada por cinco jovens, eu me questiono: o que pensar de um sistema que coloca na rua cinco marginais, sendo quatro deles menores de idade presos ou apreendidos em flagrante delito após agredirem com requinte de crueldade cidadãos que saiam do trabalho ou simplesmente estavam exercendo o seu direito constitucional de ir, vir e permanecer?
Que sistema é esse, que só pune em sua maioria negros e pobres e mantém nas ruas verdadeiros facínoras de classe média da sociedade paulistana, que no meu entendimento cometeram tentativa de homicídio, e que só não se consumou, devido a intervenção de seguranças de prédios próximos que presenciaram a selvageria? É isso que chamam de sociedade civilizada? Marginais soltos e pessoas do bem reféns do medo e da barbárie?
Que sistema é esse, que alimenta com leis falhas, como algumas partes do Estatuto da Criança e do Adolescente, que não faz a devida distinção entre adolescentes do bem e adolescentes do mal, colocando todos sob a mesma batuta, evitando, pois, que o Estado puna como deveria crimes excepcionais como esse?
Que sistema é esse, que fada a educação ao fracasso colocando verdadeiros tecnocratas à frente de Ministérios e Secretarias e que só fazem reproduzir o emburrecimento da sociedade além de só se preocuparem com a quantidade de alunos em salas de aula, mas que não prestam à mínima atenção à qualidade daqueles que ajudam na construção do saber além do que é construído naqueles espaços? Que sistema é esse, onde diretor de colégio é cargo de confiança e indicação política, quando deveria ser ocupado usando-se como critério a meritocracia e a competência na gestão, e não o inverso, onde muitos diretores sequer sabem redigir uma petição ou um memorando interno?
Que sistema é esse, onde a violência já se banalizou e a má qualidade do ensino e saúde pública segue na mesma direção do caos e ninguém faz nada para se reverter isso? E olha que de quatro em quatro anos se tem uma preciosa oportunidade de mudar, mas ao que parece, a maioria da sociedade está satisfeita com seus representantes. Definitivamente vivemos numa democracia às avessas, onde o povo em sua maioria não sabe o poder que tem e, por conseguinte não sabe como exercê-lo com sabedoria e serenidade.
Que sistema é esse, onde prevalece à mentira em detrimento a verdade?
Talvez a única instituição séria e comprometida que exista em nosso país seja o Ministério Público. Mas ele sozinho não é capaz de fazer explodir toda essa estrutura. Na verdade, ele é mais uma engrenagem maquiada pelo próprio sistema que não lhe oferece leis eficazes para fazer valer a vontade da sociedade. Quantos crimes hediondos foram denunciados e ficaram sem punição e caíram no esquecimento?
As reformas tão necessárias não saem do papel porque não há interesse delas saírem. Num país com uma das cargas tributárias mais altas do mundo e onde o resultado dessas arrecadações não voltam como deveriam para a sociedade, não é de se espantar tanta miséria, desigualdade social e ignorância.
Mas estamos melhorando. Hoje promovemos a justiça ao se evitar que jovens saudáveis, bem alimentados, bonitos e de boas famílias fossem colocados em abrigos para menores infratores. A Fundação Casa, Instituto Padre Severino e tantos outros espalhados pelo Brasil não são para esses cinco rapazes, que de “brincadeirinha”, acabaram se envolvendo numa “briguinha” à toa. Tais locais foram criados para se colocar os “outros”, os “desclassificados” da República, não cidadãos tão bem educados, como esses cinco jovens acusados injustamente de lesão corporal gravíssima.
A luta continua
Bom Jesus do Norte, (ES), 15 de novembro de 2010
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
Ao refletir sobre as considerações de tais filósofos e outros que se seguiram, e para tentar entender os últimos acontecimentos envolvendo exatamente a selvageria e a barbárie praticada por cinco jovens, eu me questiono: o que pensar de um sistema que coloca na rua cinco marginais, sendo quatro deles menores de idade presos ou apreendidos em flagrante delito após agredirem com requinte de crueldade cidadãos que saiam do trabalho ou simplesmente estavam exercendo o seu direito constitucional de ir, vir e permanecer?
Que sistema é esse, que só pune em sua maioria negros e pobres e mantém nas ruas verdadeiros facínoras de classe média da sociedade paulistana, que no meu entendimento cometeram tentativa de homicídio, e que só não se consumou, devido a intervenção de seguranças de prédios próximos que presenciaram a selvageria? É isso que chamam de sociedade civilizada? Marginais soltos e pessoas do bem reféns do medo e da barbárie?
Que sistema é esse, que alimenta com leis falhas, como algumas partes do Estatuto da Criança e do Adolescente, que não faz a devida distinção entre adolescentes do bem e adolescentes do mal, colocando todos sob a mesma batuta, evitando, pois, que o Estado puna como deveria crimes excepcionais como esse?
Que sistema é esse, que fada a educação ao fracasso colocando verdadeiros tecnocratas à frente de Ministérios e Secretarias e que só fazem reproduzir o emburrecimento da sociedade além de só se preocuparem com a quantidade de alunos em salas de aula, mas que não prestam à mínima atenção à qualidade daqueles que ajudam na construção do saber além do que é construído naqueles espaços? Que sistema é esse, onde diretor de colégio é cargo de confiança e indicação política, quando deveria ser ocupado usando-se como critério a meritocracia e a competência na gestão, e não o inverso, onde muitos diretores sequer sabem redigir uma petição ou um memorando interno?
Que sistema é esse, onde a violência já se banalizou e a má qualidade do ensino e saúde pública segue na mesma direção do caos e ninguém faz nada para se reverter isso? E olha que de quatro em quatro anos se tem uma preciosa oportunidade de mudar, mas ao que parece, a maioria da sociedade está satisfeita com seus representantes. Definitivamente vivemos numa democracia às avessas, onde o povo em sua maioria não sabe o poder que tem e, por conseguinte não sabe como exercê-lo com sabedoria e serenidade.
Que sistema é esse, onde prevalece à mentira em detrimento a verdade?
Talvez a única instituição séria e comprometida que exista em nosso país seja o Ministério Público. Mas ele sozinho não é capaz de fazer explodir toda essa estrutura. Na verdade, ele é mais uma engrenagem maquiada pelo próprio sistema que não lhe oferece leis eficazes para fazer valer a vontade da sociedade. Quantos crimes hediondos foram denunciados e ficaram sem punição e caíram no esquecimento?
As reformas tão necessárias não saem do papel porque não há interesse delas saírem. Num país com uma das cargas tributárias mais altas do mundo e onde o resultado dessas arrecadações não voltam como deveriam para a sociedade, não é de se espantar tanta miséria, desigualdade social e ignorância.
Mas estamos melhorando. Hoje promovemos a justiça ao se evitar que jovens saudáveis, bem alimentados, bonitos e de boas famílias fossem colocados em abrigos para menores infratores. A Fundação Casa, Instituto Padre Severino e tantos outros espalhados pelo Brasil não são para esses cinco rapazes, que de “brincadeirinha”, acabaram se envolvendo numa “briguinha” à toa. Tais locais foram criados para se colocar os “outros”, os “desclassificados” da República, não cidadãos tão bem educados, como esses cinco jovens acusados injustamente de lesão corporal gravíssima.
A luta continua
Bom Jesus do Norte, (ES), 15 de novembro de 2010
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
domingo, 31 de outubro de 2010
OS SEM LIMITES
Confesso que havia desistido de escrever minhas impressões de mundo e das pessoas à minha volta. As razões para isso foram várias, e não vou me deter nelas agora. Mas por outro lado, como não me manifestar ante tantas inversões de valores e mesmo de (ir) responsabilidades? Recentemente numa conversa informal com uma eminente e importante personalidade do município em que moro, fui levado, após profunda reflexão, rever minha decisão primeira.
Assim sendo, com gratidão e carinho, dedico este texto a essa pessoa, que com sua lucidez e saber, me fez perceber que apesar dos riscos, a luta continua.
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Quem definiu a barreira do amor? Quem definiu o limite entre a razão e a loucura? O sensato do insensato? Qual a fronteira entre esses termos?
Tendo estas questões como pano de fundo e evitando-se ao máximo o anacronismo, façamos uma comparação da sociedade brasileira em seus aspectos sociais e culturais das décadas de 1960 e 2000 para tentar chegarmos a uma conclusão sobre um recente evento que envolveu nas páginas policiais dos jornais cariocas, uma relação amorosa entre uma professora e sua aluna menor de idade.
Os anos de 1960 foram marcados principalmente pela ideia de emancipação e liberdade dos jovens e também a expectativa de uma Terceira Guerra Mundial. Nos Estados Unidos assistimos o movimento Hippie tecer duras críticas à Guerra do Vietnã (1959-1975) e também ao American Life Way, modelo de vida que logo foi importado para todo o mundo, principalmente para a América Latina e mais intensamente para o Brasil.
Em 1968 o mundo foi novamente sacudido pelo movimento estudantil que teve na capital francesa o epicentro que balançou as estruturas mundiais da cultura e se espalhou por todo o mundo com o lema “é proibido proibir”.
O Brasil não estava alheio a essas e a outras questões, apesar estar vivenciando uma ditadura militar (1964-1985). Sem dúvidas que o espírito do “modo de vida americano” era muito presente em nosso meio. Jovens com suas lambretas e jaquetas de couro ao som da Jovem Guarda e do Rock N’ Roll agitavam as ruas das cidades brasileiras e foram às ruas protestar contra a morte do estudante Edson Luiz, assassinado pelo Departamento de Ordem Política e Social – DOPS, no Rio de Janeiro, em 28 de março de 1968.
Naquela época se casava muito cedo, principalmente as meninas. Minha mãe, por exemplo, casou-se aos quinze anos e meu pai tinha vinte e seis. Nesse aspecto, a história da maioria das pessoas da minha geração é bastante parecida com a minha, ou seja, homens mais velhos se casavam com meninas mais novas. Entretanto, havia um detalhe muito importante no período: os pais educavam. Ver uma mulher de biquíni na praia era quase um atentado violento ao pudor. Namorar? Só em casa, e na rua, apenas com a presença de um irmão ou irmã mais velhos ou na ausência destes, de uma tia ou alguém de muita confiança da família. Chegar em casa com um objeto “achado” na rua era motivo de explicações, e se elas não fossem convincentes, a surra era certa. Pedidos de abençãos eram comuns aos pais e aos mais velhos. Assistir um idoso na rua carregando uma bolsa pesada e não se prontificar ajudá-lo era um pecado.
Infelizmente muita coisa mudou de lá pra cá, a começar pelo próprio conceito de liberdade e a um Estatuto a meu ver bastante equivocado: refiro-me ao Estatuto da Criança e ao Adolescente. Não afirmo isso por julgar o cerceamento às liberdades dos jovens necessário nos dias atuais, ao contrário, acho que a liberdade deve ser uma conquista diária, mas não plenamente outorgada como vemos hoje. Existe uma diferença enorme entre uma coisa e outra. Hoje, em sua maioria os pais não educam, ao contrário, deseducam. Oferecem bebidas alcoólicas aos seus pupilos, incentivam a violência, fazem “vista grossa” aos saltos agulhas, maquiagens excessivas e minúsculas saias, shorts e camisetas que suas filhas usam, acham bonitinho a menina dançando “na boquinha da garrafa”. Consideram “normal” o adolescente ficar horas e horas a fio em frente a uma tela de computador sem se preocupar com o conteúdo que o filho está acessando ou com quem está conversando, enquanto suas notas escolares despencam, mas quando acontece alguma coisa trágica com eles, logo correm e colocam a culpa na sociedade. A sociedade são vocês. A sociedade somos nós.
Nesse contexto, não teria sido a professora acusada de estupro a seduzida pela menor que agora é a coitadinha da história? Quem garante que não foi? Não quero com isso minimizar ou fomentar a culpa ou dolo de quem quer que seja afinal, não sou promotor de justiça nem tampouco juiz de direito, mas, basta dar uma olhada em nossa juventude e constatar. Além disso, pelo que os jornais noticiam, (Extra, 31/10/10) a mãe da menina envolvida nessa trama é “entendida”, ou seja, gosta e convive com uma pessoa do mesmo sexo. Não que isso justifique a eventual conduta da professora, mas qual o exemplo que essa menina tem dentro da própria casa? Nada contra as opções sexuais das pessoas, ao contrário, sou favorável ao amor livre, mas quando se opta por algo “diferente”, os resultados têm que estar além, muito além, das expectativas da sociedade. Não adianta fugir da responsabilidade que lhe cabe. Em tais situações, mais que nunca é preciso estar atento aos próprios movimentos.
Amor, sensatez, loucura, certo, errado, gays, lésbicas, nessas horas esses substantivos fazem parte das rodas de conversas nos bares, nas escolas, nas igrejas, nos mercados, nas esquinas, mas em sua maioria sem nenhuma base sólida para uma discussão que se pretenda séria e isenta de pré-conceitos. É o chamado senso comum. E que emburrece.
Como professor, eu, assim como todos os meus colegas, assistimos cenas cotidianas nas escolas que fariam padres, pastores, pais de santo, juízes e promotores se arrepiarem se vissem o que vimos. São verdadeiros absurdos. Quando chamamos os pais às escolas para noticiar desvios de conduta e personalidade e solicitar sua ajuda exatamente para proteger a criança, alguns querem transferir para nós a responsabilidade que é deles de educar. Fazemos o possível e o impossível para fazer valer o direito constitucional desses jovens que é justamente a proteção contra qualquer ameaça ou abuso, mas se o mau exemplo está dentro da própria casa, do próprio lar, e tanto pais quanto alunos consideram normais suas condutas, o que nos resta fazer? Quando os próprios alunos menores de idade consideram “certo” dirigir veículos automotores porque seus pais acham isso correto, o que dizer? A discussão em torno do tema é muito extensa. Considero leviano abordar apenas a questão legal, é preciso buscar fundamentos sociais, culturais e históricos para se fazer uma abordagem que se pretenda isenta. Mas fica uma pergunta: onde erramos?
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, dias desses um jovem de 17 anos, alto, forte, em plena aula virou-se para mim e indagou: -“professor, seu eu te desse uma “porrada” (sic), o que você faria?” - , A minha resposta foi contundente: -“ você já ouviu falar em legítima defesa? – Perguntei. Pois é, legítima defesa é quando você reage a uma injusta agressão ou na iminência dela ocorrer. Assim sendo, eu usaria dos meios necessários para cessar a sua agressão.” Aí ele disse sorrindo: -“ ah, professor, mas eu sou dimenor (sic) –“. Pois é, respondi novamente. Mostraria na prática que se você tem direitos tem na mesma proporção obrigações – Conclui.
Então é isso que acontece em milhões de salas de aula Brasil afora. Adolescentes que conhecem muito bem seus direitos, mas se esquecem ou não sabem ou ainda não querem saber de suas obrigações, seja como filho, aluno, colega ou cidadão.
Que nosso ofício cada vez mais é desvalorizado isso não é novidade e também não é o eixo central de nossa discussão aqui hoje, mas alguma coisa tem que ser feita pelo Poder Público para nos dar mais tranquilidade para podermos trabalhar com o mínimo de segurança, nem falo mais de dignidade, pois esta, definitivamente não está mais nos planos do Estado.
O que acontece hoje é que se um aluno menor de idade, insatisfeito com uma nota recebida a qual ele próprio fez por onde receber chegar numa delegacia de polícia e “inventar” que foi molestado ou molestada por um professor ou professora, coitado desse profissional. Até explicar que nariz de porco não é tomada, será retirado de sala de aula algemado e provavelmente nunca mais vai se recuperar de tamanha vergonha. Ser professor hoje em dia é correr riscos, não só de vida, mas também de liberdade.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus – 31/10/2010
Assim sendo, com gratidão e carinho, dedico este texto a essa pessoa, que com sua lucidez e saber, me fez perceber que apesar dos riscos, a luta continua.
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Quem definiu a barreira do amor? Quem definiu o limite entre a razão e a loucura? O sensato do insensato? Qual a fronteira entre esses termos?
Tendo estas questões como pano de fundo e evitando-se ao máximo o anacronismo, façamos uma comparação da sociedade brasileira em seus aspectos sociais e culturais das décadas de 1960 e 2000 para tentar chegarmos a uma conclusão sobre um recente evento que envolveu nas páginas policiais dos jornais cariocas, uma relação amorosa entre uma professora e sua aluna menor de idade.
Os anos de 1960 foram marcados principalmente pela ideia de emancipação e liberdade dos jovens e também a expectativa de uma Terceira Guerra Mundial. Nos Estados Unidos assistimos o movimento Hippie tecer duras críticas à Guerra do Vietnã (1959-1975) e também ao American Life Way, modelo de vida que logo foi importado para todo o mundo, principalmente para a América Latina e mais intensamente para o Brasil.
Em 1968 o mundo foi novamente sacudido pelo movimento estudantil que teve na capital francesa o epicentro que balançou as estruturas mundiais da cultura e se espalhou por todo o mundo com o lema “é proibido proibir”.
O Brasil não estava alheio a essas e a outras questões, apesar estar vivenciando uma ditadura militar (1964-1985). Sem dúvidas que o espírito do “modo de vida americano” era muito presente em nosso meio. Jovens com suas lambretas e jaquetas de couro ao som da Jovem Guarda e do Rock N’ Roll agitavam as ruas das cidades brasileiras e foram às ruas protestar contra a morte do estudante Edson Luiz, assassinado pelo Departamento de Ordem Política e Social – DOPS, no Rio de Janeiro, em 28 de março de 1968.
Naquela época se casava muito cedo, principalmente as meninas. Minha mãe, por exemplo, casou-se aos quinze anos e meu pai tinha vinte e seis. Nesse aspecto, a história da maioria das pessoas da minha geração é bastante parecida com a minha, ou seja, homens mais velhos se casavam com meninas mais novas. Entretanto, havia um detalhe muito importante no período: os pais educavam. Ver uma mulher de biquíni na praia era quase um atentado violento ao pudor. Namorar? Só em casa, e na rua, apenas com a presença de um irmão ou irmã mais velhos ou na ausência destes, de uma tia ou alguém de muita confiança da família. Chegar em casa com um objeto “achado” na rua era motivo de explicações, e se elas não fossem convincentes, a surra era certa. Pedidos de abençãos eram comuns aos pais e aos mais velhos. Assistir um idoso na rua carregando uma bolsa pesada e não se prontificar ajudá-lo era um pecado.
Infelizmente muita coisa mudou de lá pra cá, a começar pelo próprio conceito de liberdade e a um Estatuto a meu ver bastante equivocado: refiro-me ao Estatuto da Criança e ao Adolescente. Não afirmo isso por julgar o cerceamento às liberdades dos jovens necessário nos dias atuais, ao contrário, acho que a liberdade deve ser uma conquista diária, mas não plenamente outorgada como vemos hoje. Existe uma diferença enorme entre uma coisa e outra. Hoje, em sua maioria os pais não educam, ao contrário, deseducam. Oferecem bebidas alcoólicas aos seus pupilos, incentivam a violência, fazem “vista grossa” aos saltos agulhas, maquiagens excessivas e minúsculas saias, shorts e camisetas que suas filhas usam, acham bonitinho a menina dançando “na boquinha da garrafa”. Consideram “normal” o adolescente ficar horas e horas a fio em frente a uma tela de computador sem se preocupar com o conteúdo que o filho está acessando ou com quem está conversando, enquanto suas notas escolares despencam, mas quando acontece alguma coisa trágica com eles, logo correm e colocam a culpa na sociedade. A sociedade são vocês. A sociedade somos nós.
Nesse contexto, não teria sido a professora acusada de estupro a seduzida pela menor que agora é a coitadinha da história? Quem garante que não foi? Não quero com isso minimizar ou fomentar a culpa ou dolo de quem quer que seja afinal, não sou promotor de justiça nem tampouco juiz de direito, mas, basta dar uma olhada em nossa juventude e constatar. Além disso, pelo que os jornais noticiam, (Extra, 31/10/10) a mãe da menina envolvida nessa trama é “entendida”, ou seja, gosta e convive com uma pessoa do mesmo sexo. Não que isso justifique a eventual conduta da professora, mas qual o exemplo que essa menina tem dentro da própria casa? Nada contra as opções sexuais das pessoas, ao contrário, sou favorável ao amor livre, mas quando se opta por algo “diferente”, os resultados têm que estar além, muito além, das expectativas da sociedade. Não adianta fugir da responsabilidade que lhe cabe. Em tais situações, mais que nunca é preciso estar atento aos próprios movimentos.
Amor, sensatez, loucura, certo, errado, gays, lésbicas, nessas horas esses substantivos fazem parte das rodas de conversas nos bares, nas escolas, nas igrejas, nos mercados, nas esquinas, mas em sua maioria sem nenhuma base sólida para uma discussão que se pretenda séria e isenta de pré-conceitos. É o chamado senso comum. E que emburrece.
Como professor, eu, assim como todos os meus colegas, assistimos cenas cotidianas nas escolas que fariam padres, pastores, pais de santo, juízes e promotores se arrepiarem se vissem o que vimos. São verdadeiros absurdos. Quando chamamos os pais às escolas para noticiar desvios de conduta e personalidade e solicitar sua ajuda exatamente para proteger a criança, alguns querem transferir para nós a responsabilidade que é deles de educar. Fazemos o possível e o impossível para fazer valer o direito constitucional desses jovens que é justamente a proteção contra qualquer ameaça ou abuso, mas se o mau exemplo está dentro da própria casa, do próprio lar, e tanto pais quanto alunos consideram normais suas condutas, o que nos resta fazer? Quando os próprios alunos menores de idade consideram “certo” dirigir veículos automotores porque seus pais acham isso correto, o que dizer? A discussão em torno do tema é muito extensa. Considero leviano abordar apenas a questão legal, é preciso buscar fundamentos sociais, culturais e históricos para se fazer uma abordagem que se pretenda isenta. Mas fica uma pergunta: onde erramos?
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, dias desses um jovem de 17 anos, alto, forte, em plena aula virou-se para mim e indagou: -“professor, seu eu te desse uma “porrada” (sic), o que você faria?” - , A minha resposta foi contundente: -“ você já ouviu falar em legítima defesa? – Perguntei. Pois é, legítima defesa é quando você reage a uma injusta agressão ou na iminência dela ocorrer. Assim sendo, eu usaria dos meios necessários para cessar a sua agressão.” Aí ele disse sorrindo: -“ ah, professor, mas eu sou dimenor (sic) –“. Pois é, respondi novamente. Mostraria na prática que se você tem direitos tem na mesma proporção obrigações – Conclui.
Então é isso que acontece em milhões de salas de aula Brasil afora. Adolescentes que conhecem muito bem seus direitos, mas se esquecem ou não sabem ou ainda não querem saber de suas obrigações, seja como filho, aluno, colega ou cidadão.
Que nosso ofício cada vez mais é desvalorizado isso não é novidade e também não é o eixo central de nossa discussão aqui hoje, mas alguma coisa tem que ser feita pelo Poder Público para nos dar mais tranquilidade para podermos trabalhar com o mínimo de segurança, nem falo mais de dignidade, pois esta, definitivamente não está mais nos planos do Estado.
O que acontece hoje é que se um aluno menor de idade, insatisfeito com uma nota recebida a qual ele próprio fez por onde receber chegar numa delegacia de polícia e “inventar” que foi molestado ou molestada por um professor ou professora, coitado desse profissional. Até explicar que nariz de porco não é tomada, será retirado de sala de aula algemado e provavelmente nunca mais vai se recuperar de tamanha vergonha. Ser professor hoje em dia é correr riscos, não só de vida, mas também de liberdade.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus – 31/10/2010
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
A BOA POLÍTICA
Existem coisas na vida que realmente não dão ibope. Imagine o seguinte: uma ocupação ilegal de casas embargadas por órgãos competentes e os representantes dos Três Poderes reunidos juntos com os representantes dos moradores na tentativa de se resolver a lide? A isso dou o nome de boa política.
Sem barulho, sem estardalhaços, tudo na maior tranqüilidade. Foi assim que a reunião de quase duas horas transcorreu ontem (08/09/10) na Câmara Municipal de Bom Jesus do Norte, sul do Espírito Santo.
De forma brilhante, o vereador Toninho Gualhano fez a abertura da reunião citando o exemplo do líder sul-africano Nelson Mandela, que sem violência, conseguiu acabar com a segregação racial naquele país e tornou-se o primeiro presidente negro na recente história da África do Sul, apesar de ter passado vinte e quatro anos na prisão.
O prefeito da Cidade, o médico cardiologista doutor Adson, ouviu atentamente as explanações tanto dos vereadores quanto dos moradores, e na sequência deu a sua versão dos fatos. Afinal, como chefe do executivo uma atitude que visava restabelecer a ordem deveria ser tomada, ainda que tal atitude não fosse a que ele gostaria de ter tomado naquele momento. Mas lei é lei, não se pode prevaricar quando sem tem a obrigação de zelar pelo bem comum, pois corre-se o risco de ser responsabilizado civil e criminalmente por ato que deveria ser tomado. E foi o que ele fez. Acionou a Justiça para que esta restabelecesse a posse dos imóveis ocupados ilegalmente. Disse também, que reconhece a necessidade daquelas pessoas, mas que o município também tem outras pessoas que precisam tanto quanto aquelas ou mais ainda, e isso não pode ser negligenciado pelo Poder Público.
Complementando o que dissera o prefeito, o vereador Aquiles Zanon igualmente lamentou a situação dos moradores naquela situação e num belo exemplo de homem público e que com isso justificou os votos recebidos na última eleição, deu uma aula de direito e cidadania aos presentes. De forma ímpar, disse que sua preocupação ali não era com votos, mas sim esclarecer verdadeiramente às pessoas os riscos que suas ações tresloucadas podem ter em suas vidas. Reafirmou ainda que o Legislativo esta trabalhando célere e incansavelmente no sentido de aprovar leis que beneficiem os munícipes de maneira global, principalmente àquelas relativas às moradias, porém, existem trâmites que devem ser cumpridos e isso independe daquela casa.
O vereador Marcão também foi bastante contundente em suas falas, além de demonstrar muito interesse em sanar o problema daquelas famílias. Lamentou a ausência dos outros vereadores ao encontro e agradeceu a presença dos que ali se encontravam, manifestando solidariedade a dor daquelas pessoas, mas reafirmando que a lei é para ser cumprida por todos, caso o contrário, viveríamos num estado de caos total, citando o exemplo de alguns países da África onde isso acontece.
Participação tímida teve os vereadores Flávio e Sílvia, o que não os desqualificam, ao contrário, as suas presenças ao encontro foram muito importantes. Quanto ao vereador Flávio, irritou-se quando os moradores foram comparadores a criminosos. Mas, caro vereador, quem age contrário à lei é o que? Criminoso, afinal, num país democrático de direito os fins não podem justificar os meios e ainda não criaram um adjetivo por assim dizer, “mais bonito”, para qualificar quem age dessa maneira.
Por fim, representando o Judiciário tivemos a presença do doutor Leonardo, homem austero, que falou em nome da excelentíssima juíza de direito da comarca, doutora Maria Isabel. Sua presença à reunião foi muito profícua, pois esclareceu aos presentes o posicionamento da Justiça ante os fatos, reafirmando os valores que norteiam uma sociedade e do papel do Judiciário em resguardá-los, independente das partes envolvidas.
No final, acredito que todos saíram satisfeitos; uns mais outros menos, mas como dissera anteriormente, esse encontro deve ser visto com os olhos da boa vontade e também da sua singularidade. Pude perceber que apenas um ou outro estavam preocupados com outros temas que não os que foram abordados, fato típico se levando em consideração às circunstâncias e os interesses envolvidos, mas isso é outra história.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
Sem barulho, sem estardalhaços, tudo na maior tranqüilidade. Foi assim que a reunião de quase duas horas transcorreu ontem (08/09/10) na Câmara Municipal de Bom Jesus do Norte, sul do Espírito Santo.
De forma brilhante, o vereador Toninho Gualhano fez a abertura da reunião citando o exemplo do líder sul-africano Nelson Mandela, que sem violência, conseguiu acabar com a segregação racial naquele país e tornou-se o primeiro presidente negro na recente história da África do Sul, apesar de ter passado vinte e quatro anos na prisão.
O prefeito da Cidade, o médico cardiologista doutor Adson, ouviu atentamente as explanações tanto dos vereadores quanto dos moradores, e na sequência deu a sua versão dos fatos. Afinal, como chefe do executivo uma atitude que visava restabelecer a ordem deveria ser tomada, ainda que tal atitude não fosse a que ele gostaria de ter tomado naquele momento. Mas lei é lei, não se pode prevaricar quando sem tem a obrigação de zelar pelo bem comum, pois corre-se o risco de ser responsabilizado civil e criminalmente por ato que deveria ser tomado. E foi o que ele fez. Acionou a Justiça para que esta restabelecesse a posse dos imóveis ocupados ilegalmente. Disse também, que reconhece a necessidade daquelas pessoas, mas que o município também tem outras pessoas que precisam tanto quanto aquelas ou mais ainda, e isso não pode ser negligenciado pelo Poder Público.
Complementando o que dissera o prefeito, o vereador Aquiles Zanon igualmente lamentou a situação dos moradores naquela situação e num belo exemplo de homem público e que com isso justificou os votos recebidos na última eleição, deu uma aula de direito e cidadania aos presentes. De forma ímpar, disse que sua preocupação ali não era com votos, mas sim esclarecer verdadeiramente às pessoas os riscos que suas ações tresloucadas podem ter em suas vidas. Reafirmou ainda que o Legislativo esta trabalhando célere e incansavelmente no sentido de aprovar leis que beneficiem os munícipes de maneira global, principalmente àquelas relativas às moradias, porém, existem trâmites que devem ser cumpridos e isso independe daquela casa.
O vereador Marcão também foi bastante contundente em suas falas, além de demonstrar muito interesse em sanar o problema daquelas famílias. Lamentou a ausência dos outros vereadores ao encontro e agradeceu a presença dos que ali se encontravam, manifestando solidariedade a dor daquelas pessoas, mas reafirmando que a lei é para ser cumprida por todos, caso o contrário, viveríamos num estado de caos total, citando o exemplo de alguns países da África onde isso acontece.
Participação tímida teve os vereadores Flávio e Sílvia, o que não os desqualificam, ao contrário, as suas presenças ao encontro foram muito importantes. Quanto ao vereador Flávio, irritou-se quando os moradores foram comparadores a criminosos. Mas, caro vereador, quem age contrário à lei é o que? Criminoso, afinal, num país democrático de direito os fins não podem justificar os meios e ainda não criaram um adjetivo por assim dizer, “mais bonito”, para qualificar quem age dessa maneira.
Por fim, representando o Judiciário tivemos a presença do doutor Leonardo, homem austero, que falou em nome da excelentíssima juíza de direito da comarca, doutora Maria Isabel. Sua presença à reunião foi muito profícua, pois esclareceu aos presentes o posicionamento da Justiça ante os fatos, reafirmando os valores que norteiam uma sociedade e do papel do Judiciário em resguardá-los, independente das partes envolvidas.
No final, acredito que todos saíram satisfeitos; uns mais outros menos, mas como dissera anteriormente, esse encontro deve ser visto com os olhos da boa vontade e também da sua singularidade. Pude perceber que apenas um ou outro estavam preocupados com outros temas que não os que foram abordados, fato típico se levando em consideração às circunstâncias e os interesses envolvidos, mas isso é outra história.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
terça-feira, 7 de setembro de 2010
NA PERMANENTE PERSPECTIVA DO NADA
Posso dizer que sempre gostei de assistir aos programas eleitorais gratuitos que de quatro em quatro anos invadem nossos lares. As razões para esse mórbido prazer são várias, mas foi exatamente num desses programas que volvi meu olhar para a minha atual condição.
Sentado no sofá de minha casa assistindo à tv, apareceu um casal narrando todas as suas dificuldades de vida. Tratava-se de um pedreiro e sua respectiva esposa, uma diarista da Bahia. No programa, eles falavam da precariedade que eram suas vidas antes do atual governo. Segundo eles, em oito anos tudo mudou em suas vidas. Mesmo sem estudos, passaram a ter emprego, casa própria, um carro relativamente novo, sua filha possuía notebook, enfim, uma vida normal como todos deveriam ter, bem “Alice no País das Maravilhas”.
Não pude deixar de fazer uma comparação daquela narrativa com a minha própria vida. Sou professor com curso de especialização e mestrado incompleto - ou estudava ou trabalhava -, e vivo na permanente perspectiva do nada, apesar de continuar estudando. Não tenho casa própria, meu carro me foi presenteado pelos meus tios, minhas filhas igualmente não possuem casa própria muito menos computador portátil. Não posso ajudar minha filha mais velha a pagar um cursinho pré-vestibular e todo mês é a mesma coisa: meus tios mandando dinheiro para que eu possa sobreviver porque meu salário é insuficiente.
Em julho último adoeci, e se não fossem meus tios e meu irmão não sei o que seria, pois o hospital cobrou um depósito de valor bem alto para a minha realidade para fazer o procedimento cirúrgico, já que meu plano de saúde se encontrava em carência e o cirurgião não atendia pelo SUS, além de não haver tempo para buscar outro hospital ou os tribunais para resolver a lide.
Recentemente fui convocado em um outro concurso que prestei para professor do Estado do Rio de Janeiro. Fui levado a desistir porque os colégios que me foram oferecidos em Campos (RJ) tornavam impossível assumir aquela matrícula. Isto porque teria de percorrer 250 quilômetros por dia para dar aula, sendo que deveria ir três vezes por semana àquele município, ou seja, o salário de setecentos reais brutos ficaria todo na estrada gastos com pedágios, combustível e alimentação.
Imaginei que já que tenho uma matrícula no estado haveria a possibilidade de uma remoção para o município em que estou lotado, mas a inércia aliada à má vontade dos funcionários da Coordenadoria que me apresentei, tornaram impossível qualquer modificação no que me fora apresentado: ou aceitava e daí após três anos tentava a remoção, ou desistia. Optei pela segunda opção.
Realmente meus valores são outros. Não sonho com carrões, viagens maravilhosas, mansões, nada disso. Sonho como qualquer brasileiro simples. Sonho em ter dignidade, o que me falta hoje. O estado não apoia o professorado em nada. Não existe nenhum fomento à qualificação do servidor, à parte aqueles que atendem única e exclusivamente os interesses do próprio estado, ou seja, cursinhos de informática para que o professor tenha mais uma atribuição: lançar as notas dos alunos no sistema e com isso extinguir o cargo de secretária escolar. Bravo! No Rio de Janeiro, por exemplo, não existe um programa de apoio ou incentivo aos professores que desejam especializar-se em cursos de mestrado ou doutorado, acredito que essa também seja a realidade de todos os estados brasileiros e do distrito federal.
Com tudo isso, esses programas eleitorais – à parte as inúmeras mentiras veiculadas - têm me auxiliado na construção de uma nova convicção: abandonar o magistério, o que não ocorrerá sem dores, pois amo a minha profissão, mas em breve vai acontecer independente dos resultados que estou aguardando.
Gostaria de deixar consignado que não sou porta-voz e não represento a classe dos professores. Represento a mim mesmo. Ademais, não se pode falar em classe quando há ausência de consciência, referindo-me aos ensinamentos do velho Marx e que são bastante pertinentes ao quadro.
Não obstante, parece-me também que quase nada do que ajudamos a construir em salas de aulas é aproveitado pelos destinatários como deveriam. É comum ouvir pessoas dizendo que não votarão em fulano ou sicrano porque suas chances de vitória são praticamente nulas. É muito triste para um professor, seja ele de qual área for, ouvir uma coisa dessas. Se meus candidatos têm ou não chances de vitória são as urnas que dirão. Não acredito em pesquisas de opinião, ainda que em muitos casos elas reflitam fielmente o povo brasileiro. Cada povo tem o governo que merece.
Por fim, independente do que eu venha a fazer, será feito com a maior dignidade e zelo, mesmo que eu opte em colocar uma carrocinha de cachorro-quente na esquina, ideia que não descarto. É preciso coragem para mudar. Quando assinei a desistência da segunda matrícula, muita gente comentou entre os cantos que eu era louco em abandonar uma matrícula no estado, para eles eu digo que louco é quem me diz e não é feliz, eu sou feliz, só me falta dignidade.
A Luta Continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
7 de setembro de 2010
Sentado no sofá de minha casa assistindo à tv, apareceu um casal narrando todas as suas dificuldades de vida. Tratava-se de um pedreiro e sua respectiva esposa, uma diarista da Bahia. No programa, eles falavam da precariedade que eram suas vidas antes do atual governo. Segundo eles, em oito anos tudo mudou em suas vidas. Mesmo sem estudos, passaram a ter emprego, casa própria, um carro relativamente novo, sua filha possuía notebook, enfim, uma vida normal como todos deveriam ter, bem “Alice no País das Maravilhas”.
Não pude deixar de fazer uma comparação daquela narrativa com a minha própria vida. Sou professor com curso de especialização e mestrado incompleto - ou estudava ou trabalhava -, e vivo na permanente perspectiva do nada, apesar de continuar estudando. Não tenho casa própria, meu carro me foi presenteado pelos meus tios, minhas filhas igualmente não possuem casa própria muito menos computador portátil. Não posso ajudar minha filha mais velha a pagar um cursinho pré-vestibular e todo mês é a mesma coisa: meus tios mandando dinheiro para que eu possa sobreviver porque meu salário é insuficiente.
Em julho último adoeci, e se não fossem meus tios e meu irmão não sei o que seria, pois o hospital cobrou um depósito de valor bem alto para a minha realidade para fazer o procedimento cirúrgico, já que meu plano de saúde se encontrava em carência e o cirurgião não atendia pelo SUS, além de não haver tempo para buscar outro hospital ou os tribunais para resolver a lide.
Recentemente fui convocado em um outro concurso que prestei para professor do Estado do Rio de Janeiro. Fui levado a desistir porque os colégios que me foram oferecidos em Campos (RJ) tornavam impossível assumir aquela matrícula. Isto porque teria de percorrer 250 quilômetros por dia para dar aula, sendo que deveria ir três vezes por semana àquele município, ou seja, o salário de setecentos reais brutos ficaria todo na estrada gastos com pedágios, combustível e alimentação.
Imaginei que já que tenho uma matrícula no estado haveria a possibilidade de uma remoção para o município em que estou lotado, mas a inércia aliada à má vontade dos funcionários da Coordenadoria que me apresentei, tornaram impossível qualquer modificação no que me fora apresentado: ou aceitava e daí após três anos tentava a remoção, ou desistia. Optei pela segunda opção.
Realmente meus valores são outros. Não sonho com carrões, viagens maravilhosas, mansões, nada disso. Sonho como qualquer brasileiro simples. Sonho em ter dignidade, o que me falta hoje. O estado não apoia o professorado em nada. Não existe nenhum fomento à qualificação do servidor, à parte aqueles que atendem única e exclusivamente os interesses do próprio estado, ou seja, cursinhos de informática para que o professor tenha mais uma atribuição: lançar as notas dos alunos no sistema e com isso extinguir o cargo de secretária escolar. Bravo! No Rio de Janeiro, por exemplo, não existe um programa de apoio ou incentivo aos professores que desejam especializar-se em cursos de mestrado ou doutorado, acredito que essa também seja a realidade de todos os estados brasileiros e do distrito federal.
Com tudo isso, esses programas eleitorais – à parte as inúmeras mentiras veiculadas - têm me auxiliado na construção de uma nova convicção: abandonar o magistério, o que não ocorrerá sem dores, pois amo a minha profissão, mas em breve vai acontecer independente dos resultados que estou aguardando.
Gostaria de deixar consignado que não sou porta-voz e não represento a classe dos professores. Represento a mim mesmo. Ademais, não se pode falar em classe quando há ausência de consciência, referindo-me aos ensinamentos do velho Marx e que são bastante pertinentes ao quadro.
Não obstante, parece-me também que quase nada do que ajudamos a construir em salas de aulas é aproveitado pelos destinatários como deveriam. É comum ouvir pessoas dizendo que não votarão em fulano ou sicrano porque suas chances de vitória são praticamente nulas. É muito triste para um professor, seja ele de qual área for, ouvir uma coisa dessas. Se meus candidatos têm ou não chances de vitória são as urnas que dirão. Não acredito em pesquisas de opinião, ainda que em muitos casos elas reflitam fielmente o povo brasileiro. Cada povo tem o governo que merece.
Por fim, independente do que eu venha a fazer, será feito com a maior dignidade e zelo, mesmo que eu opte em colocar uma carrocinha de cachorro-quente na esquina, ideia que não descarto. É preciso coragem para mudar. Quando assinei a desistência da segunda matrícula, muita gente comentou entre os cantos que eu era louco em abandonar uma matrícula no estado, para eles eu digo que louco é quem me diz e não é feliz, eu sou feliz, só me falta dignidade.
A Luta Continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
7 de setembro de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
É SÓ O AMOR
Muito se tem falado dos inúmeros problemas de ordem mental de origem emocional que acometem um sem número de pessoas.
Por outro lado, existe uma infinidade de drogas lícitas disponíveis no mercado que prometem verdadeiros “milagres” na vida do sujeito.
Além disso, as maiorias das novelas brasileiras fomentam e relacionam o uso do álcool com aqueles personagens que precisam dar uma “relaxadinha”, ou seja, associam drogas ao prazer, logo, o resultado não poderia ser diferente daquele que assistimos todos os dias: jovens cada vez mais precocemente bebendo, fumando e se drogando em busca desse ilusório “prazer” que todos os dias nos são oferecidos por diversos meios.
Refletindo sobre isso, conclui que a razão de todos esses dramas e que acaba criando um mercado que cresce exponencialmente, é exatamente a falta de amor. As pessoas têm vergonha de se declarar ao outro, mas se emocionam quando vêem outros fazendo aquilo que lhes falta coragem fazer. Talvez seja por isso que as teledramaturgias têm um número de telespectadores que não para de crescer. Para quem desconhece, o horário em que são transmitidas as novelas é o mais caro para se veicular um comercial, daí serem chamados de “horários nobres”, isso porque tem um número enorme de pessoas assistindo à sua programação naquele horário.
Mas a questão aqui é discutir sobre a origem desse distanciamento do ser de si mesmo e daqueles que ao contrário dos primeiros, insistem no sentido inverso.
Existe uma oração a qual Renato Russo do Legião Urbana gravou numa bela canção que diz mais ou menos assim:
“ainda que eu falasse a língua dos homens
e ainda eu falasse a língua dos anjos
sem amor eu nada seria...”
É claro que não existe ninguém que não possua em seu interior um pingo sequer de amor, mas o grande problema a meu ver esta em como esse amor é colocado para fora, o que quando não ocorre, acaba gerando problemas emocionais sérios, alguns irreversíveis.
Porém, há aqueles que amam sem se preocupar como o “outro” vai encarar ou receber seu amor. Amam porque precisam amar, sabem que sem amor elas nada seriam, e essa, é a chave para a felicidade. O que poderia ser mais gratificante do que olhar um belo sorriso estampado no rosto ante um pequeno gesto de carinho, amor ou solidariedade de nossa parte e que muitas vezes custa tão pouco?
Além disso, tenho percebido que as pessoas que assim agem, só encontram flores pelo seu caminho, ainda que com alguns espinhos. Elas atraem coisas positivas, algumas consideradas improváveis de acontecer pelos céticos, mas acreditem, não é milagre, é a balança da Justiça Divina que sempre é favorável aos resignados e aos que procuram seguir na senda do amor e da justiça.
Que bela oportunidade possuímos de nos redimir! Basta amar. Não é à toa, que o primeiro mandamento de Deus começa com esse verbo.
Quando escrevo fora dos espaços acadêmicos sempre busco inspirar-me num personagem ou numa situação. No caso em tela, não uma, mas duas pessoas serviram-me de inspiração para o presente. A primeira, é o doutor Adson Azevedo, médico, prefeito de Bom Jesus do Norte (ES) e meu amigo, aliás, meu irmão de jornada. A segunda, também é médica, mas vou suprimir-lhe o nome exatamente por não conhecê-la suficientemente ao ponto de saber se a mesma gostaria de ver seu nome por aqui.
Essas pessoas se inserem no rol daquelas que podem ser comparadas a um raro brilhante o qual existem pouquíssimos exemplares. Doutor Adson é um exemplo a ser seguido. Não falo isso por estar na Prefeitura, a qual, aliás, estou me despedindo em breve, mas exatamente pela angústia que ele sente ante a impotência em ajudar a todos, a solucionar desde os problemas mais simples aos mais complexos. Sofre pela falta de emprego, sofre pela miséria alheia, sofre pela ausência do básico para todos. Deus conhece seu coração, meu amigo, ele sente a sua angústia ante esses problemas que parecem insolúveis, mas esteja certo, meu irmão, muita gente foi abençoada com a sua surpreendente chegada ao Poder Executivo Municipal e o Pai sabe bem de seu incansável esforço em levar dignidade às pessoas. És um anjo de luz, tenho certeza disso.
Pessoas que antes não tinham nenhuma perspectiva de vida hoje já podem viver com o mínimo de dignidade, pois têm um emprego e sabem que no final do mês levarão comida para dentro de seus lares.
Como médico, soube sanear e administrar muito bem a saúde de nossa cidade. Ninguém que precise fica sem atendimento em Bom Jesus do Norte, e em breve em instalações mais adequadas. Finalmente pessoas nascerão aqui.
Sua caridade é inspiradora. Um grande número de pessoas segue seu belo exemplo e hoje prestam algum tipo de trabalho voluntário. Que demonstração de amor poderia ser maior que essa?
De público, quero declarar meu amor ao senhor. Obrigado pela oportunidade que me foi dada para me tornar uma pessoa melhor do que eu era e também pela consciência do quanto eu ainda tenho que melhorar. Fostes um dos grandes mestres que tive em minha jornada até aqui. Obrigado, irmão!
Quanto à doutora, bem, posso dizer que foi um encontro igualmente surpreendente e bom. Sabe aquelas pessoas que você tem vontade de ficar o dia inteiro perto só para aprender mais? Pois é, essa é a médica com nome de personagem histórico, aliás, nome de um cara que derrubou todo um império na primeira metade do século XX apenas pregando o amor entre as pessoas. Esse anjo não poderia ter sido batizado com outro nome. Sua leveza chega a ser insustentável, mas ela sabe perfeitamente a que veio, não está nesse plano a passeio, tem plena consciência do seu papel e o desempenha muito bem.
Estamos juntos nessa Teia de Penélope. Alguns gostaríamos de ter por perto a vida inteira, mas sabemos não ser possível, pois suas luzes precisam iluminar outros caminhos. Mas, como acredito que o desejo é o que torna o irreal possível, quem sabe?!
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua.
B.J.N., 5 de agosto de 2010.
Por outro lado, existe uma infinidade de drogas lícitas disponíveis no mercado que prometem verdadeiros “milagres” na vida do sujeito.
Além disso, as maiorias das novelas brasileiras fomentam e relacionam o uso do álcool com aqueles personagens que precisam dar uma “relaxadinha”, ou seja, associam drogas ao prazer, logo, o resultado não poderia ser diferente daquele que assistimos todos os dias: jovens cada vez mais precocemente bebendo, fumando e se drogando em busca desse ilusório “prazer” que todos os dias nos são oferecidos por diversos meios.
Refletindo sobre isso, conclui que a razão de todos esses dramas e que acaba criando um mercado que cresce exponencialmente, é exatamente a falta de amor. As pessoas têm vergonha de se declarar ao outro, mas se emocionam quando vêem outros fazendo aquilo que lhes falta coragem fazer. Talvez seja por isso que as teledramaturgias têm um número de telespectadores que não para de crescer. Para quem desconhece, o horário em que são transmitidas as novelas é o mais caro para se veicular um comercial, daí serem chamados de “horários nobres”, isso porque tem um número enorme de pessoas assistindo à sua programação naquele horário.
Mas a questão aqui é discutir sobre a origem desse distanciamento do ser de si mesmo e daqueles que ao contrário dos primeiros, insistem no sentido inverso.
Existe uma oração a qual Renato Russo do Legião Urbana gravou numa bela canção que diz mais ou menos assim:
“ainda que eu falasse a língua dos homens
e ainda eu falasse a língua dos anjos
sem amor eu nada seria...”
É claro que não existe ninguém que não possua em seu interior um pingo sequer de amor, mas o grande problema a meu ver esta em como esse amor é colocado para fora, o que quando não ocorre, acaba gerando problemas emocionais sérios, alguns irreversíveis.
Porém, há aqueles que amam sem se preocupar como o “outro” vai encarar ou receber seu amor. Amam porque precisam amar, sabem que sem amor elas nada seriam, e essa, é a chave para a felicidade. O que poderia ser mais gratificante do que olhar um belo sorriso estampado no rosto ante um pequeno gesto de carinho, amor ou solidariedade de nossa parte e que muitas vezes custa tão pouco?
Além disso, tenho percebido que as pessoas que assim agem, só encontram flores pelo seu caminho, ainda que com alguns espinhos. Elas atraem coisas positivas, algumas consideradas improváveis de acontecer pelos céticos, mas acreditem, não é milagre, é a balança da Justiça Divina que sempre é favorável aos resignados e aos que procuram seguir na senda do amor e da justiça.
Que bela oportunidade possuímos de nos redimir! Basta amar. Não é à toa, que o primeiro mandamento de Deus começa com esse verbo.
Quando escrevo fora dos espaços acadêmicos sempre busco inspirar-me num personagem ou numa situação. No caso em tela, não uma, mas duas pessoas serviram-me de inspiração para o presente. A primeira, é o doutor Adson Azevedo, médico, prefeito de Bom Jesus do Norte (ES) e meu amigo, aliás, meu irmão de jornada. A segunda, também é médica, mas vou suprimir-lhe o nome exatamente por não conhecê-la suficientemente ao ponto de saber se a mesma gostaria de ver seu nome por aqui.
Essas pessoas se inserem no rol daquelas que podem ser comparadas a um raro brilhante o qual existem pouquíssimos exemplares. Doutor Adson é um exemplo a ser seguido. Não falo isso por estar na Prefeitura, a qual, aliás, estou me despedindo em breve, mas exatamente pela angústia que ele sente ante a impotência em ajudar a todos, a solucionar desde os problemas mais simples aos mais complexos. Sofre pela falta de emprego, sofre pela miséria alheia, sofre pela ausência do básico para todos. Deus conhece seu coração, meu amigo, ele sente a sua angústia ante esses problemas que parecem insolúveis, mas esteja certo, meu irmão, muita gente foi abençoada com a sua surpreendente chegada ao Poder Executivo Municipal e o Pai sabe bem de seu incansável esforço em levar dignidade às pessoas. És um anjo de luz, tenho certeza disso.
Pessoas que antes não tinham nenhuma perspectiva de vida hoje já podem viver com o mínimo de dignidade, pois têm um emprego e sabem que no final do mês levarão comida para dentro de seus lares.
Como médico, soube sanear e administrar muito bem a saúde de nossa cidade. Ninguém que precise fica sem atendimento em Bom Jesus do Norte, e em breve em instalações mais adequadas. Finalmente pessoas nascerão aqui.
Sua caridade é inspiradora. Um grande número de pessoas segue seu belo exemplo e hoje prestam algum tipo de trabalho voluntário. Que demonstração de amor poderia ser maior que essa?
De público, quero declarar meu amor ao senhor. Obrigado pela oportunidade que me foi dada para me tornar uma pessoa melhor do que eu era e também pela consciência do quanto eu ainda tenho que melhorar. Fostes um dos grandes mestres que tive em minha jornada até aqui. Obrigado, irmão!
Quanto à doutora, bem, posso dizer que foi um encontro igualmente surpreendente e bom. Sabe aquelas pessoas que você tem vontade de ficar o dia inteiro perto só para aprender mais? Pois é, essa é a médica com nome de personagem histórico, aliás, nome de um cara que derrubou todo um império na primeira metade do século XX apenas pregando o amor entre as pessoas. Esse anjo não poderia ter sido batizado com outro nome. Sua leveza chega a ser insustentável, mas ela sabe perfeitamente a que veio, não está nesse plano a passeio, tem plena consciência do seu papel e o desempenha muito bem.
Estamos juntos nessa Teia de Penélope. Alguns gostaríamos de ter por perto a vida inteira, mas sabemos não ser possível, pois suas luzes precisam iluminar outros caminhos. Mas, como acredito que o desejo é o que torna o irreal possível, quem sabe?!
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua.
B.J.N., 5 de agosto de 2010.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
EXÉRCITO DE UM HOMEM OU DE UMA MULHER SÓ
Dias desse fui surpreendido por uma pergunta da minha filha a qual me remeteu ao historiador francês Marc Bloch: -“ pai, pra que serve história? –“ A minha resposta foi a mesma do ilustre fundador da Escola dos Annales quando questionado por seu filho sobre o significado do conceito.
Admito que aquela pergunta aparentemente infantil – sobretudo se levado em conta a idade da minha menina (11 anos), - me fez refletir sobre o sentido da história. Existe realmente uma função para a disciplina-mãe? Em que momento ela é importante? Aliás, ela é relevante? Por quê? Por que tantos exemplos vindos das sociedades antigas, clássicas, medievais, modernas ou ainda contemporâneas são reproduzidos em salas de aulas se nada ou quase nada daqueles discursos ou o resultado de suas construções naqueles espaços são aplicados na vida cotidiana das pessoas? Por que o senso comum ainda prevalece em detrimento ao juízo crítico? São perguntas difíceis de serem respondidas, principalmente se levado em conta hoje em dia a facilidade de acesso à informação, mas que algumas pessoas insistem em não perseguir.
Mas também existe o outro lado da moeda, o daquelas pessoas que vêem nas entrelinhas dos discursos; que sonham, mas trabalham para o amadurecimento da sociedade na qual se inserem. É o exército de um homem ou de uma mulher só.
Hoje, passados algumas décadas da leitura de Introdução a História, talvez eu tenha chegado ao pleno entendimento da aparente simples resposta de Marc Bloch ao seu pupilo. É fácil compreender as razões da sociedade do Lácio que formaram uma sociedade marginal ao engessamento da sociedade medieval; é fácil de entender os motivos que levaram o Terceiro Estado a explodir toda aquela estrutura decadente da sociedade cortesã em França; é perfeitamente compreensível os papéis dos panfletários da República, dos tropicalistas e tantos outros. Afinal, “a história é a ciência do homem no tempo”, e o homem de hoje, seguramente é completamente diferente do homem dos tempos havidos. Os valores são outros.
A luta continua
Marcelo Adriano Nunes de Jesus – 02.AGO.2010
Admito que aquela pergunta aparentemente infantil – sobretudo se levado em conta a idade da minha menina (11 anos), - me fez refletir sobre o sentido da história. Existe realmente uma função para a disciplina-mãe? Em que momento ela é importante? Aliás, ela é relevante? Por quê? Por que tantos exemplos vindos das sociedades antigas, clássicas, medievais, modernas ou ainda contemporâneas são reproduzidos em salas de aulas se nada ou quase nada daqueles discursos ou o resultado de suas construções naqueles espaços são aplicados na vida cotidiana das pessoas? Por que o senso comum ainda prevalece em detrimento ao juízo crítico? São perguntas difíceis de serem respondidas, principalmente se levado em conta hoje em dia a facilidade de acesso à informação, mas que algumas pessoas insistem em não perseguir.
Mas também existe o outro lado da moeda, o daquelas pessoas que vêem nas entrelinhas dos discursos; que sonham, mas trabalham para o amadurecimento da sociedade na qual se inserem. É o exército de um homem ou de uma mulher só.
Hoje, passados algumas décadas da leitura de Introdução a História, talvez eu tenha chegado ao pleno entendimento da aparente simples resposta de Marc Bloch ao seu pupilo. É fácil compreender as razões da sociedade do Lácio que formaram uma sociedade marginal ao engessamento da sociedade medieval; é fácil de entender os motivos que levaram o Terceiro Estado a explodir toda aquela estrutura decadente da sociedade cortesã em França; é perfeitamente compreensível os papéis dos panfletários da República, dos tropicalistas e tantos outros. Afinal, “a história é a ciência do homem no tempo”, e o homem de hoje, seguramente é completamente diferente do homem dos tempos havidos. Os valores são outros.
A luta continua
Marcelo Adriano Nunes de Jesus – 02.AGO.2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
OS ANJOS TÊM SEXO E AUXILIARES
Quando se entra num Centro de Tratamento Intensivo (CTI) pela primeira vez, tem-se a nítida imprenssão de se estar entrando numa antessala para o Além. É um corre-corre danado de médicos e técnicos, aparelhos ligados, alarmes disparando, pessoas sendo reanimadas outras morrendo, uma loucura. Ali, realmente se percebe o valor que tem uma vida; valor este, não raro, negligenciado por uma parcela significativa de pessoas, mas nunca pelos profissionais desses centros, que se esforçam sobre humanamente para manterem pessoas vivas. E foi nesse lugar que conheci e fiz novos amigos. Surreal? Talvez.
Em um recente texto, comparei médicos com anjos. Seguindo nessa mesma perspectiva, neste, inclui as enfermeiras e enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos e auxiliares de enfermagem e todos os demais profissionais que dão suporte num CTI.
No que estive durante 12 dias, os doutores Carlos Barbuto e Sabrina eram os responsáveis técnicos. E quanta competência! Ambos, além de uma amabilidade ímpar para com todos os pacientes, funcionários e familiares dos doentes, nasceram para a profissão que escolheram. Amei vocês!
Adriana era a enfermeira-chefe. É ela quem administrava todo o funcionamento daquele centro do Hospital das Clínicas em Itaperuna (RJ). Mas não ficava só na administração, na parte burocrática da coisa. Ela dava banho nos leitos em alguns pacientes impossibilitados de se locomover, trocava fraldas, auxiliava o trabalho dos demais profissionais, conversava com aqueles poucos em condições de conversar, era doce com seus subordinados, e mais ainda: segurava nas mãos de cada paciente como numa prece silenciosa para que saíssem logo daquele triste estado.
Jamais vou esquecer o dia em que senti uma dor indescritível, nunca sentida até então. A dor, para os entendidos no assunto, surgiu em decorrência de um procedimento chamado pleurodese que não vou aqui detalhar por mera economia de espaço. Mas rogo a Deus nunca mais sentir algo parecido.
A dor que eu sentia era tanta, mas tanta, que a dose de morfina aplicada foi insuficiente para fazê-la cessar; foi necessário um aumento no dobro da dosagem e mesmo assim ela não diminuía.
Mas o fato, é que já sem forças para gritar, esse anjo chamado Adriana, segurou em minhas mãos e pude perceber que seus olhos estavam marejados pela dor que eu estava sentindo e também pela sua impotência em saná-la, pois tudo o que podia ser feito nesse sentido já houvera sido feito, tinha-se apenas que esperar os medicamentos fazerem efeito, mas cada minuto era uma eternidade, custaram muito a passar. E a Adriana sofreu comigo.
Apertei-lhe as mãos com todas as forças que ainda me restavam e em nenhum momento ela me deixou só. Isso eu nunca vou esquecer. Quanta caridade! Adriana estava ao lado do médico que me assistia e também de outros anjos que ficaram o tempo todo ao meu redor. Após algum tempo a dor diminuiu e finalmente desfaleci, ou o inverso, não sei.
No dia seguinte sequer abri os olhos. Dormi o dia inteiro, e o segundo dia também e no terceiro estava meio confuso: não sabia se estava de fato numa antessala do Além ou se já estava no Próprio, pois em todas as direções em que eu olhava, eu via padres e anjos. E realmente eles estavam ali. Um dos padres, depois vim a saber, chamava-se Manoel, da Igreja Tradicionalista de Itaperuna (RJ), o outro ninguém sabia o nome. Devia estar acompanhando o outro.
Aos poucos, as dores foram diminuindo e pude melhor perceber aquelas pessoas e compreender o significado de cada uma delas em minha vida naquele momento: elas vieram reforçar a minha convicção de que fora da caridade não há salvação. Estava convencido. Realmente eu estava entre anjos de luz.
Emocionei-me com as diversas histórias que ouvi e percebi que eu já não era mais um paciente, porém O paciente que havia sido adotado por todos eles quase como um membro de suas famílias – o que muito me honraria se fosse verdade –, apesar de ter tido o privilégio e a Misericórdia Divina de ter nascido no seio de uma família maravilhosa e de ter igualmente uma esposa além do que mereço. Mas o momento agora é desses anjos, e por isso vou tentar descrevê-los sucintamente.
O Ivan é um negro alto e forte, portador de uma mão levíssima, que quando em mim aplicava as medicações, sempre repetia que no próximo plantão dele eu não mais estaria ali, isso para incentivar a minha reação no sentido da melhora. E ele estava certo. Comecei a reagir e exatamente num plantão do Ivan, eu não estava mais lá. Obrigado, meu irmão!
O Rondinele, outro técnico de enfermagem, é um cara superbacana e alegre, com uma história de vida belíssima, mas como não podia deixar de ser na condição humana, cheia de dores e dramas. Foi o que eu mais perturbava em minhas demandas. Houve um plantão dele em que eu o “aluguei” até meia-noite e meia contando e ouvindo histórias. Aquele dia me fez esquecer que eu estava num CTI. Dono de uma doçura comparada àquelas balas de açúcar que fazíamos quando crianças é assim que o vejo.
Saiba amigo, que para mim foi uma honra tê-lo conhecido. Assim como os demais, hoje você faz parte do meu seleto rol de amigos. Seletos apenas pelo fato de serem como vocês: anjos de luz. Valeu!!!!
O José Antônio é uma outra pessoa que foge qualificar de tão gentil, mas por outro lado, como qualificar um anjo? Também atua como técnico de enfermagem, assim como o Ivan e o “Rondi”. Quando o vi pela primeira vez, pensei comigo: “ – aí, meu Deus, não manda ele aplicar as injeções não –“. O “Zé”,- como é carinhosamente tratado por todos -, além de alto, é muito sério e tem uma voz grave e que assusta quem ouve, principalmente se estiver num CTI. Mas, é pura aparência. É um doce de pessoa, amabilíssimo e dono de um enorme coração e que assim como os outros, também se emociona com as dores alheias.
Todas as qualidades descritas dos outros se aplicam ao Rodrigo. Várias vezes o ouvir dizer que após o plantão iria à casa de seus pais ajudá-los em seus afazeres, como na colheita de feijão, por exemplo, da última semana. Deve ser um belo exemplo de filho.
A Chênia pode ser definida como aquela pessoa que está sempre pra cima; esbanja alegria, bom humor, e espalha felicidades e flores por onde passa. É também muito engraçada. Às vezes, eu pensava: “- aí, Jesus, não permita que eu veja a cara da Chênia ou ouça as coisas que ela vai falar hoje – “.Isso porque, dava uma vontade enorme de rir, e como eu estava completamente dolorido, qualquer contração muscular era um sofrimento, mas quando ocorria de ouvir alguma coisa ou olhar para ela, eu logo pensava numa coisa bem feia para distrair a mente, caso contrário, seriam risos e dores na certa. Te amo, Chênia.
A Sandra é outra. Alegre, divertida e dedicada. Mais uma batalhadora pela e a favor da vida, além de muito paciente comigo e com os outros. Deve ser uma bela mãe.
A Miriam é uma guerreira que em breve tornar-se-á uma enfermeira; está na metade da sua graduação. Lembro-me que num dos plantões dela, a mesma disse que faria uma prova bem difícil no dia seguinte. Apesar de não poder sair do leito, ofereci minha ajuda. Mas não deu. Cheguei a folhear algumas apostilas (eram cinco ou seis), mas eram tantos nomes de bactérias, fungos e outros seres, que desisti da empreitada. Mas segundo ela, uma coisa que eu houvera dito a ajudou, mas que não me recordo o que foi exatamente, mas sinceramente não acredito. Com certeza deve ser mais uma das inúmeras gentilezas que esse lindo anjo moreno me prestou. Obrigado, querida!
Mas também outros anjos foram fundamentais nesse meu eterno aprendizado: o fisioterapeuta Clayton, a psicóloga Clarisse, a nutricionista Nágila, além das auxiliares de limpeza dona Rosinha e Pretinha, que igualmente só somaram em minha vida.
Atualmente estou no quarto 216. É um local frio, solitário, e feio, muito feio. Apesar de agora poder vislumbrar o céu todos os dias da janela do quarto, sinto falta dos meus anjos, apesar de todos os dias eles virem me visitar quando a caminho de mais um dia de plantão no CTI no Hospital das Clínicas.
Mas, após 15 dias internado, sinto que minha alta esta próxima. Ainda não tenho certeza, mas acredito que seja minha última semana aqui.
A única certeza que tenho no momento é que nenhum de vocês jamais sairão da minha memória, e nos encontraremos noutras circunstâncias, estejam certos disso.
Acho que pela primeira vez após longos anos, desaprendi a fazer o fechamento de um texto. Mas tenho que terminá-lo e vou fazer da maneira que meu coração está indicando:
Até breve, meus amigos....Até breve!!!
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
A luta continua
Hospital das Clínicas, quarto 216. Itaperuna (RJ), 22 de julho de 2010. 00:04h
Em um recente texto, comparei médicos com anjos. Seguindo nessa mesma perspectiva, neste, inclui as enfermeiras e enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos e auxiliares de enfermagem e todos os demais profissionais que dão suporte num CTI.
No que estive durante 12 dias, os doutores Carlos Barbuto e Sabrina eram os responsáveis técnicos. E quanta competência! Ambos, além de uma amabilidade ímpar para com todos os pacientes, funcionários e familiares dos doentes, nasceram para a profissão que escolheram. Amei vocês!
Adriana era a enfermeira-chefe. É ela quem administrava todo o funcionamento daquele centro do Hospital das Clínicas em Itaperuna (RJ). Mas não ficava só na administração, na parte burocrática da coisa. Ela dava banho nos leitos em alguns pacientes impossibilitados de se locomover, trocava fraldas, auxiliava o trabalho dos demais profissionais, conversava com aqueles poucos em condições de conversar, era doce com seus subordinados, e mais ainda: segurava nas mãos de cada paciente como numa prece silenciosa para que saíssem logo daquele triste estado.
Jamais vou esquecer o dia em que senti uma dor indescritível, nunca sentida até então. A dor, para os entendidos no assunto, surgiu em decorrência de um procedimento chamado pleurodese que não vou aqui detalhar por mera economia de espaço. Mas rogo a Deus nunca mais sentir algo parecido.
A dor que eu sentia era tanta, mas tanta, que a dose de morfina aplicada foi insuficiente para fazê-la cessar; foi necessário um aumento no dobro da dosagem e mesmo assim ela não diminuía.
Mas o fato, é que já sem forças para gritar, esse anjo chamado Adriana, segurou em minhas mãos e pude perceber que seus olhos estavam marejados pela dor que eu estava sentindo e também pela sua impotência em saná-la, pois tudo o que podia ser feito nesse sentido já houvera sido feito, tinha-se apenas que esperar os medicamentos fazerem efeito, mas cada minuto era uma eternidade, custaram muito a passar. E a Adriana sofreu comigo.
Apertei-lhe as mãos com todas as forças que ainda me restavam e em nenhum momento ela me deixou só. Isso eu nunca vou esquecer. Quanta caridade! Adriana estava ao lado do médico que me assistia e também de outros anjos que ficaram o tempo todo ao meu redor. Após algum tempo a dor diminuiu e finalmente desfaleci, ou o inverso, não sei.
No dia seguinte sequer abri os olhos. Dormi o dia inteiro, e o segundo dia também e no terceiro estava meio confuso: não sabia se estava de fato numa antessala do Além ou se já estava no Próprio, pois em todas as direções em que eu olhava, eu via padres e anjos. E realmente eles estavam ali. Um dos padres, depois vim a saber, chamava-se Manoel, da Igreja Tradicionalista de Itaperuna (RJ), o outro ninguém sabia o nome. Devia estar acompanhando o outro.
Aos poucos, as dores foram diminuindo e pude melhor perceber aquelas pessoas e compreender o significado de cada uma delas em minha vida naquele momento: elas vieram reforçar a minha convicção de que fora da caridade não há salvação. Estava convencido. Realmente eu estava entre anjos de luz.
Emocionei-me com as diversas histórias que ouvi e percebi que eu já não era mais um paciente, porém O paciente que havia sido adotado por todos eles quase como um membro de suas famílias – o que muito me honraria se fosse verdade –, apesar de ter tido o privilégio e a Misericórdia Divina de ter nascido no seio de uma família maravilhosa e de ter igualmente uma esposa além do que mereço. Mas o momento agora é desses anjos, e por isso vou tentar descrevê-los sucintamente.
O Ivan é um negro alto e forte, portador de uma mão levíssima, que quando em mim aplicava as medicações, sempre repetia que no próximo plantão dele eu não mais estaria ali, isso para incentivar a minha reação no sentido da melhora. E ele estava certo. Comecei a reagir e exatamente num plantão do Ivan, eu não estava mais lá. Obrigado, meu irmão!
O Rondinele, outro técnico de enfermagem, é um cara superbacana e alegre, com uma história de vida belíssima, mas como não podia deixar de ser na condição humana, cheia de dores e dramas. Foi o que eu mais perturbava em minhas demandas. Houve um plantão dele em que eu o “aluguei” até meia-noite e meia contando e ouvindo histórias. Aquele dia me fez esquecer que eu estava num CTI. Dono de uma doçura comparada àquelas balas de açúcar que fazíamos quando crianças é assim que o vejo.
Saiba amigo, que para mim foi uma honra tê-lo conhecido. Assim como os demais, hoje você faz parte do meu seleto rol de amigos. Seletos apenas pelo fato de serem como vocês: anjos de luz. Valeu!!!!
O José Antônio é uma outra pessoa que foge qualificar de tão gentil, mas por outro lado, como qualificar um anjo? Também atua como técnico de enfermagem, assim como o Ivan e o “Rondi”. Quando o vi pela primeira vez, pensei comigo: “ – aí, meu Deus, não manda ele aplicar as injeções não –“. O “Zé”,- como é carinhosamente tratado por todos -, além de alto, é muito sério e tem uma voz grave e que assusta quem ouve, principalmente se estiver num CTI. Mas, é pura aparência. É um doce de pessoa, amabilíssimo e dono de um enorme coração e que assim como os outros, também se emociona com as dores alheias.
Todas as qualidades descritas dos outros se aplicam ao Rodrigo. Várias vezes o ouvir dizer que após o plantão iria à casa de seus pais ajudá-los em seus afazeres, como na colheita de feijão, por exemplo, da última semana. Deve ser um belo exemplo de filho.
A Chênia pode ser definida como aquela pessoa que está sempre pra cima; esbanja alegria, bom humor, e espalha felicidades e flores por onde passa. É também muito engraçada. Às vezes, eu pensava: “- aí, Jesus, não permita que eu veja a cara da Chênia ou ouça as coisas que ela vai falar hoje – “.Isso porque, dava uma vontade enorme de rir, e como eu estava completamente dolorido, qualquer contração muscular era um sofrimento, mas quando ocorria de ouvir alguma coisa ou olhar para ela, eu logo pensava numa coisa bem feia para distrair a mente, caso contrário, seriam risos e dores na certa. Te amo, Chênia.
A Sandra é outra. Alegre, divertida e dedicada. Mais uma batalhadora pela e a favor da vida, além de muito paciente comigo e com os outros. Deve ser uma bela mãe.
A Miriam é uma guerreira que em breve tornar-se-á uma enfermeira; está na metade da sua graduação. Lembro-me que num dos plantões dela, a mesma disse que faria uma prova bem difícil no dia seguinte. Apesar de não poder sair do leito, ofereci minha ajuda. Mas não deu. Cheguei a folhear algumas apostilas (eram cinco ou seis), mas eram tantos nomes de bactérias, fungos e outros seres, que desisti da empreitada. Mas segundo ela, uma coisa que eu houvera dito a ajudou, mas que não me recordo o que foi exatamente, mas sinceramente não acredito. Com certeza deve ser mais uma das inúmeras gentilezas que esse lindo anjo moreno me prestou. Obrigado, querida!
Mas também outros anjos foram fundamentais nesse meu eterno aprendizado: o fisioterapeuta Clayton, a psicóloga Clarisse, a nutricionista Nágila, além das auxiliares de limpeza dona Rosinha e Pretinha, que igualmente só somaram em minha vida.
Atualmente estou no quarto 216. É um local frio, solitário, e feio, muito feio. Apesar de agora poder vislumbrar o céu todos os dias da janela do quarto, sinto falta dos meus anjos, apesar de todos os dias eles virem me visitar quando a caminho de mais um dia de plantão no CTI no Hospital das Clínicas.
Mas, após 15 dias internado, sinto que minha alta esta próxima. Ainda não tenho certeza, mas acredito que seja minha última semana aqui.
A única certeza que tenho no momento é que nenhum de vocês jamais sairão da minha memória, e nos encontraremos noutras circunstâncias, estejam certos disso.
Acho que pela primeira vez após longos anos, desaprendi a fazer o fechamento de um texto. Mas tenho que terminá-lo e vou fazer da maneira que meu coração está indicando:
Até breve, meus amigos....Até breve!!!
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
A luta continua
Hospital das Clínicas, quarto 216. Itaperuna (RJ), 22 de julho de 2010. 00:04h
quarta-feira, 21 de julho de 2010
ANJOS TÊM SEXO
No Brasil algumas coisas se dão em franca contradição com o que ocorre de positivo no resto do planeta. Como exemplo, cito o fato do país ter sido o último a abolir a escravidão negra na América, isso porque, mesmo independente de Portugal, o Brasil opunha-se ao chamado “liberalismo econômico” dos fisiocratas ingleses em detrimento ao “mercantilismo” ultrapassado e à época, adotado pelos países ibéricos (Portugal e Espanha).
Contemporaneamente no lado positivo, podemos citar o Japão, que teve duas das suas principais cidades da época, (Hiroshima e Nagasaki) destruídas por duas bombas atômicas durante a II Guerra Mundial (1939-1945) e hoje são a segunda maior potência econômica do mundo, perdendo o primeiro lugar apenas para aquele que um dia foi o seu algoz: os Estados Unidos.
Mas o Japão chegou a esse ponto através de uma fórmula bem simples, tão simples, que a maioria prefere não acreditar e que deveria seguir o exemplo: investiu bem na educação.
Mas a finalidade deste não é discutir história, mas sim dela se utilizar na construção de um raciocínio coerente e por que não dizer lógico, para aquilo que quero dizer lá na frente.
Dito isso, o fato, é que essa opção do Brasil teve um custo muito alto que a nação ainda não saldou e provavelmente muito tempo ainda levará para saldá-la. Basta observar a questão das cotas para negros nas universidades públicas e a polêmica em torno do tema; a falta da profissionalização das prostitutas, a má qualidade do ensino na educação básica; a falta de médicos nos hospitais devidos os baixíssimos salários que são pagos e outros problemas mais que já deveriam ter sido resolvidos há séculos, porém ainda se arrastam a toque de caixa.
Copiando alguns dos maus exemplos da sua ex-metrópole, em 1827 o então imperador D. Pedro I promulgou uma lei que concedia o título de doutor aos bacharéis em direito.
Passados quase 200 anos da Lei Imperial, hoje. de acordo com o Manual de Redação da Presidência da República, somente será chamado de doutor quem concluiu satisfatoriamente o curso acadêmico de doutorado. Ou seja, doutor é um título acadêmico, e não um pronome de tratamento, mas a hermenêutica também se refere às pessoas de notório saber.
Pode soar estranhos àqueles que estão acostumados a ler os meus textos, assistir uma abordagem sobre um assunto que pode parecer até estéril num primeiro momento. Ou ainda, podem até equivocadamente pensar que estou “irritado” com algum médico ou advogado, o que não seria de todo inverossímil, pois alguns realmente conseguem me tirar do sério. Mas a razão porque escrevo não é essa, afinal, meus melhores amigos são médicos, e foi exatamente pensando no Doutor Adir Amado Henriques Jr. e no Doutor Adson Azevedo Salim, que busquei inspiração para escrever, através da História, sobre outros médicos (as) que tive a honra, mas não o prazer, de conhecer exercendo seu lindo ofício; alguns brilhantemente, tais como verdadeiros professores (as).
Realmente, mesmo sem defesa de tese como exige o protocolo, existem médicos (as) que vão além de doutores. Títulos não salvam vidas. São pessoas, como disse, brilhantes que as salvam. São pesquisadores que deixam suas famílias e amigos para salvar e cuidar de vidas, muitas das quais eles nunca viram e provavelmente nunca mais voltaram a rever. São pessoas abnegadas, que saem a qualquer hora do dia ou da noite para ajudar alguém que precise do seu saber; são homens e mulheres que receberam de Deus essa linda missão: sanar a dor, curar a ferida e evitar a morte, mas não apenas do paciente, não obstante, também de seus familiares que igualmente sofrem por seus doentes. Não se preocupam com títulos, mas sim com saberes que muitas das vezes são construídos precariamente, sob efeito de estresses e cansaços, mas eles (as) não têm tempo para cuidar de si, os outros são mais importantes.
Talvez agora tenha chegado o momento de revelar a razão de ter iniciado meus agradecimentos tendo como pano de fundo a história, afinal, é ela a guardiã da memória de uma sociedade, e faço questão que fique registrado não apenas meus sinceros agradecimentos, mas também minha indignação com a falta de respeito, honestidade e insalubridade que muitas vezes vocês são obrigados a se submeter em nome da vida alheia exatamente por aqueles que mais deveriam valorizá-los: a própria população em geral. Não vou nem citar o Estado, este, enquanto não amadurecer a consciência política do povo, continuará a ser o que é: omisso nas questões de saúde educação e segurança, mas graças a Deus existe a Justiça que pode e deve ser acionada contra a tirania e a omissão do Estado.
Gostaria de citar nominalmente o nome de todos os médicos, médicas e demais profissionais de saúde, (estes fiz um texto à parte) que tão bem e carinhosamente cuidaram de mim no CTI do Hospital das Clínicas de Itaperuna (RJ), e também, claro, do cirurgião responsável pelo procedimento cirúrgico em meu tórax, mas não poderia confiar em minha memória e incorrer no erro de deixar alguns desses anjos que têm sexo de fora por mero esquecimento de um nome, mas esse receio é só por causa dos remédios, doutores (as), só por causa dos remédios os quais me submeti, ainda não tenho nenhum problema de memória, rs rs, mas não vou correr o risco de esquecer um nome, me perdoem.
Por isso, fica aqui o meu mais profundo agradecimento e votos de muita Luz e Paz Profunda na vida individual de cada um de vocês. Sejam para aqueles que estão iniciando na profissão, ou para aqueles que já estão nela um tempo ou ainda para aqueles em vias de se aposentar, recebam minha mais sincera gratidão e reconhecimento pelo trabalho que vocês prestaram e prestam em prol da vida alheia e que com certeza está muito além de um mero título, afinal, não se esqueçam, vivemos num país às avessas, onde não raro o certo é o errado e o errado é o certo, mas isso é uma outra história.
A luta continua
MANJ
Quarto 216 Hospital da Clínicas, Itaperuna, 21 de julho de 2010 – 00:23 h
Contemporaneamente no lado positivo, podemos citar o Japão, que teve duas das suas principais cidades da época, (Hiroshima e Nagasaki) destruídas por duas bombas atômicas durante a II Guerra Mundial (1939-1945) e hoje são a segunda maior potência econômica do mundo, perdendo o primeiro lugar apenas para aquele que um dia foi o seu algoz: os Estados Unidos.
Mas o Japão chegou a esse ponto através de uma fórmula bem simples, tão simples, que a maioria prefere não acreditar e que deveria seguir o exemplo: investiu bem na educação.
Mas a finalidade deste não é discutir história, mas sim dela se utilizar na construção de um raciocínio coerente e por que não dizer lógico, para aquilo que quero dizer lá na frente.
Dito isso, o fato, é que essa opção do Brasil teve um custo muito alto que a nação ainda não saldou e provavelmente muito tempo ainda levará para saldá-la. Basta observar a questão das cotas para negros nas universidades públicas e a polêmica em torno do tema; a falta da profissionalização das prostitutas, a má qualidade do ensino na educação básica; a falta de médicos nos hospitais devidos os baixíssimos salários que são pagos e outros problemas mais que já deveriam ter sido resolvidos há séculos, porém ainda se arrastam a toque de caixa.
Copiando alguns dos maus exemplos da sua ex-metrópole, em 1827 o então imperador D. Pedro I promulgou uma lei que concedia o título de doutor aos bacharéis em direito.
Passados quase 200 anos da Lei Imperial, hoje. de acordo com o Manual de Redação da Presidência da República, somente será chamado de doutor quem concluiu satisfatoriamente o curso acadêmico de doutorado. Ou seja, doutor é um título acadêmico, e não um pronome de tratamento, mas a hermenêutica também se refere às pessoas de notório saber.
Pode soar estranhos àqueles que estão acostumados a ler os meus textos, assistir uma abordagem sobre um assunto que pode parecer até estéril num primeiro momento. Ou ainda, podem até equivocadamente pensar que estou “irritado” com algum médico ou advogado, o que não seria de todo inverossímil, pois alguns realmente conseguem me tirar do sério. Mas a razão porque escrevo não é essa, afinal, meus melhores amigos são médicos, e foi exatamente pensando no Doutor Adir Amado Henriques Jr. e no Doutor Adson Azevedo Salim, que busquei inspiração para escrever, através da História, sobre outros médicos (as) que tive a honra, mas não o prazer, de conhecer exercendo seu lindo ofício; alguns brilhantemente, tais como verdadeiros professores (as).
Realmente, mesmo sem defesa de tese como exige o protocolo, existem médicos (as) que vão além de doutores. Títulos não salvam vidas. São pessoas, como disse, brilhantes que as salvam. São pesquisadores que deixam suas famílias e amigos para salvar e cuidar de vidas, muitas das quais eles nunca viram e provavelmente nunca mais voltaram a rever. São pessoas abnegadas, que saem a qualquer hora do dia ou da noite para ajudar alguém que precise do seu saber; são homens e mulheres que receberam de Deus essa linda missão: sanar a dor, curar a ferida e evitar a morte, mas não apenas do paciente, não obstante, também de seus familiares que igualmente sofrem por seus doentes. Não se preocupam com títulos, mas sim com saberes que muitas das vezes são construídos precariamente, sob efeito de estresses e cansaços, mas eles (as) não têm tempo para cuidar de si, os outros são mais importantes.
Talvez agora tenha chegado o momento de revelar a razão de ter iniciado meus agradecimentos tendo como pano de fundo a história, afinal, é ela a guardiã da memória de uma sociedade, e faço questão que fique registrado não apenas meus sinceros agradecimentos, mas também minha indignação com a falta de respeito, honestidade e insalubridade que muitas vezes vocês são obrigados a se submeter em nome da vida alheia exatamente por aqueles que mais deveriam valorizá-los: a própria população em geral. Não vou nem citar o Estado, este, enquanto não amadurecer a consciência política do povo, continuará a ser o que é: omisso nas questões de saúde educação e segurança, mas graças a Deus existe a Justiça que pode e deve ser acionada contra a tirania e a omissão do Estado.
Gostaria de citar nominalmente o nome de todos os médicos, médicas e demais profissionais de saúde, (estes fiz um texto à parte) que tão bem e carinhosamente cuidaram de mim no CTI do Hospital das Clínicas de Itaperuna (RJ), e também, claro, do cirurgião responsável pelo procedimento cirúrgico em meu tórax, mas não poderia confiar em minha memória e incorrer no erro de deixar alguns desses anjos que têm sexo de fora por mero esquecimento de um nome, mas esse receio é só por causa dos remédios, doutores (as), só por causa dos remédios os quais me submeti, ainda não tenho nenhum problema de memória, rs rs, mas não vou correr o risco de esquecer um nome, me perdoem.
Por isso, fica aqui o meu mais profundo agradecimento e votos de muita Luz e Paz Profunda na vida individual de cada um de vocês. Sejam para aqueles que estão iniciando na profissão, ou para aqueles que já estão nela um tempo ou ainda para aqueles em vias de se aposentar, recebam minha mais sincera gratidão e reconhecimento pelo trabalho que vocês prestaram e prestam em prol da vida alheia e que com certeza está muito além de um mero título, afinal, não se esqueçam, vivemos num país às avessas, onde não raro o certo é o errado e o errado é o certo, mas isso é uma outra história.
A luta continua
MANJ
Quarto 216 Hospital da Clínicas, Itaperuna, 21 de julho de 2010 – 00:23 h
quinta-feira, 17 de junho de 2010
A VIDA QUE PASSA E QUASE NINGUÉM PERCEBE QUE EXISTE
Quando se pensa no básico para uma escola funcionar, a primeira coisa que nos vem à mente são os professores, afinal, sem eles a escola não existiria, o que até certo ponto é verdade. Até certo ponto.
Outros profissionais tão importantes quanto os professores, muitas vezes são esquecidos e mesmo negligenciados pela sociedade em geral, mas sem a presença deles o pleno funcionamento das escolas seria uma utopia.
Quando bate o sinal informando o momento da entrada a maioria das pessoas não se dão conta que muito antes da chegada dos professores e alunos à escola, lá estão eles, - o pessoal de apoio -, varrendo, arrumando as salas, limpando os quadros, fazendo a merenda e propiciando um ambiente agradável, asseado e seguro para todos aqueles que vão passar ali no mínimo quatro horas de seu dia.
E o que dizer da hora da merenda? Sem dúvidas a hora mais feliz do dia para os alunos. Comidinha feita com todo carinho e cuidado para que os alunos tenham uma alimentação saudável e saborosa. Mas não são os professores que fazem a comida.
Muitos alunos só terão aquela comidinha durante todo o dia, o que é lamentável e paradoxal num País que vive batendo recordes de produção de grãos e que tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo, isso sem mencionar a corrupção, um verdadeiro câncer em qualquer nação, principalmente naquelas em desenvolvimento.
Grau de instrução não é sinônimo de sensibilidade nem mesmo de cultura. As senhoras de pouca instrução em razão das circunstâncias da vida, mas que cuidam tão bem de nossas crianças – às vezes até melhor que seus próprios pais -, sabem perfeitamente que muitas daquelas crianças e adolescentes só terão aquele alimento no dia. Talvez por isso mesmo sejam tão cuidadosas na hora do preparo da comida e no trato com os alunos. Mas apesar de todo esse cuidado e zelo, são esquecidas e raramente lembradas por pais, professores e alunos.
Em sua maioria, nossas cozinheiras são senhoras idosas com mãos calejadas e sofrimento estampado em suas faces em razão dos descasos e indiferenças das pessoas tão presentes e ao mesmo tempo tão ausentes em suas vidas. Deveriam estar aposentadas e desfrutando um pouco a vida em companhia dos seus, mas não, lá estão elas para mais um dia duro de trabalho e sem perspectiva de reconhecimento, nem do Estado, muito menos daqueles que ali estão todos os dias.
Essa é a realidade por detrás dos muros escolares. A vida que passa e quase ninguém percebe.
Quando crianças, fomos educados a respeitar, a dividir, a ser honesto, a não brigar, enfim, a ser humano, demasiadamente humano. Mas, o que aconteceu no caminho entre a nossa vida infantil e a nossa vida adulta? O que nos levou a ser o que somos?
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua.
Junho/2010 – Outono.
Outros profissionais tão importantes quanto os professores, muitas vezes são esquecidos e mesmo negligenciados pela sociedade em geral, mas sem a presença deles o pleno funcionamento das escolas seria uma utopia.
Quando bate o sinal informando o momento da entrada a maioria das pessoas não se dão conta que muito antes da chegada dos professores e alunos à escola, lá estão eles, - o pessoal de apoio -, varrendo, arrumando as salas, limpando os quadros, fazendo a merenda e propiciando um ambiente agradável, asseado e seguro para todos aqueles que vão passar ali no mínimo quatro horas de seu dia.
E o que dizer da hora da merenda? Sem dúvidas a hora mais feliz do dia para os alunos. Comidinha feita com todo carinho e cuidado para que os alunos tenham uma alimentação saudável e saborosa. Mas não são os professores que fazem a comida.
Muitos alunos só terão aquela comidinha durante todo o dia, o que é lamentável e paradoxal num País que vive batendo recordes de produção de grãos e que tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo, isso sem mencionar a corrupção, um verdadeiro câncer em qualquer nação, principalmente naquelas em desenvolvimento.
Grau de instrução não é sinônimo de sensibilidade nem mesmo de cultura. As senhoras de pouca instrução em razão das circunstâncias da vida, mas que cuidam tão bem de nossas crianças – às vezes até melhor que seus próprios pais -, sabem perfeitamente que muitas daquelas crianças e adolescentes só terão aquele alimento no dia. Talvez por isso mesmo sejam tão cuidadosas na hora do preparo da comida e no trato com os alunos. Mas apesar de todo esse cuidado e zelo, são esquecidas e raramente lembradas por pais, professores e alunos.
Em sua maioria, nossas cozinheiras são senhoras idosas com mãos calejadas e sofrimento estampado em suas faces em razão dos descasos e indiferenças das pessoas tão presentes e ao mesmo tempo tão ausentes em suas vidas. Deveriam estar aposentadas e desfrutando um pouco a vida em companhia dos seus, mas não, lá estão elas para mais um dia duro de trabalho e sem perspectiva de reconhecimento, nem do Estado, muito menos daqueles que ali estão todos os dias.
Essa é a realidade por detrás dos muros escolares. A vida que passa e quase ninguém percebe.
Quando crianças, fomos educados a respeitar, a dividir, a ser honesto, a não brigar, enfim, a ser humano, demasiadamente humano. Mas, o que aconteceu no caminho entre a nossa vida infantil e a nossa vida adulta? O que nos levou a ser o que somos?
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua.
Junho/2010 – Outono.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
O SENTIDO DO 13 DE MAIO
Durante 338 anos o Brasil foi palco das maiores atrocidades que podem ser cometidas contra um ser humano: o trabalho escravo. Pessoas foram retiradas à força de suas nações, separadas de suas famílias e culturas e trazidas para uma terra distante e de culturas completamente adversas das suas.
Aqui quando chegaram por volta de 1550, foram expostos à venda como meras mercadorias. Quando adoeciam, eram deixados de lado à própria sorte e substituídos por outros disponíveis nos inúmeros mercados de negros existentes. A posse de escravos significava status social. Era comum deixar negros como herança em testamentos ao lado de outros bens pessoais. A cor da pele era indicativo da condição social.
Entretanto, apesar da opulência e do absurdo a que foram submetidos, os negros resistiram de todas as formas possíveis aos horrores da escravidão.
Fugas eram constantes e a formação de quilombos cada vez mais se faziam presentes, o que demonstra sua força e resistência à escravidão.
Mais de três séculos se passaram para que os negros tivessem sua tão sonhada liberdade reconhecida pelo Estado.
No dia 13 de maio de 1888, sancionada pela Princesa Isabel, entrava em vigor, a Lei Imperial de nº 3353 - conhecida como Lei Áurea -, que concedia a liberdade definitiva a todos os escravos negros e extinguia o trabalho escravo em todo o Brasil.
Hoje, se comemora os 122 anos da abolição da escravidão em todo o País. Entretanto, o preconceito e o racismo em torno do negro ainda se faz presente em nossa sociedade, o que significa dizer que ainda estamos longe de saldar a nossa dívida.
Somos um só povo e uma só nação. O preconceito e o racismo apenas servem para fomentar o ódio e a distância entre as pessoas, e isso, é a fórmula para catástrofes. Há diferença de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e as reações das pessoas são semelhantes.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A LUTA CONTINUA
Aqui quando chegaram por volta de 1550, foram expostos à venda como meras mercadorias. Quando adoeciam, eram deixados de lado à própria sorte e substituídos por outros disponíveis nos inúmeros mercados de negros existentes. A posse de escravos significava status social. Era comum deixar negros como herança em testamentos ao lado de outros bens pessoais. A cor da pele era indicativo da condição social.
Entretanto, apesar da opulência e do absurdo a que foram submetidos, os negros resistiram de todas as formas possíveis aos horrores da escravidão.
Fugas eram constantes e a formação de quilombos cada vez mais se faziam presentes, o que demonstra sua força e resistência à escravidão.
Mais de três séculos se passaram para que os negros tivessem sua tão sonhada liberdade reconhecida pelo Estado.
No dia 13 de maio de 1888, sancionada pela Princesa Isabel, entrava em vigor, a Lei Imperial de nº 3353 - conhecida como Lei Áurea -, que concedia a liberdade definitiva a todos os escravos negros e extinguia o trabalho escravo em todo o Brasil.
Hoje, se comemora os 122 anos da abolição da escravidão em todo o País. Entretanto, o preconceito e o racismo em torno do negro ainda se faz presente em nossa sociedade, o que significa dizer que ainda estamos longe de saldar a nossa dívida.
Somos um só povo e uma só nação. O preconceito e o racismo apenas servem para fomentar o ódio e a distância entre as pessoas, e isso, é a fórmula para catástrofes. Há diferença de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e as reações das pessoas são semelhantes.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A LUTA CONTINUA
sábado, 17 de abril de 2010
sexta-feira, 16 de abril de 2010
A VERDADE ALÉM DOS FATOS
Como saborear um prato de comida com prazer quando centenas de pessoas não têm sequer uma mesa para sentar em razão de subitamente terem perdido todo o pouco que tinham?
O drama dos moradores de São Gonçalo e da área metropolitana do Rio de Janeiro mostrou ao Brasil muito mais que políticas públicas ineficientes voltadas para o setor de habitação e segurança pública: homens públicos que deveriam estar na cadeia, atrás das grades, em razão de sua falta de responsabilidade e omissão, pois só se preocupam com o voto e em se perpetuar no poder.
Mas a tragédia mostrou também a solidariedade de uma gente há muito esquecida, marginalizada e apontada como culpada de tudo de ruim que acontece em sociedade, a começar pelos policiais e passando pelos menos favorecidos pela sorte ou pelo destino.
Quem não gosta de “pulíçia” (sic) é bandido e governador. No primeiro caso, dispensa esclarecimentos devido ao óbvio, mas quanto ao segundo, ele precisa de um bode expiatório para sua incompetência no trato com a res publica e com a ausência de políticas eficientes, seja esta no policiamento ou em práticas que evitem esses dramas, como a compulsoriedade na remoção de casas em áreas de risco. Mas sabemos que tal ação implicaria em perda de votos, e isso eles não querem. Vide o próprio estado do Rio de Janeiro. Como exemplo, cito Bom Jesus do Itabapoana, município do noroeste fluminense distante 330 quilômetros da capital.
Lá, a Polícia Militar sequer tem viatura para patrulhamento. Na verdade, tem apenas uma, um VW Gol, para cobrir uma área 598, 84 km². Além disso, não existe sequer uma Secretaria de Meio Ambiente e uma prefeita que assumiu o poder mesmo tendo ficado em terceiro lugar nas eleições municipais, mas isso é assunto para outra ocasião.
Quanto à Polícia Civil, possui dois veículos da marca Renault modelo Mégane ano 2010, fora as viaturas descaracterizadas. Nada contra a Polícia Civil, ao contrário, mas isso é no mínimo estranho, pois o patrulhamento ostensivo cabe à Polícia Militar, e o mais coerente seria que ela tivesse prioridade na distribuição de viaturas para poder cumprir o seu papel constitucional, mas não é isso que acontece no estado do Rio de Janeiro.
As últimas tragédias provocadas pelas chuvas no Rio de janeiro trouxeram também à tona uma outra realidade não menos cruel que a dos policiais militares: a dos bombeiros. Homens trabalhando à exaustão porque o número de combatentes é insuficiente e é preciso dar conta da árdua tarefa de salvar vidas ou encontrar corpos e sobreviventes: desempenham sua função por amor à vida e ao próximo. Se uma tragédia como a do Morro do Bumba, em São Gonçalo, tivesse ocorrido em outro lugar e nas mesmas proporções, seria um caos, pois não há número suficiente de bombeiros e equipamentos para atender a população, e isso me foi dito por um oficial de alta patente da corporação. Porém, o mais estúpido, é que o governo do estado do Rio de Janeiro demorou muito para aceitar a ajuda disponibilizada por outros estados e pela própria União, o que se aceito, poderia minimizar os dramas daquelas e de outras pessoas que ainda estão sofrendo.
Mas à parte a incompetência daqueles que teriam por obrigação evitar tais tragédias ou minimizar os danos às vítimas, a começar pelo governador do estado, Sérgio Cabral, a sociedade civil de Bom Jesus do Itabapoana (RJ) e Bom Jesus do Norte (ES), se mobilizaram e deram um bonito exemplo de solidariedade. Homens, mulheres e crianças atenderam ao apelo e participaram ativamente da campanha que foi iniciada para ajudar os vitimados pelas chuvas. E fizeram bonito.
Pelos vários bairros por onde andei, notei que os lugares mais carentes eram onde as pessoas mais participavam. Cheguei a receber um saco de arroz abaixo da metade. Pensei em não aceitar, mas por outro lado, sabia que se fizesse isso deixaria a doadora muito triste, e mesmo com o coração em pedaços e com os olhos marejados, aceitei.
Também foi muito bonita a participação das crianças e adolescentes das escolas que visitei. Todos queriam participar e deram um belo exemplo para os adultos naquilo que se convencionou chamar de “CIDADANIA”, mas pra mim foi muito mais que isso: foi uma verdadeira prova de amor ao próximo.
Finalizando, não poderia deixar de mencionar a importante participação da 2ª Companhia da Polícia Militar do 29º BPM (Itaperuna).
Todos, independentes da patente, participaram muito além daquilo que esperávamos; seja pedindo doações, solicitando transporte ou cedendo espaço para o armazenamento dos donativos. Realmente, quem não gosta de polícia é bandido. Nossa polícia militar está muito acima das críticas que lhes são feitas, assim como a polícia civil, que igualmente é vítima de reiterados desgovernos.
Por último, fica aqui registrado o meu agradecimento a todos que participaram desta campanha em prol da vida. Opto em não mencionar nomes exatamente para não incorrer no erro de deixar alguém de fora. Mas sei que todos preferem que fiquem assim: no anonimato. Mas que o mundo saiba que temos um povo lindo, participativo, e que independente de fé ou ausência dela, são solidários à dor alheia, e isso, é o que vale.
A LUTA CONTINUA.
O drama dos moradores de São Gonçalo e da área metropolitana do Rio de Janeiro mostrou ao Brasil muito mais que políticas públicas ineficientes voltadas para o setor de habitação e segurança pública: homens públicos que deveriam estar na cadeia, atrás das grades, em razão de sua falta de responsabilidade e omissão, pois só se preocupam com o voto e em se perpetuar no poder.
Mas a tragédia mostrou também a solidariedade de uma gente há muito esquecida, marginalizada e apontada como culpada de tudo de ruim que acontece em sociedade, a começar pelos policiais e passando pelos menos favorecidos pela sorte ou pelo destino.
Quem não gosta de “pulíçia” (sic) é bandido e governador. No primeiro caso, dispensa esclarecimentos devido ao óbvio, mas quanto ao segundo, ele precisa de um bode expiatório para sua incompetência no trato com a res publica e com a ausência de políticas eficientes, seja esta no policiamento ou em práticas que evitem esses dramas, como a compulsoriedade na remoção de casas em áreas de risco. Mas sabemos que tal ação implicaria em perda de votos, e isso eles não querem. Vide o próprio estado do Rio de Janeiro. Como exemplo, cito Bom Jesus do Itabapoana, município do noroeste fluminense distante 330 quilômetros da capital.
Lá, a Polícia Militar sequer tem viatura para patrulhamento. Na verdade, tem apenas uma, um VW Gol, para cobrir uma área 598, 84 km². Além disso, não existe sequer uma Secretaria de Meio Ambiente e uma prefeita que assumiu o poder mesmo tendo ficado em terceiro lugar nas eleições municipais, mas isso é assunto para outra ocasião.
Quanto à Polícia Civil, possui dois veículos da marca Renault modelo Mégane ano 2010, fora as viaturas descaracterizadas. Nada contra a Polícia Civil, ao contrário, mas isso é no mínimo estranho, pois o patrulhamento ostensivo cabe à Polícia Militar, e o mais coerente seria que ela tivesse prioridade na distribuição de viaturas para poder cumprir o seu papel constitucional, mas não é isso que acontece no estado do Rio de Janeiro.
As últimas tragédias provocadas pelas chuvas no Rio de janeiro trouxeram também à tona uma outra realidade não menos cruel que a dos policiais militares: a dos bombeiros. Homens trabalhando à exaustão porque o número de combatentes é insuficiente e é preciso dar conta da árdua tarefa de salvar vidas ou encontrar corpos e sobreviventes: desempenham sua função por amor à vida e ao próximo. Se uma tragédia como a do Morro do Bumba, em São Gonçalo, tivesse ocorrido em outro lugar e nas mesmas proporções, seria um caos, pois não há número suficiente de bombeiros e equipamentos para atender a população, e isso me foi dito por um oficial de alta patente da corporação. Porém, o mais estúpido, é que o governo do estado do Rio de Janeiro demorou muito para aceitar a ajuda disponibilizada por outros estados e pela própria União, o que se aceito, poderia minimizar os dramas daquelas e de outras pessoas que ainda estão sofrendo.
Mas à parte a incompetência daqueles que teriam por obrigação evitar tais tragédias ou minimizar os danos às vítimas, a começar pelo governador do estado, Sérgio Cabral, a sociedade civil de Bom Jesus do Itabapoana (RJ) e Bom Jesus do Norte (ES), se mobilizaram e deram um bonito exemplo de solidariedade. Homens, mulheres e crianças atenderam ao apelo e participaram ativamente da campanha que foi iniciada para ajudar os vitimados pelas chuvas. E fizeram bonito.
Pelos vários bairros por onde andei, notei que os lugares mais carentes eram onde as pessoas mais participavam. Cheguei a receber um saco de arroz abaixo da metade. Pensei em não aceitar, mas por outro lado, sabia que se fizesse isso deixaria a doadora muito triste, e mesmo com o coração em pedaços e com os olhos marejados, aceitei.
Também foi muito bonita a participação das crianças e adolescentes das escolas que visitei. Todos queriam participar e deram um belo exemplo para os adultos naquilo que se convencionou chamar de “CIDADANIA”, mas pra mim foi muito mais que isso: foi uma verdadeira prova de amor ao próximo.
Finalizando, não poderia deixar de mencionar a importante participação da 2ª Companhia da Polícia Militar do 29º BPM (Itaperuna).
Todos, independentes da patente, participaram muito além daquilo que esperávamos; seja pedindo doações, solicitando transporte ou cedendo espaço para o armazenamento dos donativos. Realmente, quem não gosta de polícia é bandido. Nossa polícia militar está muito acima das críticas que lhes são feitas, assim como a polícia civil, que igualmente é vítima de reiterados desgovernos.
Por último, fica aqui registrado o meu agradecimento a todos que participaram desta campanha em prol da vida. Opto em não mencionar nomes exatamente para não incorrer no erro de deixar alguém de fora. Mas sei que todos preferem que fiquem assim: no anonimato. Mas que o mundo saiba que temos um povo lindo, participativo, e que independente de fé ou ausência dela, são solidários à dor alheia, e isso, é o que vale.
A LUTA CONTINUA.
sábado, 3 de abril de 2010
O SAGRADO E A POLÍTICA
Ainda que nem todas às ideias de Aristóteles me sejam caras, num ponto concordo com aquele eminente filósofo: “o homem é um animal político” que tende a se organizar em cidades e a se realizar como cidadão.
Porém, além dessa característica, o homem é um ser religioso, principalmente se observarmos que a sua estrutura no tempo e no espaço tenha-se dado de forma completamente diferente dos outros animais. É o único com capacidade de modificar o meio em que vive e a matar pelo simples prazer de reafirmar sua superioridade em relação aos demais seres, inclusive sobre ele próprio, o que dentro da lógica aristotélica justifica a sua relação com o sagrado e com a metafísica. Nesse contexto, o universo mágico-religioso está no centro da vida humana, o que nos leva à conclusão de que isso ocorre principalmente pelo medo que o homem tem do desconhecido e do “terror pela morte”, como bem dizia o Barão de Holbach, filósofo contemporâneo de Voltaire.
Por mais românticos que possamos ser em relação à esfera mítica ou à ideia da existência de forças superiores, a verdade é que este sagrado vai muito além da simples manifestação de um desejo de ligação com o todo, isso porque a esfera do sagrado não pode ser dissociada da morte ou, mais ainda, do assassinato, sob pena de perder o seu sentido mais genuíno.
É claro que isto pode soar estranho, sobretudo para os que estão habituados à ideia de uma “religião do amor”, mas a verdade é que o fundamento do sagrado é sangrento e cruel, estando ligado inexoravelmente a uma decisão que o homem teria tomado no início dos tempos e que teria determinado a sua existência como um ser soberano e dominador que se reflete na decisão de “matar para sobreviver”.
Sim, o homem decidiu matar, mas provavelmente não sem intuir o aspecto atroz desta decisão. Afinal, ao tornar-se carnívoro, pelo desenvolvimento de uma tecnologia que permitiu caçar e matar os animais e que logo serviu também à matança da sua própria espécie, o homem triunfou sobre todos os outros seres da natureza. Esse triunfo, nada mais é que o simbolismo do homem sobre os deuses. Eis porque os mitos fundadores das religiões estão sempre associados ao assassinato de uma divindade, onde a própria imolação de Cristo seria igualmente parte deste mesmo mito fundador.
De modo bem direto: o homem mata, mas não sem culpa, e assim ele produz uma moral e uma religião que se assentam no martírio, nos sacrifícios, mas também no sentimento paradoxal de que agimos contra a natureza que nos gerou.
É este sentimento de dívida e culpa que teria dado origem à imolação de seres inocentes, humanos e animais, nos rituais religiosos, maneira pela qual os homens acreditam poder aplacar a ira das divindades e se reconciliar com elas (forma estranha de se penitenciar pela crueldade de matar).
Com isso, não restam dúvidas e fica fácil de compreender do por que das religiões sempre acabarem por funcionar como instrumentos de poder e dominação. Resumindo: a história do homem é a história de uma violação.
No fundo, a “humanização” do homem é também paradoxalmente a sua desumanização. E o pecado original, ainda que não acredite nisso e pelo que me parece, não se deu com a mordida na maçã, mas sim, quando o homem mastigou seu primeiro pedaço de carne, o que faz com que o sagrado seja a política do homem muito além de se organizar em sociedade.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
Porém, além dessa característica, o homem é um ser religioso, principalmente se observarmos que a sua estrutura no tempo e no espaço tenha-se dado de forma completamente diferente dos outros animais. É o único com capacidade de modificar o meio em que vive e a matar pelo simples prazer de reafirmar sua superioridade em relação aos demais seres, inclusive sobre ele próprio, o que dentro da lógica aristotélica justifica a sua relação com o sagrado e com a metafísica. Nesse contexto, o universo mágico-religioso está no centro da vida humana, o que nos leva à conclusão de que isso ocorre principalmente pelo medo que o homem tem do desconhecido e do “terror pela morte”, como bem dizia o Barão de Holbach, filósofo contemporâneo de Voltaire.
Por mais românticos que possamos ser em relação à esfera mítica ou à ideia da existência de forças superiores, a verdade é que este sagrado vai muito além da simples manifestação de um desejo de ligação com o todo, isso porque a esfera do sagrado não pode ser dissociada da morte ou, mais ainda, do assassinato, sob pena de perder o seu sentido mais genuíno.
É claro que isto pode soar estranho, sobretudo para os que estão habituados à ideia de uma “religião do amor”, mas a verdade é que o fundamento do sagrado é sangrento e cruel, estando ligado inexoravelmente a uma decisão que o homem teria tomado no início dos tempos e que teria determinado a sua existência como um ser soberano e dominador que se reflete na decisão de “matar para sobreviver”.
Sim, o homem decidiu matar, mas provavelmente não sem intuir o aspecto atroz desta decisão. Afinal, ao tornar-se carnívoro, pelo desenvolvimento de uma tecnologia que permitiu caçar e matar os animais e que logo serviu também à matança da sua própria espécie, o homem triunfou sobre todos os outros seres da natureza. Esse triunfo, nada mais é que o simbolismo do homem sobre os deuses. Eis porque os mitos fundadores das religiões estão sempre associados ao assassinato de uma divindade, onde a própria imolação de Cristo seria igualmente parte deste mesmo mito fundador.
De modo bem direto: o homem mata, mas não sem culpa, e assim ele produz uma moral e uma religião que se assentam no martírio, nos sacrifícios, mas também no sentimento paradoxal de que agimos contra a natureza que nos gerou.
É este sentimento de dívida e culpa que teria dado origem à imolação de seres inocentes, humanos e animais, nos rituais religiosos, maneira pela qual os homens acreditam poder aplacar a ira das divindades e se reconciliar com elas (forma estranha de se penitenciar pela crueldade de matar).
Com isso, não restam dúvidas e fica fácil de compreender do por que das religiões sempre acabarem por funcionar como instrumentos de poder e dominação. Resumindo: a história do homem é a história de uma violação.
No fundo, a “humanização” do homem é também paradoxalmente a sua desumanização. E o pecado original, ainda que não acredite nisso e pelo que me parece, não se deu com a mordida na maçã, mas sim, quando o homem mastigou seu primeiro pedaço de carne, o que faz com que o sagrado seja a política do homem muito além de se organizar em sociedade.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
sexta-feira, 2 de abril de 2010
UMA CIDADE ÓRFÃ
Há cinco anos e três meses à frente do forum de Bom Jesus do Norte, sul do Espírito Santo, o jovem juiz de direito Mário da Silva Nunes Neto fez história nessa pequena cidade de aproximadamente 10 mil habitantes.
Sua saída anunciada causou tristeza e comoção em muitas pessoas, afinal, a população não estava acostumada a assistir um empenho tão contundente de um magistrado, seja este nas causas sociais seja nos processos em que atuava.
Era comum ver o doutor Mário envolvido em questões de direitos humanos e democráticos. Cito o exemplo do apoio à campanha para ajudar às vítimas das enchentes em Santa Catarina ocorrida em 2008.
Cerca de duas toneladas de alimentos e milhares de peças de roupas foram arrecadas em apenas dois dias de campanha. O forum serviu de depósito e o doutor Mário pagou do próprio bolso o transporte terrestre até Vitória para que de lá as doações fossem embarcadas em aviões da FAB com destino à Santa Catarina. Verbas arrecadadas em multas nos Juizados Especiais Criminais também foram destinadas a instituições como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, que adquiriu, graças ao seu empenho, um respirador artificial e outros equipamentos; o Lar André Luiz também foi agraciado com suas ações, além de várias outras que ele prefere que fiquem no anonimato.
Por outro lado, engana-se quem considera que com essas atitudes o nobre juiz buscasse a mídia ou o reconhecimento popular, ao contrário. Doutor Mário sempre fora muito reservado. Era avesso às entrevistas. Chegava mesmo a pedir que suas ações fora do âmbito judicial não fossem divulgadas pela mídia local, preferia o anonimato ou que os méritos fossem para os outros que junto com ele estivessem trabalhando em alguma causa social. Emocionou-se quando alunos da APAE lhe fizeram uma justa homenagem.
Era doce, mas endurecia quando a situação assim o exigia. Durante as últimas eleições municipais em Bom Jesus do Norte, a população surpreendeu-se ao ver o jovem juiz fiscalizando in loco as campanhas eleitorais, não permitindo compra de votos, disponibilizando seu telefone celular para denúncias e dando voz de prisão àqueles que se consideravam acima do bem e do mal. Nunca Bom Jesus do Norte assistiu uma cena dessas, um juiz de direito acompanhando fiscalização policial para evitar entrega de cestas básicas e fazendo “ronda” nos bairros para verificar se havia alguma coisa que pudesse comprometer a democracia.
Às vezes, quando se achava que o doutor Mário estava num lugar ele aparecia em outro. Nosso juiz deixou muita gente preocupada, principalmente àqueles acostumados a falcatruas e desdém pela Justiça.
Por ele, foi-nos ensinado que a democracia é o maior bem que uma sociedade pode dispor, e ele, junto com o Ministério Público atuando como representantes do Poder Judiciário local estavam ali para fazer cumprir a lei, independente das partes envolvidas e assegurar a vontade do povo, e não do poder econômico que muitas das vezes trazem resultados catastróficos para uma sociedade.
Em seu gabinete e com os olhos marejados, na quinta-feira, dia 25, doutor Mário anunciou sua despedida. Fez um balanço do período em que aqui esteve afirmando que graças ao empenho de todos a comarca sob sua responsabilidade conseguiu atingir os objetivos estipulados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), denominado Meta 2, e que apenas seis ou sete processos não foram sentenciados por diversas razões, entre as quais, ou as partes não diligenciaram naquilo que lhes competiam ou perícias não foram realizadas no tempo oportuno ou ainda por motivos que não foram possíveis combater.
Doutor Mário deixa Bom Jesus do Norte inaugurando o fórum em novo endereço, o qual sofreu bastante com as enchentes no município em 2009. Centenas de processos foram atingidos pelas águas barrentas trazidas pela enxurrada das chuvas, mas graças ao seu empenho e de todos os funcionários nenhum processo ativo se perdeu, todos foram recuperados.
Talvez o maior legado deixado por esse jovem paladino para Bom Jesus do Norte tenha sido a sua defesa da democracia e dos direitos humanos. Mesmo aqueles que por ele foram sentenciados, afirmaram serem justas as decisões a que foram submetidos.
Lembro-me de um júri que assistia e que o doutor Mário mandou a escolta policial retirar as algemas do acusado, pois até aquele momento ele era réu, e não condenado – disse o juiz -. Logo após a decisão do júri e a leitura da sentença, aí sim, o acusado uma vez condenado, fora determinado aos policiais à colocação das algemas.
Hoje, dia 30 de março de 2010, no exato instante em que escrevo, doutor Mário está presidindo seu último julgamento em nossa comarca: há um júri popular em andamento para decidir o destino de uma pessoa acusada de homicídio. Não tive coragem de ficar lá e assistir, talvez pelo fato de estar emocionado com a sua saída. É oportuno esclarecer que tanto eu quanto minha companheira e familiares nunca tivemos ou temos qualquer ação tramitando em Bom Jesus do Norte ou solicitamos qualquer favor ao ilustre juiz, mesmo porque dependendo do pedido saberíamos antecipadamente qual seria resposta. Nossa manifestação é um reconhecimento à sua atuação global, e não particular e que representa o sentimento de vários cidadãos e cidadãs quem vivem em Bom Jesus do Norte ou da Justiça daqui precisaram.
E por essas mesmas pessoas foi-me dado uma enorme responsabilidade: escrever, em breves linhas, sobre a trajetória e atuação do doutor Mário da Silva Nunes Neto. Sei que não estou à altura de escrever sobre o senhor, doutor Mário, por várias razões, sendo a principal delas a competência. Mas por outro lado, não poderia fugir à responsabilidade que cresceu na medida em que fui procurado por aquelas pessoas da nossa sociedade, aquelas mesmas, silenciosas, mas atentas e que não se omitem quando provocadas a se manifestar, e em nome delas que reuni coragem e me atrevi a escrever.
Que o senhor seja tão feliz na justa medida em que o senhor fez as pessoas felizes. Talvez o senhor nem saiba, mas um simples “bom dia” que tenha partido do senhor teve o poder de mudar a vida de muita gente aqui.
O céu de Bom Jesus do Norte hoje vai estar mais triste; perdeu uma estrela, a mais bela. Mas sabemos que ela estará iluminando outros céus, afinal, “se tu amas uma flor, é doce, de noite olhar o céu e todas as estrelas estarão floridas”, e aqui, sempre que a democracia prevalecer, saberemos que foi graças ao senhor que aprendemos a acreditar na Justiça, e esteja certo, nesse momento olharemos o céu e faremos um brinde e um agradecimento ao senhor. Muito obrigado!
A luta continua...Um pouco mais triste, mas continua.
Bom Jesus do Norte (ES), 30 de março de 2010
Sua saída anunciada causou tristeza e comoção em muitas pessoas, afinal, a população não estava acostumada a assistir um empenho tão contundente de um magistrado, seja este nas causas sociais seja nos processos em que atuava.
Era comum ver o doutor Mário envolvido em questões de direitos humanos e democráticos. Cito o exemplo do apoio à campanha para ajudar às vítimas das enchentes em Santa Catarina ocorrida em 2008.
Cerca de duas toneladas de alimentos e milhares de peças de roupas foram arrecadas em apenas dois dias de campanha. O forum serviu de depósito e o doutor Mário pagou do próprio bolso o transporte terrestre até Vitória para que de lá as doações fossem embarcadas em aviões da FAB com destino à Santa Catarina. Verbas arrecadadas em multas nos Juizados Especiais Criminais também foram destinadas a instituições como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, que adquiriu, graças ao seu empenho, um respirador artificial e outros equipamentos; o Lar André Luiz também foi agraciado com suas ações, além de várias outras que ele prefere que fiquem no anonimato.
Por outro lado, engana-se quem considera que com essas atitudes o nobre juiz buscasse a mídia ou o reconhecimento popular, ao contrário. Doutor Mário sempre fora muito reservado. Era avesso às entrevistas. Chegava mesmo a pedir que suas ações fora do âmbito judicial não fossem divulgadas pela mídia local, preferia o anonimato ou que os méritos fossem para os outros que junto com ele estivessem trabalhando em alguma causa social. Emocionou-se quando alunos da APAE lhe fizeram uma justa homenagem.
Era doce, mas endurecia quando a situação assim o exigia. Durante as últimas eleições municipais em Bom Jesus do Norte, a população surpreendeu-se ao ver o jovem juiz fiscalizando in loco as campanhas eleitorais, não permitindo compra de votos, disponibilizando seu telefone celular para denúncias e dando voz de prisão àqueles que se consideravam acima do bem e do mal. Nunca Bom Jesus do Norte assistiu uma cena dessas, um juiz de direito acompanhando fiscalização policial para evitar entrega de cestas básicas e fazendo “ronda” nos bairros para verificar se havia alguma coisa que pudesse comprometer a democracia.
Às vezes, quando se achava que o doutor Mário estava num lugar ele aparecia em outro. Nosso juiz deixou muita gente preocupada, principalmente àqueles acostumados a falcatruas e desdém pela Justiça.
Por ele, foi-nos ensinado que a democracia é o maior bem que uma sociedade pode dispor, e ele, junto com o Ministério Público atuando como representantes do Poder Judiciário local estavam ali para fazer cumprir a lei, independente das partes envolvidas e assegurar a vontade do povo, e não do poder econômico que muitas das vezes trazem resultados catastróficos para uma sociedade.
Em seu gabinete e com os olhos marejados, na quinta-feira, dia 25, doutor Mário anunciou sua despedida. Fez um balanço do período em que aqui esteve afirmando que graças ao empenho de todos a comarca sob sua responsabilidade conseguiu atingir os objetivos estipulados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), denominado Meta 2, e que apenas seis ou sete processos não foram sentenciados por diversas razões, entre as quais, ou as partes não diligenciaram naquilo que lhes competiam ou perícias não foram realizadas no tempo oportuno ou ainda por motivos que não foram possíveis combater.
Doutor Mário deixa Bom Jesus do Norte inaugurando o fórum em novo endereço, o qual sofreu bastante com as enchentes no município em 2009. Centenas de processos foram atingidos pelas águas barrentas trazidas pela enxurrada das chuvas, mas graças ao seu empenho e de todos os funcionários nenhum processo ativo se perdeu, todos foram recuperados.
Talvez o maior legado deixado por esse jovem paladino para Bom Jesus do Norte tenha sido a sua defesa da democracia e dos direitos humanos. Mesmo aqueles que por ele foram sentenciados, afirmaram serem justas as decisões a que foram submetidos.
Lembro-me de um júri que assistia e que o doutor Mário mandou a escolta policial retirar as algemas do acusado, pois até aquele momento ele era réu, e não condenado – disse o juiz -. Logo após a decisão do júri e a leitura da sentença, aí sim, o acusado uma vez condenado, fora determinado aos policiais à colocação das algemas.
Hoje, dia 30 de março de 2010, no exato instante em que escrevo, doutor Mário está presidindo seu último julgamento em nossa comarca: há um júri popular em andamento para decidir o destino de uma pessoa acusada de homicídio. Não tive coragem de ficar lá e assistir, talvez pelo fato de estar emocionado com a sua saída. É oportuno esclarecer que tanto eu quanto minha companheira e familiares nunca tivemos ou temos qualquer ação tramitando em Bom Jesus do Norte ou solicitamos qualquer favor ao ilustre juiz, mesmo porque dependendo do pedido saberíamos antecipadamente qual seria resposta. Nossa manifestação é um reconhecimento à sua atuação global, e não particular e que representa o sentimento de vários cidadãos e cidadãs quem vivem em Bom Jesus do Norte ou da Justiça daqui precisaram.
E por essas mesmas pessoas foi-me dado uma enorme responsabilidade: escrever, em breves linhas, sobre a trajetória e atuação do doutor Mário da Silva Nunes Neto. Sei que não estou à altura de escrever sobre o senhor, doutor Mário, por várias razões, sendo a principal delas a competência. Mas por outro lado, não poderia fugir à responsabilidade que cresceu na medida em que fui procurado por aquelas pessoas da nossa sociedade, aquelas mesmas, silenciosas, mas atentas e que não se omitem quando provocadas a se manifestar, e em nome delas que reuni coragem e me atrevi a escrever.
Que o senhor seja tão feliz na justa medida em que o senhor fez as pessoas felizes. Talvez o senhor nem saiba, mas um simples “bom dia” que tenha partido do senhor teve o poder de mudar a vida de muita gente aqui.
O céu de Bom Jesus do Norte hoje vai estar mais triste; perdeu uma estrela, a mais bela. Mas sabemos que ela estará iluminando outros céus, afinal, “se tu amas uma flor, é doce, de noite olhar o céu e todas as estrelas estarão floridas”, e aqui, sempre que a democracia prevalecer, saberemos que foi graças ao senhor que aprendemos a acreditar na Justiça, e esteja certo, nesse momento olharemos o céu e faremos um brinde e um agradecimento ao senhor. Muito obrigado!
A luta continua...Um pouco mais triste, mas continua.
Bom Jesus do Norte (ES), 30 de março de 2010
domingo, 14 de março de 2010
O BRASIL DE LULA E OS DIREITOS HUMANOS
Pela primeira vez na história o Tribunal Penal Internacional de Haia emitiu uma ordem de prisão contra um chefe de Estado em pleno exercício de suas funções.
Trata-se do presidente do Sudão, Omar Bashir, acusado de crimes de guerra e também contra a humanidade, onde se estima em 300 mil o número de mortos e mais de 2 milhões de refugiados numa guerra sangrenta entre a milícia islâmica apoiada pelo governo e opositores deste.
Ansiando por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – ONU, o presidente Lula sequer se dignou em emitir uma nota lamentando os trágicos acontecimentos naquele país. Ao contrário, Lula aproximou-se do Sudão buscando estreitar as relações comercias e apoio às suas pretensões políticas em relação a ONU e nada disse que manifestasse indignação contra a carnificina promovida por Bashir.
Durante a reunião do Conselho de Direitos Humanos, o Brasil se absteve de votar uma resolução que previa punição para os sudaneses envolvidos no massacre da cidade de Darfur, o que demonstra total descaso do Brasil com os Direitos Humanos, afinal, quem se omite é cúmplice.
Outra trapalhada do nosso presidente foi o apoio a Manuel Zelaya, presidente deposto em Honduras. Num regime democrático, qualquer golpe de Estado ou cerceamento às liberdades individuais deve ser combatido, entretanto, Zelaya, assim como seu colega da Venezuela Hugo Cháves, pretendia se perpetuar no poder mudando a Constituição. Mas tanto Zelaya quanto os golpistas que o retiraram à força do poder estavam equivocados em suas estratégias em resolver o impasse, e isso, caberia a Organização dos Estados Americanos – OEA decidir, e não o Brasil assumir o papel de porta-voz de Honduras e abrigar Manuel Zelaya na embaixada brasileira, criando assim um grave mal estar na OEA e também na comunidade internacional.
Na seqüência de trapalhadas de Lula temos o Irã. O presidente Mahmoud Ahmadinejad, eleito ante várias denúncias de fraudes e escândalos em torno de si, foi recebido no Brasil como um grande estadista pelo presidente. E não foi só isso. Enquanto todo o mundo criticava as eleições no Irã, o Brasil, contrariando todas as posições mundiais em relação à matéria, foi o primeiro país a reconhecer as eleições presidenciais naquele país como legítimas e democráticas, o que certamente tornará ainda mais difícil para o País conseguir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, sobretudo diante das denúncias de que o Irã estaria enriquecendo urânio – matéria-prima para criação de armas de destruição em massa, o que o Ahmadjnejad contesta ser essa a finalidade, o que ninguém acredita.
A última do nosso presidente se deu em relação a Cuba. Como se sabe, Cuba foi o primeiro país da América Latina a adotar o regime socialista. Na época, a Revolução Cubana (1959) representou o sonho de muita gente que estava decepcionada com os regimes em vigor e apoiaram o movimento.
Os irmãos Castro, junto com Che Guevara e outros barbudos com apoio da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, implantaram em 1962 o regime na ilha de Fidel até mesmo para fugir do bloqueio econômico que fora imposto pelos Estados Unidos em razão da revolução.
A princípio, o movimento se mostrou bastante eficaz, sobretudo com a universalização do acesso à saúde, educação e moradia, mas como todo regime totalitário, mostrou-se ineficiente em relação às outras questões, principalmente dos direitos humanos e das liberdades individuais, o que logo fez surgir opositores a ditadura de Fidel Castro.
Diariamente enormes filas de pessoas se formam em busca do básico: pão, batata, leite e empregos. Qualquer manifestação contrária ao regime é punida com prisão. Intelectuais, artistas, esportistas e gente comum também diariamente são presas e condenadas num regime de exceção onde a pena capital faz parte do cotidiano das pessoas. Só Cuba não percebeu que esse sistema faliu exatamente por ser contrário aos estudos de Marx e Engels.
Na verdade, há pouca diferença entre o stalinismo, o fascismo, o nazismo e o castrismo. O ponto comum entre eles é o unipartidarismo, graves violações aos direitos humanos, culto ao chefe de Estado e extermínio dos “inimigos” do regime.
Em visita a Cuba, o presidente brasileiro foi questionado pela Associated Press, uma das mais respeitáveis agências de notícias do mundo em relação à prisão de presos políticos em Cuba e a greve de fome de intelectuais na tentativa de forçar a ditadura de Castro a rever suas decisões. A declaração de Lula foi no mínimo absurda ou então ele está sofrendo de grave miopia intelectual. Nosso presidente comparou presos políticos com bandidos comuns. Declaração que denota no mínimo falta de educação e cultura letrada, o que, diga-se de passagem, não é o seu forte. O que Lula deixou bem claro foi seu enorme descaso com os direitos humanos e a grande amizade que mantém com Fidel, Chávez e outros ditadores. Comparar presos de consciência que lutam pela democracia ou discordam de um regime com marginais que assaltam bancos para financiar o tráfico de drogas é no mínimo estupidez, principalmente se a declaração é de um ex-preso político e presidente de um país que perdeu várias vidas em nome da democracia.
Pior que isso, foi a declaração da presidenciável Dilma Roussef que disse: - “Não critico Lula nem que a vaca tussa”.
Como podem ver, temos pouquíssimas opções de voto no próximo pleito. Mas o pior, o grande drama disso tudo, é que sabemos que após as eleições tudo vai continuar como antes, salvo se acontecesse um “milagre” que fizesse o brasileiro “sair da Caverna de Platão” em que se encontra e começasse a escrever a história de um país chamado Brasil por outras vias que não do assistencialismo barato, da corrupção que já faz parte da sua triste rotina e principalmente com o descaso com os Direitos Humanos.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
Email: marceloadriano36@hotmail.com
Trata-se do presidente do Sudão, Omar Bashir, acusado de crimes de guerra e também contra a humanidade, onde se estima em 300 mil o número de mortos e mais de 2 milhões de refugiados numa guerra sangrenta entre a milícia islâmica apoiada pelo governo e opositores deste.
Ansiando por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – ONU, o presidente Lula sequer se dignou em emitir uma nota lamentando os trágicos acontecimentos naquele país. Ao contrário, Lula aproximou-se do Sudão buscando estreitar as relações comercias e apoio às suas pretensões políticas em relação a ONU e nada disse que manifestasse indignação contra a carnificina promovida por Bashir.
Durante a reunião do Conselho de Direitos Humanos, o Brasil se absteve de votar uma resolução que previa punição para os sudaneses envolvidos no massacre da cidade de Darfur, o que demonstra total descaso do Brasil com os Direitos Humanos, afinal, quem se omite é cúmplice.
Outra trapalhada do nosso presidente foi o apoio a Manuel Zelaya, presidente deposto em Honduras. Num regime democrático, qualquer golpe de Estado ou cerceamento às liberdades individuais deve ser combatido, entretanto, Zelaya, assim como seu colega da Venezuela Hugo Cháves, pretendia se perpetuar no poder mudando a Constituição. Mas tanto Zelaya quanto os golpistas que o retiraram à força do poder estavam equivocados em suas estratégias em resolver o impasse, e isso, caberia a Organização dos Estados Americanos – OEA decidir, e não o Brasil assumir o papel de porta-voz de Honduras e abrigar Manuel Zelaya na embaixada brasileira, criando assim um grave mal estar na OEA e também na comunidade internacional.
Na seqüência de trapalhadas de Lula temos o Irã. O presidente Mahmoud Ahmadinejad, eleito ante várias denúncias de fraudes e escândalos em torno de si, foi recebido no Brasil como um grande estadista pelo presidente. E não foi só isso. Enquanto todo o mundo criticava as eleições no Irã, o Brasil, contrariando todas as posições mundiais em relação à matéria, foi o primeiro país a reconhecer as eleições presidenciais naquele país como legítimas e democráticas, o que certamente tornará ainda mais difícil para o País conseguir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, sobretudo diante das denúncias de que o Irã estaria enriquecendo urânio – matéria-prima para criação de armas de destruição em massa, o que o Ahmadjnejad contesta ser essa a finalidade, o que ninguém acredita.
A última do nosso presidente se deu em relação a Cuba. Como se sabe, Cuba foi o primeiro país da América Latina a adotar o regime socialista. Na época, a Revolução Cubana (1959) representou o sonho de muita gente que estava decepcionada com os regimes em vigor e apoiaram o movimento.
Os irmãos Castro, junto com Che Guevara e outros barbudos com apoio da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, implantaram em 1962 o regime na ilha de Fidel até mesmo para fugir do bloqueio econômico que fora imposto pelos Estados Unidos em razão da revolução.
A princípio, o movimento se mostrou bastante eficaz, sobretudo com a universalização do acesso à saúde, educação e moradia, mas como todo regime totalitário, mostrou-se ineficiente em relação às outras questões, principalmente dos direitos humanos e das liberdades individuais, o que logo fez surgir opositores a ditadura de Fidel Castro.
Diariamente enormes filas de pessoas se formam em busca do básico: pão, batata, leite e empregos. Qualquer manifestação contrária ao regime é punida com prisão. Intelectuais, artistas, esportistas e gente comum também diariamente são presas e condenadas num regime de exceção onde a pena capital faz parte do cotidiano das pessoas. Só Cuba não percebeu que esse sistema faliu exatamente por ser contrário aos estudos de Marx e Engels.
Na verdade, há pouca diferença entre o stalinismo, o fascismo, o nazismo e o castrismo. O ponto comum entre eles é o unipartidarismo, graves violações aos direitos humanos, culto ao chefe de Estado e extermínio dos “inimigos” do regime.
Em visita a Cuba, o presidente brasileiro foi questionado pela Associated Press, uma das mais respeitáveis agências de notícias do mundo em relação à prisão de presos políticos em Cuba e a greve de fome de intelectuais na tentativa de forçar a ditadura de Castro a rever suas decisões. A declaração de Lula foi no mínimo absurda ou então ele está sofrendo de grave miopia intelectual. Nosso presidente comparou presos políticos com bandidos comuns. Declaração que denota no mínimo falta de educação e cultura letrada, o que, diga-se de passagem, não é o seu forte. O que Lula deixou bem claro foi seu enorme descaso com os direitos humanos e a grande amizade que mantém com Fidel, Chávez e outros ditadores. Comparar presos de consciência que lutam pela democracia ou discordam de um regime com marginais que assaltam bancos para financiar o tráfico de drogas é no mínimo estupidez, principalmente se a declaração é de um ex-preso político e presidente de um país que perdeu várias vidas em nome da democracia.
Pior que isso, foi a declaração da presidenciável Dilma Roussef que disse: - “Não critico Lula nem que a vaca tussa”.
Como podem ver, temos pouquíssimas opções de voto no próximo pleito. Mas o pior, o grande drama disso tudo, é que sabemos que após as eleições tudo vai continuar como antes, salvo se acontecesse um “milagre” que fizesse o brasileiro “sair da Caverna de Platão” em que se encontra e começasse a escrever a história de um país chamado Brasil por outras vias que não do assistencialismo barato, da corrupção que já faz parte da sua triste rotina e principalmente com o descaso com os Direitos Humanos.
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
Email: marceloadriano36@hotmail.com
sábado, 13 de março de 2010
PELO MEU DIREITO DE FUMAR
Qual a verdade por detrás da proibição do fumo em locais públicos e da não criação dos chamados “fumódromos” nesses locais e da quase condição policialesca que os usuários de tabaco são submetidos? Será que na década de 1970/80 as agências de vigilância sanitárias mundiais ainda não sabiam dos males ocasionados pelo fumo? Pouco provável que não soubessem, mas talvez o interesse econômico da época falasse mais alto que suas éticas e por isso se calaram em relação a matéria.
Hoje, é quase constrangedor para quem fuma acender um cigarro na rua; é como se o sujeito estivesse acendendo um “baseado” em público, o que o coloca numa situação marginal e constrangedora em relação aos não-fumantes e em pé de igualdade com os usuários de drogas ilícitas. Qualquer dias desses para comprar cigarros teremos que agir como aqueles velhinhos que entram desconfiados nas farmácias olhando para um lado e para outro e sussurram ao balconista: “- o senhor tem Viagra -?”
Decerto que existem determinados locais que o bom senso impõe uma postura ética em relação ao ato de fumar. Acender um cigarro num hospital, numa escola, num transporte coletivo e outros similares é no mínimo falta de educação e respeito, mas num barzinho ao ar livre onde a bebida rola geral, aí não. Isso se chama cerceamento de liberdade.
O governo deveria é se preocupar com os locais onde crianças têm que caminhar durante horas para se chegar às escolas que funcionam embaixo de mangueiras e que os banheiros são os córregos que atravessam o local, como as milhares no Norte Nordeste do Brasil; com a falta de castigos para os crimes que diariamente são cometidos no Brasil e permanecem impunes, como aquele do Jornalista Pimenta da Veiga que executou a também jornalista Sandra Gomide e que foi condenado a 19 de prisão mas aguarda o recurso em liberdade, isso sim, é um desrespeito com as pessoas, principalmente com os familiares das vítimas.
Os senhores parlamentares deveriam é se preocupar com a reforma das nossas leis arcaicas e que só contribuem para a sensação de impunidade que impera nesse País, onde o bem material tem muito mais valor do que a vida humana. Basta dar uma olhada no valor do seguro obrigatório que é pago às vítimas de acidentes de veículos automotores e comparar com as indenizações que são pagas a um bem subtraído.
É preciso se criar a cultura da reflexão no brasileiro. Como diz o “imortal” da Academia Brasileira de Letras Lêdo Ivo, o que falta no Brasil, é vergonha na cara e coragem para “explodir” todas essas estruturas que só atendem interesses escusos. Mas não tem problema não, Lêdo, em outubro, vamos explodir todas essas estruturas que “já vem “malhadas” muito antes de eu nascer”. Viva Cazuza!
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
Hoje, é quase constrangedor para quem fuma acender um cigarro na rua; é como se o sujeito estivesse acendendo um “baseado” em público, o que o coloca numa situação marginal e constrangedora em relação aos não-fumantes e em pé de igualdade com os usuários de drogas ilícitas. Qualquer dias desses para comprar cigarros teremos que agir como aqueles velhinhos que entram desconfiados nas farmácias olhando para um lado e para outro e sussurram ao balconista: “- o senhor tem Viagra -?”
Decerto que existem determinados locais que o bom senso impõe uma postura ética em relação ao ato de fumar. Acender um cigarro num hospital, numa escola, num transporte coletivo e outros similares é no mínimo falta de educação e respeito, mas num barzinho ao ar livre onde a bebida rola geral, aí não. Isso se chama cerceamento de liberdade.
O governo deveria é se preocupar com os locais onde crianças têm que caminhar durante horas para se chegar às escolas que funcionam embaixo de mangueiras e que os banheiros são os córregos que atravessam o local, como as milhares no Norte Nordeste do Brasil; com a falta de castigos para os crimes que diariamente são cometidos no Brasil e permanecem impunes, como aquele do Jornalista Pimenta da Veiga que executou a também jornalista Sandra Gomide e que foi condenado a 19 de prisão mas aguarda o recurso em liberdade, isso sim, é um desrespeito com as pessoas, principalmente com os familiares das vítimas.
Os senhores parlamentares deveriam é se preocupar com a reforma das nossas leis arcaicas e que só contribuem para a sensação de impunidade que impera nesse País, onde o bem material tem muito mais valor do que a vida humana. Basta dar uma olhada no valor do seguro obrigatório que é pago às vítimas de acidentes de veículos automotores e comparar com as indenizações que são pagas a um bem subtraído.
É preciso se criar a cultura da reflexão no brasileiro. Como diz o “imortal” da Academia Brasileira de Letras Lêdo Ivo, o que falta no Brasil, é vergonha na cara e coragem para “explodir” todas essas estruturas que só atendem interesses escusos. Mas não tem problema não, Lêdo, em outubro, vamos explodir todas essas estruturas que “já vem “malhadas” muito antes de eu nascer”. Viva Cazuza!
A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
segunda-feira, 8 de março de 2010
ALÉM DO BEM E DO MAL
Tenho dito que vivemos numa época de muitas incertezas, sensação muito comum entre os críticos no decorrer da história da humanidade. Guerras, fome, desemprego, desilusão. Políticos que deveriam representar o povo, lá estão apenas para atender interesses próprios e escusos. Decisões judiciais que são aplaudidas pelo povo quando tecnicamente atendem os procedimentos a serem adotados e que deveriam ser comuns em todas as decisões, certamente não deveria haver necessidade de aplausos, mas estamos acostumados ao contrário.
Apesar disso tudo, um detalhe em especial me tem chamado atenção nesses últimos dias: a falsidade, a maldade e o vazio, tão presentes nas pessoas. Talvez esse vazio seja decorrente da maneira como elas vivem e se comportam. Pessoas que vivem muito mais preocupadas com a vida alheia do que com as suas próprias. Algumas criam laços de “amizades” tão somente com o intuito de se aproximar e “descobrir” alguma “coisa” que julgam inapropriada para então torná-la pública e assim acreditam colocar o outro numa “saia justa”.
Acreditem, existem pessoas que vivem apenas para fazer isso. Coitados, mal sabem que isso só reforça a convicção na maneira como os enxergamos: ignorantes.
Normalmente quem tem segredos a esconder são exatamente pessoas que agem dessa forma, que não têm “coragem” de serem elas próprias e/ou vivem às expensas do outro ou ainda gostariam de ser como aquelas a quem eles difamam. Homens e mulheres de verdade não se preocupam com verdades ou mentiras ditas ou inventadas, eles simplesmente as ignoram, e como bem diz um amigo médico: “estou......solenemente para essas construções estereotipadas”.
Por analogia, cito a mim próprio. Hoje, prestes há completar 43 anos, seguramente afirmo que durante minha existência tenho no máximo amigos que não completam os cinco dedos da mão, o que considero satisfatório, se levado em conta o atual panorama, recheado de falsidades e mentiras. Tenho sim, vários conhecidos, mas amigos de verdade, três; dois ainda se encontram em análise, o que não inclui minha companheira e meus familiares, estes, verdadeiros amigos.
Falo isso, porque muitas coisas que digo e ideias que defendo ainda são consideradas tabus em nossa sociedade, talvez por conta da aculturação que recebemos de povos havidos por aqui e também devido à religião e claro, a ignorância.
Um exemplo disso vem da afirmação de que a possibilidade de Deus existir é a mesma no sentido inverso. Certamente um tabu ainda hoje, afinal, quem ousa questionar a existência de Deus? Mas será que de fato Ele existe, ou seria uma mera invenção humana? Guerras são iniciadas em seu nome, e segundo Marx “em última instância tudo é econômico”, o que é verdade. O que motivou a Guerra do Iraque que não o fator econômico? E no Paquistão? E na Argentina?
Há 50 anos atrás falar na possibilidade da mulher trabalhar fora também era um tabu, o que não significa que hoje em dia após suas grandes conquistas e mesmo desempenhando as mesmas funções que os homens, acabam recebendo cerca de 30% a menos nos seus salários. É o que aponta o DIEESE em seu último relatório, assim como outros institutos sérios de pesquisas.
Um outro exemplo vem dos homossexuais que resolveram dar um basta à exclusão a que haviam sido colocados. No momento que decidiram fazer uma caminhada em São Franciso (EUA) para “gritar” ao mundo que eles eram iguais aos demais seres humanos, várias pessoas nas mesmas condições resolveram sair dos “armários” e assumir sua opção sexual, diga-se de passagem, opção considerada “doença” pela Organização Mundial de Saúde e ainda hoje mal vista pela maioria dos que se consideram “normais”.
O mais incrível, é que os “machões” que criticam o fato de uma pessoa ser homossexual, no carnaval são os primeiros a se vestirem de mulher e colocar pra fora todas as suas frustrações. Que constatação!
Quando um dado assunto é levantado onde a maioria dos interlocutores são pessoas que não têm a prática da reflexão, a via mais fácil para se defender, é ridicularizar um comportamento ou mesmo uma opinião contrária às suas; elas não conseguem dialogar, comportamento, a meu ver, bem coerente com suas formações intelectuais, afinal, a coragem não é um atributo de qualquer um, mas sim de uma minoria que vai à luta diariamente e não tem medo de ser feliz, mesmo que suas convicções sejam contrárias às da maioria, entretanto, elas lêem.
O grande problema do Brasil se chama cultura. Cultura letrada. Urge as pessoas lerem mais para que criem em si valores muito acima do bem e do mal; do certo e do errado; do normal e do anormal e, sobretudo desenvolvam a prática da reflexão. Quando isso acontecer, talvez sejamos uma nação livre. Acho engraçado quando juristas vão à mídia e declaram que a democracia está consolidada no Brasil. Sequer podemos dizer que vivemos numa democracia. Ditadura não se dá apenas quando os militares tomam o poder ou algum tresloucado o assalta. A ausência da democracia se dá também quando o acesso à informação e a cultura não é disponibilizada para todos, ou quando o é, só permitem acesso àquilo que a oligarquia não considera uma ameaça ao status quo. Vide os preços dos livros. Seu alto preço não seria um empecilho ao acesso da cultura?. O governo do PT manteve inalterado o IPI para o setor, mas baixou a alíquota para carros e bens de consumo – a chamada linha branca -. E o que dizer do Programa Nacional de Direitos Humanos, recheado de equívocos e assinado pelo presidente Lula que após tantas polêmicas, declarou à época ter assinado sem ler? Esse é o nosso presidente!
Deu para notar que temos assuntos muito mais importantes e relevantes para discutir do que ficar falando que “A” saiu com “B” mas é casada com “C”, que fulano foi visto num bairro considerado “inadequado” , que sicrano comprou um carro novo, que “X” não gosta de “Y”, ou seja, são tantas imbecilidades que daria para escrever um outro texto, mas isso, eu deixo para aqueles que desses assuntos se ocupam.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua.
Apesar disso tudo, um detalhe em especial me tem chamado atenção nesses últimos dias: a falsidade, a maldade e o vazio, tão presentes nas pessoas. Talvez esse vazio seja decorrente da maneira como elas vivem e se comportam. Pessoas que vivem muito mais preocupadas com a vida alheia do que com as suas próprias. Algumas criam laços de “amizades” tão somente com o intuito de se aproximar e “descobrir” alguma “coisa” que julgam inapropriada para então torná-la pública e assim acreditam colocar o outro numa “saia justa”.
Acreditem, existem pessoas que vivem apenas para fazer isso. Coitados, mal sabem que isso só reforça a convicção na maneira como os enxergamos: ignorantes.
Normalmente quem tem segredos a esconder são exatamente pessoas que agem dessa forma, que não têm “coragem” de serem elas próprias e/ou vivem às expensas do outro ou ainda gostariam de ser como aquelas a quem eles difamam. Homens e mulheres de verdade não se preocupam com verdades ou mentiras ditas ou inventadas, eles simplesmente as ignoram, e como bem diz um amigo médico: “estou......solenemente para essas construções estereotipadas”.
Por analogia, cito a mim próprio. Hoje, prestes há completar 43 anos, seguramente afirmo que durante minha existência tenho no máximo amigos que não completam os cinco dedos da mão, o que considero satisfatório, se levado em conta o atual panorama, recheado de falsidades e mentiras. Tenho sim, vários conhecidos, mas amigos de verdade, três; dois ainda se encontram em análise, o que não inclui minha companheira e meus familiares, estes, verdadeiros amigos.
Falo isso, porque muitas coisas que digo e ideias que defendo ainda são consideradas tabus em nossa sociedade, talvez por conta da aculturação que recebemos de povos havidos por aqui e também devido à religião e claro, a ignorância.
Um exemplo disso vem da afirmação de que a possibilidade de Deus existir é a mesma no sentido inverso. Certamente um tabu ainda hoje, afinal, quem ousa questionar a existência de Deus? Mas será que de fato Ele existe, ou seria uma mera invenção humana? Guerras são iniciadas em seu nome, e segundo Marx “em última instância tudo é econômico”, o que é verdade. O que motivou a Guerra do Iraque que não o fator econômico? E no Paquistão? E na Argentina?
Há 50 anos atrás falar na possibilidade da mulher trabalhar fora também era um tabu, o que não significa que hoje em dia após suas grandes conquistas e mesmo desempenhando as mesmas funções que os homens, acabam recebendo cerca de 30% a menos nos seus salários. É o que aponta o DIEESE em seu último relatório, assim como outros institutos sérios de pesquisas.
Um outro exemplo vem dos homossexuais que resolveram dar um basta à exclusão a que haviam sido colocados. No momento que decidiram fazer uma caminhada em São Franciso (EUA) para “gritar” ao mundo que eles eram iguais aos demais seres humanos, várias pessoas nas mesmas condições resolveram sair dos “armários” e assumir sua opção sexual, diga-se de passagem, opção considerada “doença” pela Organização Mundial de Saúde e ainda hoje mal vista pela maioria dos que se consideram “normais”.
O mais incrível, é que os “machões” que criticam o fato de uma pessoa ser homossexual, no carnaval são os primeiros a se vestirem de mulher e colocar pra fora todas as suas frustrações. Que constatação!
Quando um dado assunto é levantado onde a maioria dos interlocutores são pessoas que não têm a prática da reflexão, a via mais fácil para se defender, é ridicularizar um comportamento ou mesmo uma opinião contrária às suas; elas não conseguem dialogar, comportamento, a meu ver, bem coerente com suas formações intelectuais, afinal, a coragem não é um atributo de qualquer um, mas sim de uma minoria que vai à luta diariamente e não tem medo de ser feliz, mesmo que suas convicções sejam contrárias às da maioria, entretanto, elas lêem.
O grande problema do Brasil se chama cultura. Cultura letrada. Urge as pessoas lerem mais para que criem em si valores muito acima do bem e do mal; do certo e do errado; do normal e do anormal e, sobretudo desenvolvam a prática da reflexão. Quando isso acontecer, talvez sejamos uma nação livre. Acho engraçado quando juristas vão à mídia e declaram que a democracia está consolidada no Brasil. Sequer podemos dizer que vivemos numa democracia. Ditadura não se dá apenas quando os militares tomam o poder ou algum tresloucado o assalta. A ausência da democracia se dá também quando o acesso à informação e a cultura não é disponibilizada para todos, ou quando o é, só permitem acesso àquilo que a oligarquia não considera uma ameaça ao status quo. Vide os preços dos livros. Seu alto preço não seria um empecilho ao acesso da cultura?. O governo do PT manteve inalterado o IPI para o setor, mas baixou a alíquota para carros e bens de consumo – a chamada linha branca -. E o que dizer do Programa Nacional de Direitos Humanos, recheado de equívocos e assinado pelo presidente Lula que após tantas polêmicas, declarou à época ter assinado sem ler? Esse é o nosso presidente!
Deu para notar que temos assuntos muito mais importantes e relevantes para discutir do que ficar falando que “A” saiu com “B” mas é casada com “C”, que fulano foi visto num bairro considerado “inadequado” , que sicrano comprou um carro novo, que “X” não gosta de “Y”, ou seja, são tantas imbecilidades que daria para escrever um outro texto, mas isso, eu deixo para aqueles que desses assuntos se ocupam.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
A luta continua.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
QUE PAÍS É ESSE?
Cada vez mais me convenço que vivemos numa democracia às avessas, principalmente pelas notícias que chegam diariamente, conforme um belo texto do meu amigo advogado e coronel da PMERJ, Luiz da Silva Muzzi, que trata das decisões judiciais em relação às grandes empresas e uma recente decisão administrativa de um tribunal de Justiça contra uma juíza.
Considerada culpada por unanimidade pelo colegiado do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, a juíza Larissa Sarcinelli Pimentel, acusada de formação de quadrilha e corrupção passiva pela Operação Naufrágio da Polícia Federal que descobriu ainda o envolvimento de desembargadores e juízes daquele tribunal no esquema de “venda de sentenças”, teve sua pena fixada em aposentadoria compulsória com vencimentos.
Gostaria de entender onde está a punição aplicada à juiza nesse caso? Aposentar-se com um salário de aproximadamente cinco mil reais é punição para alguém? Que equidade de justiça é essa? Eu por exemplo, que sou servidor público, se me envolvo numa situação dessa natureza, o primeiro ato do governador após o direito de ampla defesa e se considerado culpado, certamente que seria a minha demissão sem direito a absolutamente nada e provavelmente amargaria alguns anos numa prisão qualquer, mas com magistrados e promotores é bem diferente. É isso que chamam de democracia? Essa é a minha indignação, com privilégios para uns em detrimento a maioria. Decisões judiciais que privilegiam, quando deveriam punir, é uma vergonha para o Brasil, o que não se dá apenas em relação aos crimes que envolvem diretamente magistrados e promotores, mas também grandes empresas como as de telefonia, bancos e outros que cometem diversos crimes, inclusive o de estelionato, mas recebem uma punição muito branda quando condenadas e que não passa do pagamento de cerca de 3 mil reais, quando muito, às vítimas, valor tão irrisório dentro do universo de milhões que essas empresas lucram, e que acaba incentivando-as a continuarem seus ilícitos com a certeza da impunidade. Talvez eu não tenha entendido muito bem as definições de Dalmo Dallari, Norberto Bobbio e Espinoza para o termo democracia, talvez eu devesse ler mais sobre o assunto para poder compreender melhor essas decisões que considero no mínimo imorais e ridículas, e contribuem enormemente para a dificuldade dos professores em explicar uma coisa, mas que na prática é outra completamente adversa. Como explicar aos alunos o artigo 5º da Constituição Federal que diz que todos são iguais perante a lei, mas que na prática a lei não é igual perante todos?
O que mais me entristece é viver num País onde a democracia se dá às avessas. Enquanto continuarem com privilégios para uma determinada classe ou grupo social, não há o que se falar em democracia, e isso, Gramsci já nos alertava. O que existe no Brasil, é uma oligarquia e bem explícita. Se o povo quer a democracia, que a tenha, mas da maneira como a oligarquia quer. Esse é o Brasil que aos poucos vai mostrando a sua verdadeira cara e que Cazuza tão bem descreveu em seus versos: “a sua piscina está cheia de ratos, suas ideias não correspondem aos fatos”. Como pensar diferente disso? A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
Considerada culpada por unanimidade pelo colegiado do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, a juíza Larissa Sarcinelli Pimentel, acusada de formação de quadrilha e corrupção passiva pela Operação Naufrágio da Polícia Federal que descobriu ainda o envolvimento de desembargadores e juízes daquele tribunal no esquema de “venda de sentenças”, teve sua pena fixada em aposentadoria compulsória com vencimentos.
Gostaria de entender onde está a punição aplicada à juiza nesse caso? Aposentar-se com um salário de aproximadamente cinco mil reais é punição para alguém? Que equidade de justiça é essa? Eu por exemplo, que sou servidor público, se me envolvo numa situação dessa natureza, o primeiro ato do governador após o direito de ampla defesa e se considerado culpado, certamente que seria a minha demissão sem direito a absolutamente nada e provavelmente amargaria alguns anos numa prisão qualquer, mas com magistrados e promotores é bem diferente. É isso que chamam de democracia? Essa é a minha indignação, com privilégios para uns em detrimento a maioria. Decisões judiciais que privilegiam, quando deveriam punir, é uma vergonha para o Brasil, o que não se dá apenas em relação aos crimes que envolvem diretamente magistrados e promotores, mas também grandes empresas como as de telefonia, bancos e outros que cometem diversos crimes, inclusive o de estelionato, mas recebem uma punição muito branda quando condenadas e que não passa do pagamento de cerca de 3 mil reais, quando muito, às vítimas, valor tão irrisório dentro do universo de milhões que essas empresas lucram, e que acaba incentivando-as a continuarem seus ilícitos com a certeza da impunidade. Talvez eu não tenha entendido muito bem as definições de Dalmo Dallari, Norberto Bobbio e Espinoza para o termo democracia, talvez eu devesse ler mais sobre o assunto para poder compreender melhor essas decisões que considero no mínimo imorais e ridículas, e contribuem enormemente para a dificuldade dos professores em explicar uma coisa, mas que na prática é outra completamente adversa. Como explicar aos alunos o artigo 5º da Constituição Federal que diz que todos são iguais perante a lei, mas que na prática a lei não é igual perante todos?
O que mais me entristece é viver num País onde a democracia se dá às avessas. Enquanto continuarem com privilégios para uma determinada classe ou grupo social, não há o que se falar em democracia, e isso, Gramsci já nos alertava. O que existe no Brasil, é uma oligarquia e bem explícita. Se o povo quer a democracia, que a tenha, mas da maneira como a oligarquia quer. Esse é o Brasil que aos poucos vai mostrando a sua verdadeira cara e que Cazuza tão bem descreveu em seus versos: “a sua piscina está cheia de ratos, suas ideias não correspondem aos fatos”. Como pensar diferente disso? A luta continua.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
O SILÊNCIO
No meu último texto intitulado “Desabafo de um Brasileiro”, chamei a atenção dos leitores para refletirem de forma acurada nos candidatos que disputam uma vaga no Executivo e Legislativo no pleito marcado para outubro próximo.
Por outro lado, imagino que tenha perdido o meu tempo, haja vista uma olhada na formação do Congresso Nacional e nas Câmaras Estaduais e constatar que as “figuras” são sempre as mesmas, não há nenhuma mudança, ou melhor, a mudança que existe se dá como na época das Capitanias Hereditárias; aqueles que lá estão colocam seus filhos em seus lugares. Veja o caso do deputado estadual pelo Rio de Janeiro Jorge Picciani. O que esse sujeito fez de relevante na política fluminense? E seu filho Leonardo, deputado federal? Agora lança mais um, Rafael, candidato a deputado estadual. Francamente, o brasileiro é uma piada em termos de consciência e memória histórica. Será que ninguém se lembra que o senhor Picciani foi denunciado pelo Ministério Público Federal por manter trabalhadores em forma de escravidão em suas fazendas no Mato Grosso? Sinceramente às vezes penso que me trabalho é vão, que nada, absolutamente nada daquilo que ajudo a construir em salas de aulas servirá de alguma coisa no sentido de se mudar o estabelecido, igualmente a mesma sensação se dá em relação àquilo que escrevo. Nada servirá para alguma coisa. O que sinto, é a sensação de angústia tão presente nos escritos de Heiddeger!
A coragem realmente não é uma qualidade de todos, mais ainda a verdade. Pessoas vivem em suas mentiras e as vivem como se fossem verdades. De que adianta reclamar que as coisas não vão bem e manter as mesmas pessoas há décadas no poder? Do que adianta protestar com o vizinho acerca das inúmeras improbidades administrativas cometidas por pessoas públicas se na verdade foi você quem os elegeu? Do que adianta indignar-se com a corrupção se você aceita que um candidato pague sua conta de luz ou patrocine seu time de futebol e considere essa atitude “normal”? É muita hipocrisia!
Aos poucos, vou começando a entender o silêncio da inteligentsia brasileira. Eles têm razão. Nossos discursos são como palavras ao vento. O brasileiro gosta é de futebol e carnaval, afinal, seguem à risca a ideologia que emburrece e do Pão e Circo.
A cantora Elis Regina na música “Como Nossos Pais” logo nos primeiros versos dizia que “o sinal está fechado pra nós, que somos jovens”, eu acrescentaria que realmente o sinal está fechado, mas para as cabeças pensantes desse país, que não veem nenhuma perspectiva de mudança no atual quadro da mentalidade brasileira. Estamos isolados. Mas apesar do quadro sombrio e que já sabemos qual será o resultado, vamos continuar na luta. O desânimo, não raro, é inevitável, porém, mas do que nunca é preciso prosseguir. Se seremos felizes? Não sei, mas A LUTA CONTINUA.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
Por outro lado, imagino que tenha perdido o meu tempo, haja vista uma olhada na formação do Congresso Nacional e nas Câmaras Estaduais e constatar que as “figuras” são sempre as mesmas, não há nenhuma mudança, ou melhor, a mudança que existe se dá como na época das Capitanias Hereditárias; aqueles que lá estão colocam seus filhos em seus lugares. Veja o caso do deputado estadual pelo Rio de Janeiro Jorge Picciani. O que esse sujeito fez de relevante na política fluminense? E seu filho Leonardo, deputado federal? Agora lança mais um, Rafael, candidato a deputado estadual. Francamente, o brasileiro é uma piada em termos de consciência e memória histórica. Será que ninguém se lembra que o senhor Picciani foi denunciado pelo Ministério Público Federal por manter trabalhadores em forma de escravidão em suas fazendas no Mato Grosso? Sinceramente às vezes penso que me trabalho é vão, que nada, absolutamente nada daquilo que ajudo a construir em salas de aulas servirá de alguma coisa no sentido de se mudar o estabelecido, igualmente a mesma sensação se dá em relação àquilo que escrevo. Nada servirá para alguma coisa. O que sinto, é a sensação de angústia tão presente nos escritos de Heiddeger!
A coragem realmente não é uma qualidade de todos, mais ainda a verdade. Pessoas vivem em suas mentiras e as vivem como se fossem verdades. De que adianta reclamar que as coisas não vão bem e manter as mesmas pessoas há décadas no poder? Do que adianta protestar com o vizinho acerca das inúmeras improbidades administrativas cometidas por pessoas públicas se na verdade foi você quem os elegeu? Do que adianta indignar-se com a corrupção se você aceita que um candidato pague sua conta de luz ou patrocine seu time de futebol e considere essa atitude “normal”? É muita hipocrisia!
Aos poucos, vou começando a entender o silêncio da inteligentsia brasileira. Eles têm razão. Nossos discursos são como palavras ao vento. O brasileiro gosta é de futebol e carnaval, afinal, seguem à risca a ideologia que emburrece e do Pão e Circo.
A cantora Elis Regina na música “Como Nossos Pais” logo nos primeiros versos dizia que “o sinal está fechado pra nós, que somos jovens”, eu acrescentaria que realmente o sinal está fechado, mas para as cabeças pensantes desse país, que não veem nenhuma perspectiva de mudança no atual quadro da mentalidade brasileira. Estamos isolados. Mas apesar do quadro sombrio e que já sabemos qual será o resultado, vamos continuar na luta. O desânimo, não raro, é inevitável, porém, mas do que nunca é preciso prosseguir. Se seremos felizes? Não sei, mas A LUTA CONTINUA.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus.
DESABAFO DE UM BRASILEIRO
Parabéns ao desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) Francisco José de Azevedo que revogou o benefício de inclusão de Esequiel Toledo da Silva no Programa de Proteção às Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAM).
Só para lembrar, Ezequiel é um marginal de altíssima periculosidade. Foi ele, segundo autoridades, o responsável por render a mãe do pequeno João Hélio em fevereiro de 2007 e subtrair o veículo da vítima junto com outros dois marginais e arrastar o corpo de João Hélio preso pelo cinto de segurança por cerca de 7 quilômetros, crime que chocou o Brasil e teve enorme repercussão no exterior. Além disso, costumava ameaçar as vítimas de seus roubos de morte caso o denunciassem com registros em delegacias.
O que não consigo entender, é como podem existir instituições que saem em defesa de um marginal desse tipo. Uma pessoa má, cruel, inumana, eu diria que hoje se coloca – coitado -, como vítima. Urge uma reforma mais que urgente nesse Estatuto que não permite ao Poder Judiciário julgar convenientemente casos excepcionais como esse que envolve menores de idade. Se ele é vítima de ameaças de outros internos, o problema é dele, e não do Estado. Segundo consta, esse bandido teve péssimo comportamento durante o tempo (apenas 3 anos) em que esteve recolhido, estando inclusive envolvido na tentativa de homicídio de um agente prisional e outros crimes.
Ora, a sociedade tem que se mobilizar. A reforma do judiciário e todos os seus instrumentos já passou da hora. A sociedade não pode continuar refém dessas leis obsoletas que só servem para incentivar ainda mais a criminalidade, pois não é possível um monstro como esse tal de Ezequiel após cometer um crime que foge qualificar, ainda pleitear garantias de vida e ser atendido por ONG’s, que no meu entendimento, prestam verdadeiros desserviços à sociedade.
Sou contra a pena de morte, mas igualmente sou contrário a proteger bandidos. Se nós, cidadãos de bem respondemos por nossos atos, por que eles não podem responder pelas consequências de suas ações tresloucadas?
Essas Organizações Não-Governamentais deveriam é se preocupar com as vítimas desses crápulas ao invés de ficar buscando os holofotes das mídias apenas para aparecer. Por acaso alguém já viu uma dessas ONG’s oferecer apoio à família de policial morto no combate ao crime? Certamente não, então qual a lógica dessa ONG em oferecer asilo na Suíça para o marginal Ezequiel, que não aparecer? Definitivamente não dá para engolir uma dessa.
As eleições estão próximas. Que as pessoas que estão lendo esse desabafo, lembrem-se das nossas leis ao votar. Temos Ministros, desembargadores e juízes ávidos por mudanças nas leis. Infelizmente, eles são obrigados a seguir os diplomas legais, mas nós, cidadãos, podemos fazer com que eles tenham instrumentos mais eficientes no combate e na punição de crimes. Vote consciente, conheça BEM seu candidato, recuse favoritismos pessoais, denuncie compra de votos e principalmente vote em candidatos com propostas concretas e urgentes, afinal, meu amigo (a), a gente não agüenta mais conviver com tanta inversão de valores.
PARABÉNS AO DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ DE ASEVEDO E CADEIA PARA O MARGINAL EZEQUIEL TOLEDO DA SILVA!!!!!!!!!!!!!
A LUTA CONTINUA.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
Só para lembrar, Ezequiel é um marginal de altíssima periculosidade. Foi ele, segundo autoridades, o responsável por render a mãe do pequeno João Hélio em fevereiro de 2007 e subtrair o veículo da vítima junto com outros dois marginais e arrastar o corpo de João Hélio preso pelo cinto de segurança por cerca de 7 quilômetros, crime que chocou o Brasil e teve enorme repercussão no exterior. Além disso, costumava ameaçar as vítimas de seus roubos de morte caso o denunciassem com registros em delegacias.
O que não consigo entender, é como podem existir instituições que saem em defesa de um marginal desse tipo. Uma pessoa má, cruel, inumana, eu diria que hoje se coloca – coitado -, como vítima. Urge uma reforma mais que urgente nesse Estatuto que não permite ao Poder Judiciário julgar convenientemente casos excepcionais como esse que envolve menores de idade. Se ele é vítima de ameaças de outros internos, o problema é dele, e não do Estado. Segundo consta, esse bandido teve péssimo comportamento durante o tempo (apenas 3 anos) em que esteve recolhido, estando inclusive envolvido na tentativa de homicídio de um agente prisional e outros crimes.
Ora, a sociedade tem que se mobilizar. A reforma do judiciário e todos os seus instrumentos já passou da hora. A sociedade não pode continuar refém dessas leis obsoletas que só servem para incentivar ainda mais a criminalidade, pois não é possível um monstro como esse tal de Ezequiel após cometer um crime que foge qualificar, ainda pleitear garantias de vida e ser atendido por ONG’s, que no meu entendimento, prestam verdadeiros desserviços à sociedade.
Sou contra a pena de morte, mas igualmente sou contrário a proteger bandidos. Se nós, cidadãos de bem respondemos por nossos atos, por que eles não podem responder pelas consequências de suas ações tresloucadas?
Essas Organizações Não-Governamentais deveriam é se preocupar com as vítimas desses crápulas ao invés de ficar buscando os holofotes das mídias apenas para aparecer. Por acaso alguém já viu uma dessas ONG’s oferecer apoio à família de policial morto no combate ao crime? Certamente não, então qual a lógica dessa ONG em oferecer asilo na Suíça para o marginal Ezequiel, que não aparecer? Definitivamente não dá para engolir uma dessa.
As eleições estão próximas. Que as pessoas que estão lendo esse desabafo, lembrem-se das nossas leis ao votar. Temos Ministros, desembargadores e juízes ávidos por mudanças nas leis. Infelizmente, eles são obrigados a seguir os diplomas legais, mas nós, cidadãos, podemos fazer com que eles tenham instrumentos mais eficientes no combate e na punição de crimes. Vote consciente, conheça BEM seu candidato, recuse favoritismos pessoais, denuncie compra de votos e principalmente vote em candidatos com propostas concretas e urgentes, afinal, meu amigo (a), a gente não agüenta mais conviver com tanta inversão de valores.
PARABÉNS AO DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ DE ASEVEDO E CADEIA PARA O MARGINAL EZEQUIEL TOLEDO DA SILVA!!!!!!!!!!!!!
A LUTA CONTINUA.
Marcelo Adriano Nunes de Jesus
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